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AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO Emile Durkheim - Galileu

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supondo que seja assim, essas noções não são dadas imediatamente. Não se<br />

pode portanto atingi-Ias diretamente, mas apenas através da realidade fe-<br />

nomênica que as exprime. Não sabemos a priori que idéias estão na origem das<br />

diversas correntes entre as quais se divide a vida social, nem se existe alguma; é<br />

somente depois de tê-las remontado até suas origens que saberemos de onde<br />

elas provêm.<br />

É preciso portanto considerar os fenômenos sociais em si mesmos, separados<br />

dos sujeitos conscientes que os concebem; é preciso estudá-los de fora, como<br />

coisas exteriores, pois é nessa qualidade que eles se apresentam a nós. Se essa<br />

exterioridade for apenas aparente, a ilusão se dissipará à medida que a ciência<br />

avançar e veremos, por assim dizer, o de fora entrar no de dentro. Mas a solução<br />

não pode ser preconcebida e, mesmo que eles não tivessem afinal todos os<br />

caracteres intrínsecos da coisa, deve-se primeiro tratá-los como se os tivessem.<br />

Essa regra aplica-se portanto à realidade social inteira, sem que haja motivos para<br />

qualquer exceção. Mesmo os fenômenos que mais parecem consistir em arranjos<br />

artificiais devem ser considerados desse ponto de vista.. O caráter convencional<br />

de uma prática ou de uma instituirão jamais deve ser presumido. Aliás, se nos for<br />

permitido invocar nossa experiência pessoal, acreditamos poder assegurar que,<br />

procedendo dessa maneira, com freqüência se terá a satisfação de ver os fatos<br />

aparentemente mais arbitrários apresentarem, após uma observação mais atenta<br />

dos caracteres de constância e de regularidade, sintomas de sua objetividade.<br />

De resto, e de uma maneira geral, o que foi dito anteriormente sobre os<br />

caracteres distintivos do fato social ésuficiente para nos certificar sobre a natureza<br />

dessa objetividade e para provar que ela não é ilusória. Com efeito, reconhece-se<br />

principalmente uma coisa pelo sinal de que não pode ser modificada por um<br />

simples decreto da vontade. Não que ela seja refratária a qualquer modificação.<br />

Mas, para produzir uma mudança nela, não basta querer, é preciso além disso um<br />

esforço mais ou menos laborioso, devido à resistência que ela nos opõe e que<br />

nem sempre, aliás, pode ser vencida. Ora, vimos que os fatos sociais têm essa<br />

propriedade. Longe de serem um produto de nossa vontade, eles a determinam de<br />

fora; são como moldes nos quais somos obrigados a vazar nossas ações. Com

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