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Nailza da Costa Barbosa Gomes / Luiza Miya Tanaka / Márcia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO / NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO HISTÓRICA REGIONAL - NDIHR<br />

REVISTA ELETRÔNICA 4 DOCUMENTO MONUMENTO<br />

intenção de suicídio, o número sobe para 10 vezes mais. Para ca<strong>da</strong> tempo a criança, para os japoneses, sempre foi um presente dos<br />

caso de tentativa ou intenção de suicídio há pelo menos cinco deuses, assim como no Ocidente.<br />

pessoas relaciona<strong>da</strong>s que sofrem profun<strong>da</strong>mente. O problema do Houve momentos na era Medieval japonesa em que o<br />

suicídio não se restringe às 30.000 pessoas que se vão, mas tam- infanticídio era permitido nos períodos de escassez de alimentos,<br />

bém, é problema extremamente sério que envolve mais de um principalmente <strong>da</strong>s meninas, não diferente do que acontecia no<br />

milhão de pessoas todos os anos só no Japão. E, pensando nos Ocidente, assim como hoje o aborto é permitido por lei. Mas, isso<br />

casos acumulados nos anos anteriores, o problema toma dimen- não impediu que o sentimento <strong>da</strong> criança fosse esquecido ou<br />

sões imensuráveis. deixado de lado, o que aconteceu foram mu<strong>da</strong>nças na forma de<br />

Em decorrência <strong>da</strong> crise econômica que se prolonga o ver esse sentimento.<br />

suicídio de indivíduos entre 40 e 50 anos em plena produção, Desde os tempos dos Xoguns (Samurais) a adoção existe, até<br />

corresponde a 40% do total; por se tratar de grande problema os dias de hoje, com o intuito de defender os interesses de negócios<br />

social, medi<strong>da</strong>s estão sendo toma<strong>da</strong>s. E, muitas ci<strong>da</strong>des e do poder e não propriamente para proteger a criança. Os pais<br />

empenham-se também para prevenir o suicídio de idosos que samurais eram responsáveis pela educação de seus filhos, durante o<br />

sempre manteve alto índice. Nesse contexto, o suicídio de domínio de mais de 700 anos. Através dos ensinamentos do<br />

menores, conforme <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Polícia Federal, está em torno de 2% confucionismo incutiram a ética e a moral do respeito, leal<strong>da</strong>de ao<br />

do total. superior, que traz reflexos até nos dias de hoje.<br />

De acordo com a pesquisa realiza<strong>da</strong> pelo Ministério <strong>da</strong> O povo japonês, em sua maioria, segue o Xintoísmo, que<br />

Educação e Cultura em 2005, as principais causas do suicídio de convive em harmonia com o Budismo, e que representa o culto a<br />

menores são: falta de harmonia na família, repreensão severa dos natureza, tem cerimônias milenares para <strong>da</strong>r saúde e longa vi<strong>da</strong><br />

pais, mau rendimento escolar, escolha do futuro escolar, para as crianças. As comemorações do dia <strong>da</strong> criança<br />

relacionamento com colegas, Ijime (bulling), depressão por provavelmente foram trazi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> China, através <strong>da</strong> Coréia, no<br />

doença, relacionamento amoroso, problemas mentais e outros. século VI.<br />

Retrocedendo no tempo, percebe-se que a imagem <strong>da</strong> Através <strong>da</strong> iconografia, arqueologia e <strong>da</strong> história foi possível<br />

criança veio mu<strong>da</strong>ndo concomitantemente com a perceber que as crianças sempre tiveram seu lugar no Japão, eram<br />

transformação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Principalmente a varie<strong>da</strong>de de e são vistas como o futuro, por isso recebem cui<strong>da</strong>dos especiais por<br />

materiais <strong>da</strong> Era Joumon merece destaque. Mesmo na época parte <strong>da</strong> família e do Estado. Mas, também são fortemente<br />

Kinsei (após era Muromati), o arqueólogo Morse, famoso pela cobra<strong>da</strong>s a atingirem a perfeição e o sucesso escolar e muitas<br />

descoberta do sambaqui Oomori (ci<strong>da</strong>de de Tokohama), deixou vezes, levando-as a um estresse profundo e acabam tomando a<br />

uma frase no trabalho sobre a sua estadia no Japão que diz: “Não decisão de tirar a sua própria vi<strong>da</strong> por não agüentarem mais as<br />

há no Mundo, um país que se dedique mais aos bebês do que o pressões e para limparem a sua honra, como fizeram os samurais no<br />

Japão. Ele ficou admirado com a maneira delica<strong>da</strong> de li<strong>da</strong>r com passado.<br />

uma criança e com o ambiente afortunado que a rodeava.” Pudemos constatar, de certa forma, que a história <strong>da</strong> criança<br />

(KOTSUNA, 2006, p.38) no Japão é semelhante à <strong>da</strong> criança do Ocidente que nos<br />

Essa percepção esteve muito liga<strong>da</strong> à continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> apresentaram Philipe Ariès e Colin Heywood, no desejo de ter filhos e<br />

família, <strong>da</strong>s terras, dos negócios e do poder. Mas, ao mesmo nos cui<strong>da</strong>dos. Mas, infelizmente no que se referem ao infanticídio,<br />

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