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CARAMURU: POEMA ÉPICO Santa Rita Durão

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Do sangue humano, que ao matar transborda,<br />

Os Nigromantes são; que em vão conjuro<br />

Chamam as Sombras desde o Averno escuro.<br />

LXXX<br />

Companheiras de ofício tão nefando<br />

Seguem de um cabo a turma, e de outro cabo<br />

Seis torpíssimas velhas, aparando<br />

O sangue sem um leve menoscabo:<br />

Tão feias são, que a face está pintando<br />

A imagem propiíssima do Diabo;<br />

Tinto o corpo em verniz todo amarelo,<br />

Rosto tal, que a Medusa o faz ter belo.<br />

LXXXI<br />

Têm no colo as cruéis Sacerdotisas,<br />

Por conta dos funestos sacrifícios,<br />

Fios de dentes, que lhe são divisas,<br />

De mais, ou menos tempo em tais ofícios:<br />

Gratas ao Céu se crêem, de que indivisas<br />

Se inculcam por Tartáreos malefícios;<br />

E em testemunho do mister nefando,<br />

Nos seus cocos com facas vêm tocando.<br />

LXXXII<br />

Quem pode reputar, que dor traspassa<br />

A miseranda infausta companhia,<br />

Vendo tais feras rodear a praça,<br />

Que o sangue com os olhos lhe bebia?<br />

Ver que os dentes lhe range por negaça,<br />

Senão é que os agita a fome ímpia,<br />

E disser lá consigo: “Em poucas horas<br />

Sou pasto destas feras tragadoras.”<br />

LXXXIII<br />

Mas põe-lhe a vista o Padre Onipotente,<br />

Da desgraça cruel compadecido;<br />

E envia um Anjo desde o Céu clemente,<br />

Que deixe tanto horror desvanecido;<br />

23<br />

23

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