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Coleção O brinquedo faz a história - Ser

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Projeto Pedagógico<br />

<strong>Coleção</strong> O <strong>brinquedo</strong> <strong>faz</strong> a <strong>história</strong><br />

O Bicho Manjaléu, A onça e o bode e O Boi Leição<br />

Stela Barbieri e Fernando Vilela<br />

“Contar <strong>história</strong>s é contar-se”<br />

Quem é que não gosta de ouvir uma boa <strong>história</strong>? De aventuras, de amor, de terror...<br />

Desde sempre as <strong>história</strong>s fascinam o homem. Basta lembrar os trovadores da Idade Média,<br />

que contavam as façanhas do Rei Artur, de cidade em cidade, espalhando a lenda do<br />

Santo Graal. Ou, então, pensar nos gregos, que cultuavam seus deuses e suas <strong>história</strong>s com<br />

respeito sagrado. De fato, é impossível negar que o homem é, por natureza, um contador<br />

(e ouvinte) de <strong>história</strong>s.<br />

Os contos de tradição oral falam da <strong>história</strong> de todos nós, seres humanos e, por isso,<br />

revelam muito sobre nós mesmos. “Contar uma <strong>história</strong> é contar-se”, disse um contador<br />

de <strong>história</strong>s anônimo. E percebemos o quanto isso é verdadeiro quando observamos uma<br />

criança lidar com medo ou insegurança após ouvir um conto de fadas, por exemplo. É como<br />

se ela compreendesse os seus sentimentos a partir da vivência dos personagens. “Contamos<br />

e ouvimos <strong>história</strong>s para dar sentido à nossa experiência. A figura de Sherazade simboliza a<br />

necessidade que o ser humano tem de ouvir e contar <strong>história</strong>s para compreender a si mesmo<br />

e ao outro”, diz Daisy Wajnberg, psicanalista, autora de Jardim de Arabescos (Editora<br />

Imago), obra em que <strong>faz</strong> um paralelo entre As mil e uma noites e a psicanálise.<br />

Sendo assim, a coleção O <strong>brinquedo</strong> <strong>faz</strong> a <strong>história</strong>, da editora Scipione, coloca nas mãos<br />

dos educadores um material de primeiríssima qualidade, que lhes possibilitará inúmeras maneiras<br />

de trabalhar com as crianças o universo das tradições orais, dos <strong>brinquedo</strong>s e brincadeiras<br />

– tão fundamentais para a formação sociocultural desse público. Os primeiros títulos<br />

são O Bicho Manjaléu, A onça e o bode e O Boi Leição, de Stela Barbieri e Fernando Vilela.<br />

Sugestões de atividades<br />

1. Contar <strong>história</strong>s é sempre uma atividade divertida e interessante para as crianças. Porém,<br />

é importante criar um ambiente favorável à contação da <strong>história</strong> e preparar-se<br />

antecipadamente para despertar o interesse dos ouvintes e, ao mesmo tempo, garantir<br />

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a “magia” da <strong>história</strong>. Portanto, observe algumas dicas que o ajudarão a contar as três<br />

<strong>história</strong>s aqui citadas:<br />

• Leia com atenção as <strong>história</strong>s, procure compreender o contexto, as diferentes possibilidades<br />

de interpretação e busque familiarizar-se com o universo para o qual você<br />

vai “levar” os seus alunos.<br />

• Prepare-se para contá-las: use gestos, movimentos corporais, expressões faciais, entonações<br />

de voz diferentes. É importante que você treine antes de apresentar as<br />

<strong>história</strong>s às crianças.<br />

• Prepare o ambiente: cuide para que seja agradável, silencioso, confortável e que<br />

possa acomodar bem todas as crianças.<br />

• Se quiser, utilize outros recursos que contribuam para tornar a contação das <strong>história</strong>s<br />

mais interessante, como uma música, um poema, bonecos, lenços, máscaras etc.<br />

• Inicie a roda de <strong>história</strong>s com a sensibilização do grupo – você pode utilizar um poema,<br />

uma canção ou um vídeo. Em seguida, introduza a narrativa propriamente dita.<br />

Para encerrar a contação, você também pode usar outros recursos.<br />

2. Depois de contar as <strong>história</strong>s, oriente os alunos a identificar elementos comuns aos<br />

três contos de tradição oral, tais como: a presença de um herói e de um vilão (como o<br />

vaqueiro e o amigo do patrão em O Boi Leição), de elementos mágicos (como a bota, a<br />

touca e a chave) e de gente disfarçada de bicho (em O Bicho Manjaléu) e da esperteza<br />

dos bichos (em A onça e o bode). Assim as crianças compreenderão que há uma estrutura<br />

básica e alguns elementos comuns a todas as <strong>história</strong>s de tradição oral. É isso que<br />

<strong>faz</strong> desses contos instrumentos preciosos para a formação da identidade de todos os<br />

seres humanos.<br />

3. Uma outra atividade possível é pedir às crianças que tentem se lembrar de outras <strong>história</strong>s<br />

de tradição oral que sejam semelhantes aos três contos trabalhados como, por<br />

exemplo, “O Boi da Cara Preta” (O Boi Leição), “O Pequeno Polegar” (O Bicho Manjaléu),<br />

o “O leão e o ratinho” (A onça e o bode). Isso facilitará a identificação do estilo<br />

comum a este tipo de narrativa.<br />

4. Outro bom exercício é pesquisar com as crianças os mitos sobre o nascimento das <strong>história</strong>s.<br />

Você pode começar lendo para elas este trecho do livro de Ana Maria Machado<br />

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De olho nas penas (Editora Salamandra), no qual a personagem aranha Ananse conta<br />

como elas nasceram. A partir daí as crianças podem buscar outras lendas e/ou mitos.<br />

“Muito tempo atrás, quando os deuses ainda eram os únicos donos de tudo, até<br />

das <strong>história</strong>s, eu resolvi ir buscar todas elas para contar ao povo. Foi muito difícil.<br />

Levei dias e noites, sem parar, tecendo fios para <strong>faz</strong>er uma escada até o céu. De-<br />

pois, quando cheguei lá, tive que passar por uma porção de provas de esperteza,<br />

porque eles não queriam me dar as <strong>história</strong>s, que viviam guardadas numa grande<br />

cabaça. [...]<br />

Consegui vencer e ganhei a cabaça com todas as <strong>história</strong>s do mundo. Na volta, en-<br />

quanto eu descia a escada, a cabaça caiu e quebrou, e muitas <strong>história</strong>s se espalha-<br />

ram por aí, mas quando eu conto, vou desenrolando o fio da <strong>história</strong> de dentro de<br />

mim, e por isso sai melhor do que quando os outros contam. Por isso, todo mundo<br />

pode contar, mas toda aldeia tem alguém como eu, algum Ananse que também<br />

conta melhor essas <strong>história</strong>s. E quem ouve também sai contando, e <strong>faz</strong>endo novas,<br />

e trazendo de volta um pouco diferente, sempre com fios novos, e eu vou ouvindo<br />

e tecendo, até ficar uma teia bem completa e bem forte. Só com uma teia assim,<br />

toda bonita e resistente, é que dá para aguentar todo o peso de um povo, de uma<br />

aldeia, de uma nação, de uma terra.”<br />

Atividades interdisciplinares<br />

1. Os três livros apresentam sugestões de confecção de <strong>brinquedo</strong>s artesanais, o que amplia<br />

bastante as possibilidades de as crianças contarem e recontarem as <strong>história</strong>s. As aulas<br />

de Arte podem ser uma excelente ocasião para você propor a confecção de cada um<br />

dos <strong>brinquedo</strong>s. Após essa atividade, as crianças poderão recontar as <strong>história</strong>s a partir<br />

dos <strong>brinquedo</strong>s feitos.<br />

2. “Contar <strong>história</strong>s é um ato essencial para o ser humano. O exercício de dizer a palavra ou<br />

de escutá-la é uma das faculdades imprescindíveis para a constituição do ser cultural”,<br />

afirma o Prof. Dr. Edmir Perrotti, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de<br />

São Paulo. “É fascinante pensar que num país como o Brasil, por exemplo, com tantas<br />

diferenças socioculturais, uma <strong>história</strong> ou conto popular tem o poder de aproximar as<br />

pessoas. O contar <strong>história</strong>s simboliza a imensa teia de que é constituída a cultura, uma<br />

trama invisível que reúne os indivíduos”, lembra o professor. As aulas de História podem<br />

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ser um excelente momento para que vocês reflitam sobre essas afirmações. Peça aos<br />

alunos que escolham uma das três <strong>história</strong>s para contar em casa, para sua família. Oriente-os<br />

a observar a reação das pessoas durante a contação, se a <strong>história</strong> lembrou outras<br />

que eles já conheciam, se foi um momento descontraído, se trouxe boas lembranças às<br />

pessoas etc., de maneira que percebam o poder transformador desses contos na relação<br />

que estabelecemos com as pessoas que os compartilham conosco.<br />

3. Há diferenças entre o texto escrito e a linguagem oral. Os livros narram <strong>história</strong>s que<br />

antes eram contadas e passadas “de boca em boca” pelos nossos antepassados. Na aula<br />

de Língua Portuguesa seria oportuno investigar com as crianças as diferenças entre ler<br />

e contar uma <strong>história</strong>. Liste com elas os elementos que diferenciam uma e outra linguagem.<br />

Por exemplo, na linguagem oral temos as pausas, na escrita, temos a pontuação;<br />

na linguagem oral temos os gestos, os olhares, a entonação da voz, na escrita, temos os<br />

recursos gráficos, como os tipos e tamanhos de letra, o negrito, o itálico etc.<br />

4. Transversalmente é possível trabalhar com as crianças questões de ética por meio da<br />

“moral da <strong>história</strong>”. Os contos populares sempre trazem uma mensagem ou “ensinamento”<br />

para os seus leitores. Peça às crianças que identifiquem essas mensagens nas<br />

três <strong>história</strong>s e que discutam sobre elas, observando se são conselhos atuais e aplicáveis<br />

a seu cotidiano, refletindo como esses contos são atemporais.<br />

“As ilustrações e o ‘modo de <strong>faz</strong>er’ cada uma dessas atividades são recursos que nos<br />

ajudam a memorizar e conhecer novos gestos, versos e objetos. Mas que ninguém se<br />

iluda: brincar não tem receita. Conhecer enunciados está longe de garantir alegria.<br />

Brincar exige entrega, leveza, espontaneidade, ação”, diz Renata Meirelles, no livro Giramundo<br />

e outros <strong>brinquedo</strong>s e brincadeiras dos meninos do Brasil (Editora 3º. Nome).<br />

Mostre às crianças a relação entre contar uma <strong>história</strong>, construir “de verdade” seus<br />

personagens e depois brincar a partir dos elementos trazidos por elas.<br />

No site da coleção (www.scipione.com.br/<strong>brinquedo</strong>) a criança encontra vídeos, brincadeiras<br />

e passatempos, como criar uma <strong>história</strong> em quadrinhos usando elementos dos três<br />

livros e montar um Bicho Manjaléu virtual, dando ao personagem o aspecto que desejar.<br />

Portanto, os três livros trazem uma trinca de elementos que são fundamentais para<br />

trabalhar a criatividade das crianças e explorar o significado do brincar.<br />

Projeto elaborado por Januária Alves<br />

<strong>Coleção</strong> O <strong>brinquedo</strong> <strong>faz</strong> a <strong>história</strong> 4<br />

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