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AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO Emile Durkheim - Galileu

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dos povos europeus, com a ausência de organização que é a sua característica, é<br />

normal ou não, investïgar-se-á aquilo que, no passado, deu origem a ele. Se<br />

essas condições são ainda aquelas nas quais se encontram atualmente nossas<br />

sociedades, é porque a situação é normal, a despeito dos protestos que provoca.<br />

Se, ao contrário, verificar-se que ela está ligada a essa velha estrutura social que<br />

qualificamos alhures de segmentar e que, após ter sido a ossatura essencial das<br />

sociedades, vai-se apagando cada vez mais, deveremos concluir que ela constitui<br />

presentemente um estado mórbido, por mais universal que seja. É de acordo com<br />

o mesmo método que deverão ser resolvidas todas as questões controversas<br />

desse gênero, como as de saber se o enfraquecimento das crenças religiosas ou<br />

se o desenvolvimento dos poderes do Estado são fenômenos normais ou nãos.<br />

Contudo, esse método não poderia, em caso nenhum, substituir o<br />

precedente, nem mesmo ser empregado primeiro. A começar porque ele levanta<br />

questões que teremos de examinar adiante e que só podem ser abordadas<br />

quando a ciência já avançou suficientemente; pois ele implica, em suma, uma<br />

explicação quase completa dos fenômenos, na medida em que supõe sejam<br />

determinadas suas causas ou suas funções. Ora, é importante que, desde o início<br />

da pesquisa, se possam classificar os fatos em normais e anormais, ressalvando-<br />

se alguns casos excepcionais, a fim de poder atribuir à fisiologia e à patologia os<br />

respectivos domínios. Em seguida, é em relação ao tipo normal que um fato deve<br />

ser considerado útil ou necessário para poder ele próprio ser qualificado de<br />

normal. Caso contrário, poder-se-ia demonstrar que a doença se confunde com a<br />

saúde, já que ela deriva necessariamente do organismo afetado; é apenas com o<br />

organismo médio que ela não mantém a mesma relação. Do mesmo modo, a<br />

aplicação de um remédio, sendo útil ao doente, poderia ser vista como um<br />

fenômeno normal, quando é evidentemente anormal, pois só em circunstâncias<br />

anormais tem essa utilidade. Portanto só podemos servir-nos desse método se o<br />

tipo normal estiver constituído, e isso somente é possível por outro procedimento.<br />

Enfim, e sobretudo, se é verdade que tudo o que é normal é útil, com a condição<br />

de ser necessário, é falso que tudo o que é útil seja normal. Podemos ter certeza<br />

de que os estados que se generalizaram na espécie são mais úteis do que os que

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