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A\.\0 III—N. 9 839 O DEFENSOR DO POVO 3 9 de setembro de 1894<br />
Universidade<br />
Terminou terça feira, 25, o<br />
praso para a recepção <strong>do</strong>s requerimentos<br />
para a matricula geral.<br />
Para a especial recebem-se<br />
até ao dia i3.<br />
A assignatura <strong>do</strong>s termos é<br />
<strong>do</strong>s dias 2 a i3 d'outubro.<br />
'-^-M<br />
Dr. Henrique da Costa e<br />
Cunha<br />
Foi transferi<strong>do</strong> de Murça, onde<br />
exercia o logar de delega<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
procura<strong>do</strong>r régio, para idêntico<br />
logar em Celorico da Beira, este<br />
nosso amigo a quem felicitamos<br />
por se achar mais proximo de<br />
sua familia.<br />
Bombeiros Voluntários<br />
Em sessão extraordinaria d'esta<br />
associação approvou-se a demissão<br />
<strong>do</strong>s seus corpos gerentes, accusan<strong>do</strong>-os<br />
de falta de apresentação<br />
de contas desde 1892.<br />
Foi nomeada uma commissão<br />
administrativa para gerir os negocios<br />
até que se realizem as eleições.<br />
As causas que deram motivo<br />
a este procedimento começam a<br />
ser commentadas pelo publico,<br />
que se admira, de que só passa<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>is annos se lembrem os<br />
socios de exigir contas a gerencias<br />
passadas, que teem nas<br />
actas votos de confiança de maiorias,<br />
quan<strong>do</strong> os accusaram d'essas<br />
faltas, e <strong>do</strong>utras, socios que depois<br />
se demittiram.<br />
*<br />
A commissão administrativa<br />
da Associação <strong>do</strong>s bombeiros voluntários<br />
pediu-nos a publicação<br />
gratuita da declaração que noutra<br />
parte inserimos. Este pedi<strong>do</strong> parece<br />
dar a entender que já em<br />
algum tempo aquella associação<br />
dispendeu qualquer quantia com<br />
publicações neste jornal; como<br />
isto, porém, é absolutamente inexacto,<br />
e porque pôde acontecer<br />
que naquella associação haja quaesquer<br />
despezas encobertas sob<br />
capa d'aquelle pretexto, nós, publican<strong>do</strong><br />
a declaração a que nos referimos,<br />
fazemol-o, gratuitamente<br />
como temos costuma<strong>do</strong>, mesmo<br />
sem nol o pedirem.<br />
Festividade<br />
Em Castello Viegas realisarse-á,<br />
com toda a pompa, no proximo<br />
<strong>do</strong>mingo, 3o <strong>do</strong> corrente,<br />
uma solemne festividade a Nossa<br />
Senhora da Piedade, haven<strong>do</strong> de<br />
manhã missa cantada a instru-<br />
73 Folhetim <strong>do</strong> Defensor <strong>do</strong> POYO<br />
J. MÉRY<br />
DÉBORA<br />
XIX<br />
A dadiva da judia<br />
Que diz com respeito a isto,<br />
meu queri<strong>do</strong> almirante?<br />
— Não digo nada.<br />
— Sim, tem razão, almirante;<br />
diplomatas como nós devem callar-se;<br />
o silencio nunca compromette.<br />
Parece estar inquiéto, Van-<br />
Ritter ?<br />
— Sim, conde Talormi, e v.<br />
ex. a saberá a razão, quan<strong>do</strong> estiver-mos<br />
livres d'este tumulto...<br />
Subamos depressa a escada.<br />
— Estaremos á vontade para<br />
conversar na praça de S. Pedro...<br />
Tem qualquer coisa de segre<strong>do</strong> a<br />
dizer-me, meu queri<strong>do</strong> almirante?<br />
— Sim, de muito segre<strong>do</strong>.<br />
— Comprehen<strong>do</strong>; tracta-se <strong>do</strong><br />
julgamento da sacra-co7isulta. V.<br />
ex. a quer exgotar to<strong>do</strong>s os meios<br />
jurídicos. Subiremos, pelo que<br />
vejo, até ao tribunal delia segnatura.<br />
mental, Sacramento exposto e sermão;<br />
de tarde, procissão e Te-<br />
Deum.<br />
Será ora<strong>do</strong>r o nosso patricio<br />
rev. padre Joaquim <strong>do</strong>s Santos<br />
Gonçalves.<br />
A' noite haverá arraial, fogo<br />
preso e balão.<br />
A philarmonica Conimcricense<br />
abrilhantará a festividade.<br />
Correspondência<br />
* # *<br />
Castanheira «Ie Pera, 20.<br />
Ten<strong>do</strong> feito limas referencias ao<br />
merca<strong>do</strong> d'estít povoação, referencias<br />
que têm motiva<strong>do</strong> algumas discussões<br />
entre pessoas da terra, justo é que<br />
diga a seu respeito alguma coisa <strong>do</strong><br />
que prometti, saptisfazen<strong>do</strong> assim a<br />
curiosidade dc muitos, alguns <strong>do</strong>s<br />
quaes procuram com ancia nas columnas<br />
<strong>do</strong> Defensor noticias que se refiram<br />
ao assumpto.<br />
Não me prenderei com o deffender-me<br />
da allusão da parte <strong>do</strong> pae da<br />
sciencia cá da terra que parece morrer<br />
de amores pelo meu protogonista,<br />
nem mesmo procuro saber o motivo<br />
por que o ex. m0 Galeno diz que o<br />
sr. Ignacio é innocente na questão<br />
que levantei. Se é innocente ou criminoso<br />
não virei eu dizel-o já, emquanto<br />
não o averiguar por meio de<br />
<strong>do</strong>cumentos legaes. Para isso preciso<br />
dispor de tempo em que outra coisa<br />
não poderei fazer. Creio, pois, se os<br />
cálculos me não falham que esse dia<br />
não estará muito loDge.<br />
Faltan<strong>do</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>:<br />
Quererão, talvez, as pessoas interessadas,<br />
fazer-me acreditar que<br />
aquella obra é risco d'uma portentosa<br />
intelligencia; quererão também fazerme<br />
crêr que alli se consumiu o melhor<br />
de einco contos de réia,<br />
mais não sei quanto como consta <strong>do</strong><br />
contracto, ou termo de arrematação.<br />
O que me não fazem porém, acreditar,<br />
é que alli não houve alguma<br />
outra coisa a que eu não direi agora<br />
o nome.<br />
O merca<strong>do</strong> tal qual está, não é<br />
obra que podesse custar mais de 3<br />
contos de réis. Se o engenheiro que<br />
deu o risco da obra era alguma coisa<br />
intelligente, não podia caucular mais;<br />
se a camara, porém, tinha em vista<br />
algum syndicato a quem queria deixar<br />
auferir grosso provento, concordarei<br />
que as coisas devem ser olhadas<br />
por outra face. Isso provar-me-ha,<br />
que em todas as camadas sociaes se<br />
encontram syndicatarios, que em toda<br />
a parte se dá protecção a malandros,<br />
e que da mesma fórma que no alto<br />
se negoceia sem luz, assim se negoceia<br />
nas camadas mais inferiores das governações<br />
publicas Desejar, portanto,<br />
moralisar as gentes por meio <strong>do</strong> alevantamenlo<br />
<strong>do</strong> veu <strong>do</strong>s escandalos, será<br />
— Mais <strong>do</strong> que isso, conde<br />
Talormi, disse Van-Ritter com um<br />
olhar sinistro.<br />
Chegaram á praça <strong>do</strong> Vaticano<br />
Van-Ritter arrastou Talormi<br />
para junto da columna a circular,<br />
os olhos tomaram a côr de mar<br />
tempestuoso, e com a mão direita<br />
apertou o braço <strong>do</strong> diplomata<br />
como num alicate de ferro.<br />
— Conde Talormi! disse elle<br />
com uma voz sibilante que passava<br />
atravez <strong>do</strong>s lábios cerra<strong>do</strong>s<br />
pela raiva, v. ex. a vae escutar-me<br />
sem responder uma única palavra,<br />
sem fazer um único gesto, ou eu<br />
esmago-o debaixo <strong>do</strong>s meus joelhos<br />
como num torniquete!...<br />
XX<br />
Um almirante<br />
e <strong>do</strong>is passageiros<br />
Talormi olhou em volta de si e<br />
não viu senão columnas de Bernin;<br />
estava tu<strong>do</strong> deserto elle fez então<br />
uma continência, tomou um<br />
d'estes ares cândi<strong>do</strong>s que parecem<br />
desafiar qualquer calumnia e promettem<br />
uma victoriosa justificação<br />
quan<strong>do</strong> for permitti<strong>do</strong> fallar.<br />
— Conde Talormi, disse Van-<br />
Ritter, ha <strong>do</strong>is crimes commetti<strong>do</strong>s<br />
nas trevas, um no terraço da<br />
villa di Negro, em Génova, o outro<br />
o mesmo que aconselhar a que chafurdem<br />
na lama. Quem não nasce direito,<br />
nunca o pôde ser. Nem a Relação<br />
nem o Limoeiro, nem mesmo a<br />
Penitencearia os corrigirá<br />
(Continua.)<br />
Lourenço Marques<br />
M.<br />
Diz-se que o governo inglez<br />
man<strong>do</strong>u proceder a diversos estu<strong>do</strong>s<br />
na bahia de Lourenço Marques.<br />
Embora pareça extraordinário<br />
que um governo estrangeiro ande<br />
a fazer quaesquer estu<strong>do</strong>s em territórios<br />
que nos pertencem, nada<br />
deve o facto admirar saben<strong>do</strong>-se<br />
que não ha estrangeiro que nos<br />
respeite. Os inglezes, então, podem<br />
fazer na sua ambicionada Delagoa-bay<br />
os estu<strong>do</strong>s que quizerem,<br />
porque á frente <strong>do</strong> governo está<br />
o seu bem conheci<strong>do</strong> Hintze Ribeiro,<br />
o estadista <strong>do</strong> trata<strong>do</strong> de<br />
20 d^gosto<br />
X<br />
Parti<strong>do</strong> legitimista<br />
O parti<strong>do</strong> legitimista commemorou<br />
o 41. 0 anniversario <strong>do</strong> nascimento<br />
<strong>do</strong> sr. D. Miguel de<br />
Bragança.<br />
Nas salas da redacção da Nação<br />
effectuou-se a inauguração soiemne<br />
<strong>do</strong> Instituto ig de setembro.<br />
Presidiu á cerimonia o rev.<br />
Gomes de Faria, recitan<strong>do</strong> a oração<br />
de sapientia o sr. Abúndio da<br />
Silva, redactor da Ordem.<br />
Houve o costuma<strong>do</strong> banquete<br />
no Hotel Bragança a que presidiu<br />
o sr. conde da Redinha, chefe <strong>do</strong><br />
parti<strong>do</strong>.<br />
X<br />
O pavimento das ruas<br />
Em Paris fez-se a experiencia<br />
de um novo pavimento na via<br />
publica, artificial, em fórma de<br />
parallelepipe<strong>do</strong>, de aspecto cinzento<br />
escuro.<br />
A matéria de que se compõe<br />
é o asphalto puro, comprimi<strong>do</strong> a<br />
alta pressão e fixa<strong>do</strong> nas calçadas<br />
sem intersticios operan<strong>do</strong>-se como<br />
para o mosaico<br />
Uma rua já se acha calcetada<br />
por este processo restan<strong>do</strong> saber<br />
se o pavimento dá melhores resulta<strong>do</strong>s<br />
que os precedentes.<br />
COMMUNICADO<br />
«Sr. redactor <strong>do</strong> Defensor <strong>do</strong> <strong>Povo</strong>.<br />
— Coimbra.—Rogo a v. se digne publicar,<br />
gratuitamente, no proximo numero<br />
<strong>do</strong> seu jornal, a declaração abai-<br />
na praça Navone: foram ambos<br />
pratica<strong>do</strong>s pelo mesmo homem, e<br />
já que não ha justiça humana para<br />
castigar taes culpa<strong>do</strong>s, eis uma<br />
mão que os castigará.<br />
Conde Talormi, não admitto<br />
nenhuma justificação; deve comprehender<br />
bem que na minha<br />
edade e com a minha experiencia,<br />
se eu lhe digo isto na sua presença,<br />
e com crueza, é porque adquiri<br />
todas as provas, e não ha no meu<br />
espirito a mais leve sombra de<br />
duvida. Assim, senhor, não negue,<br />
não discuta, não conteste; se<br />
me recusa uma satisfação, estou<br />
prompto a fazer-lhe publicamente<br />
a affronta mais ultrajante e que<br />
v. ex. a mais merece. D'este mo<strong>do</strong><br />
tu<strong>do</strong> está dito, regulemos tu<strong>do</strong>.<br />
— Almirante, disse Talormi<br />
com um tom soberbo, v. ex. a insulta-me,<br />
e sou eu que lhe peço<br />
satisfação; está tu<strong>do</strong> acaba<strong>do</strong>;<br />
não tenho nada a justificar, nada<br />
a discutir nem a contestar.<br />
— Seja, disse Van-Ritter; tome<br />
as cousas como quizer, eu que<br />
fico satisfeito, contanto que me<br />
bata comsigo.<br />
Se um indifferente tivesse presencia<strong>do</strong><br />
esta scena, teria nota<strong>do</strong><br />
a extranha expressão que de repente<br />
tomaram os olhos de Talormi,<br />
como se um pensamento<br />
xo, pelo que a corporação <strong>do</strong>s Bombeiros<br />
Voluntários, lhes fica muito<br />
grata.<br />
Coimbra, 23 de setembro de 1894.<br />
O presidente da commissão,<br />
•José d'Oliveira Serrano.<br />
Bombeiros Voluntários de Coimbra<br />
Para os devi<strong>do</strong>s effeitos, se declara<br />
que a direcção da Associação<br />
Humanitaria <strong>do</strong>s Bombeiros Voluntários,<br />
d'e.«ta cidade, foi demittida pelo<br />
corpo activo e auxiliar em sua sessão<br />
extraordinário de 20 <strong>do</strong> corrente, pela<br />
falta d'apresentaçâo de contas desde<br />
1892, e que foi nomeada uma commissão<br />
administrativa, composta de<br />
socios, para gerir os negocios da<br />
mesma corporação até á próxima eleição,<br />
que terá logar em janeiro futuro.<br />
Coimbra, 23 de setembro de 1994.<br />
O presidente da commissão,<br />
José d'Oliveira Serrano.<br />
Sr. redactor — Desejan<strong>do</strong> salvar<br />
a minha individualidade de umas<br />
apreciações menos dignas que correm<br />
em desabono da direcção <strong>do</strong>s<br />
bombeiros voluntários, solicito de<br />
v. a especial fineza da publicação<br />
<strong>do</strong> officio que incluso remetto e que<br />
em data de 22 dirigi ao presidente<br />
da associação.<br />
Antecipan<strong>do</strong> o meu agradecimento<br />
sou<br />
De v., etc.,<br />
Coimbra, 23 de setembro de 1894.<br />
Joaquim Teixeira de Sá.<br />
lll. m0 e ex. m0 sr. — Tenho nota<strong>do</strong><br />
com profundíssima magua que, principalmente<br />
entre o corpo activo da<br />
nossa Associação, se suscitou e desenvolveu<br />
uma significativa desconfiança<br />
para com a conducta da direcção.<br />
Qual o motivo d'este mal estar?<br />
Não o sei e também não quero<br />
fazer incidir sobre elle as minhas<br />
prescrutações.<br />
Mas o que eu não posso nem quero é<br />
queaminha individualidade—que sempre<br />
timbrou, ouzo dizei o bem alto,<br />
em servir os legítimos interesses da<br />
Associação — continue a ser apreciada<br />
com somenos justiça <strong>do</strong> que a que<br />
eu em consciência enten<strong>do</strong> merecer.<br />
Foi por isso que ha dias declinei as<br />
honras de presidente interino que<br />
me concederam, após a ausência de<br />
v. ex. a ; é também agora a mesma<br />
razão ponderosissima que me leva a<br />
solicitar a minha exoneração <strong>do</strong> cargo<br />
de 1.° secretario. E na hora em que<br />
tomo esta energica resolução não me<br />
assalta o espirito a minima idêa se<br />
quer de que, fazen<strong>do</strong>-se uma syndicancia<br />
rigorosa aos meus humildes e<br />
obscuros serviços, se me encontre<br />
motivo para uma censura leal ou para<br />
uma condemnação legitima.<br />
súbito lhe tivesse rebenta<strong>do</strong> naquella<br />
cabeça fatalmente poderosa,<br />
onde o inferno parecia ter deposto<br />
os segre<strong>do</strong>s de todas as<br />
suas invenções.<br />
— Almirante, disse Talormi<br />
num tom grave, se conhecesse<br />
melhor o conde Talormi, saberia<br />
que elle tem sempre uma arma<br />
para defender a sua honra. Os<br />
Talormi teem neste genero alguma<br />
fama, louva<strong>do</strong> Deus!...<br />
— Basta de palavras inúteis,<br />
senhor, interrompeu Van-Ritter,<br />
regulemos as nossas condições.<br />
— Sim, almirante, e eis precisamente<br />
o ponto delica<strong>do</strong>!...<br />
Nós estamos, v. ex. a e eu, em<br />
Roma, numa posição que nos impõe<br />
certas reservas e graves deveres;<br />
Não podemos bater-nos<br />
estouvadamente, como quaesquer<br />
outros. Eis, pois, o que lhe proponho.<br />
Escolheremos quatro testemunhas<br />
na alta nobreza romana<br />
e iremos terminar a questão nas<br />
terras de Nápoles.<br />
— Não, senhor, interrompeu<br />
bruscamente Van-Ritter; não quero<br />
collocar quatro pessoas na confidencia<br />
de um negocio de honra,<br />
que respeita a tão delica<strong>do</strong>s interesses<br />
de familia. Aiém <strong>do</strong> que v.<br />
ex. a nada tem a impôr-me, e apesar<br />
das suas pretensões extraordiná-<br />
Nas mãos de v. ex. a deponho uma<br />
resenha das contas das entradas e<br />
sabidas consigna<strong>do</strong>s nos meus livros<br />
de escripturação.<br />
Receita 1.787^250<br />
Despeza 1.340^420<br />
Na somma da despeza ha por<br />
pagar a quantia de 151$045 réis,<br />
correspondentes ás ordens n. os 76,<br />
77, 78. 85, 87. 88, 94, 100, 101,<br />
102, 103, 104, 117, 124, 125'<br />
além de mais 10$060 réis, de umas<br />
contas juntas á ordem 121 que dizem<br />
respeito aos festejos <strong>do</strong> ultimo anniversario<br />
da Associação.<br />
Não menciono aqui algumas contas<br />
que sei terem si<strong>do</strong> pagas, sem eu<br />
ter para isso passa<strong>do</strong> as respectivas<br />
ordens de pagamento.<br />
Fico ás ordens de v. ex. a , da<br />
direcção ou da assembleia geral para<br />
prestar quaesquer outras informações<br />
sobre os actos da minha administração.<br />
Deus guarde a v. ex. a .<br />
Coimbra, 22 de setembro de 1894.<br />
Ill. mo e ex. m0 sr. presidente da<br />
Associação Humanitaria <strong>do</strong>s Bombei»<br />
ros Voluntários de Coimbra.<br />
Joaquim Teixeira de Sá.<br />
MOVIMENTO COMMERCIAL<br />
Os cereaes e legumes regulam<br />
pelos seguintes preços:<br />
Milho branco, 38o—Dito amarello,<br />
38o — Trigo de Celorico,<br />
graú<strong>do</strong>, 55o — Dito tremez, 53o<br />
— Feijão vermelho, 600—Dito<br />
branco, 420—Dito raja<strong>do</strong>, 410—<br />
Dito frade, 420—Centeio, 410—<br />
Cevada, 270 — Grão de bico,<br />
graú<strong>do</strong>, 58o— Dito meu<strong>do</strong>, 56o—<br />
Favas, 370 — Tremoços, 260.<br />
*<br />
O agio das libras a 1OÍ290;<br />
ouro nacional, graú<strong>do</strong>, a 27 °/0,<br />
e o miú<strong>do</strong> a 26 %.<br />
Bric-à-brac<br />
Andava em jornada um <strong>do</strong>utor.<br />
Chegou junto de um portão gradea<strong>do</strong>,<br />
que se achava fecha<strong>do</strong> pelo la<strong>do</strong> opposto,<br />
e avistan<strong>do</strong> a pequena distancia<br />
um camponio, bra<strong>do</strong>u-lhe com ar<br />
imperioso :<br />
— Olá! abra essa porta !<br />
— E quem é o senhor para me<br />
dar essa ordem com tanta arrogancia?<br />
replicou o camponez to<strong>do</strong> abespinha<strong>do</strong>.<br />
— Sou um <strong>do</strong>utor.<br />
— E que vem a ser <strong>do</strong>utor?<br />
— Chama-se assim aquelle que<br />
entende e sabe de tu<strong>do</strong>.<br />
— Pois então também deve saber<br />
abrir as portas, e não precisa de que<br />
os outros lh'as abram, returquiu o<br />
homemsinho.<br />
rios, sou eu a tu<strong>do</strong> exigir de v.<br />
ex. a ... Nós bater-nos-emos sem<br />
testemunhas...<br />
Talormi fez um movimento<br />
de surpreza, com este natural de<br />
comediante que nunca o aban<strong>do</strong>nava.<br />
Além d'isso, em toda esta<br />
scena o diplomata e o prestidigita<strong>do</strong>r<br />
elevou-se pelo tom, pelo<br />
gesto, pela pose, pelo artificio, ás<br />
supremas regiões da sua arte.<br />
— Sem testemunhas ? disse,<br />
eis o que um Talormi nunca acceitará.<br />
Os Talormi estão habituadas<br />
a sair de um campo fecha<strong>do</strong><br />
de cabeça levantada, da mesma<br />
fórma que ali entraram. Suas<br />
testemunhas ordinarias, os Pallavicini,<br />
os Monte-Cotini, os Pignatelli,<br />
os San-Giordano teem sempre<br />
rendi<strong>do</strong> bons testemunhos da<br />
nossa lealdade em feitos de armas<br />
e um Talormi nunca se exporá a<br />
passar por um assassino.<br />
A dignidade natural que acompanhou<br />
estas palavras impôz-se<br />
ao bravo Van-Ritter.<br />
I rnprosso na Typogra»<br />
ptiia Operaria — Largo da<br />
Freiria n.° 14, proxiaio á rt» <strong>do</strong>a<br />
Sapateiros,—COIMBFÀ,