relações entre imagens e textos no ensino de história - CCHLA
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As Imagens <strong>no</strong> Campo Historiográfico<br />
Especialmente <strong>no</strong> campo historiográfico, as <strong>imagens</strong>, sejam elas fixas ou em<br />
movimento, conquistaram um espaço privilegiado cada vez mais diverso. No Brasil,<br />
<strong>no</strong>s últimos 20 a<strong>no</strong>s, verifica-se o aparecimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas problematizações acerca<br />
das representações veiculadas pela imprensa escrita, falada e/ ou televisionada,<br />
investigações sobre simbologias <strong>de</strong> monumentos, reflexões sobre o papel social<br />
<strong>de</strong>sempenhado por vitrais, pinturas e esculturas religiosas, análises <strong>de</strong> filmes,<br />
fotografia, etc. As <strong>imagens</strong>, em seu sentido mais diversificado, têm se tornado fonte <strong>de</strong><br />
inúmeras pesquisas historiográficas, sobretudo para especialistas da área <strong>de</strong> História<br />
Cultural, Social e do Cotidia<strong>no</strong>, não se restringindo ao campo dos historiadores da<br />
Arte. A influência da Escola dos Annales foi fundamental para esse <strong>no</strong>vo estatuto das<br />
<strong>imagens</strong> e outros documentos, o que ampliou os objetos <strong>de</strong> estudo da <strong>história</strong>.<br />
No entanto, apesar da importância dos Annales, outros movimentos foram<br />
também relevantes para o estudo das representações imagéticas, como a <strong>de</strong><strong>no</strong>minada<br />
“Escola <strong>de</strong> Frankfurt”. Ador<strong>no</strong> e Horkheimer, em suas investigações, analisam a<br />
produção <strong>de</strong> <strong>imagens</strong> <strong>no</strong> contexto capitalista (especialmente o cinema, a televisão<br />
e as <strong>no</strong>vas obras <strong>de</strong> arte) como bens <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong>stinados a aten<strong>de</strong>r formas<br />
<strong>de</strong> consumo manipuladas e i<strong>de</strong>ológicas. Para tais autores, o sistema da indústria<br />
cultural massifica padrões estéticos e cognitivos, impedindo a formação <strong>de</strong> sujeitos<br />
autô<strong>no</strong>mos e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver um espírito crítico, autô<strong>no</strong>mo<br />
e questionador.<br />
Ultrapassando <strong>de</strong> longe o teatro <strong>de</strong> ilusões, o filme não <strong>de</strong>ixa mais à<br />
fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na<br />
qual estes possam, sem per<strong>de</strong>r o fio, passear e divagar <strong>no</strong> quadro<br />
da obra fílmica permanecendo, <strong>no</strong> entanto, livres do controle <strong>de</strong><br />
seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme a<strong>de</strong>stra o<br />
espectador <strong>entre</strong>gue a ele para se i<strong>de</strong>ntificar imediatamente com a<br />
realida<strong>de</strong>. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneida<strong>de</strong><br />
do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos<br />
psicológicos. Os próprios produtos [...[ paralisam essas capacida<strong>de</strong><br />
em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua própria constituição objetiva. 5<br />
A função i<strong>de</strong>ológica das <strong>imagens</strong> tratadas por Ador<strong>no</strong> e Horkheimer <strong>no</strong>s leva a<br />
pensar que estas não po<strong>de</strong>m ser vistas como a realida<strong>de</strong> “nua e crua”, como reflexo<br />
neutro do real, mas antes como uma produção <strong>de</strong> sentido <strong>no</strong>rmativo por parte dos<br />
autores.<br />
Entretanto, o po<strong>de</strong>r do indivíduo <strong>de</strong> (re)significar e <strong>de</strong> subverter as i<strong>de</strong>ologias<br />
não <strong>de</strong>ve ser subestimado, já que o sujeito não po<strong>de</strong> ser visto simplesmente como<br />
receptáculo passivo das mensagens veiculadas, seja pelo livro didático, na TV, na<br />
propaganda ou <strong>no</strong>s filmes. Esta questão é muito interessante, pois <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />
História vemos que ainda gran<strong>de</strong> parte dos professores e alu<strong>no</strong>s trata as fontes<br />
escritas e imagéticas como comprovação histórica para explicar <strong>de</strong>terminado fato.<br />
Porém, po<strong>de</strong>mos problematizar que esses mesmos professores e alu<strong>no</strong>s po<strong>de</strong>rão tanto<br />
(re)significar as mensagens veiculadas pela escrita e pela imagem, como também<br />
5 HORKHEIMER, Max & ADORNO, Theodor W. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 1997, p. 45.<br />
174 sÆculum - REVISTA DE HISTÓRIA [22]; João Pessoa, jan./ jun. 2010.