Bibliografia Starobinski, Jean - <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong>, Lisboa, 1967. Amato Lusitano - Centúrias de Curas <strong>Medicina</strong>is, 4 vol.(tradução de Firmino Crespo), Lisboa, 1980. Goás, Manuel Cabaleiro - A Psiquiatria na <strong>Medicina</strong> Popular Galega, 1953. Santos, Boaventura Sousa - Ciência. Em “Dicionário do Pensamento Contemporâneo (M.M.Carrilho) Lisboa 1991 Veith, llza - Hysteria, The History of a Disease, Chicago 1965. Trillat, Etienne - Histoire de L’ Hystérie, Paris, 1986. Berriot - Salvadore, Evelyne - O discurso <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> e <strong>da</strong> Ciência, Em “<strong>História</strong> <strong>da</strong>s Mulheres no Ocidente” (Georges Duby, Michelle Perrot), 3°.vol., Porto, 1991. Quibén, Victor Lis - La <strong>Medicina</strong> Popular en Galicia, Madrid, 1980. 23
De novo, Amato Lusitano ou João Rodrigues de Castelo Branco! Pela 6ª vez, ansiando, por motivos óbvios, que não seja a última. É definido (pobremente definido, digamos) por uma qualquer enciclopédia, como um médico judeu português do século XVI, formado em Salamanca, que deixou o seu nome ligado à circulação do sangue. Indo um pouco mais longe, a <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> reconhece-lhe, entre outras distintas facetas, o mérito de pertencer ao conjunto dos mais importantes autores médicos <strong>da</strong> Renascença que cultivaram a observação minuciosa dos casos individuais, um “saber ver” e um “saber entender”, 1 passo essencial para o avanço <strong>da</strong> medicina. Deixou várias obras que ain<strong>da</strong> continuam a despertar interesse em vastos e esclarecidos meios médicos. Diz Tavares de Sousa: “... o médico é um ci<strong>da</strong>dão <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> e a <strong>Medicina</strong> é universal, o que significa que o médico é, ou deve ser, um autêntico “ci<strong>da</strong>dão do mundo”. As implicações deste conceito são vastas e profun<strong>da</strong>s, mas neste momento não posso referir-me senão ao seguinte: se ao ci<strong>da</strong>dão de qualquer país não é permitido ignorar os factos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> <strong>História</strong> <strong>da</strong> nação a que pertence, para que tenha consciência <strong>da</strong> sua integração na Pátria, será de admitir que o médico de hoje ignore os nomes (ou apenas tenha deles conhecimento através de artigos de vulgarização) de HIPÓCRATES, GALENO, AVICENA, HARVEY, PAS- TEUR OU RONTEGNS, sejam quais forem as suas pátrias? Ou o médico português (insistindo agora, sem chauvinismo, na natural e legítima defesa do que é nosso) não faça a mínima ideia de quem foram AMATO LUSITANO, GARCIA D’ ORTA OU RIBEIRO SANCHES?” 2 Ou que, permitam-me acresecentar agora que a mo<strong>da</strong> é a regionalização, nestas terras do Interior Português, se conheça Amato Lusitano <strong>da</strong> mesma forma que em qualquer outro ponto do país? Não será obrigação de ca<strong>da</strong> um de nós conhecer mais de perto 24 A SAÚDE ORAL EM AMATO LUSITANO por Manuel Lourenço Nunes* um homem notável que ajudou a revelar ao mundo a existência destas gentes e destas paragens? Não será também nossa obrigação preservar o património, melhorando-o quando possível e divulgando-o aos quatro cantos do mundo? Vários temas, de ou sobre Amato Lusitano, foram já dissecados nas várias Jorna<strong>da</strong>s de “<strong>Medicina</strong> na Beira Interior - <strong>da</strong> pré-história ao séc. XX” que, graças ao esforço meritório de alguns, se têm realizado desde 1989 (se não me falha a memória). Honra seja feita aos que em Amato Lusitano descobriram algo mais que o médico ou o cirurgião do século XVI. Parece-me, ou melhor tenho a certeza, que muito há ain<strong>da</strong> para dissecar, para descobrir. Para que essa parte oculta não seja tão vasta, vou apresentar-vos Amato Lusitano, de forma breve, no reino dos parentes pobres <strong>da</strong> medicina: os dentistas. Enten<strong>da</strong>-se por dentista um profissional com formação médica universitária. Creio que Amato não permitiria outra acepção. Perdoem-me então se blasfemo: a <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong> é injusta para com Amato Lusitano quando releva de tal forma a descoberta <strong>da</strong> circulação sanguínea, <strong>da</strong> sua parte venosa, <strong>da</strong>s válvulas venosas, que se esquece de referir também este médico como o primeiro a executar um tratamento mecânico dos defeitos do palato. Páreo que me desculpe, também ele, mas as <strong>da</strong>tas não mentem: Amato descreve a sua intervenção realiza<strong>da</strong> num sifilítico, em 1561, na XIV cura <strong>da</strong> V Centúria, intitula<strong>da</strong> “De um artifício maravilhoso para recuperar, a voz totalmente perdi<strong>da</strong>, por causa de uma chaga no palato”. 3 Páreo apenas 18 anos mais tarde, em 1579, fala de tal tratamento. Amato Lusitano tinha noção do que era uma sífilis terciária e dos sinais que lhe correspondiam ao nível <strong>da</strong> mucosa oral. Mais: é evidente, no relato desta cura, que atribuía ao aparelho estomatognático a função <strong>da</strong> fala e que o palato era uma parte essencial desse aparelho, para que a função existisse. Esta noção, como é óbvio, mantém-se.
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