18.04.2013 Views

do Povo

do Povo

do Povo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Defensor<br />

BI-SEMANARIO REPUBLICANO<br />

A concessão da Guiné<br />

No meio da calmaria poli liça.<br />

<strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s e daapalhica indifferença<br />

publica pelos negocios<br />

e interesses geraes <strong>do</strong> paiz, uma<br />

questão de enorme importancia<br />

e alta gravidade, não só pelo que<br />

representa em si como pelo que<br />

exprime de immoral symploma,<br />

tem agita<strong>do</strong> ultimamente a opinião,<br />

obrigan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s aquelles.<br />

que em alguma coisa têem ainda<br />

a integridade e futuro da patria,<br />

a repararem de olhos fitos<br />

no que se projecta fazer.<br />

Essa tranquíbernia que se<br />

está forjan<strong>do</strong> no seio <strong>do</strong> governo,<br />

immoralissima negociata, sufiiciente<br />

para aquilatar o valor moral<br />

<strong>do</strong>s que nella entram, e que<br />

é feita especialmente para garantir<br />

situação opulenta a um<br />

politico, que, depois de ler<br />

concorri<strong>do</strong> poderosamente para<br />

a ruina e descredito <strong>do</strong> seu paiz,<br />

acabou por cavar a sua própria<br />

ruina e descredito, consiste, como<br />

já sabem lo<strong>do</strong>s, na concessão <strong>do</strong><br />

districto da Guiné a uns indivíduos<br />

que lêem conlraclada já a<br />

sua venda, por quatrocentos<br />

contos de réis, a um syndicalo<br />

estrangeiro.<br />

Esta concessão, sem precedentes<br />

na historia das concessões<br />

de favor que lêem retalha<strong>do</strong> a<br />

nossa Africa, pelas condições de<br />

extraordinarias garantias dadas<br />

pelo governo Hintze & C. a , tem<br />

concita<strong>do</strong> contra si, unanimemente,<br />

a voz de toda a imprensa<br />

livre; e tão ruinosa e immoral<br />

é ella, que <strong>do</strong>s proprios jornaes<br />

<strong>do</strong> governo só <strong>do</strong>isse atrevem<br />

a defendel-a:— a Tarde,<br />

que é o jornal officioso da situação,<br />

e que mostra como o escandalo<br />

é favoreci<strong>do</strong> pelo governo,<br />

e as Novidades, que são ainda o<br />

baluarte, que defende a lo<strong>do</strong> o<br />

transe os interesses <strong>do</strong> ex-minis-<br />

Iro arruina<strong>do</strong> e <strong>do</strong> ex-embaixa<strong>do</strong>r<br />

escorraça<strong>do</strong> que procura<br />

naquelle negocio o meio de se<br />

erguer da indigência a que foi<br />

leva<strong>do</strong> pelas tripotages da sua<br />

vida.<br />

A indignação excitada pelo<br />

favor estranho que ao tal ex-ministro<br />

se pretende fazer, provém,<br />

Dão só de se saber qual o fim<br />

que o negocio lem em vista,<br />

mas em grande parle lambem<br />

<strong>do</strong>s extraordinários direitos de<br />

que vae rodeada a extraordinaria<br />

concessão:<br />

—- direito exclusivo, da<strong>do</strong> ao<br />

syndícato, sobre a navegação<br />

nos rios <strong>do</strong> districto da Guiné,<br />

de conslrucção e exploração de<br />

estradas, caminhos de ferro, canaes,<br />

porlos de mar, caes, <strong>do</strong>cas,<br />

pontes e lelegraplios;<br />

— direito exclusivo de exploração<br />

das industrias mineira e<br />

bancaria;<br />

p de cobrar taxas de licença<br />

para a entrada, saída e<br />

transito de merca<strong>do</strong>rias;<br />

— o d e cobrar todas as con-<br />

tribuições directas e indirectas,<br />

incluin<strong>do</strong> as receitas das alfandegas<br />

;<br />

— o usufructo de lo<strong>do</strong>s os<br />

edifícios públicos;<br />

— o fornecimento feito pelo<br />

governo de quinhentos contos<br />

em moeda de cobre pelo<br />

preço <strong>do</strong> metal necessário para<br />

essa cunhagem, que é de cincoenta<br />

contos, ganhan<strong>do</strong> o syndicato<br />

a differença;<br />

— um subsidio annual em<br />

dinheiro da<strong>do</strong> pelo esta<strong>do</strong> durante<br />

um cerlo numero de annos!<br />

Num paiz de moralidade bastaria<br />

isto para esmagar de vez os<br />

homens públicos que ousassem<br />

manifestar o seu voto no senti<strong>do</strong><br />

de uma concessão d'estas; em<br />

Portugal, porém, corroí<strong>do</strong> alé á<br />

medulla pela prevaricação e pelo<br />

peculato, a concessão, por mais<br />

que se indignem e protestem os<br />

homens de bem, ha de fazer-se!<br />

E' d'esle mo<strong>do</strong> que nós vemos<br />

como se vae retalhan<strong>do</strong> em<br />

concessões de lerritorios extensíssimos,<br />

com garantias espantosas,<br />

o nosso <strong>do</strong>minio colonial,<br />

que a pouco e pouco vae passan<strong>do</strong><br />

para o <strong>do</strong>minio <strong>do</strong>s estrangeiros,<br />

e de mo<strong>do</strong> que em<br />

pouco tempo a soberania de Portugal<br />

hade ser meramente platónica<br />

... emquanto os estrangeiros<br />

não se resolveram a banirem-na<br />

de to<strong>do</strong>; e lu<strong>do</strong> islo,<br />

para favorecer e opulenlar aquelles<br />

que, depois de terem delapida<strong>do</strong><br />

o dinheiro <strong>do</strong> paiz, não<br />

souberam conservar a enorme<br />

quota parte que <strong>do</strong>s esbanjamentos<br />

lhes coube.<br />

E emquanto se fazem concessões<br />

d'esta ordem, tão estranhas<br />

que levam os honestos a<br />

suspeitar de que enormes interesses<br />

teem em vista os que<br />

entram no negocio, regaleiam-se<br />

ineptamenle alguns palmos de<br />

terreno em Africa áquelles que<br />

desejam ir estabelecer alli a sua<br />

vida, a valorisar pelo seu esforço<br />

e pelo seu trabalho as nossas<br />

colonias desamparadas. Se não<br />

fosse o acreditar-se, legitimamente,<br />

que favores daquelles só se<br />

fazem quan<strong>do</strong> bempagos, pederse-ia<br />

crer que só seriam o resulta<strong>do</strong><br />

de inépcia administrativa;<br />

mas embora esta seja bem evidente,<br />

não basta ella para explicar<br />

a monstruosidade d'aquella<br />

concessão... favores assim, só<br />

se fazem quan<strong>do</strong> bem pagos 1<br />

Reforma alfandegaria<br />

Está sen<strong>do</strong> elaborada uma nova<br />

reforma das alfandegas, cujo projecto<br />

já foi apresenta<strong>do</strong> em conselho<br />

de ministros, e que, segun<strong>do</strong><br />

parece, irá á próxima assignatura<br />

real.<br />

Da<strong>do</strong> o talento reforma<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

ministros <strong>do</strong> nosso paiz, o qual<br />

bem se avalia pelas profundas e<br />

bem pensadas reformas que produziram<br />

o cahos <strong>do</strong>s serviços públicos,<br />

é de esperar que a próxima<br />

reforma das alfandegas seja <strong>do</strong><br />

melhor quilate.<br />

E quem viver verá..,<br />

A.<br />

Na verdade não sabemos que<br />

mais admirar—se a teimosia da camara<br />

em continuar a erguer nos<br />

escu<strong>do</strong>s o seu excellente representante<br />

no Sobral, se a paciência<br />

evangelica d'aquelle povo em o<br />

aturar!<br />

Temos indica<strong>do</strong> á edilidade de<br />

Coimbra as violências estranhas<br />

de que o seu \ela<strong>do</strong>r tem lança<strong>do</strong><br />

mão e de que contiuúa a usar; temos<br />

mostra<strong>do</strong> ao insigne sena<strong>do</strong><br />

que, para felicidade de nós to<strong>do</strong>s,<br />

preside aos destinos <strong>do</strong> municipio<br />

conimbricense, os inconvenientes<br />

que resultam da sua politica seguida<br />

para com os povos da freguezia<br />

de Ceira; por mais de uma<br />

vez avisámos <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, talvez<br />

funestos, que advirão de continuar<br />

aquelle systema de odiosas<br />

perseguições; referimos, até, que<br />

alguns conflictos começaram já a<br />

levantar-se, e que é de recear<br />

que assumam qualquer dia algumas<br />

proporções gravíssimas....<br />

Mas a camara, que a quaesquer<br />

interesses d'ordem publica antepõe<br />

os seus interesses ainda os<br />

mais mesquinhos, deixa correr» á<br />

revelia, se é que a não fomenta,<br />

a situação verdadeiramente perigosa<br />

em que se conserva a freguezia<br />

de Ceira, e principalmente o<br />

Sobral, sob o <strong>do</strong>minio deprimente<br />

d'um qualquer Victorio, e, por<br />

isso mesmo, vergonhoso para<br />

quem o soífre.<br />

E tanto é certo que a camara<br />

folga e applaude aquelle esta<strong>do</strong><br />

de coisas, que ainda ha pouco,<br />

para dar força ao seu delega<strong>do</strong><br />

no Sobral, officiou ao commissaria<strong>do</strong><br />

de policia, para que áquelle<br />

logar fossem alguns policias examinar,<br />

^e visu, o que tanto assoma<br />

a cólera e indignação <strong>do</strong> Victorio,<br />

isto é, as ruas de matto,<br />

e, porventura, intimidarem com a<br />

sua presença, mais respeitada <strong>do</strong><br />

que a <strong>do</strong> guarda rural, os contumazes<br />

delinquentes, que têem a<br />

ousadia revoltante de não fazer<br />

caso <strong>do</strong> que diz o Victorio, digno<br />

representante da senhora camara.<br />

Os guardas de policia foram...<br />

e riram-se!<br />

E riram-se, porque a campanha<br />

<strong>do</strong> Victorio, se não fosse o<br />

poder tornar-se em elemento de<br />

séria perturbação, só poderia causar<br />

riso... E os guardas de policia<br />

não têem obrigação de prever<br />

o que de grave possa acontecer<br />

de futuro.<br />

Mas, afinal, para que foram<br />

ao Sobral os policias ? Para verificar<br />

se realmente nas ruas é lança<strong>do</strong><br />

matto?—Era escusa<strong>do</strong>, porque<br />

toda a gente sabe que nas<br />

freguezias ruraes é costume antiquíssimo,<br />

por isso mesmo que<br />

corresponde a uma necessidade,<br />

lançar matto pelas ruas <strong>do</strong>s logares,'<br />

que produza adubos para as<br />

terras cultivadas. Foram para prohibir<br />

que tal se fizesse ? — Expliquem<br />

então, porque motivo se ha<br />

de prohibir no Sobral o que se<br />

continúa permittin<strong>do</strong>, e não pôde<br />

deixar de se consentir, nos outros<br />

logares <strong>do</strong> concelho, o que, de<br />

resto, se dá em todas as freguezias<br />

ruraes <strong>do</strong> paiz.<br />

Na verdade esta insistência da<br />

camara, se não tivesse uma explicação<br />

natural no facto de ter a<br />

peito'que o seu representante no<br />

Sobral vingue d'este mo<strong>do</strong> quaesquer<br />

desconsiderações pessoaes,<br />

vingan<strong>do</strong>, ao mesmo tempo, quaesquer<br />

desconsiderações politicas feitas<br />

a algum verea<strong>do</strong>r, a não ser<br />

ANNO III Coimbra, 27 de setembro de 1894 N.° 225<br />

<strong>do</strong> <strong>Povo</strong><br />

isto, tal insistência seria inexplicável.<br />

Manda a camara, que aquelles<br />

que tiverem matto em frente<br />

das suas casas o levantem; o commissaria<strong>do</strong><br />

de policia intimou, consequentemente,<br />

que elles o levantem<br />

dentro de 8 dias... Não vê,<br />

porém, a camara, que para não<br />

haver matto pelas ruas tem obrigação<br />

de previamente as mandar<br />

calçar, como, aliás, é seu dever?<br />

Não sabe que as ruas <strong>do</strong>s logares<br />

ruraes estão por toda a parte<br />

descarnadas, cheias de covas, escalavradas,<br />

sem que a camara pensasse<br />

nunca em as mandar concertar<br />

e revestir? Sen<strong>do</strong> assim,<br />

como ninguém pôde negar, desconhece<br />

a camara que, além. de<br />

ser indispensável o estrume para<br />

a cultura das terras, lançar matto<br />

por taes ruas é uma necessidade,<br />

mormente em occasião de<br />

chuvas, que empoçam pelas covas,<br />

tornan<strong>do</strong> os caminhos em<br />

lamaçaes intransitáveis? Só não<br />

vê isto quem não quer vêr.<br />

Se a camara, que até hoje ainda<br />

não produziu nada de rasgada<br />

e incontestavelmente util para<br />

o municipio, quer fundamentar-se<br />

em conveniências hygienicas e de<br />

saúde publica, ella, que não faz<br />

caso <strong>do</strong>s fócos de infecção constantes<br />

que estão patentes pelas<br />

immundas ruas da cidade, que<br />

nos diga porque razão não estende<br />

o seu cuida<strong>do</strong> sporadico e o<br />

seu insolito zelo pela saúde publica<br />

a todas as povoações <strong>do</strong><br />

concelho, começan<strong>do</strong> pela própria<br />

cidade, que tanto se orgulha<br />

em ter por seus habitantes os senhores<br />

verea<strong>do</strong>res.... Sim, mal<br />

se pôde admittir que o Sobral,<br />

uma das mais humildes povoações<br />

ruraes <strong>do</strong> concelho, tenha<br />

mais direito á paternal solicitude<br />

da camara <strong>do</strong> que a própria cidade<br />

de Coimbra... E porque<br />

isto é inadmissível, a razão é inteiramente<br />

outra;—a camara não<br />

se preoccupa com questões de hygiene<br />

e saúde publica, o que lhe<br />

importa, é satisfazer o capricho<br />

dum collega, que poz no Sobral<br />

um acolyto para o vingar... e se<br />

vingar; portanto, a attitude da camara<br />

continúa sen<strong>do</strong> incorrecta,<br />

injusta e inepta.<br />

Instrncção secnndaria<br />

Vae passar pela fieira das reforminhas<br />

a instrucção secundaria,<br />

que ha muitíssimos annos está<br />

pedin<strong>do</strong> uma reverendíssima reforma.<br />

Ao que consta, a annunciada<br />

reforma, que não passará de refarmeca,<br />

nas suas providencias<br />

mais rasgadamente reforma<strong>do</strong>ras<br />

principia por augmentar os ordena<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s professores, supprimin<strong>do</strong><br />

as gratificações de exercício, e<br />

por simplificar a divisão de disciplinas<br />

nos lyceus, reduzin<strong>do</strong> os<br />

lyceus centraes a tres.<br />

Estas medidas, principalmente<br />

a ultima, são na realidade algum<br />

bem; mas para que se faço<br />

alguma coisa de geito. .. quanta<br />

não falta ainda!<br />

Esperemos, que nada de completamente<br />

bom havemos de vêr.<br />

X<br />

Yindimas<br />

No conselho da Figueira estão<br />

quasi concluídas as vindimas, haven<strong>do</strong><br />

este anno uma colheita<br />

regular cem o que estão contentes<br />

os lavra<strong>do</strong>res. Nos mais conselhos<br />

limitrophes também proseguem<br />

com actividade as vindimas,<br />

haven<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s mais vinho<br />

que no anno passa<strong>do</strong>,<br />

Chronica da Invicta<br />

A entrada <strong>do</strong> ontomno<br />

Pesa o outomno,que se annuncia<br />

com chuvas.<br />

Desappareceu o estio, vesti<strong>do</strong><br />

de luz e touca<strong>do</strong> de flores, por<br />

essa avenida immensa <strong>do</strong> infinito,<br />

cerran<strong>do</strong> atraz de si, sobre o<br />

azul puríssimo <strong>do</strong> ceu, o reposteiro<br />

negro das nuvens.<br />

Pesa o outomno, e á entrada<br />

da estação melancólica topam os<br />

fieis portuenses com o santo das<br />

barafundas, S. Miguel, que tem o<br />

seu culto a 3o <strong>do</strong> corrente, e que<br />

me entristece tanto a mim, inquilino,<br />

quanto alegra o meu senhorio,<br />

homem jocun<strong>do</strong>, rubicun<strong>do</strong> e<br />

profun<strong>do</strong>: descobriu, ao que ahi<br />

dizem, minas de sabão e papel<br />

pauta<strong>do</strong>.<br />

Deante <strong>do</strong> santo, advoga<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s gallegos e moços de fretes,<br />

desfila um cortejo de carroças,<br />

carros de bois, carretas e zorras,<br />

onde a burguezia da invicta<br />

acommoda as suas coisas, porque<br />

to<strong>do</strong>s os annos as suas coisas são<br />

transferidas d'uma rua para a<br />

outra, d^m prédio para outro<br />

prédio.<br />

... E assim vão, amarra<strong>do</strong>s<br />

a corda, na promiscuidade de<br />

hric á-brac de feira da Ladra, os<br />

leitos das <strong>do</strong>nzellas romanticas,<br />

aromatisa<strong>do</strong>s ainda pelo derradeiro<br />

sonho d'amor, as escrivaninhas<br />

de pau de rosa, onde se escreveram<br />

as ultimas cartas confidenciaes,<br />

palpitantes de esperança,<br />

frementes de paixão — e o cesto<br />

da roupa suja, grosseiramente trabalha<strong>do</strong><br />

em verga, onde se comprimem,<br />

decerto, e se confundem<br />

o chambre da mamã, com manchas<br />

de suor <strong>do</strong>s sovacos, e o<br />

lençol d'ella, com vestígios ainda<br />

das lagrimas que ella chorou por<br />

elle—o ingrato!—que tar<strong>do</strong>u um<br />

quarto d'hora á entrevista aprazada.<br />

..<br />

Desfila to<strong>do</strong> esse cortejo, com<br />

a escolta de lavra<strong>do</strong>res saloios e<br />

gallegos azambra<strong>do</strong>s, sain<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

prédio que se aban<strong>do</strong>na — onde<br />

ficaram tantas illusões desfeitas,<br />

onde se deixaram as alegrias e as<br />

maguas de um longo anno, onde<br />

se amadureceu a nossa juventude<br />

com mais trezentos e sessenta e<br />

cinco dias, onde tanta chimera<br />

<strong>do</strong>irou a phantasia das almas<br />

diamantinas, e tanto desengano<br />

as orvalhou de pranto—com índifferença<br />

egual á que caracterisa a<br />

entrada no novo prédio, onde<br />

apenas ao principio, nos move a<br />

curiosidade de vêr como ficam os<br />

trastes, e nos agrilhoa o espirito<br />

a pergunta a que só o futuro<br />

responde: Trará o anno que chega<br />

mais alegrias <strong>do</strong> que o anno<br />

que foge?<br />

Verteremos mais lagrimas na<br />

casa para onde entramos <strong>do</strong> que<br />

as que derramamos no prédio<br />

d^nde saimos?<br />

Hão-de illudir-nos mais sorrisos?<br />

A interrogação sobre o enigma<br />

da nossa felicidade, que nos empolga<br />

o espirito e nos mergulha<br />

num oceano d'incertezas, cruéis<br />

para os espíritos fracos, corta-a<br />

breve, no dia 3o, a apparição <strong>do</strong><br />

Senhorio, que nos vae visitar, receber<br />

as nossas ordens, e saber se<br />

gostamos, se estamos contentes<br />

com a casa nova.<br />

Ao mesmo tempo, é claro,<br />

leva o recibosinho <strong>do</strong> primeiro semestre.'.<br />

. Não ha pressa !<br />

— E se for preciso alguma coisa..,<br />

é só dizer l

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!