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Páginas - ed. 91 - Todas - Arquidiocese de Florianópolis

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2<br />

- Junho 2004<br />

EDITORIAL<br />

Apocalipse Século XXI<br />

Pensávamos que o novo milênio nos introduziria numa<br />

época <strong>de</strong> paz, após o milênio anterior ter-nos tanto ensinado<br />

a respeito das catástrofes produzidas pela violência. Mas o<br />

saco <strong>de</strong> perversida<strong>de</strong>s alimentado nos laboratórios do ódio<br />

nos reserva novas surpresas e nos introduz, mais uma vez,<br />

numa época <strong>de</strong> sombras.<br />

Falamos da invasão do Iraque pelos Estados Unidos, gesto<br />

praticado à revelia do direito e das instituições internacionais,<br />

com a falsa motivação das armas químicas, tão bem<br />

ocultadas que nem sequer existem. E agora, um fato nos coloca<br />

diante <strong>de</strong> um novo apocalipse, <strong>de</strong> uma horrenda revelação<br />

da <strong>de</strong>gradação a que po<strong>de</strong> chegar o ser humano: as torturas<br />

praticadas por soldados anglo-americanos e pela CIA na<br />

prisão <strong>de</strong> Abu Ghraib. Abu Ghraib mostrou para a humanida<strong>de</strong><br />

os monstros gerados no ventre da guerra e do preconceito. Ali<br />

se torturou como se tortura em quase todas as <strong>de</strong>legacias<br />

brasileiras ou em todas as guerras. Ali, porém, a tortura adquiriu<br />

uma face nova, terrível: foi transformada em divertimento.<br />

Foi filmada, fotografada, as poses foram ensaiadas, os torturadores<br />

estavam felizes diante das máquinas fotográficas.<br />

A <strong>de</strong>sinibida e sorri<strong>de</strong>nte soldada Lynndie England tornouse<br />

síntese do modo como era o divertimento: em posição displicente,<br />

erótica, digamos, puxa com uma corda amarrada ao<br />

pescoço um homem iraquiano se arrastando, nu. A soldada<br />

tinha inteligência suficiente para conhecer a profundida<strong>de</strong> com<br />

que aquele homem estava sendo <strong>de</strong>struído para sempre: um<br />

muçulmano acorrentado e puxado por um cristão, um homem<br />

invadido ridicularizado pelo invasor-libertador, um homem escravizado<br />

sexualmente por uma mulher e, por último, um homem<br />

nu, humilhação máxima entre os povos árabes.<br />

Em outra cena, empilham-se árabes nus e, montado neles,<br />

divertindo-se para as câmeras, um oficial americano. O<br />

ato <strong>de</strong> torturar se torna lúdico, prazeroso e isso é novida<strong>de</strong><br />

na história da tortura. Um soldado afirmou que “nós acháva-<br />

mos graça daquilo tudo”.<br />

A esta altura, o leitor po<strong>de</strong>rá<br />

estar imaginando uma cena <strong>de</strong><br />

sexo sadomasoquista, cenas<br />

<strong>de</strong> forte apelo sexual. E com<br />

razão, pois algumas <strong>de</strong>stas fotos,<br />

segundo a imprensa, já foram<br />

parar em sites pornográficos<br />

como estimulantes sexuais,<br />

com muitos tarados querendo<br />

estar no lugar daquele pobre<br />

homem. Po<strong>de</strong>mos fazer aqui<br />

duas observações, as duas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m antropológica. A primeira:<br />

quando o homem transforma o outro homem num animal,<br />

numa coisa, num objeto <strong>de</strong> diversão, ele se torna uma fera<br />

perigosa. Se para mim o outro é uma coisa, eu também me<br />

torno coisa. A guerra animaliza porque faz do outro um inimigo,<br />

um animal a ser <strong>de</strong>rrotado, humilhado, <strong>de</strong>struído.<br />

A segunda: com a transformação do corpo humano num<br />

objeto <strong>de</strong> prazer, objeto comprável e vendável, o sexo se<br />

animaliza e leva ao prazer através da dor do outro<br />

(sadomasoquismo). A soldada e seus colegas faziam questão<br />

<strong>de</strong> torturas sexuais e <strong>de</strong> filmá-las: fariam parte <strong>de</strong> seu sex<br />

shop montado com o botim <strong>de</strong> guerra. O mesmo fenômeno<br />

ocorre em outras batalhas, quando o sonho final do soldado<br />

embrutecido é estuprar a mulher e a jovem <strong>de</strong>rrotadas. A marca<br />

sexual é a última, a mais profunda e a jamais esquecida,<br />

pois viola a intimida<strong>de</strong> do outro.<br />

Se o mundo tivesse escutado o Papa, estaríamos livres <strong>de</strong>ssa<br />

vergonha. Se Bush tivesse escutado o Evangelho <strong>de</strong> que se diz<br />

seguidor, teria poupado a espécie humana <strong>de</strong> <strong>de</strong>scer tão fundo<br />

no poço da malda<strong>de</strong>. A guerra gera a guerra, a violência p<strong>ed</strong>e<br />

violência, o torturado buscará <strong>de</strong>struir o torturador, num círculo<br />

dantesco <strong>de</strong> miséria e dor. Os iraquianos filmando divertidos a<br />

<strong>de</strong>capitação <strong>de</strong> um jovem americano são a prova <strong>de</strong>ste ciclo.<br />

Nossa espécie humana não é mais a mesma. Sua r<strong>ed</strong>enção<br />

supõe que não <strong>de</strong>ixe cair no esquecimento as barbarida<strong>de</strong>s<br />

com as quais vai-se acostumando, se <strong>de</strong>generando. O Iraque<br />

transformou-se no apocalipse do século XXI, revelou nossas<br />

entranhas <strong>de</strong> malda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sumanida<strong>de</strong>.<br />

Pe. José Artulino Besen<br />

www.arquifloripa.org.br/jornal<br />

e-mail: jornal@arquifloripa.org.br<br />

“Nossa espécie humana<br />

não é mais a mesma.<br />

Sua r<strong>ed</strong>enção supõe<br />

que não <strong>de</strong>ixe cair no<br />

esquecimento as<br />

barbarida<strong>de</strong>s com as<br />

quais vai-se acostumando,<br />

se <strong>de</strong>generando”<br />

OPINIÃO<br />

Amar como Jesus amou<br />

A pi<strong>ed</strong>a<strong>de</strong> popular consagra<br />

o mês <strong>de</strong> junho ao Sagrado<br />

Coração <strong>de</strong> Jesus. Sei<br />

que muitos perguntam: “Tem<br />

ainda sentido essa <strong>de</strong>voção?<br />

Não será uma forma ultrapassada<br />

<strong>de</strong> expressão religiosa,<br />

própria <strong>de</strong> uma outra<br />

época ou cultura?”<br />

Ao longo dos séculos,<br />

homens e mulheres relacionaram-se com<br />

Deus utilizando-se <strong>de</strong> palavras, expressões<br />

e gestos tirados <strong>de</strong> seu tem-<br />

po e <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong>. Daí<br />

que se compreen<strong>de</strong> que muitas<br />

<strong>de</strong>voções e manifestações<br />

do passado tenham caído<br />

em <strong>de</strong>suso. Hoje, ninguém<br />

mais lhes dá importância.<br />

Não teria acontecido o<br />

mesmo com a <strong>de</strong>voção ao<br />

Coração <strong>de</strong> Jesus, tão difundida<br />

nos séculos <strong>de</strong>zoito e<br />

<strong>de</strong>zenove?<br />

A história da Igreja nos ensina que as expressões<br />

<strong>de</strong> fé que têm base bíblica conseguem<br />

ultrapassar culturas, épocas e costumes.<br />

Ora, a base da espiritualida<strong>de</strong> do Coração <strong>de</strong><br />

Jesus está nas Escrituras. A palavra “coração”,<br />

na Bíblia, tem um rico sentido. Mais do que se<br />

referir ao órgão físico, sintetiza a interiorida<strong>de</strong><br />

da pessoa, sua intimida<strong>de</strong>, o mais profundo do<br />

seu ser. É o que lemos, por exemplo, no profeta<br />

Oséias. O Senhor promete: “Vou conduzi-la<br />

ao <strong>de</strong>serto e lhe falar ao coração” (Os 2,16).<br />

Ou, no profeta Ezequiel: “Dar-lhe-ei um coração<br />

novo, porei no seu íntimo um espírito novo,<br />

tirarei <strong>de</strong> seu peito o coração <strong>de</strong> p<strong>ed</strong>ra e lhe<br />

darei um coração <strong>de</strong> carne” (Ez 36,26).<br />

Enquete<br />

Periodicida<strong>de</strong> mensal - 20.000 exemplares<br />

Rua Esteves Júnior, 447<br />

88015-530 - <strong>Florianópolis</strong> - SC<br />

Fone/Fax: (048) 224-4799<br />

CRUZ ARTE SACRA<br />

Livros e Objetos Religiosos Católicos<br />

Sagrado Coração<br />

<strong>de</strong> Jesus, nós temos<br />

conviança em vós!.<br />

PALAVRA DO PASTOR<br />

“Cada um <strong>de</strong> nós é<br />

convidado a fazer a<br />

experiência da intimida<strong>de</strong><br />

do Coração <strong>de</strong> Jesus.<br />

Como não envolver<br />

nossa própria vida com<br />

a <strong>de</strong>sse Coração que<br />

tanto nos amou?”<br />

Qual o valor do namoro para você?<br />

“O namoro para mim é mais valioso<br />

que o ouro. É o início do contato entre<br />

um casal. A partir do namoro é que brota<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compartilhar um sentimento<br />

maior com o outro e nasce o<br />

amor. O namoro é a aproximação entre<br />

o casal que po<strong>de</strong> chegar ao sacramento<br />

do matrimônio”, Mariana <strong>de</strong> Oliveira,<br />

Pastoral da Juventu<strong>de</strong> da Paróquia<br />

<strong>de</strong> Campinas, São José.<br />

Diretor e Revisor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Murilo S. R. Krieger, Pe.<br />

Alceoni Berkenbrock, Pe. José Artulino Besen, Pe. Toninho, Ir. Marlene Bertoldi, Kreize Fernanda<br />

<strong>de</strong> Souza, Carlos Martendal e Fernando Anísio Batista - Jornalista Responsável: Zulmar Faustino<br />

- SC 01224 JP - Departamento <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>: Pe. Valdir Bernardo Prim - Editoração e Fotos:<br />

Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão e Fotolitos: Gráfica Rio Sul<br />

“Namorar é importante para que as<br />

pessoas iniciem uma aproximação, se conheçam<br />

e fiquem juntas. Esse conhecer<br />

um ao outro serve para saber das suas<br />

afinida<strong>de</strong>s. Se o casal tiver respeito, fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>,<br />

compreensão, e muito amor, uma<br />

simples relação po<strong>de</strong> tornar-se uma coisa<br />

maior e chegar ao casamento”,<br />

Vanessa Ferreira, Pastoral Vocacional<br />

da Matriz <strong>de</strong> Palhoça.<br />

Os contemporâneos <strong>de</strong> Jesus <strong>de</strong>vem ter<br />

ficado alegremente surpresos ao ouvi-lo dizer:<br />

“Vin<strong>de</strong> a mim vós todos que estais cansados<br />

sob o peso <strong>de</strong> vosso fardo e eu vos darei <strong>de</strong>scanso.<br />

Tomai sobre vós o meu jugo e apren<strong>de</strong>i<br />

<strong>de</strong> mim, porque sou manso e humil<strong>de</strong> <strong>de</strong> coração”<br />

(Mt 11,28-29). O apóstolo São Paulo<br />

penetrou nesse Coração e fez uma experiência<br />

que o marcou profundamente. D<strong>ed</strong>icou sua<br />

vida para anunciar as maravilhas que nele <strong>de</strong>scobriu.<br />

Daí, pois, a insistência <strong>de</strong> seu apelo:<br />

“Cristo habite pela fé em vossos corações,<br />

arraigados e consolidados na<br />

carida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> que possais,<br />

com todos os cristãos, compreen<strong>de</strong>r<br />

qual seja a largura, o<br />

comprimento, a altura e a profundida<strong>de</strong>,<br />

isto é, conhecer a<br />

carida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo, que <strong>de</strong>safia<br />

todo o conhecimento, e<br />

sejais cheios <strong>de</strong> toda a plenitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus” (Ef 3,17-19).<br />

Cada um <strong>de</strong> nós é convidado<br />

a fazer a experiência da intimida<strong>de</strong> do Coração<br />

<strong>de</strong> Jesus. Foi essa a leitura que os Padres<br />

da Igreja – isto é, os teólogos dos primeiros<br />

séculos - fizeram do lado aberto <strong>de</strong> Cristo<br />

na Cruz: <strong>de</strong> seu Coração jorrou sangue e<br />

água, isto é, a Igreja e os sacramentos. Mas<br />

se tornou, também, uma porta aberta para<br />

entrarmos nesse Coração e, então, compreen<strong>de</strong>rmos<br />

a razão <strong>de</strong> sua pr<strong>ed</strong>ileção pelos<br />

pecadores, pobres e aflitos, e <strong>de</strong> seu imenso<br />

amor pelo Pai. Tendo feito essa experiência,<br />

como não envolver nossa própria vida com a<br />

<strong>de</strong>sse Coração que tanto amou os homens?...<br />

Dom Murilo S.R. Krieger, scj<br />

Arcebispo <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong><br />

“O namoro é uma preparação, serve<br />

para as pessoas se conhecerem mais,<br />

para ver se conseguirão compartilhar<br />

uma vida juntos, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

constituírem uma família. O namoro serve<br />

para que duas pessoas verifiquem se<br />

conseguirão se dar bem quando estiverem<br />

casados”, Fajardo <strong>de</strong> Souza, comunida<strong>de</strong><br />

Monte Serrat, na Cat<strong>ed</strong>ral, em<br />

<strong>Florianópolis</strong>.<br />

Carlos Cruz<br />

ATENDIMENTO PERSONALIZADO<br />

Fone<br />

Fax:(48) 257-8263<br />

9983-4592<br />

São José - SC - cruzartesacra@yahoo.com.br

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