Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
Margarida Ottoni - O Planeta dos Homens Sem Cor (pdf(rev)
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
os ombros.<br />
de mim, por que me atraíra até Vigo? Fingi-me de forte. Sacudi<br />
— Já que é preciso...<br />
Meu descaso contagiou-o. Mudou de tom:<br />
— Vou carregar a bateria do minidisco é volto para chamá-la.<br />
— Posso ir já — retruquei.<br />
— Se quiser! — respondeu, procurando mostrar-se indiferente.<br />
Saímos juntos. Esperei que cuidasse do veículo e, depois, sentei-<br />
me a seu lado, como se fosse uma estranha. No caminho, mal trocamos<br />
algumas palavras. Dir-se-ia que estávamos zanga<strong>dos</strong>.<br />
13<br />
O relógio de Tálbor marcava dez horas viguenses quando<br />
chegamos ao Centro de Ciências. Como na véspera, não vi ninguém.<br />
Desta vez, entretanto, não me surpreendi.<br />
Entramos na mesma sala. No lugar da cadeira de braços,<br />
computadora de reações simples, do dia anterior, encontrei uma esfera<br />
transparente e vazia, com uma porta aberta. Compreendi que<br />
realizariam o teste no interior dela.<br />
— Vou? — perguntei a Tálbor.<br />
Fez-me um movimento afirmativo de cabeça.<br />
Banquei a corajosa e entrei na bola, sem hesitar. Quando,<br />
porém, olhei para trás e o vi do lado de fora, senti-me perdida. Estendi a<br />
mão para chamá-lo. Tarde demais! A bola fechou-se. As luzes<br />
apagaram-se. E tudo girou à volta.<br />
Senti-me como pena solta ao vento, leve e sem destino. Gritei de<br />
medo, mas, suponho, ninguém me ouviu. Depois, um a um,