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avaliada numa base ampla, tendo<br />
em conta alguns aspectos relacionados<br />
não só com a uva, mas também<br />
com a vinha, como por exemplo<br />
o equilíbrio entre vigor e produção,<br />
a exposição dos cachos à<br />
luz, a incidência de doenças, o tamanho/peso<br />
do bago, etc.. Definir<br />
a qualidade das uvas de uma forma<br />
objectiva é uma tarefa difícil.<br />
Para tal é necessário complementar<br />
os índices tradicionais (grau<br />
ESPECIAL<br />
vinha<br />
Rega da vinha e composição<br />
fenólica das uvas<br />
Por: José Silvestre*, Isabel Spranger (Insti. Nac. Rec. Bio., ex-Estação<br />
Vitivinícola Nacional)<br />
A rega é uma ferramenta importante na gestão da<br />
composição fenólica das uvas, em particular no teor<br />
e perfil em antocianinas, polifenóis totais e taninos.<br />
<br />
O sector vitivinícola representa<br />
cerca de 14 por cento<br />
do Produto Agrícola Bruto<br />
(incluindo produção animal) e<br />
exporta cerca de 560 milhões de<br />
euros (1.6% do total das exportações<br />
portuguesas), valor que tem<br />
vindo a crescer de uma forma moderada,<br />
mas sustentável durante<br />
a última década. Para incrementar<br />
estas tendências e aumentar<br />
a competitividade deste sector<br />
é essencial promover a qualidade<br />
da produção.<br />
Em particular, os trabalhos efectuados<br />
na área das relações hídricas<br />
da vinha têm evidenciado que<br />
o uso racional da rega (rega deficitária)<br />
pode contribuir para melhorar<br />
a qualidade das uvas, factor<br />
indispensável para a produção<br />
de vinhos de elevada qualidade,<br />
sem contudo, comprometer a tipicidade<br />
destes. Uma gestão adequada<br />
da rega (sempre deficitária)<br />
visa corrigir situações de stress hídrico<br />
severo, estabelecendo uma<br />
carência hídrica moderada. Permite<br />
igualmente controlar o crescimento<br />
vegetativo e o vigor, estabilizar<br />
a produção, minimizar os<br />
custos ambientais (água e energia),<br />
mitigar quer os impactos negativos<br />
associados às situações cada<br />
vez mais frequentes de variabilidade<br />
climática (nomeadamente<br />
os períodos de seca), quer os efeitos<br />
das alterações climáticas previstas<br />
para as próximas décadas.<br />
Sendo a rega da vinha uma prática<br />
cultural relativamente recente<br />
no nosso País e na generalidade<br />
dos países europeus, verificase<br />
uma necessidade crescente de<br />
compreender os efeitos da rega<br />
no crescimento vegetativo da vinha,<br />
produção e, sobretudo, na<br />
qualidade da uva e do vinho.<br />
De uma forma geral, a qualidade<br />
das uvas para vinho pode ser<br />
A rega deficitária pode contribuir para um aumento do teor em antocianinas<br />
provável, acidez total, pH) com outras<br />
variáveis, tais como a prova<br />
organoléptica dos bagos (avaliando<br />
em particular as películas e as<br />
grainhas), a componente fenólica<br />
e até a componente aromática.<br />
Rega e composição<br />
fenólica<br />
Sendo a qualidade dos vinhos<br />
tintos fortemente dependente da<br />
respectiva composição fenólica, é