Eclesiastes - Igreja Batista Vida Nova
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Entretanto, existem outras evidências que contradizem a autoria salomônica:<br />
1) Segundo os comentaristas da Bíblia de Estudo Almeida, “o hebraico característico da<br />
sua redação e as idéias nele expostas correspondem a uma época posterior”. 5 Para<br />
Lasor, Hubbard e Bush, “tanto o vocabulário quanto a estrutura das frases são pósexílicos,<br />
mais próximos do estilo da Mishná que qualquer outro livro do Antigo<br />
Testamento” 6 .<br />
2) É verdade que as experiências do Coélet lembram as experiências de Salomão (2.4-<br />
9). Mas a nota a seguir instiga à reavaliação da autoria salomônica de <strong>Eclesiastes</strong>: “(...)<br />
a afirmação em 1.16 e 2.9 de que ele ultrapassou todos que os que governaram<br />
Jerusalém entes dele não seria significativa se seu pai fosse o único antecessor. Também<br />
se nota que a linguagem do livro difere em vários aspectos da encontrada em outras<br />
obras de Salomão.” 7<br />
3) É verdade que o Coélet identifica-se como “sábio” (1.12; 12.9). Mas ele também<br />
reconhece a inacessibilidade da sabedoria (“... mas a sabedoria estava longe de mim”,<br />
7.23), e também afirma que a sabedoria é vaidade (2.12-15).<br />
4) O trabalho opressor condenado em <strong>Eclesiastes</strong> dificilmente se encaixa com a política<br />
escravista implantada por Salomão (4.1; 5.8; 8.9; 10.5-7; cf. 1Rs 4.20-28; 5.13).<br />
Além destas considerações, é preciso considerar que a expressão “filho de Davi” não<br />
seria necessariamente uma alusão a Salomão, mas a qualquer descendente da linhagem<br />
de Davi. Nota-se que em nenhum lugar do livro o autor é chamado de Salomão.<br />
Muitos comentaristas datam o livro no período helênico (cerca de 300 – 200 a.C),<br />
quando a Palestina passou a ser governada pelos Ptolomeus 8 , que exploravam o país<br />
mediante a exigência de pagamentos tributários. Neste caso, os mais prejudicados<br />
seriam os pequenos fazendeiros. Esses tributos eram efetuados não com produtos<br />
agropecuários (porcentagens da colheita ou dos rebanhos ovinos e bovinos), mas com<br />
uma taxa fixa em moeda corrente. Esse sistema tributário gerou uma grande crise na<br />
Palestina, onde uma das índoles principais era o distanciamento entre os pequenos<br />
proprietários e fazendeiros e a minoria de funcionários estrangeiros, da classe rica<br />
aristocrática, instalados no país. Os valores da lealdade e compaixão humanas foram<br />
ocupados pelos valores materialistas da riqueza. Muitos judeus sentiam-se impotentes<br />
de melhorar a situação. Pode-se situar o Coélet nesse contexto de incerteza e<br />
inquietação.<br />
5<br />
Sociedade Bíblica do Brasil. 1999; 2005. Bíblia de Estudo Almeida - Revista e Atualizada. Sociedade<br />
Bíblica do Brasil<br />
6<br />
LASOR, William S; HUBBART, David A.; BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento.<br />
Trad. Lucy Yamakami. 1ª Ed. São Paulo: <strong>Vida</strong> <strong>Nova</strong>, 1999, p.544.<br />
7<br />
HILL, Andrew E. & WALTON, J.H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Editora <strong>Vida</strong>, 2006,<br />
p.402.<br />
8<br />
Os Ptolomeus, que tinham por sobrenome “Lágidas”, são os descendentes de Ptolomeu I, um dos<br />
generais de Alexandre Magno. Após a morte de Alexandre, Ptolomeu I governou o Egito, a Palestina e a<br />
Fenícia. A Palestina ficou sob o domínio dos Lágidas até 200 a.C., quando passou a ser dominada pelos<br />
Selêucidas, da dinastia de Selêuco, outro general de Alexandre.<br />
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