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do Povo

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Defensor<br />

BI-SEMANARIO REPUBLICANO<br />

ii<br />

iu<br />

Não conseguin<strong>do</strong> espolíarnos<br />

por meio da conquista nem<br />

subjugar-nos pela força ou pelo<br />

terror, pela coacção moral de arrogantes<br />

ameaças, os tartufos,<br />

vêm, assaltam-nos em cobarde<br />

e traiçoeiro disfarce de fieis allia<strong>do</strong>s,<br />

de zelosos protectores; aggridem-nos<br />

pelas costas no enreda<strong>do</strong><br />

caminho de uma convencional<br />

jurisprudência e falsa legalidade<br />

internacional.<br />

Recorrem, os devassos, como<br />

especula<strong>do</strong>res manhosos, á insidia<br />

diplomatica de antigas e vagas<br />

promessas, de mal defini<strong>do</strong>s<br />

e problemáticos compromissos<br />

officiaes e... officiosos.<br />

Fazem vendas simuladas;<br />

inventam, e tramam na sombra<br />

entrepostas concessões, generosas..<br />

• gratuitas e até.. - subsidiadas<br />

com estúpida largueza,<br />

decoradas com o falsifica<strong>do</strong> rotulo,<br />

com o apparato engana<strong>do</strong>r<br />

e comico de vantajosos emprehendimentos<br />

agrícolas e industriaes,<br />

de civilisa<strong>do</strong>res e patrióticos<br />

intuitos!<br />

E assim... julgam illudirnos!<br />

E assim nos roubam.<br />

Não vem de cara levantada,<br />

consciência lavada e passo firme<br />

pelo caminho direito e publico<br />

da justiça e da moralidade; tomam<br />

pelos tortuosos e encobertos<br />

atalhos da traficancia e <strong>do</strong><br />

logro, cambalean<strong>do</strong> como ébrios<br />

de theatro, saltan<strong>do</strong> como criminosos<br />

fugi<strong>do</strong>s, para nos surprehenderem,<br />

e saquearem na escondida<br />

e sombria encruzilhada<br />

de occultas e industriosas negociatas,<br />

de sordi<strong>do</strong>s interesses...<br />

inconfessáveis.<br />

Não relembraremos, que mette<br />

dó, e causa indignação, antigas<br />

espoliações e desastrosas perdas,<br />

como foram, ultimamente,<br />

— a extorsão <strong>do</strong> Zaire, suas vastíssimas<br />

e ferteis regiões adjacentes,<br />

— cedencia principesca da<br />

margem sul <strong>do</strong> Gunene em proveito<br />

da Allemanha, — a usurpação,<br />

nobre e fidalga, de Manica,<br />

<strong>do</strong> paiz de Matabelles, Machona,<br />

parte da Zambezia até ao<br />

Zumbo e Nyassa, com que ainda<br />

ha pouco a Inglaterra se locupletou<br />

á nossa custa, — a regia<br />

dádiva <strong>do</strong> Casamansa e <strong>do</strong>s<br />

territorios da Guiné banha<strong>do</strong>s<br />

por este rio, que nos levou a<br />

França, sem de mo<strong>do</strong> algum esquecer—<br />

os damnos e as complicações<br />

que nos trouxe, e de<br />

futuro ha de trazer o injustificável<br />

estabelecimento <strong>do</strong> improvisa<strong>do</strong><br />

e phanlaslico Esta<strong>do</strong> Livre<br />

<strong>do</strong> Gongo, que ao rei <strong>do</strong>s Belgas,<br />

por secreto accôr<strong>do</strong> e calcula<strong>do</strong><br />

plano de alguns outros, coube ir<br />

encravar em nossas possessões<br />

africanas e á custa d'ellas.<br />

Agora, ha poucos dias, para<br />

cumulo da nossa miséria, <strong>do</strong><br />

nosso descredito e vergonha,<br />

ainda palpitante de humilhação<br />

e affronta, gotejan<strong>do</strong> suor de escravos<br />

e sangue de martyr, ahi<br />

lemos, como padrão de gloria e<br />

honra nacional, a cedencia forçada<br />

<strong>do</strong> Kionga, imposta pelo governo<br />

imperial da Allemanha. Ahi lemos,<br />

como allesta<strong>do</strong> de moralidade<br />

governativa e cívico patriotismo<br />

de uns certos, fieis e assignala<strong>do</strong>s<br />

varões da Lusitania,<br />

indignos da musa de Luiz de<br />

Gamões, dignos, porém, digníssimos<br />

da prosa e <strong>do</strong>s versos de<br />

José Agostinho de Mace<strong>do</strong>,—<br />

ahi temos—a concessão da Guiné<br />

e ainda mais outras concessões já<br />

realisadas e em via de fácil realisação,<br />

que o arbítrio ministerial<br />

desafora<strong>do</strong> largamente vae distribuin<strong>do</strong>,<br />

e promette distribuir,<br />

por amigos e consocios, e que<br />

outra coisa não são, outra coisa<br />

não contêm em sua mysleriosa<br />

substancia, outra coisa mais denunciam,<br />

e mostram em sua feia<br />

e nojenta contextura.<br />

Parece que uns e outros e to<strong>do</strong>s<br />

elles jogam aos da<strong>do</strong>s, sobre<br />

o tumulo da Patria, como oul'rora<br />

sobre a sepultura de Chrislo fizeram<br />

os solda<strong>do</strong>s romanos, a longa,<br />

a immensa túnica, hoje velha<br />

e esfarrapada, que, por lo<strong>do</strong>s os<br />

mares e continentes <strong>do</strong> globo,<br />

cobrira o corpo gigante de Portugal<br />

por elles crucifica<strong>do</strong>!<br />

EMYGDIO GARCIA.<br />

Reforma das alfandegas<br />

Do Jornal <strong>do</strong> Commercio:<br />

«Corre por ahi, não sabemos<br />

se com fundamento, que<br />

na reforma das alfandegas, que<br />

está prestes a sair, crear-se-ão<br />

logares novos, como manifesto<br />

prejuízo para as actuaes economias<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, attento o numero<br />

de emprega<strong>do</strong>s addi<strong>do</strong>s,<br />

mesmo superiores, e vão ser<br />

admitli<strong>do</strong>s indivíduos estranhos<br />

na classe de verifica<strong>do</strong>res, por<br />

indicação de certas summidades<br />

aduaneiras, que, a to<strong>do</strong> o transe,<br />

querem collocar os seus<br />

afilha<strong>do</strong>s, habilita<strong>do</strong>s com cartas<br />

de agronomos, e ainda<br />

outros de que não queremos<br />

fallar.»<br />

A. reforma que está em gestação<br />

e prestes a ver a luz <strong>do</strong> dia<br />

não pôde deixar de se orientar<br />

pelo critério constante segui<strong>do</strong> em<br />

Portugal, <strong>do</strong> favoritismo e da<br />

padrinhagem. Nem é de crêr,<br />

que os mesmos individuos, que<br />

até aqui têem segui<strong>do</strong> esta nórma,<br />

antepon<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os interesses<br />

os seus proprios, de um momento<br />

para o outro fizessem uma evolução<br />

apreciavel para melhor; hão<br />

de continuar na mesma, não só<br />

porque estão na edade em que se<br />

não aprendem linguas, mas ainda<br />

porque acham pouco sensato, por<br />

pouco ren<strong>do</strong>so, por pouco ren<strong>do</strong>so,<br />

aban<strong>do</strong>narem o celebre emquanto<br />

nelle houver um fiosito de<br />

leito.<br />

Porquanto tempo continuará<br />

ainda esta amentação <strong>do</strong>s parasitas?<br />

VIA DOLOROSA<br />

Até onde seremos nós arrasta<strong>do</strong>s<br />

por tanta falta de moralidade<br />

e de justiça, e por essa improvidencia<br />

economica, que na<br />

administração publica portugueza<br />

existe, e pre<strong>do</strong>mina assola<strong>do</strong>ra?!<br />

As reformas succedem se, sem<br />

que nos tragam sequer a mais<br />

pequena esperança de regeneração<br />

próxima e progresso futuro.<br />

O povo encontra-se amorteci<strong>do</strong>,<br />

insensível e quasi descrente<br />

de tu<strong>do</strong> e de to<strong>do</strong>s; e não se levanta<br />

já com a energia <strong>do</strong>s antigos<br />

tempos.<br />

Parece preferir este esta<strong>do</strong> de<br />

abatimento moral e indifferença<br />

politica, que os parti<strong>do</strong>s da monarchia<br />

com a sua falta de patriotismos<br />

provocaram, alimentam, e<br />

aggravam cada vez mais.<br />

Onde um protesto energico,<br />

uma reacção decisiva, que nos<br />

arranque de vez d'este suicídio<br />

para que vamos caminhan<strong>do</strong>, sem<br />

ao menos tentarmos salvar as tradicções<br />

honrosas d'um passa<strong>do</strong><br />

glorioso e o brio nacional tantas<br />

vezes escarneci<strong>do</strong> e vilipendia<strong>do</strong><br />

por governos, para quem salvar<br />

um throno vale mais, muito mais,<br />

que sacrificar uma nação ?!<br />

As nessas instituições estão<br />

desacreditadas.<br />

Ao povo parece já indifferente<br />

que o governo seja destes ou<br />

cTaquelles.<br />

Já não acredita nas promessas<br />

que os malogra<strong>do</strong>s salva<strong>do</strong>s lhe<br />

fazem; e convenci<strong>do</strong> de que o<br />

constitucionalismo durante os 70<br />

annos da sua existencia já deu as<br />

mais sobejantes provas de inépcia<br />

e falta de tino governativo, administrativo,<br />

economicoe financeiro,<br />

olha para o parti<strong>do</strong> <strong>do</strong> futuro<br />

como a sua única esperança, o<br />

seu único amparo, a sua única<br />

salvação.<br />

Fóra <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s monarchicos,<br />

em manifesta decadencia e<br />

vergonhosa dissolução, está o parti<strong>do</strong><br />

republicano firme no seu<br />

posto.<br />

Olha, porém, em volta de si e<br />

não vê senão ruínas; divisa já os<br />

signaes da tormenta, que as previsões<br />

d'um melhor futuro annunciam<br />

para qualquer hora.<br />

Resigna<strong>do</strong> espera que o <strong>Povo</strong><br />

Portuguez desperte, e o auxilie<br />

num esforço patriotico a arrancar<br />

das mãos da turba monarchica e<br />

a castigar os causa<strong>do</strong>res de tantos<br />

males e vergonhas.<br />

Porque esperas, dize-me, ó<br />

<strong>Povo</strong> Portuguez?<br />

Porventura não quererás reconquistar<br />

á face <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> civilisa<strong>do</strong><br />

o nome honra<strong>do</strong> que já<br />

não possues.<br />

Não quererás, ó <strong>Povo</strong> Portuguez,<br />

ser antes dirigi<strong>do</strong> por homens<br />

sérios e que se inspirem verdadeiramente<br />

nos destinos da patria;<br />

que te tragam novamente ás liberdades<br />

de discussão, reunião, associação,<br />

imprensa, consciência e<br />

tantas outras, que se perderam<br />

nas tenebrosas cavernas <strong>do</strong>s arranjos<br />

e interesses partidarios da<br />

realeza ?<br />

Esperas ainda que o parti<strong>do</strong><br />

progressista te possa levantar <strong>do</strong><br />

la<strong>do</strong> para onde te lançaram?<br />

Não viste a prova de fraqueza<br />

e de inépcia, que elle acabou de<br />

dar, desinteressan<strong>do</strong>-se por completo<br />

<strong>do</strong> movimento de protesto,<br />

que elle proprio iniciou, contra<br />

as prepotências <strong>do</strong>s altos poderes,<br />

contra a violação da constituição<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, contra a oppressão<br />

tributaria e o desprezo da justiça.<br />

Não viste como foram desap-<br />

ANNO III Coimbra, 230 de setembro de 1894 N.° 225<br />

<strong>do</strong> <strong>Povo</strong><br />

parecen<strong>do</strong> á formiga, sem deixarem<br />

rastos á sua passagem um<br />

grupo d'homens que tinha ti<strong>do</strong> a<br />

incrível insensatez de esperar uma<br />

reacção decisiva e energica d'este<br />

malfada<strong>do</strong> parti<strong>do</strong> progressista,<br />

em nada superior em tu<strong>do</strong> egual<br />

aos outros parti<strong>do</strong>s da velha e<br />

gasta monarchia, tão gasto e corrompi<strong>do</strong><br />

como ella?<br />

Não vês como o ultramontanismo<br />

vae ganhan<strong>do</strong> terreno, attenden<strong>do</strong><br />

na sombra com o appoio<br />

<strong>do</strong> paço as suas garras e<br />

preparan<strong>do</strong> a sua terrível influencia<br />

retrograda e nefasto pre<strong>do</strong>mínio<br />

absorvente?<br />

Não vês que a monarchia te<br />

arrastou á miséria, ao descredito,<br />

á deshonra ?!<br />

AICRAG.<br />

Centro Repnblicano<br />

Na segunda feira houve em<br />

Vizeu uma reunião republicana,<br />

para a fundação d'um novo centro<br />

naquella cidade.<br />

A reunião correu animada e<br />

os ora<strong>do</strong>res, foram muito applaudi<strong>do</strong>s,<br />

pelos seus brilhantes discursos<br />

sen<strong>do</strong> approva<strong>do</strong>s entre<br />

outras a seguinte moção:<br />

«A assembleia affirma a unidade<br />

e a independencia <strong>do</strong> parti<strong>do</strong><br />

republicano, e fa\ votos para<br />

que a Republica seja dentro em<br />

pouco o governo ^a nação.»<br />

E' director <strong>do</strong> novo centro o<br />

sr. dr. Eduar<strong>do</strong> David e Cunha,<br />

o qual já cedeu uma parte <strong>do</strong><br />

prédio que possue na Ribeira,<br />

para a installação.<br />

X<br />

O arbitrio na Figueira<br />

Sollicitamos <strong>do</strong> sr. governa<strong>do</strong>r<br />

civil que intime o administra<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> concelho da Figueira da<br />

Foz, a declarar-lhe em que texto<br />

de lei se funda para querer tributar<br />

em 600 réis qualquer vende<strong>do</strong>r<br />

de jornaes que pretenda exercer<br />

a sua industria naquella cidade.<br />

Vae-se-nos afiguran<strong>do</strong> que não<br />

ha lei que tal permitia, e tão restricta<br />

é já a faculdade de tributar,<br />

que nem as camaras municipaes<br />

o podem fazer. Como o sr. governa<strong>do</strong>r<br />

civil, porém, é um magistra<strong>do</strong><br />

de bom nome, é de suppôr<br />

que, se consente que o sr.<br />

Augusto For jaz tal faça, é porque<br />

assim ha direito para se fazer.<br />

Em to<strong>do</strong> o caso, e porque também<br />

pôde acontecer, que nem o<br />

sr. governa<strong>do</strong>r civil nem o dito sj.<br />

administra<strong>do</strong>r saibam dar a razão<br />

<strong>do</strong> facto, vamos aconselhan<strong>do</strong> os<br />

vende<strong>do</strong>res de jornaes, a que não<br />

paguem nem se deixem ludibriar,<br />

emquanto o sr. Forjaz não mostrar<br />

que ha lei que tal permitte.<br />

Parece-nos realmente extraordinário,<br />

que só na Figueira se<br />

exiga uma licença que em parte<br />

nenhuma se exige, e que só assim<br />

se proceda para com os vende<strong>do</strong>res<br />

ambulantes. Isto cheira a<br />

arbitrariedade grande, para náo<br />

dizer que se parece com outra<br />

coisa.<br />

X<br />

Banco de Portugal<br />

A situação d'este banco em<br />

19 <strong>do</strong> corrente era a seguinte:<br />

Notas em circulação réis<br />

51.846:522^750, dinheiro em caixa<br />

9.745.878^176 réis.<br />

Activo—Contractos com o<br />

esta<strong>do</strong>, classes inactivas, réis<br />

Ò.85J:32 155297; diversas, réis<br />

i5.233:866«>ó55; c/c <strong>do</strong> thesouro,<br />

I2.ooo:ooo$ooo réis; c/c supple<br />

mentar, 64:58132037 réis. Total,<br />

34.157:86935)489 réis.<br />

A falta de confiança<br />

nos parti<strong>do</strong>s politicos<br />

A desconfiança e a suspeição<br />

<strong>do</strong> <strong>Povo</strong> Portuguez a respeito <strong>do</strong>s<br />

homens que estão na posse de disporem<br />

a seu bel prazer <strong>do</strong>s poderes<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, esperan<strong>do</strong> uns<br />

com impaciência, para subirem ao<br />

poder, que desçam d'elle os seus<br />

congeneres nos princípios e na<br />

pratica, e trabalhan<strong>do</strong> outros incessantemente<br />

por occuparem<br />

uma cadeira no chama<strong>do</strong> poder<br />

legislativo, tem-se propaga<strong>do</strong> por<br />

to<strong>do</strong> o paiz e lança<strong>do</strong> grossas e<br />

profundas raizes, que é muito difficil<br />

arrancar.<br />

Nesses homens que por puro<br />

interesse individual, e sem amor<br />

da Patria, nem <strong>do</strong> <strong>Povo</strong> propriamente<br />

dito se empregam nessa<br />

politica baixa immoral e corruptora,<br />

que tem reina<strong>do</strong> neste bem<br />

principia<strong>do</strong> e mal fada<strong>do</strong> paiz,<br />

nesses especula<strong>do</strong>res e explora<strong>do</strong>res<br />

da exhausta bolça <strong>do</strong> contribuinte,<br />

e sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong> contribuinte<br />

que não faz peso na balança<br />

eleitoral, apenas confiam por excepção,<br />

os galopins petulantes, e<br />

desavergonha<strong>do</strong>s e aquelles que<br />

para si, ou para a familia, ou para<br />

outros pretendentes de empregos<br />

públicos que tanto abundam por<br />

esse paiz, pela desastrada educação<br />

que lhes tem da<strong>do</strong> a monarchia<br />

constitucional, ou inconstitucional<br />

— como queiram — esperan<strong>do</strong><br />

uns que subam ao poder<br />

os seus padrinhos e protectores;<br />

de fórma que, em ultima analyse,<br />

vivemos num paiz de puro<br />

favoritismo que se exerce a maior<br />

parte das-vezes com prejuízo <strong>do</strong><br />

publico e com quebra da justiça,<br />

<strong>do</strong> mérito e da moralidade que<br />

deve ser acatada como uma das<br />

maiores e melhores garantias e<br />

virtudes sociaes e ainda com gravame<br />

<strong>do</strong> thesouro.<br />

Ha no meio <strong>do</strong>. cahos em que<br />

vivemos, ou melhor, apenas vegetamos<br />

rachiticamente no mal estar<br />

que desagrada á maxima parte<br />

da nação, que contribue, com<br />

sacrifício, para o thesouro e para<br />

os seus usufructuarios natos, e que<br />

d'el!e nada recebe, e nem sequer<br />

goza as garantias que o esta<strong>do</strong><br />

social lhe deve, e que ao contrario<br />

os dirigentes, ou antes, os insaciáveis<br />

digerentes lhe vão cercean<strong>do</strong>,<br />

ou sophisman<strong>do</strong>, mas essa<br />

grande parte no numero, mas sem<br />

importancia para fazer mudar a<br />

face á desastrada politica e á dissipa<strong>do</strong>ra<br />

administração não passa<br />

além <strong>do</strong> seu desagra<strong>do</strong>, passa<strong>do</strong><br />

no intimo da sua consciência,<br />

ou quan<strong>do</strong> muito se reduz a fallar<br />

em particular, queixan<strong>do</strong>-se<br />

da sua má sorte que lhe acarretou<br />

o constitucionalismo e não<br />

entra no campo politico das obras,<br />

que é o mais preciso, e na verdade<br />

não pôde entrar por falta de<br />

quem a dirija.<br />

O mal estar da grande collectividade<br />

começou a criar-se poucos<br />

annes depois da inauguração<br />

<strong>do</strong> systema politico que nos rege,<br />

e se tem desenvolvi<strong>do</strong> prodigiosamente<br />

d'anno para anno, de ministério<br />

para ministério, de reina<strong>do</strong><br />

para reina<strong>do</strong>, de fórma que<br />

se extinguiu totalmente toda a esperança<br />

de melhorar as angustiosas<br />

condições em que nos achamos,<br />

mas este mal estar é o bem<br />

estar das classes privilegiadas, <strong>do</strong><br />

alto funccionalismo civil, das elevadas<br />

graduações militares e <strong>do</strong><br />

alto clero, com especialidade e<br />

ainda <strong>do</strong> clero parochial.<br />

São estes para quem a nau<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> navega com ventos j>roi

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