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Untitled - História da Medicina

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ÍNDIAS DE CASTELA E ÍNDIAS DE PORTUGAL NA OBRA DE AMATO LUSITANO<br />

O tema «Amato Lusitano, a Beira Interior e as<br />

Índias», proposto no final <strong>da</strong>s VIII Jorna<strong>da</strong>s de Estudo<br />

de Castelo Branco, Primeiras de I<strong>da</strong>nha-a-Nova, surgiu<br />

em sintonia com a maré comemorativa <strong>da</strong> viagem<br />

inicia<strong>da</strong> em 1497 que levou Vasco <strong>da</strong> Gama à Índia,<br />

quando muitos chamavam Índia a «qual quer terra q<br />

estaua longe, e era inota» (Garcia d’Orta: Coloquio.34.<br />

<strong>da</strong>s mãgas). Esqueci<strong>da</strong> a memória <strong>da</strong>s campanhas<br />

de Alexandre <strong>da</strong> Macedónia, houve quem juntasse a<br />

Etiópia e a Índia e não desse conta de que Cristóvão<br />

Colombo (1451-1506) esbarrara num continente novo.<br />

Em cem anos os heróis <strong>da</strong> «LUSITÂNIA/Os que<br />

avançam de frente para o mar/ E nele enterram como<br />

uma agu<strong>da</strong> faca/ A proa negra dos seus barcos/ Vivem<br />

de pouco pão e de luar» (Sophia de Mello Breyner:<br />

Grades, 1970) e as suas aventuras «faziam que as<br />

novas cartas de marear, com tão grande costa de terra<br />

pinta<strong>da</strong>, e tantas voltas de rumos, provocassem em<br />

certas cabeças uma tão espantosa imaginação, que<br />

lhes assombrava o juízo» (João de Barros: Déca<strong>da</strong> I,<br />

VI, cap.I).<br />

Ao arrepio <strong>da</strong> experiência portuguesa, Colombo e<br />

os Castelhanos não se contentaram com uma Nova<br />

Espanha e, no dizer expressivo de Garcia d’Orta<br />

(1500-1568), «enchem a boca com dizer las Indias<br />

Ocidentales» de terras sem relação com o rio Indo,<br />

embora no final do século XX se admita terem sido<br />

povoa<strong>da</strong>s desde há dezoito ou trinta mil anos por povos<br />

asiáticos que atravessaram o então «istmo» de Behring<br />

e, curiosamente, não foram os descobridores<br />

marítimos quem baptizou a Quarta Parte Nova a<br />

Ocidente, a janga<strong>da</strong> de pedra onde se extinguiram os<br />

dinossauros que deixaram marcas na costa<br />

portuguesa.<br />

A viagem de 1492 e o erro (?) de Cristovam Colombo<br />

despertaram a curiosi<strong>da</strong>de do florentino Américo<br />

Vespúcio (1454-1512) que visitou as novas terras em<br />

1499 ao Serviço de Castela, se ofereceu a Portugal e<br />

saíu de Lisboa em 13 de Maio de 1501 para procurar<br />

por Alfredo Rasteiro*<br />

uma passagem a sul e mais tarde tentou passar pelo<br />

norte sob bandeira de Castela, correspondendo-se com<br />

Lorenzo di Pier Francesco de Medicis e escrevendo a<br />

«Lettera di Amerigo Vespucci della isola nuovamente<br />

trovata in quatro suoi viaggi» a Pier Soderini, com<br />

grande divulgação em «Quatuor Americi Vesputti<br />

navigationes».<br />

Atento aos acontecimentos Martin Waldseemuller<br />

(1470-1518), cónego em Saint-Dié, locali<strong>da</strong>de próxima<br />

de Kaiserberg, onde ensinara Joam de Monte Regio,<br />

fez imprimir em 1507 um mapa do mundo inspirado<br />

no Planisfério de 1502, dito de «Cantino», decorado<br />

com retratos de Ptolomeu e Vespúcio, onde persiste<br />

a Terra Verde e se apresenta uma Parte Nova imaginária<br />

a Sul, com nome América, designação que<br />

rapi<strong>da</strong>mente ganhou adeptos e será utiliza<strong>da</strong> em 1538<br />

por Gerhard Kremer, Gerardo Mercator (1512-1594),<br />

em America pars septentrionalis e America pars<br />

meridionalis, indiferente à «Terra flori<strong>da</strong>» e ao «Mundo<br />

nouo» que continuam em mapas portugueses,<br />

nomea<strong>da</strong>mente no de Luis Teixeira, de 1600. Daniel<br />

J. Boorstin comentará em The Discoverers, 1983: «A<br />

imprensa, ain<strong>da</strong> apenas com meio século de<br />

existência, revelou o seu poder sem precedentes de<br />

difundir informação - e desinformação». Um dos<br />

adeptos <strong>da</strong> nova designação será Charles de<br />

l’Escluse, Clvsio (1526-1609), tradutor de Garcia d’<br />

Orta que escreverá Americam onde Orta utiliza noua<br />

espanha, por exemplo relativamente a uma planta<br />

sensitiva que Gonzalo Hernandez de Oviedo encontrou<br />

no Perú e descreveu na NATURAL HYSTORIA DE<br />

LAS INDIAS, Toledo, 1526, a «Anonima» do Capítulo<br />

27 do II Livro dos AROMATVM ET SIMPLICIVM,<br />

Antuerpia, 1567 de Clvsio, tradução do epílogo do<br />

Capítulo 27 dos COLOQUIOS, Goa,1563 de Orta, a<br />

«Yerva Biva» do TRACTADO DELAS DROGAS,<br />

Burgos, 1578 de Christoual Acosta (1535-1596).<br />

India foi nome de um médico de Verona no tempo<br />

em que as águas do Indo vinham beijar as quilhas de<br />

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