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AS REGRAS DO MÉTODO SOCIOLÓGICO Emile Durkheim - Galileu

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Quando se trata de indivíduos, como eles são muito numerosos, pode-se escolher<br />

aqueles que são comparados de maneira a que tenham em comum apenas uma<br />

única e mesma anomalia; esta é assim isolada de todos os fenômenos<br />

concomitantes e, portanto, pode-se estudar a natureza de sua influência sobre o<br />

organismo. Se, por exemplo, um grupo de mil reumáticos, tomados ao acaso,<br />

apresenta uma mortalidade sensivelmente superior à média, há boas razões para<br />

atribuir esse resultado à diátese reumática. Mas, em sociologia, como cada<br />

espécie social conta apenas um pequeno número de indivíduos, o campo das<br />

comparações é demasiado restrito para `que agrupamentos desse gênero possam<br />

ser demonstrativos.Ora, na falta dessa prova de fato, nada mais é possível senão<br />

raciocínios dedutivos cujas conclusões só po> dem ter o valor de conjeturas<br />

subjetivas. Demonstrar-se-á, não que tal acontecimento enfraquece efetivamente<br />

o organismo social, mas que ele deve ter esse efeito. Para isso, mostrar-se-á que<br />

ele não pode deixar de ocasionar esta ou aquela conseqüência que se julga<br />

nociva à sociedade e, por esse motivo, ele será declarado mórbido. Mas mesmo<br />

supondo que ele engendre de fato essa conseqüência, pode ocorrer que os<br />

inconvenientes que esta apresente sejam compensados, e até mais do que isso,<br />

por vantagens que não se percebem. Além do mais, há apenas uma razão que<br />

permitiria chamá-la de funesta: ela perturbar o desempenho normal das funções.<br />

Mas tal prova supõe o problema já resolvido; pois ela só é possível se<br />

determinarmos previamente em que consiste o estado normal e, portanto, se<br />

soubermos sob que sinal ele pode ser reconhecido. Tentar-se-á construí-lo<br />

integralmente e a priori? Não é necessário mostrar o que pode valer tal<br />

construção. Eis como, tanto em sociologia como em história, os mesmos<br />

acontecimentos podem vir a ser qualificados, conforme os sentimentos pessoais<br />

do estudioso, de salutares ou de desastrosos. Assim, acontece a todo momento<br />

que um teórico incrédulo assinale, nos restos de fé que sobrevivem em meio ao<br />

desmoronamento geral das crenças religiosas, um fenômeno mórbido, enquanto,<br />

para o crente, é a incredulidade mesma que é hoje a grande doença social. Do<br />

mesmo modo, para o socialista, a organização econômica atual é um fato de<br />

teratologia social, ao passo que, para o economista ortodoxo, as tendências

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