O Estudo das Benzedeiras em Parintins: Uma ... - Revista Mutações

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Maker, amador), um programa de edição de áudio (Format Factory), fotos da internet e uma máquina fotográfica (CANON). As imagens coletadas foram inseridas por critério de relevância, escolhendo as que se aproximassem mais da realidade dos ambientes. A parte final da elaboração do trabalho foi feita por meio da organização das informações, reunindo-as em um arquivo de computador, no programa Microsoft Word 2007, sistema operacional Windows 7 – Home Basic. Enfoque teórico Ainda que muitos não acreditem na cura por meio das benzedeiras, nota-se o grande poder de liderança delas na comunidade, desse modo, consideradas como comunicadores folk , “O comunicador folk tem a personalidade dos líderes de opinião identificada nos seus colegas do sistema de comunicação social (...) os líderes agente- comunicadores de folk, aparentemente, nem sempre são ‘autoridades’ reconhecidas, mas possuem uma espécie de carisma, atraindo (...) admiradores e seguidores.” (BELTRÃO,1980). O comunicador folk caracteriza-se: 1) prestígio na comunidade, independente da posição social ou da situação econômica; 2) exposição as mensagens do sistema de comunicação social; 3) freqüente contato com fontes externas autorizadas de informação; 4) mobilidade, pondo-se em contato com diferentes grupos; 5) arraigadas convicções filosóficas, à base de suas crenças e costumes tradicionais do grupo a que pertence. Os ambientes de estudo possuem toda uma particularidade em seus signos, um local humilde (escondido), os símbolos de fé (imagens de santos, velas e fitas de promessas). O grupo de praticantes fixos é pequeno, porém elas sempre são procuradas, geralmente, por pessoas do interior e as da cidade (pessoas de baixa renda), que segundo BELTRÃO (1980) são: “Os grupos culturalmente marginalizados, urbanos e rurais, contrários a ordem vigente”. Conforme as entrevistadas, o preconceito ainda é um fator presente na realidade das benzedeiras. “Jesus quando andou no mundo foi chamado de feiticeiro, porque ninguém o conhecia. Nós vamos passando por tudo isso” (Zenaide, 67, Benzedeira/Pagadora de Promessa). De fato, “presos a uma única cultura, somos não apenas cegos a dos outros, mas míopes quando se trata da nossa’’, (LAPLANTINE, François, 2000). Consideradas “cientistas populares”, por aqueles que às procuram, as benzedeiras seguem suas práticas e buscam o reconhecimento da sociedade. 4
Resultados e discussão Apesar de certo desconforto apresentado por uma parte da população “nenhuma pessoa tem o poder de dar a cura, senão Deus’’ (Homem adulto, 39, opinião contrária a prática), as benzedeiras continuam a desempenhar sua função, demonstrando sua crença no poder de curar as pessoas, por meio dos trabalhos com ervas, rezas, massagens, partos. “Elas são abençoadas e junto com as ervas da nossa região realizam um trabalho que nenhum médico pode fazer”, descreveu (mulher adulta, 32, aderente das práticas). A “graça” de benzer, toma o cotidiano dessas mulheres, elas se voltam essencialmente para o ato. Também foi constatado que as lideranças folk se preocupam em relação as pessoas que usam as atividades para se promover e ganhar dinheiro, “Existe benzedor que conta a verdade e existe aquele que conta mentira” (Maria Zenaide, 67, Benzedeira/Pagadora de Promessa). Conclusão Com o estudo foi possível explorar o dinamismo que constitui a marca registrada das benzedeiras na cultura popular, e, consequentemente, identificar os seus ambientes como “ambiente folk”, na perspectiva de Beltrão (1980), promovendo uma interpretação analítica a esse tipo de prática, compreendendo a forma de pensar desses grupos que concentram seu apego à crença na possibilidade de cura. Como características dos comunicadores de folk, essas mulheres se organizam e desenvolvem suas práticas por meio de um único instrumento: a fé. As mensagens vinculadas expressam grande devoção a Deus, que é disseminado a todos que as procuram. Com uma sabedoria indiscutível, levam a frente um conhecimento de várias gerações. Referências BELTRÃO, Luís, 1918 – Folkcomunicação: a comunicação dos marginalizados/ Luís Beltrão. _ São Paulo: Cortez, 1980. LAPLANTINE, François. Aprender antropologia/François Laplantine; Tradução Marie - Agnes Chauvel; prefácio Maria Isaura Pereira Queiroz. – São Paulo: Brasiliense, 2000. http://espacodeculturainterativo.blogspot.co m/2008/05/benzedeiras-uma-tradio-de-f-ecura.html - acesso em 29 de abril de 2011. http://diariodonordeste.globo.com/materia.as p?codigo=514705 – acesso em 03 de maio de 2011. 5
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