<strong>de</strong> Fradique, mais do que da <strong>de</strong> <strong>Eça</strong>, que disso não carecia -, porque foi capaz <strong>de</strong> publicar o publicável, <strong>de</strong> conviver com a imperfeição e <strong>de</strong> resolver os seus dramas. Nesse sentido, ele preferiu estar ao lado dos Michelet, Balzac, Renan, Taine, Flaubert ou Goncourt que Fradique <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhava pela suas alegadas limitações e, com eles, ousar uma palavra libertadora. Libertadora <strong>de</strong> quem a enunciava, libertadora dos seus contemporâneos e também dos que hoje continuamos a lê-lo; uma palavra que, contudo, só ganha a magistral expressivida<strong>de</strong> que lhe reconhecemos, porque ecoa na caixa <strong>de</strong> ressonância dos silêncios <strong>de</strong> <strong>Eça</strong>, da poética que difusamente os enquadra e <strong>de</strong> uma incontornável ética da responsabilida<strong>de</strong> artística.
Notas 1 <strong>Eça</strong> <strong>de</strong> Queirós, A Correspondência <strong>de</strong> Fradique Men<strong>de</strong>s, Lisboa, Livros do Brasil, s.d., pp. 100-101. 2 Cf. A. Sardinha, “O espólio <strong>de</strong> Fradique”, in Eloy do Amaral e Cardoso Martha (orgs.), <strong>Eça</strong> <strong>de</strong> Queiroz. In Memoriam, 2ª ed., Coimbra, Atlântida, 1947, pp. 346-376; para uma discussão mais alargada e com outras implicações, cf. o nosso (e <strong>de</strong> M. do Rosário Milheiro) A Construção da Narrativa Queirrosiana. O Espólio <strong>de</strong> <strong>Eça</strong> <strong>de</strong> Queirós, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1989, pp. 47 ss. 3 Batalha situa o episódio em 1870, aproximadamente. “Um dia veio mostrar-nos, ao Antero <strong>de</strong> Quental e a mim, o primeiro esboço, muito <strong>de</strong>senvolvido — tão extenso que levou várias noites a ler — <strong>de</strong> um romance intitulado «História <strong>de</strong> Um Lindo Corpo».” (Cf. “Na primeira fase da vida literária <strong>de</strong> <strong>Eça</strong> <strong>de</strong> Queirós”, in Prosas Bárbaras, Lisboa, Livros do Brasil, s/d., p. 44. 4 Cf. Maria Manuela Gouveia Delille, A recepção literária <strong>de</strong> H. Heine no Romantismo português (<strong>de</strong> 1844 a 1871), Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1984, pp. 265 ss. 5 Cf. Carlos Reis e Maria do Rosário Milheiro, op. cit., passim. 6 Cf. cartas <strong>de</strong> <strong>Eça</strong> <strong>de</strong> Queirós a Ramalho Ortigão, <strong>de</strong> 10 e 28 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1878, in Correspondência; leitura, coord., prefácio e notas <strong>de</strong> Guilherme <strong>de</strong> Castilho; Lisboa, Imp. Nacional-Casa da Moeda, 1983, pp. 160-175. 7 Loc. cit., p. 166. 8 Vejam-se as edições críticas d’A Capital! (Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1992) e <strong>de</strong> Alves & Ciª. (Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1994), por Luiz Fagun<strong>de</strong>s Duarte e por este mesmo e Irene Fialho. 9 Correspondência, ed. cit., p. 164. 10 Citada por José Maria d’<strong>Eça</strong> <strong>de</strong> Queirós, na introdução a A Capital, 9ª ed., Porto, Lello & Irmão, 1971, p. 12. 11 A Correspondência <strong>de</strong> Fradique Men<strong>de</strong>s, ed. cit., pp. 104-105. 12 A Correspondência <strong>de</strong> Fradique Men<strong>de</strong>s, ed. cit., p. 106.