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evolução e revisão de alguns conceitos da culpabilidade

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CEZAR ROBERTO BITENCOURT<br />

ao afirmar que “pelo aperfeiçoamento <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> me<strong>de</strong>-se o<br />

progresso do Direito Penal” 3 . E essa afirmação é absolutamente correta, pois<br />

<strong>de</strong>staca um dos pontos centrais <strong>da</strong> ciência jurídico-penal, a culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Um conceito dogmático como o <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> requer, segundo a <strong>de</strong>lica<strong>da</strong><br />

função que vai realizar –fun<strong>da</strong>mentar o castigo estatal– uma justificativa<br />

mais clara possível do porquê e para que <strong>da</strong> pena. Sendo assim, é importante<br />

ressaltar, com Hassemer 4 , que a mo<strong>de</strong>rna dogmática <strong>da</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> procura<br />

critérios para precisar o conceito <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r geral em um campo próximo: nos<br />

fins <strong>da</strong> pena. “Evi<strong>de</strong>ntemente, os fins <strong>da</strong> pena, como teorias que indicam a<br />

missão que tem a pena pública, são um meio a<strong>de</strong>quado para concretizar o<br />

juízo <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Uma concreção do juízo <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, sob o ponto<br />

<strong>de</strong> vista dos fins <strong>da</strong> pena, promete, além do mais, uma harmonização do sistema<br />

jurídico-penal, um enca<strong>de</strong>amento material <strong>de</strong> dois setores fun<strong>da</strong>mentais,<br />

que são objeto hoje dos mais graves ataques por parte dos críticos do Direito<br />

Penal”.<br />

Atribui-se, em Direito Penal, um triplo sentido ao conceito <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

que precisa ser liminarmente esclarecido.<br />

Em primeiro lugar, a culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> –como fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> pena– refere-se<br />

ao fato <strong>de</strong> ser possível ou não a aplicação <strong>de</strong> uma pena ao autor <strong>de</strong> um fato<br />

típico e antijurídico, isto é, proibido pela lei penal. Para isso, exige-se a presença<br />

<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> requisitos –capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, consciência<br />

<strong>da</strong> ilicitu<strong>de</strong> e exigibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> conduta– que constituem os elementos positivos<br />

específicos do conceito dogmático <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A ausência <strong>de</strong> qualquer<br />

<strong>de</strong>stes elementos é suficiente para impedir a aplicação <strong>de</strong> uma sanção penal.<br />

Em segundo lugar, a culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> – como elemento <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação<br />

ou medição <strong>da</strong> pena. Nesta acepção, a culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> funciona não como fun<strong>da</strong>mento<br />

<strong>da</strong> pena, mas como limite <strong>de</strong>sta, impedindo que a pena seja imposta<br />

aquém ou além <strong>da</strong> medi<strong>da</strong> prevista pela própria idéia <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, alia<strong>da</strong>,<br />

é claro, a outros critérios, como importância do bem jurídico, fins preventivos<br />

etc.<br />

E, finalmente, a culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> – como conceito contrário à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

objetiva. Nesta acepção, o princípio <strong>de</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> impe<strong>de</strong> a atribuição<br />

<strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> objetiva. Ninguém respon<strong>de</strong>rá por um resultado absolutamente<br />

imprevisível, se não houver obrado com dolo ou culpa.<br />

Resumindo, pelo princípio em exame, não há pena sem culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Neste estudo, no entanto, nos ocuparemos somente <strong>da</strong> primeira acepção, isto é,<br />

<strong>da</strong> culpabili<strong>da</strong><strong>de</strong> como fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> pena.<br />

3 Franz Von Liszt. Tratado <strong>de</strong> Derecho Penal....p. 390.<br />

4 Winfried Hassemer. Fun<strong>da</strong>mentos <strong>de</strong> Derecho Penal, Barcelona, Bosch, 1984, p.290; Claus Roxin. La<br />

<strong>de</strong>terminación <strong>de</strong> la pena...p. 93 e ss.<br />

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