Prosa 2 - Academia Brasileira de Letras
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A recepção <strong>de</strong> Os Sertões<br />
Me<strong>de</strong>iros e Albuquerque, com o pseudônimo <strong>de</strong> J. dos Santos, escreve em A<br />
Notícia <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1902: “É um livro superior, um livro admirável –<br />
um livro erudito e <strong>de</strong> escritor cheio <strong>de</strong> observação e <strong>de</strong> vida. E primeiro a <strong>de</strong>scrição<br />
do interior do país. E <strong>de</strong>pois a psicologia do sertanejo”.<br />
Mencionando o subtítulo que fala da campanha em Canudos,<br />
“pensava encontrar a narrativa minuciosa e fútil <strong>de</strong> todos os pequenos pormenores<br />
daquele triste episódio. Mas o livro não é isso. O livro extraordinário<br />
do Sr. Eucli<strong>de</strong>s da Cunha ficará como uma página <strong>de</strong> história, como<br />
uma lição e, infelizmente, como um remorso”.<br />
Leopoldo <strong>de</strong> Freitas, no Diário Popular <strong>de</strong> São Paulo, em 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1902, aponta que o autor “conjuntou no livro os mais profundos conhecimentos<br />
da geografia do interior brasileiro, da geologia, da etnologia e também<br />
da sociologia, cujas teorias expôs uma linguagem fluente e formosa”.<br />
E enquadra o livro numa expressão curiosa chamando-o “livro emocional”<br />
e <strong>de</strong>stacando o aspecto moral do livro, diz: “Enfim, neste livro existem gran<strong>de</strong>s<br />
e encantadores conhecimentos morais que não <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>sprezar”.<br />
Na Gazeta <strong>de</strong> Notícias <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1902 e <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />
1902, escreve com o pseudônimo <strong>de</strong> J. da Penha, “Um Livro”. O primeiro artigo<br />
faz uma longa digressão sobre a vida <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s da Cunha, e afirmava<br />
não ser fácil escrever sobre 660 páginas, motivo pelo qual tinha <strong>de</strong> bitolar a<br />
notícia. Mas <strong>de</strong>clarava que na pura discrição do terreno ele cingiu-se à orientação<br />
dos sábios da geologia. E mais adiante: “O Senhor Eucli<strong>de</strong>s da Cunha tracejou<br />
períodos que não trepidaria em proclamar belíssimos quando tentou<br />
<strong>de</strong>screver a ressurreição triunfante da flora tropical, a mirífica transfiguração<br />
consequente ao inverno”.<br />
Declarava mais adiante: “Estudava magistralmente a Terra, o poeta e o engenheiro<br />
entrajaram mais as galas da filosofia, resultado <strong>de</strong>ssa tríplice disposição<br />
mental o mais elevado critério na discussão dos vários assuntos que se<br />
compendiam na divisão – ‘O Homem’”.<br />
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