Manifesto do Partido Comunista - Partido Comunista Português
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que por toda a espécie de remen<strong>do</strong>s pretendiam remediar, sem<br />
qualquer perigo para o capital e o lucro, todas as espécies de<br />
gravames sociais; [eram,] em ambos os casos, homens que estavam<br />
fora <strong>do</strong> movimento da classe operária e que procuravam<br />
apoio de preferência junto das classes «educadas». To<strong>do</strong> e qualquer<br />
sector da classe operária que se tivesse convenci<strong>do</strong> da insuficiência<br />
de meras revoluções políticas e tivesse proclama<strong>do</strong><br />
a necessidade de uma mudança social total, esse sector chamava-se<br />
a si próprio comunista. Era um tipo de comunismo puramente<br />
instintivo, tosco, cru; mas já punha o de<strong>do</strong> na chaga e<br />
teve a força bastante entre a classe operária para produzir em<br />
França o comunismo utópico de Cabet, e na Alemanha o de<br />
Weitling. Assim, em 1847, o socialismo era um movimento da<br />
classe média, e o comunismo um movimento da classe operária.<br />
O socialismo era, pelo menos no Continente, «respeitável»;<br />
o comunismo era precisamente o oposto. E como a ideia que tínhamos<br />
desde o princípio era de que «a emancipação da classe<br />
operária tem de ser obra da própria classe operária» ( 26 ), não podia<br />
haver dúvidas sobre qual <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is nomes tínhamos de a<strong>do</strong>ptar.<br />
E o que é mais: estamos, e sempre estivemos, longe de o<br />
repudiar.<br />
Embora o <strong>Manifesto</strong> seja nossa produção conjunta, considero-me<br />
obriga<strong>do</strong> a declarar que a proposição fundamental que<br />
forma o seu núcleo pertence a Marx. Essa proposição é: que,<br />
em qualquer época histórica, o mo<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>minante da produção<br />
económica e da troca, e a organização social que dele necessariamente<br />
decorre, formam a base sobre a qual se constrói, e só<br />
a partir da qual pode ser explicada, a história intelectual e política<br />
dessa época; que, consequentemente, toda a história da humanidade<br />
(desde a dissolução da sociedade tribal primitiva,<br />
deten<strong>do</strong> a terra em posse comum) tem si<strong>do</strong> uma história de lutas<br />
de classes, de conflitos entre classes explora<strong>do</strong>ras e exploradas,<br />
entre classes <strong>do</strong>minantes e oprimidas; que a história destas<br />
lutas de classes forma uma série de evoluções na qual se alcançou<br />
hoje um estádio em que a classe oprimida e explorada<br />
— o proletaria<strong>do</strong> — não pode atingir a sua emancipação <strong>do</strong> jugo<br />
da classe <strong>do</strong>minante e explora<strong>do</strong>ra — a burguesia — sem emancipar,<br />
ao mesmo tempo e de uma vez por todas, toda a sociedade<br />
de qualquer exploração e opressão, de quaisquer distinções<br />
de classes e lutas de classes.<br />
Já alguns anos antes de 1845 estávamos ambos a aproximar-<br />
-nos gradualmente desta proposição que, na minha opinião, está