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Avaliando a linguagem oral e escrita nos Anos Iniciais - FACOS

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<strong>Avaliando</strong> a <strong>linguagem</strong> <strong>oral</strong> e <strong>escrita</strong> <strong>nos</strong> A<strong>nos</strong> <strong>Iniciais</strong><br />

Aline Lima 1<br />

Andrea Audi<br />

Giovana Rodrigues<br />

Jonathan Cruz<br />

Paola Santos<br />

Vanessa Miguel<br />

Resumo: Devido às grandes mudanças do plano de fundo educacional na atualidade, faz-se<br />

necessário que aprofundemos <strong>nos</strong>sas pesquisas em torno da temática avaliação escolar. Neste<br />

estudo, apresentamos pontos relevantes para a eficácia desse processo através da metodologia de<br />

habilidades e competências dentro dos aspectos linguísticos <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> iniciais.<br />

Palavras-chave: Habilidades, competências, <strong>linguagem</strong> <strong>oral</strong> e <strong>escrita</strong>, a<strong>nos</strong> iniciais.<br />

Abstract: Given the great changes of the background in education today, it is necessary to deepen<br />

our research around the theme school evaluation. Here we present the relevant points to the<br />

effectiveness of this process through the methodology of skills and competencies within the linguistic<br />

aspects in the early grades.<br />

Key-words: Skills, competencies, <strong>oral</strong> and written language, initial series.<br />

Introdução<br />

Nos dias atuais, a escola deve estar atenta às necessidades educacionais e sociais.<br />

Mudanças essas, ocorridas no cenário educacional vêm requerendo a<br />

reestruturação do processo de ensino-aprendizagem na sua forma didático-<br />

pedagógica, uma vez que há uma dinâmica contemporânea fundada em novos<br />

conceitos de educação, de competência, de habilidades e de formação profissional.<br />

Não há respostas prontas, já que vivemos numa realidade complexa, globalizada,<br />

informatizada e, predominantemente, competitiva.<br />

Frente a essas mudanças educacionais existentes, altera-se a construção e<br />

funcionalidade presente nas escolas e, consequentemente, <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> iniciais. Não se<br />

pode mais ignorar as aprendizagens adquiridas pela criança em seu convívio social.<br />

Criança fala, pensa e pergunta sobre diversos assuntos sejam relacionados à leitura<br />

quanto à <strong>escrita</strong>. No entanto, percebemos muitas vezes a sistematização da<br />

alfabetização focalizada no ba-be-bi-bo-bu, com uma construção única e isolada,<br />

diferentemente da lógica infantil.<br />

1 Professores dos a<strong>nos</strong> iniciais do Instituto de Educação Marquês de Herval.


Na educação em a<strong>nos</strong> iniciais, a avaliação da <strong>linguagem</strong> tem seu papel fundamental<br />

na construção cognitiva do aluno. Ter o domínio da <strong>linguagem</strong> <strong>oral</strong> e <strong>escrita</strong> é<br />

fundamental para a participação social efetiva, visto que por meio delas é que há<br />

comunicação, acesso à informação, expressão de pontos de vista e,<br />

consequentemente, se constrói visões de mundo, produzindo conhecimentos.<br />

Sendo assim, a <strong>linguagem</strong> <strong>oral</strong> necessita de uma ação pedagógica que garanta,<br />

dentro da sala de aula, atividades sistemáticas de fala, escuta e reflexão sobre a<br />

língua. São essas situações que podem converter-se em boas situações de<br />

aprendizagem sobre os usos e as formas da <strong>oral</strong>idade: atividades de produção e<br />

interpretação com ampla variedade de textos orais, de observação dos diferentes<br />

usos e de reflexão sobre os recursos que a língua oferece para alcançar diferentes<br />

finalidades comunicativas. Para isso, é necessário diversificar as situações<br />

propostas, tanto em relação ao tipo de assunto, quanto aos aspectos formais e ao<br />

tipo de atividade que demandam — fala, escuta e/ou reflexão sobre a língua.<br />

Diante de tais ponderações, sinalizamos algumas indagações sobre o papel da<br />

escola e a dinâmica da sala de aula, a prática do professor. A relação teórico-<br />

prática, o aprender a pensar, o saber- fazer, o saber- conhecer e o saber-conviver,<br />

vistos como mecanismos fundamentais da competência humana e de habilidades<br />

profissionais. Uma relação que articule teoria e prática num cenário em que se<br />

aprenda a pensar e a fazer, estabelecendo vínculos e produzindo o conhecimento.<br />

Nos dias atuais não cabem mais posturas didático-pedagógicas que privilegiem a<br />

formação de um sujeito não reflexivo, não habilitado em exercer o seu papel social<br />

frente às diferentes práticas com a <strong>escrita</strong> que se fazem ao seu entorno.<br />

Entende–se que a escola respeite as diferenças e espera-se que professores<br />

relacionem os saberes culturais e sociais provenientes dos alu<strong>nos</strong> com os propostos<br />

em sala de aula, provocando a reflexão sobre a complexidade e a convergência<br />

destes saberes, estabelecendo relações entre teorias e práticas. Não basta entender<br />

competências e habilidades como uma parte de um processo de ensino, mas como<br />

o processo de ensino em si.<br />

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Segundo Felipe Perrenoud, sociólogo e educador suíço, competência em educação<br />

é mobilizar recursos cognitivos, incluindo saberes, informações, habilidade<br />

operatória e principalmente as inteligências, a fim de enfrentar e solucionar<br />

situações ou problemas com pertinência.<br />

No que diz respeito à habilidade, o autor entende como uma “inteligência<br />

capitalizada”, uma sequência de modos operatórios, de analogias, de intuições, de<br />

induções, de deduções, de transposições dominadas, de funcionamentos heurísticos<br />

rotinizados que se tornaram esquemas mentais de alto nível ou tramas que ganham<br />

tempo, que ‘inserem’ a decisão” (PERRENOUD, 1999, p. 30).<br />

Competência é a capacidade de mobilizar conhecimentos, valores e<br />

decisões para agir de modo pertinente numa determinada situação.<br />

Competências e habilidades pertencem à mesma família. A diferença entre<br />

elas é determinada pelo contexto Em resumo: a competência só pode ser<br />

constituída na prática. (MELLO, 2004, p. 217)<br />

Focamos <strong>nos</strong>sos estudos <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> iniciais, buscando analisar metodologias<br />

avaliativas embasadas <strong>nos</strong> estudos sobre competências e habilidades. Valeremo-<br />

<strong>nos</strong> de produções realizadas nas turmas de 1°ano do Instituto de Educação Marquês<br />

de Herval – Osório/RS.<br />

A grande responsabilidade que emerge do processo avaliativo na perspectiva da<br />

avaliação formativa é o compromisso com a aprendizagem e com o desenvolvimento<br />

de todos os alu<strong>nos</strong>, implicando assim, em conhecê-los. Para isso é preciso observá-<br />

lo. Tal observação atenta e reflexiva torna-se um dos procedimentos fundamentais<br />

para a prática avaliativa, e ocorre durante a rotina de trabalho desenvolvida pelo<br />

professor com e para os alu<strong>nos</strong>, <strong>nos</strong> diversos tempos e espaços escolares.<br />

A escritora Jussara Hoffman diz que: ‘‘Se o professor avalia continuamente,<br />

passando tarefas menores, gradativas e seqüenciais, pode verificar com clareza a<br />

aprendizagem do aluno em vários momentos e de forma complementar’’<br />

(HOFFMANN, 2002, p. 108). Neste contexto, avaliar competência e habilidade<br />

relaciona-se à análise e reflexão sobre a língua, objetivando principalmente a<br />

melhoria da capacidade de compreensão e expressão dos alu<strong>nos</strong>, em situações de<br />

comunicação, tanto <strong>escrita</strong> como <strong>oral</strong>. Em relação à produção de textos, a reflexão<br />

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sobre a língua permite que se explicitem saberes implícitos dos alu<strong>nos</strong>, abrindo<br />

espaço para sua reelaboração, implicando numa atividade permanente de<br />

formulação e verificação de hipóteses sobre o funcionamento da <strong>linguagem</strong> que se<br />

realiza por meio da comparação de expressões, da experimentação de novos<br />

contextos de comunicação, e por conseqüência, novas formas de falar e escrever,<br />

da atribuição de novos sentidos às formas linguísticas já utilizadas, da observação<br />

de regularidades (no que se refere tanto ao sistema de <strong>escrita</strong> quanto aos aspectos<br />

ortográficos ou gramaticais) e da exploração de diferentes possibilidades de<br />

transformação dos textos (supressões, ampliações, substituições, alterações de<br />

ordem, etc.).<br />

Busca-se nas competências e habilidades o reconhecimento do tipo de <strong>linguagem</strong><br />

característica, a interpretação crítica das mensagens ou a identificação do papel<br />

complementar de elementos não-lingüísticos para conferir sentido às mensagens<br />

veiculadas. Por exemplo, uma metodologia didática particularmente interessante, no<br />

caso do texto <strong>oral</strong>, é a analise de uma gravação em áudio ou vídeo — de uma<br />

exposição <strong>oral</strong>, ao vivo, como por meio do rádio ou da televisão, um<br />

pronunciamento, uma entrevista, etc. —, pois permite observar com atenção coisas<br />

que não seriam possíveis apenas a partir da escuta direta e voltar sobre elas, seja<br />

da fala do outro ou da própria fala.<br />

O trabalho didático de análise lingüística se organiza a partir da exploração ativa e a<br />

observação de regularidades no funcionamento da <strong>linguagem</strong>. Isso é o contrário de<br />

partir da definição para chegar à análise (como tradicionalmente se costuma fazer).<br />

Trata-se de situações em que se busca a adequação da fala ou da <strong>escrita</strong> própria e<br />

alheia, a análise sobre a utilidade ou adequação de certas expressões no uso <strong>oral</strong><br />

ou escrito, comentários sobre formas de falar ou escrever, a análise da pertinência<br />

de certas substituições de enunciados, a imitação da <strong>linguagem</strong> utilizada por outras<br />

pessoas, o uso de citações, a identificação de marcas da <strong>oral</strong>idade na <strong>escrita</strong> e vice-<br />

versa, a comparação entre diferentes sentidos atribuídos a um mesmo texto, a<br />

intencionalidade implícita em textos lidos ou ouvidos, etc.<br />

No desenvolvimento de suas percepções, as crianças vão imitando letras,<br />

diferenciando-as de números e desenhos. Além disso, fingem que lêem estórias que<br />

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já conhecem ou criam suas próprias, porém já conhecem o que se pode ler e o que<br />

não se pode ler. Deste modo, elas vão aos poucos desenvolvendo o verdadeiro<br />

sentido da leitura e da <strong>escrita</strong> em seu mundo, aumentando assim sua possibilidade<br />

social. Por isso, Sole, no documento editado pelo MEC em 2006, reitera que<br />

Não se trata de compartimentos estanques. À medida que meni<strong>nos</strong> e<br />

meninas se mostram mais competentes na área cognitiva, suas<br />

possibilidades de inserir-se socialmente aumentam, bem como as relações<br />

interpessoais que podem estabelecer; e tudo isso muda a maneira como<br />

vêem a si mesmos (SOLÉ, 2004, p.53).<br />

Os estudos sobre avaliação <strong>oral</strong> e <strong>escrita</strong> <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> iniciais nunca se esgotam, mas<br />

percebe-se a necessidade de que antes de qualquer mudança no processo<br />

avaliativo é necessário que haja também uma mudança de postura de todos os<br />

envolvidos com a educação dos alu<strong>nos</strong> e futuros educadores.<br />

Na atividade d<strong>escrita</strong> abaixo pela professora titular do 1º ano, podemos perceber<br />

que a partir de uma situação problema que surgiu na sala de primeiro ano, “Nosso<br />

planeta está doente” iniciou-se um processo de trabalho, estudo e pesquisa,<br />

envolvendo diversas áreas do conhecimento a fim de achar possíveis soluções ao<br />

problema detectado pelo grupo de alu<strong>nos</strong>. Sendo assim, diversas atividades foram<br />

propostas e, em determinado momento, focadas na <strong>linguagem</strong> <strong>oral</strong> e <strong>escrita</strong>. Os<br />

alu<strong>nos</strong> criaram uma música para elucidar seus estudos, o que serviu como avaliação<br />

por habilidades e competências. Através dela foi possível perceber o desempenho<br />

individual e coletivo, onde os alu<strong>nos</strong> adequavam a fala à diferentes situações<br />

comunicativas, ampliando a <strong>oral</strong>idade com diálogos, debates e relatos pessoais, <strong>nos</strong><br />

quais utilizavam a entonação e o ritmo para promover representações de idéias,<br />

sentimentos e desejos.<br />

Competências Conteúdos Habilidades<br />

Utilização da<br />

expressão <strong>oral</strong><br />

para trocar idéias<br />

e experiências.<br />

Produção e<br />

expressão <strong>oral</strong><br />

(falar /ouvir).<br />

a)Conversas<br />

68<br />

Adeque a fala às diferentes situações<br />

comunicativas.<br />

Amplia a expressão <strong>oral</strong> através do diálogo,<br />

debates e relatos pessoais.


Situação Problema<br />

b)Descrição<br />

c)Musica<br />

d)Poesias<br />

69<br />

Utiliza a entonação e o ritmo nas múltiplas<br />

linguagens (música, peesia, ect. )<br />

Utiliza a <strong>escrita</strong> como representação de<br />

idéias, sentimentos e desejos.<br />

Através de várias fotos de revistas jornais e a leitura da “Carta da Terra para<br />

crianças”, chegamos a um problema que vivemos em <strong>nos</strong>so dia-a-dia. “O Planeta<br />

Terra está, sujo, doente... se o Planeta <strong>nos</strong> dá só coisas boas, por que só damos<br />

coisas ruins em troca?” (Aluno do 1° ano)<br />

Como solucionar tal problema<br />

Muitas idéias surgiram, várias opiniões. Cada aluno com suas propostas de ações a<br />

partir do que conheciam e sabiam sobre o assunto. Para, de fato conseguirmos<br />

solucionar <strong>nos</strong>so problema, buscamos então conhecer cada tipo de poluição e<br />

possíveis soluções para auxiliar em <strong>nos</strong>sa tarefa. Nosso trabalho iniciou-se com<br />

pesquisas na internet, biblioteca, ouvimos algumas palestras. Assim como<br />

realizamos algumas saídas a campo para observar <strong>nos</strong>sa cidade, tiramos fotos para<br />

então debater e levantar possíveis soluções.<br />

Construímos então cartazes, coletas de lixo, e bilhetes para serem distribuídas para<br />

os pais e visitantes na mostra multidisciplinar. Durante todo o processo de ensino-<br />

aprendizagem proposto aos alu<strong>nos</strong>, foi possível desenvolver habilidades de<br />

<strong>linguagem</strong> (<strong>escrita</strong> e falada), habilidades sócio culturais, conhecimentos sobre<br />

ciências naturais, fazer novas leituras, produzir novas <strong>escrita</strong>s e conhecimentos<br />

sobre o meio ambiente, assim como, o desenvolvimento de valores huma<strong>nos</strong> e<br />

consciência sócio-ambiental. Em última instância, foi possível alcançar e<br />

desenvolver muitas competências frente aos diferentes desafios.


Considerações Finais<br />

Partindo do pressuposto de que a avaliação escolar efetiva deve ser contínua na<br />

prática docente, podemos então ressaltar a importância de garantir esse processo<br />

no decorrer do ano letivo, visto que o estudo realizado dentro desta perspectiva<br />

promove o sucesso do fazer pedagógico e do aprendizado significativo do corpo<br />

discente. Destacamos que o professor precisa proporcionar diferentes situações<br />

comunicativas e assim desenvolver as habilidades lingüísticas, visando atingir as<br />

competências capazes de solucionar problemas que possam ocorrer em seu<br />

cotidiano sócio-comunicativo.<br />

Portanto, o educador, ao ressignificar sua prática docente, estará alcançando com<br />

êxito o seu papel como avaliador-mediador no momento em que estabelece aos<br />

educandos as habilidades para atingir as competências esperadas na aquisição dos<br />

saberes linguisticos.<br />

Referências:<br />

ENGEMÜHLE, Adelar (Org). Significar a Educação: da teoria a sala de aula. 1ª<br />

Ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.<br />

HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas. 1ª Ed. Rio de<br />

Janeiro: Editoras Vozes Ltda, 2004.<br />

HOFMANN, J. M. L. Avaliar para Promover: as setas do caminho. 2. Ed. Porto<br />

Alegre: Mediação, 2002.<br />

MELO, Cristina de; RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral (Organizadoras).<br />

Competências e habilidades: da teoria à prática. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Wak<br />

Editora, 2003.<br />

MELLO, Guiomar Namo de: O que trouxemos do séc XX? ARTMED,2004.<br />

PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Trad. Bruno<br />

Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.<br />

SOLÉ, Isabel. Das capacidades à prática educativa. In: COLL, César; MARTÍN,<br />

Elena. (Org.) Aprender Conteúdos & Desenvolver Capacidades. Porto Alegre:<br />

ArtMed, 2004.<br />

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