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relações entre imagens e textos no ensino de história - CCHLA

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<strong>de</strong> seu gover<strong>no</strong>, uma vez que a foto foi tirada pouco tempo antes da renúncia <strong>de</strong><br />

Jânio, sempre in<strong>de</strong>ciso <strong>entre</strong> as i<strong>de</strong>ologias <strong>de</strong> esquerda e a direita.<br />

Uma questão que se coloca seria a complexida<strong>de</strong> da fotografia com relação às<br />

outras <strong>imagens</strong> (<strong>de</strong>senho, pintura, gravura) e mais particularmente, a da sua relação<br />

com a realida<strong>de</strong>. O caráter único do encontro <strong>entre</strong> fotógrafo e fotografado também<br />

implica em uma atitu<strong>de</strong> específica diante do mundo, do tempo e do espaço. O<br />

caráter <strong>de</strong> registro mecânico do mundo, que o ato fotográfico constitui, tem duas<br />

consequências principais: em primeiro lugar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu surgimento, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

a fotografia como uma cópia perfeita do real, uma mimese perfeita, esquecendo-se<br />

<strong>de</strong> que como todo documento histórico é uma construção <strong>de</strong> uma certa realida<strong>de</strong>.<br />

Alguns elementos interferem na criação da imagem fotográfica, como por exemplo,<br />

o tipo <strong>de</strong> ângulo, <strong>de</strong> filme, a cor, a intensida<strong>de</strong>, a luz, etc.<br />

[...] sabe-se que toda essa operações correspon<strong>de</strong>m a toda uma<br />

espécie <strong>de</strong> escolhas e <strong>de</strong> manipulações feitas além da tomada: escolha<br />

do tema, do filme, do foco, do tempo <strong>de</strong> exposição, da aberturado<br />

diafragma, etc. A todas as escolhas, ainda é preciso acrescentar as<br />

escolhas feitas <strong>no</strong> momento da tomada – enquadramento, iluminação,<br />

pose do mo<strong>de</strong>lo, ângulo da tomada, etc. 31<br />

A fotografia não apenas registra práticas humanas, ela mesma é uma prática<br />

humana. Daí, como assinala Silva, “ser possível pensar em sua sociabilida<strong>de</strong> como<br />

algo que não está somente por trás do ato <strong>de</strong> fotografar, mas nesse próprio ato” 32 .<br />

A fotografia <strong>de</strong> uma mesma pessoa numa matéria <strong>de</strong> jornal, numa foto com os<br />

amigos, num edital <strong>de</strong> moda, num fundo colorido, em preto e branco, numa foto<br />

<strong>de</strong> família, nunca terá o mesmo significado.<br />

A fotografia é uma fonte histórica que <strong>de</strong>manda por parte do<br />

historiador um <strong>no</strong>vo tipo <strong>de</strong> crítica. O testemunho é válido, não<br />

importando se o registro fotográfico foi feito para documentar um<br />

fato ou representar um estilo <strong>de</strong> vida. No entanto, parafraseando<br />

Jacques Le Goff, há que se consi<strong>de</strong>rar a fotografia, simultaneamente<br />

como imagem/documento e como imagem/monumento. No<br />

primeiro caso, consi<strong>de</strong>ra-se a fotografia como índice, como marca<br />

<strong>de</strong> uma materialida<strong>de</strong> passada, na qual objetos, pessoas, lugares <strong>no</strong>s<br />

informam sobre <strong>de</strong>terminados aspectos <strong>de</strong>sse passado – condições <strong>de</strong><br />

vida, moda, infra-estrutura urbana ou rural, condições <strong>de</strong> trabalho etc.<br />

No segundo caso, a fotografia é um símbolo, aquilo que, <strong>no</strong> passado,<br />

a socieda<strong>de</strong> estabeleceu como a única imagem a ser perenizada para<br />

o futuro. Sem esquecer jamais que todo documento é monumento,<br />

se a fotografia informa, ela também conforma uma <strong>de</strong>terminada<br />

visão <strong>de</strong> mundo. 33<br />

Em seu trabalho com a recuperação da memória e a construção da <strong>história</strong> dos<br />

31 JOLY, Introdução à análise..., p. 128.<br />

32 SILVA, A construção do saber..., p. 127.<br />

33 MAUAD, Ana. Através da imagem: fotografia e História – interfaces. Tempo. Rio <strong>de</strong> Janeiro, vol. 1,<br />

<strong>de</strong>z. 1996, p. 79.<br />

182 sÆculum - REVISTA DE HISTÓRIA [22]; João Pessoa, jan./ jun. 2010.

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