Setembro - Jornal o Correio da Linha
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26 <strong>Setembro</strong> 2011 | O CORREIO DA LINHA<br />
l Texto: DAvIDE PInhEIRo<br />
l Fotos: C.M.o e D.P.<br />
Comemorou 250 anos em 2009 e<br />
desde então não se tem cansado<br />
de ganhar prémios. o vinho de<br />
Carcavelos foi recuperado é uma<br />
aposta <strong>da</strong> Câmara Municipal de<br />
oeiras na recuperação <strong>da</strong> tradição.<br />
A curto prazo, passará também a<br />
ser produzi<strong>da</strong> aguardente.<br />
Conhecido e reconhecido, o Vinho<br />
de Carcavelos vive um período<br />
de regresso à boa forma<br />
que lhe valeu quatro prémios<br />
num passado recente. Dois no exterior:<br />
Prémio Aurum – Vinho com Tradição<br />
Em breve do vinho... água ardente<br />
Provas do saboroso nectar<br />
pela CEUCO – Conselho Europeu<br />
de Confrarias Enogastronómicas, em<br />
Bordéus e no X Concurso Internacional<br />
do Vinho La Selezione del Sin<strong>da</strong>co, em<br />
Roma. E dois em Portugal, equivalentes<br />
a me<strong>da</strong>lhas de prata na categoria<br />
de vinhos licorosos na quinta edição<br />
do Concurso Nacional de Vinhos e no<br />
Concurso de Vinhos de Lisboa 2011.<br />
Na prática, este é o resultado de um<br />
investimento de dois milhões euros <strong>da</strong><br />
Câmara Municipal de Oeiras na preservação,<br />
manutenção <strong>da</strong> vinha já existente<br />
na Quinta de Cima do Marquês,<br />
mas também na plantação de nova área<br />
e na recuperação do edificado, particularmente<br />
no Casal <strong>da</strong> Manteiga, cuja<br />
estrutura remontava ao século XVIII.<br />
Foram ain<strong>da</strong> adquiri<strong>da</strong>s pipas, garrafas<br />
e melhorados todos<br />
os aspetos administrativos<br />
de normalização do<br />
processo de produção.<br />
De acordo com o enólogo<br />
Tiago Correia,<br />
responsável pela visita<br />
guia<strong>da</strong> aos bastidores<br />
do “Conde de Oeiras” -<br />
assim foi denominado o<br />
vinho - no último sábado<br />
de Agosto, o Vinho<br />
de Carcavelos concorre<br />
na mesma categoria de<br />
generosos que “o Vinho<br />
do Porto, o Vinho <strong>da</strong><br />
Madeira e o Moscatel”.<br />
Reconhecido e confirmado<br />
pela Carta de Lei<br />
de 18 de <strong>Setembro</strong> de<br />
1908, na qual foi defini<strong>da</strong><br />
a região demarca<strong>da</strong>,<br />
então forma<strong>da</strong> pelas freguesias<br />
de S. Domingos<br />
de Rana e Carcavelos,<br />
do concelho de Cascais,<br />
e pela parte <strong>da</strong> freguesia<br />
de Oeiras que é reconheci<strong>da</strong><br />
por produzir vinho<br />
generoso, este cálice de<br />
prazer era, já no século<br />
XVIII, bebido pelas elites<br />
europeias.<br />
A produção chegou a<br />
atingir três mil pipas,<br />
nos primeiros anos do<br />
século seguinte, verificando-se<br />
intensa exportação,<br />
através de<br />
Inglaterra, para mercados<br />
como a América do<br />
Norte, Índia e Austrália.<br />
Conta a história que a<br />
adega foi palco de festas<br />
e guerraia<strong>da</strong>s.<br />
Reveses provocados<br />
pelas pragas vinhateiras<br />
que assolaram o<br />
país e pela necessi<strong>da</strong>de<br />
ACTUAL 11<br />
“Conde de Oeiras”<br />
aposta na preservação<br />
de urbanizar terrenos,<br />
alimenta<strong>da</strong> pela especulação<br />
imobiliária <strong>da</strong><br />
segun<strong>da</strong> metade do séc.<br />
XX, quase resultaram na<br />
sua extinção.<br />
Na déca<strong>da</strong> de 80, as<br />
Quintas <strong>da</strong> Ribeira, dos<br />
Pesos e <strong>da</strong> Samarra, em<br />
Caparide, arriscaram reiniciar<br />
nos seus terrenos<br />
a prática entretanto interrompi<strong>da</strong>.<br />
A partir de 2001, a produção<br />
de vinho generoso foi<br />
transferi<strong>da</strong> para a adega<br />
do Casal <strong>da</strong> Manteiga,<br />
sendo reparti<strong>da</strong> em partes<br />
iguais, pela autarquia<br />
e o Instituto Nacional de<br />
Investigação Agrária. A<br />
Confraria do Vinho de Carcavelos surgiu<br />
em 2009, lançando a marca “Conde<br />
de Oeiras” e iniciando a respetiva comercialização.<br />
Neste momento, é o único<br />
vinho no mercado a um preço médio<br />
de 35 euros.<br />
Em processo de envelhecimento está<br />
a colheita de 97/98. Já a colheita deste<br />
ano, sofreu uma per<strong>da</strong> de 50% devido<br />
a “doenças”. Um estágio<br />
de dois anos incluíndo<br />
seis meses em garrafa<br />
é obrigatório, revelou<br />
Tiago Correia.<br />
A partir <strong>da</strong>í, o envelhecimento<br />
do vinho é opcional.<br />
No caso do “Conde<br />
de Oeiras, “não estão a ser<br />
engarrafados vinhos com<br />
menos de cinco anos”, explicou<br />
também durante a<br />
visita. O enólogo adiantou<br />
ain<strong>da</strong> que “a partir<br />
de 2013”, a rentabili<strong>da</strong>de<br />
será procura<strong>da</strong> através<br />
<strong>da</strong> produção de 30 mil<br />
garrafas. Isto apesar de<br />
“a câmara não apostar no<br />
lucro mas sim na preservação”,<br />
explicou.<br />
Nos planos <strong>da</strong> autarquia Visita à adega<br />
está também a colocação<br />
de um alambique na Quinta do Marquês<br />
com o intuito de produzir aguardente,<br />
até agora adquiri<strong>da</strong> em Espanha. No<br />
discurso que se seguiu ao tradicional<br />
almoço oferecido a todos os que participaram<br />
na Festa <strong>da</strong>s Vindimas, realiza<strong>da</strong><br />
a 15 de <strong>Setembro</strong> na Estação<br />
Agronómica, o presidente Isaltino<br />
Morais confirmou que o “Ministério<br />
<strong>da</strong> Agricultura autorizou a produção de<br />
aguardente”. Bem humorado, o autarca<br />
confessou a todos os presentes preferir<br />
“aguardente e não whisky”, recor<strong>da</strong>ndo<br />
ain<strong>da</strong> o percurso recente do Vinho de<br />
Carcavelos: “estava para se extinguir, fezse<br />
um acordo com a estação, plantou-se vi-<br />
Ficha Técnica<br />
A fama do vinho já atingiu além fronteiras<br />
nho e recuperaram-se os edifícios”.<br />
No final <strong>da</strong> breve comunicação, outra<br />
novi<strong>da</strong>de. A 11 de Novembro, será<br />
inaugura<strong>da</strong> a sede <strong>da</strong> Confraria na Rua<br />
Cândido dos Reis.<br />
A loja servirá como ponto de ven<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> Rota dos Vinhos, defini<strong>da</strong> por garrafas<br />
de Carcavelos, Colares e Bucelas.<br />
Quanto às visitas guia<strong>da</strong>s à Adega e<br />
Vinha do Casal <strong>da</strong> Manteiga, decorrem<br />
no último sábado de ca<strong>da</strong> mês, têm um<br />
custo de 5 euros e necessitam de dez<br />
participantes para se efectivarem.<br />
Os interessados devem fazer a sua<br />
inscrição na Loja Municipal do Centro<br />
Comercial Oeiras Parque, através do<br />
email loja.cmo@cm-oeiras.pt ou pelo<br />
telefone 21 443 07 99. No final, é <strong>da</strong><strong>da</strong><br />
a oportuni<strong>da</strong>de de provar três vinhos.<br />
A par <strong>da</strong> visita, no local há um ponto<br />
de ven<strong>da</strong> do “Conde de Oeiras” e<br />
de doçaria regional varia<strong>da</strong>, como<br />
Queija<strong>da</strong>s de Oeiras, Carcaveló, Palitos<br />
do Marquês e Cacetes. n<br />
jornal mensal de actuali<strong>da</strong>de<br />
administração, re<strong>da</strong>cção e Publici<strong>da</strong>de: rua Prof. mota Pinto, loja 4<br />
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