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A RELEVÂNCIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO COMBATE AO<br />

BULLYING NA EDUCAÇÃO FÍSICA<br />

Suzan<strong>na</strong> Kelly Da Silva 1<br />

Eixo temático: Educação, Socieda<strong>de</strong> e Práticas Educativas.<br />

Resumo<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste artigo é refletir a problemática do <strong>bullying</strong> <strong>no</strong> âmbito escolar da Educação<br />

Física apontando a <strong>relevância</strong> da criação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> inclusão social e<br />

luta contra <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e discrimi<strong>na</strong>ção <strong>no</strong> <strong>combate</strong> à esse fenôme<strong>no</strong>. O <strong>bullying</strong> abrange<br />

todas as formas <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s agressivas e intencio<strong>na</strong>is. Para tanto, foi feita uma revisão<br />

bibliográfica, através <strong>de</strong> consultas em livros e busca <strong>de</strong> artigos científicos. A partir daí,<br />

percebeu-se que <strong>na</strong> área da Educação Física ainda não há programas educacio<strong>na</strong>is voltados<br />

para a i<strong>de</strong>ntificação, prevenção e controle <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> violência. Tor<strong>na</strong>ndo-se necessária, a<br />

criação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> durante toda a educação básica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil até o<br />

último a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong> médio, que <strong>de</strong>senvolvam estratégias que propiciem inclusão social e<br />

cidadania <strong>no</strong> ambiente escolar.<br />

Palavras-chave: Bullying, Educação Física, Políticas Públicas.<br />

Abstract<br />

The aim of this paper is to reflect the problem of <strong>bullying</strong> in the school of Physical Education<br />

showing the importance of creating public policies towards social inclusion. Bullying covers<br />

all forms of aggressive attitu<strong>de</strong>s and intentio<strong>na</strong>l. For this, we performed a literature review,<br />

through consultations, in search of books and scientific articles. From there, it was realized<br />

that the area of Physical Education there is <strong>no</strong> educatio<strong>na</strong>l programs directed towards the<br />

i<strong>de</strong>ntification, prevention and control of such violence. Becoming necessary, the creation of<br />

public policies throughout the basic education, from kin<strong>de</strong>rgarten to the last year of high<br />

school, to <strong>de</strong>velop strategies that foster social inclusion and citizenship in the school<br />

environment.<br />

Key words: Bullying, Physical Education, Public Policy.<br />

1 Graduanda, PET/Conexões <strong>de</strong> Saberes: Avaliação <strong>de</strong> Políticas Públicas em Ações Afirmativas para a Juventu<strong>de</strong><br />

(PET/MEC/SESu), Licenciatura em Educação Física (UFRPE). E-mail: subiologia@hotmail.com


Introdução<br />

È <strong>no</strong>torea a necessida<strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> atual tem <strong>de</strong> discultir o Bullying <strong>no</strong> ambiente<br />

escolar, <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> aumento dos conflitos nesse espaço educativo. O Bullying é a palavra<br />

inglesa, que quer dizer “usar do po<strong>de</strong>r” ou a força para intimidar, excluir, implicar, humilhar,<br />

não dá atenção, fazer pouco caso e perseguir os outros. O que diferencia uma antiga “zoada”<br />

do atual <strong>bullying</strong> é a intenção daquele que provoca um colega: humilhar repetidamente por<br />

muito tempo outro indivíduo. Nesse, processo existe uma clara diferença entre o mais forte e<br />

o mais fraco, sendo difícil a quebra <strong>de</strong>ssa relação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Uma ocorrência das mais comuns, <strong>na</strong>s escolas, está relacio<strong>na</strong>da <strong>ao</strong>s apelidos. Nada<br />

passa <strong>de</strong>spercebido: orelhas <strong>de</strong> aba<strong>no</strong>, obesida<strong>de</strong>, estrabismo, cabeça gran<strong>de</strong>, per<strong>na</strong>s tortas,<br />

gagueira, <strong>na</strong>riz proeminente e até <strong>de</strong>ficiências físicas. Os <strong>no</strong>mes e sobre<strong>no</strong>mes não são<br />

poupados, e até mesmo os dos pais servem <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong> críticas e rimas. A situação piora<br />

quando os gracejos são acompanhados <strong>de</strong> ameaças e agressões físicas.<br />

Essas vítimas ficam amedrontadas e como <strong>de</strong>corrência po<strong>de</strong>m apresentar<br />

rebaixamento em sua auto-estima, níveis variados <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, isolamento social bem como<br />

fobia escolar caso o <strong>bullying</strong> esteja ocorrendo <strong>na</strong> instituição educacio<strong>na</strong>l on<strong>de</strong> o sujeito esteja<br />

matriculado.<br />

Crianças e adolescentes que passam por tal tipo <strong>de</strong> constrangimento sofrem muito e,<br />

quase sempre, os pais ficam sem enten<strong>de</strong>r a causa da aversão repenti<strong>na</strong> que os filhos tomam<br />

pela escola, com pedidos constantes para que faltem às aulas.<br />

As vítimas do <strong>bullying</strong> são <strong>no</strong>rmalmente tímidas, fracas e frágeis. São incapazes <strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> reagir. Geralmente são discrimi<strong>na</strong>das por ter alguma diferença, como serem<br />

negras, <strong>de</strong>ficientes físicas, altas, baixinhas ou gordinhas, ou mesmo por terem sotaques<br />

diferentes, tirarem boas <strong>no</strong>tas ou não apresentar bom <strong>de</strong>sempenho <strong>no</strong>s esportes. Em alguns<br />

casos, algumas tor<strong>na</strong>m-se vítimas-agressoras: agredindo outras crianças, <strong>de</strong>scontando e<br />

transferindo os maus-tratos sofridos. Outras se transformam em vítimas provocadoras, ou<br />

seja, buscam irritar o agressor, mas não conseguem se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r quando intimadas pelo<br />

“valentão”.<br />

O <strong>bullying</strong> é divulgado como uma prática consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> violência <strong>no</strong> âmbito da<br />

escola a pouco tempo, <strong>no</strong> entanto, essa a prática não é recente. O que modificou-se foi a<br />

forma como a socieda<strong>de</strong> tem enfrentado essa problemática, em especial <strong>no</strong> espaço escolar que<br />

não tem mais o papel discipli<strong>na</strong>dor <strong>de</strong> antes. Atualmente, po<strong>de</strong>mos dizer que o <strong>bullying</strong>


passou da esfera da escola, pois tem causado problemas sociais graves, principlamente<br />

envolvendo casos <strong>de</strong> suicídios e massacres. Milhões <strong>de</strong> cindivíduos sofrem <strong>bullying</strong> e as<br />

estatísticas só aumentam cada vez mais. Sendo assim, é fundamental avaliar o que <strong>de</strong> fato está<br />

acontecendo para que a ocorrência <strong>de</strong>sse fenôme<strong>no</strong> esteja cada vez mais alarmante.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que esse problema ocorre em todos os lugares, não ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong>s escolas<br />

( SALGADO, 2010).<br />

E nesse caso, é importante que as <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>sso país estejam voltadas<br />

para garantir um bom <strong>de</strong>senvolvimento intelectual, psicológico e social para os indivíduos,<br />

pois os mesmos, <strong>de</strong>vem apresentam um estilo <strong>de</strong> vida ativo e com possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> evolução.<br />

Levando em consi<strong>de</strong>ração isso, percebe-se que a Educação Física enquanto prática<br />

corporal, po<strong>de</strong> reforçar o <strong>bullying</strong> criando estereótipos, ou po<strong>de</strong> também, ser uma importante<br />

ferramenta <strong>no</strong> <strong>combate</strong> a esse mal que cresce assustadoramente <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> contemporânea e<br />

apresenta consequências sinistras <strong>ao</strong> seu ser causando dor e angústia respectivamente <strong>no</strong><br />

ambiente escolar com profundos reflexos <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física.<br />

E <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, consi<strong>de</strong>ra-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenções dos<br />

professores, visto que, eles estabelecem uma relação direta com seus alu<strong>no</strong>s, tendo<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> influenciá-los, principalmente, em seu comportamento.<br />

Nesse sentido, verifica-se a importâcia <strong>de</strong> a<strong>na</strong>lisar sobre essa prática que sempre foi<br />

comum <strong>na</strong>s escolas, mas que cada vez mais vem se agravando. Para assim, buscar refletir e<br />

intervir <strong>no</strong> meio social <strong>de</strong> forma a <strong>combate</strong>r o <strong>bullying</strong> em todas as suas dimensões.<br />

Uma visão do Bullying <strong>no</strong> cotidia<strong>no</strong> das aulas <strong>de</strong> Educação Física<br />

A Educação Física é uma discipli<strong>na</strong> curricular <strong>de</strong> enriquecimento cultural,<br />

fundamental à formação da cidadania dos alu<strong>no</strong>s, baseada num processo <strong>de</strong> socialização <strong>de</strong><br />

valores morais, éticos e estéticos, que se baseia em princípios humanistas e <strong>de</strong>mocráticos.<br />

Essa discipli<strong>na</strong> curricular, é relevante e necessária <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolvimento juvenil, pois<br />

propicia <strong>ao</strong>s discentes uma maior exposição <strong>na</strong>s aulas práticas das suas potencialida<strong>de</strong>s e<br />

limitações. Essas últimas, <strong>na</strong> maior parte das vezes, são fatores que <strong>de</strong>sencan<strong>de</strong>iam o<br />

surgimento do fenôme<strong>no</strong> <strong>bullying</strong> com conseqüências imprevisíveis.<br />

É comum <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física, verificarmos o <strong>de</strong>srespeito <strong>de</strong> alu<strong>no</strong>s entre si<br />

e com os professores, mediante a situações que muitas vezes são acarretadas por questões <strong>de</strong><br />

“po<strong>de</strong>r” e que interferem gradativamente <strong>na</strong>s condutas dos indivíduos.


Os educandos trocam chutes, se ferem, se batem, quebram pertences, humilham,<br />

discrimi<strong>na</strong>m, fazem gozações, colocam apelidos constrangedores entre outros. E se<br />

aproveitam das limitações <strong>de</strong> seus colegas <strong>na</strong>s ativida<strong>de</strong>s físicas para <strong>de</strong>smoralizá-los e<br />

mostrar superiorida<strong>de</strong>. Impondo assim, seu papael <strong>de</strong> impositor.<br />

É evi<strong>de</strong>nte, que este fenôme<strong>no</strong> para os alu<strong>no</strong>s que praticam são ape<strong>na</strong>s brinca<strong>de</strong>iras e<br />

não tem <strong>na</strong>da com o que se preocupar, porém, para aqueles que sofrem essa violência isso se<br />

tor<strong>na</strong> temor e insatisfação em suas ativida<strong>de</strong>s físicas, pois os mesmos sentem-se incapazes <strong>de</strong><br />

realizar algo mediante <strong>ao</strong>s <strong>de</strong>boches dos outros.<br />

Diante disso, a Educação Física voltada para a formação da cidadania dos<br />

alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong>ve ser crítica <strong>ao</strong> mo<strong>de</strong>lo que reproduz [...] "a margi<strong>na</strong>lização, os<br />

estereótipos, a individualida<strong>de</strong>, a competição discrimi<strong>na</strong>tória, a intolerância<br />

com as diferenças, <strong>de</strong>ntre outros valores que reforçam as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, o<br />

autoritarismo, etc..." (RESENDE e SOARES, 1997, p.33).<br />

A partir daí, enten<strong>de</strong>-se que a violência é bem mais ampla e se manifesta <strong>no</strong>s<br />

relacio<strong>na</strong>mentos educativos, como <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>-aprendizagem e <strong>no</strong> currículo escolar<br />

(CÉZAR & NETA, 2008).<br />

O papel do professor <strong>de</strong> Educação Física <strong>no</strong> <strong>combate</strong> <strong>ao</strong> Bullying<br />

A escola, <strong>de</strong>pois do núcleo familiar, é o primeiro contato do jovem com a socieda<strong>de</strong>.<br />

E, também, representa um local que recebe constantemente influências negativas, como a<br />

violência. E isso, têm gerado investimentos elevados em segurança com câmeras, seguranças<br />

particulares, <strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> metais, muros, gra<strong>de</strong>s mais arrojadas, entre outros.<br />

De acordo com Abrapia (2005) a violência escolar é uma questão que requer um olhar<br />

atento dos profissio<strong>na</strong>is da educação, entretanto, quando a tratamos, geralmente visualizamos<br />

ape<strong>na</strong>s uma série <strong>de</strong> situações <strong>na</strong>s quais está limitada ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> agressivida<strong>de</strong> física. Nessa<br />

perspectiva, consi<strong>de</strong>ra-se o bulliyng um problema mundial, sendo encontrado em toda e<br />

qualquer instituição, seja ela primária ou secundária, pública ou privada, rural ou urba<strong>na</strong>;<br />

católica, metodista, evangélica, espírita ou <strong>de</strong>mais religiões.<br />

Para isto, os profissio<strong>na</strong>is da educação, <strong>de</strong>vem dar a sua contribuição para a superação<br />

<strong>de</strong>ssa violência, que <strong>de</strong>ixa marcas, por vezes irreversíveis <strong>no</strong>s alu<strong>no</strong>s, seja <strong>no</strong> aspecto<br />

corporal, moral ou emocio<strong>na</strong>l. E pra isso, é preciso incentivar uma convivência pacífica entre<br />

os educandos, inserir <strong>no</strong> currículo escolar os valores huma<strong>no</strong>s, algo já tão esquecido em <strong>no</strong>sso<br />

cotidia<strong>no</strong>. Eles servirão contra as discrimi<strong>na</strong>ções e preconceitos <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> cada vez<br />

mais individualista, egoísta e exclu<strong>de</strong>nte.


Em relação à atuação do profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Educação Física, é importante ficar atento <strong>ao</strong>s<br />

casos <strong>de</strong> resistência sem explicação para freqüentar as aulas, medo ou ansieda<strong>de</strong> exagerada às<br />

ativida<strong>de</strong>s oferecidas e reclamações <strong>de</strong> distúrbios do so<strong>no</strong>. Num quadro mais <strong>de</strong>licado<br />

aparecem dores <strong>de</strong> cabeça e estômago, especialmente em dias <strong>de</strong> aula.<br />

Para mudar essa situação é essencial i<strong>de</strong>ntificar, intervir, <strong>combate</strong>r, prevenir e<br />

conscientizar os sujeitos <strong>de</strong> forma a fazê-los compreen<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong> do respeito <strong>ao</strong><br />

próximo, da tolerância com o diferente, ensi<strong>na</strong>ndo ainda que “ser diferente” não é sinônimo<br />

<strong>de</strong> ser inferior. O diálogo constante dos professores com os alu<strong>no</strong>s também se tor<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />

extrema importância <strong>no</strong> <strong>combate</strong> e <strong>na</strong> erradicação da violência escolar.<br />

Em certos casos, observa-se a a presença do fenôme<strong>no</strong> <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física,<br />

on<strong>de</strong> os professores apresentam uma postura autoritária e omissa diante <strong>de</strong>sse problema.<br />

Nesse caso, o professor <strong>de</strong>ve ter cuidado para não se converter em agressor, entrando, assim,<br />

em sintonia com os praticantes do <strong>bullying</strong>.<br />

Para isto <strong>de</strong>ve atentar para algumas situações, como: a forma <strong>de</strong> fazer as correções<br />

pedagógicas para não ridicularizar ou rotular alu<strong>no</strong>s, evitar <strong>de</strong>preciações quanto <strong>ao</strong><br />

rendimento <strong>de</strong>les, mostrar preferência por alguns e indiferença a outros, fazer ameaças,<br />

perseguições e comparações entre eles, colocar apelidos pejorativos, <strong>de</strong>ntre outras posturas<br />

i<strong>na</strong><strong>de</strong>quadas. E adotar estratégias <strong>de</strong> prevenção para reduzir a chance <strong>de</strong> acontecimentos e<br />

outros problemas, como, as dificulda<strong>de</strong>s emocio<strong>na</strong>is e <strong>de</strong> aprendizagem.<br />

Nas aulas <strong>de</strong> Educação Física, o profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong>ve procurar i<strong>de</strong>ntificar se exite <strong>bullying</strong><br />

em suas aulas, uma vez i<strong>de</strong>ntificado é importante verificar os agressores e os agredidos, e<br />

observar qual o papel <strong>de</strong>sempenhado por eles <strong>na</strong>s aulas.<br />

Outras estratégias relevantes para a prevenção <strong>de</strong>sse fenôme<strong>no</strong> seriam a elaboração e a<br />

utilização, em aulas <strong>de</strong> educação física, <strong>de</strong> materiais impressos, como livros infantis, infanto-<br />

juvenis, gibis e literatura <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>l, que discutam criticamente o <strong>bullying</strong>. Além <strong>de</strong> explorar<br />

os conceitos <strong>de</strong> valores huma<strong>no</strong>s, respeito mútuo, solidarieda<strong>de</strong>, cooperação e cidadania entre<br />

os alu<strong>no</strong>s.<br />

Uma forma <strong>de</strong> buscar a integração do alu<strong>na</strong>do seria a implementação nessas ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> jogos cooperativos, que apresentam-se como uma boa estratégia para a superação <strong>de</strong><br />

conflitos associados <strong>ao</strong> fenôme<strong>no</strong> <strong>bullying</strong>. Pois segundo Amaral (2004), o jogo cooperativo<br />

busca aproveitar as condições, capacida<strong>de</strong>s, qualida<strong>de</strong>s ou habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada indivíduo,<br />

aplicá-las em um grupo e tentar atingir um objetivo comum".


Estes jogos promovem a auto-estima e a convivência, sendo dirigidos para a<br />

prevenção <strong>de</strong> problemas sociais, antes <strong>de</strong> se tor<strong>na</strong>rem problemas reais. Percebe-se que durante<br />

essas ativida<strong>de</strong>s os alu<strong>no</strong>s jogam uns com os outros e não contra, tor<strong>na</strong>ndo-se parceiros,<br />

solidários e não adversários, os participantes jogam pelo prazer <strong>de</strong> jogar, <strong>de</strong>senvolvendo a<br />

autoconfiança e o o senso <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> <strong>no</strong> grupo (AMARAL, 2004).<br />

A construção coletiva das regras <strong>de</strong> conduta e critérios <strong>de</strong> convivência <strong>na</strong>s aulas,<br />

po<strong>de</strong>m garantir o compromisso e a responsabilida<strong>de</strong> <strong>no</strong> cumprimento <strong>de</strong>stas. Vale ressaltar,<br />

que os conteúdos atitudi<strong>na</strong>is <strong>de</strong>vem ser valorizados, contribuindo também para o processo<br />

avaliativo dos alu<strong>no</strong>s.<br />

Os professores <strong>de</strong> Educação Física, <strong>de</strong>vem levar em consi<strong>de</strong>ração que a indiferença às<br />

diferenças acentuam e reforçam as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e, sendo assim, precisamos ampliar as<br />

oportunida<strong>de</strong>s para que todos possam <strong>de</strong>sfrutar do aprendizado <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos conhecimentos,<br />

experiências e valores relacio<strong>na</strong>dos à cultura corporal do movimento, bem como, da<br />

apreensão da prática social i<strong>de</strong>ntificada com a formação <strong>de</strong> uma cidadania humanista e<br />

<strong>de</strong>mocrática.<br />

Mas para que isso ocorra é fundamental que <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> socialização prevaleçam<br />

os princípios <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, cujos direitos sejam os mesmos para todos, e interação pessoal,<br />

baseado <strong>no</strong> respeito e tolerância às diferenças individuais.<br />

A partir do momento em que alu<strong>no</strong>s, professores e funcionários conseguem manter<br />

vínculos concretos <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> e respeito, a escola se tor<strong>na</strong> um local agradável e<br />

convidativo para práticas educativas, <strong>políticas</strong> e culturais. Mas, se por outro lado, essa<br />

afetivida<strong>de</strong> não existe entre os sujeitos, a escola com certeza se tor<strong>na</strong>rá um lugar in<strong>de</strong>sejado<br />

para se conviver, repleto <strong>de</strong> violência e conflitos que prejudicaram o <strong>de</strong>sempenho intelectual<br />

eo equilíbrio emocio<strong>na</strong>l, não só dos alu<strong>no</strong>s, mas <strong>de</strong> todos os que convivem <strong>na</strong> escola. “Investir<br />

<strong>na</strong> melhoria da relação professor-alu<strong>no</strong> é um alvo a ser <strong>de</strong>stacado, dada a sua <strong>relevância</strong><br />

<strong>na</strong>atuação sob a violência e <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> características individuais, como a<br />

autoestima” (MARRIEL, 2006, p.46).<br />

A falta <strong>de</strong> atenção <strong>de</strong> professores e funcionários escolares com relação <strong>ao</strong> <strong>bullying</strong> é<br />

algo grave, pois, po<strong>de</strong> ocasio<strong>na</strong>r a evasão escolar <strong>de</strong> muitos alu<strong>no</strong>s que por não conseguirem<br />

se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r acabam <strong>de</strong>sistindo <strong>de</strong> freqüentar a escola.


Portanto, as reclamações dos alu<strong>no</strong>s apresentam importância para <strong>de</strong>tectarmos a<br />

presença <strong>de</strong>sse fenôme<strong>no</strong>, sendo assim, não <strong>de</strong>vemos mandar o alu<strong>no</strong> revidar ou ig<strong>no</strong>rarmos o<br />

fato, mas sim, buscarmos os procedimentos a<strong>de</strong>quados e as providências corretas.<br />

Professores e profissio<strong>na</strong>is escolares <strong>de</strong>veriam ser todos qualificados para saber<br />

abordar e <strong>combate</strong>r a violência e a discrimi<strong>na</strong>ção, principalmente <strong>na</strong> escola, tratando os alu<strong>no</strong>s<br />

com igualda<strong>de</strong>, respeitando suas diversida<strong>de</strong>s culturais e sociais.<br />

A <strong>relevância</strong> <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> como forma <strong>de</strong> inclusão social <strong>na</strong>s escolas<br />

Políticas <strong>públicas</strong> são um conjunto <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo Estado, <strong>no</strong> caso<br />

brasileiro, <strong>na</strong>s escalas fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal, com vistas <strong>ao</strong> bem coletivo. Elas po<strong>de</strong>m<br />

ser <strong>de</strong>senvolvidas em parcerias com organizações não gover<strong>na</strong>mentais e, como se verifica<br />

mais recentemente, com a iniciativa privada.<br />

As ações afirmativas são <strong>de</strong>finidas como <strong>políticas</strong> voltadas à concretização da<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e à neutralização dos efeitos da discrimi<strong>na</strong>ção racial, <strong>de</strong> gênero,<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> origem <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l e <strong>de</strong> compleição física. Assumem uma postura pedagógica, não<br />

raramente impreg<strong>na</strong>das <strong>de</strong> um caráter <strong>de</strong> exemplarida<strong>de</strong>, que visam a propagar <strong>no</strong>s atores<br />

sociais a observância do princípio da pluralida<strong>de</strong> e da diversida<strong>de</strong> do convívio huma<strong>no</strong><br />

contidos <strong>na</strong> política <strong>de</strong> compensação/reparação <strong>de</strong> grupos sociais historicamente<br />

margi<strong>na</strong>lizados, através da valorização social, econômica, política e/ou cultural dos mesmos<br />

durante um período limitado <strong>de</strong> tempo (MARCHIORI NETO, KROTH 2005).<br />

Durante muito tempo o <strong>bullying</strong> foi encarado como prática individual <strong>de</strong> falta <strong>de</strong><br />

indiscipli<strong>na</strong> escolar e não como um problema social. Só há poucos a<strong>no</strong>s ele começou e ser<br />

encarado <strong>de</strong>ssa forma, e a partir daí surgiram às discussões para elaboração <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>combate</strong>s <strong>no</strong> âmbito escolar.<br />

Essas primeiras <strong>políticas</strong> incluem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas regras <strong>de</strong> discipli<strong>na</strong><br />

escolar, como a divulgação da existência do problema para alu<strong>no</strong>s, pais, corpo docente e<br />

funcionários.<br />

O <strong>bullying</strong> parece ainda não ser consi<strong>de</strong>rado uma prática grave como realmente é, pois<br />

não é raro a escola isolar o problema <strong>ao</strong> propor a resolução do conflito entre o ofendido e o<br />

ofensor. Essa tentativa <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m geralmente é feita por um profissio<strong>na</strong>l<br />

ligado à psicologia. Esse fenôme<strong>no</strong> não po<strong>de</strong> ser tratado como outras questões em que se po<strong>de</strong><br />

chegar a um acordo entre as partes. Não há acordo, pois discrimi<strong>na</strong>r, violentar, inferiorizar,


não po<strong>de</strong>m ser condutas socialmente aceitas. É necessária uma atitu<strong>de</strong> mais profunda e <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> valia para ambos os interessados.<br />

A atuação para o <strong>combate</strong> <strong>ao</strong> <strong>bullying</strong> somente tem sentido quando feita tentando<br />

apresentar como a conduta é maléfica socialmente. Nesse caso, a escola tem <strong>de</strong> surgir como<br />

uma esfera discipli<strong>na</strong>dora, po<strong>de</strong>ndo impor medidas repressivas a<strong>de</strong>quadas <strong>ao</strong> caso. O que<br />

importa é gerar a socialização, quebrar a autorida<strong>de</strong> do ofensor, levando-o a consi<strong>de</strong>rar o<br />

outro. A escola não po<strong>de</strong> se omitir nesses casos precisa incluir os cidadãos <strong>de</strong> forma a integrá-<br />

los <strong>no</strong> meio social como participantes <strong>de</strong> uma mesma socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> todos têm direitos e<br />

<strong>de</strong>veres e por isso <strong>de</strong>vem ser respeitados.<br />

Sabemos que há uma limitação para a ação da escola, que lhe é particular. Nesses<br />

casos, enten<strong>de</strong>-se que chamar outras instituições como a família e até o Estado é fundamental.<br />

Essas outras instituições po<strong>de</strong>rão confirmar para levar o comportamento social do ofensor à<br />

socialização. Para tentar resolver o problema é preciso o envolvimento <strong>de</strong> toda a socieda<strong>de</strong>.<br />

Daí a importância da criação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> para <strong>combate</strong>r essa violência, pois as<br />

medidas existentes hoje só atuam <strong>de</strong> forma a repreen<strong>de</strong>r o agressor, sendo preciso também<br />

a<strong>na</strong>lisar os outros participantes como um todo, seja o ofendido, o ofensor e os indivíduos que<br />

presenciam esses acontecimentos.<br />

A intervenção direta, caso a caso é possível, especialmente em casos em que a<br />

intervenção da família e da escola para resolução não <strong>de</strong>ram resultado, com atuação do po<strong>de</strong>r<br />

judiciário e do Ministério Público.<br />

O <strong>bullying</strong> somente po<strong>de</strong> ser combatido <strong>no</strong> seu núcleo com uma política que leve a<br />

conscientização da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se viver em socieda<strong>de</strong> e não querer o extermínio do outro.<br />

Nesse sentido o <strong>combate</strong> a essa prática tem <strong>de</strong> ser feita por uma política <strong>de</strong> educação, que não<br />

po<strong>de</strong> ser restringida ape<strong>na</strong>s à escola.<br />

Na era da "Pedagogia da Inclusão" ainda constatamos <strong>no</strong> contexto escolar, vários tipos<br />

<strong>de</strong> exclusões, discrimi<strong>na</strong>ções, rejeições e perseguições permeando as relações interpessoais.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que a socieda<strong>de</strong> atual apresenta um quadro <strong>de</strong> inversão <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong><br />

violência explícita, a escola têm uma difícil missão <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o senso crítico em seus<br />

alu<strong>no</strong>s, visando uma socieda<strong>de</strong> plural, <strong>de</strong> tolerância às diferenças e frater<strong>na</strong>, pautada em<br />

princípios éticos, estéticos e morais.<br />

O Estado não po<strong>de</strong> se omitir <strong>de</strong> legislar sobre essa conduta tão grave que vem<br />

causando sérios problemas sociais.


A legislação estadual prevê a escola como esfera que po<strong>de</strong> implantar <strong>políticas</strong> anti-<br />

<strong>bullying</strong>, permitindo inclusive a aplicação <strong>de</strong> sanções <strong>no</strong> caso <strong>de</strong>ssa prática. Porém, <strong>de</strong>ixa a<br />

critério da escola estabelecer as <strong>no</strong>rmas e limites para aplicação das sanções discipli<strong>na</strong>res. A<br />

lei não faz menção a impossibilida<strong>de</strong> da escola em atuar em casos <strong>de</strong> <strong>bullying</strong> grave, em que a<br />

sanção discipli<strong>na</strong>r não é eficaz. Po<strong>de</strong>ria-se pensar <strong>no</strong> âmbito da escola, ou mesmo <strong>de</strong> um<br />

grupo <strong>de</strong> escolas, <strong>de</strong> implementar uma comissão para tratar exclusivamente <strong>de</strong>sse problema,<br />

possibilitando que fossem implantadas <strong>políticas</strong> <strong>de</strong> prevenção por pessoas que tivessem a<br />

verda<strong>de</strong>ira dimensão do problema do <strong>bullying</strong>. Esta comissão po<strong>de</strong>ria inclusive a<strong>na</strong>lisar os<br />

casos e <strong>de</strong>cidir por uma sanção. A legislação estadual existente coloca essas tarefas para os<br />

funcionários já existentes da escola, dificultando a resolução do problema, uma vez que já há<br />

extensas atribuições para diretores e seus secretários e também dos professores<br />

(SALGADO, 2010).<br />

Nos casos graves <strong>de</strong>veria haver uma obrigatorieda<strong>de</strong> da escola reportar a conduta <strong>ao</strong><br />

Ministério Público, sob pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> ser conivente com a conduta do <strong>bullying</strong>, evitando com isso<br />

uma postura omissa da escola.<br />

As <strong>políticas</strong> <strong>de</strong> <strong>bullying</strong> terão pouco efeito quando se procurar ape<strong>na</strong>s admiti-lo. Essa é<br />

ape<strong>na</strong>s uma das práticas a serem adotadas, mas não po<strong>de</strong> ser a única. Elas <strong>de</strong>vem também<br />

estimular as <strong>de</strong>núncias da prática, amparar vítimas e testemunhas, informar da prática e das<br />

suas conseqüências <strong>ao</strong>s pais/professores/população, promover a socialização da criança <strong>na</strong><br />

escola com difusão da importância <strong>de</strong> se viver em uma socieda<strong>de</strong> plural e <strong>de</strong>mocrática,<br />

difundir que a discrimi<strong>na</strong>ção/racismo/<strong>de</strong>srespeito às pessoas é uma atitu<strong>de</strong> negativa<br />

socialmente e tem <strong>de</strong> ser evitada, valorizar os jovens ouvindo-os e criando campos <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>ira integração social, etc.<br />

Essa ação negativa é complexa e para ser coibida tem <strong>de</strong> contar com todas as esferas<br />

da socieda<strong>de</strong>. Que <strong>de</strong>vem lutar pela inclusão social e propiciar à comunida<strong>de</strong> a reflexão sobre<br />

sua própria realida<strong>de</strong> é dar-lhe direito <strong>de</strong> exercer a cidadania, a <strong>de</strong>mocracia e a criativida<strong>de</strong> <strong>na</strong><br />

busca <strong>de</strong> soluções para seus próprios problemas, colocando em prática valores que <strong>de</strong>vem<br />

permanecer enraizados <strong>no</strong> pensamento e <strong>na</strong>s atitu<strong>de</strong>s dos alu<strong>no</strong>s em sua vida adulta. É, acima<br />

<strong>de</strong> tudo, uma maneira solidária <strong>de</strong> cada um fazer a sua parte e, conjuntamente, modificar o<br />

ambiente em que vive, resultando, como conseqüência, <strong>na</strong> modificação da própria socieda<strong>de</strong>.


A escola tem como meta formar cidadãos que sejam capazes <strong>de</strong> refletir sobre o certo e<br />

errado, para que percebam que viver em socieda<strong>de</strong> significa ter direitos e cumprir <strong>de</strong>veres,que<br />

também po<strong>de</strong>m construir <strong>no</strong>vos direitos e rever os que já existem (PCN, 1997, p. 55).<br />

A exclusão <strong>na</strong>s escolas acarreta <strong>de</strong>scontentamento e discrimi<strong>na</strong>ção social, já o ensi<strong>no</strong><br />

incluso serve para todos, e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s físicas, <strong>de</strong>ficiência, classe social ou<br />

origem cultural aten<strong>de</strong> as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos os indivíduosSendo assim, a família, veículo<br />

<strong>na</strong> formação da perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> do indivíduo, <strong>de</strong>ve estabelecer um laço afetivo, baseado em<br />

uma relação <strong>de</strong> carinho, amor, respeito, tolerância, cooperação, solidarieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvendo<br />

a auto-estima e a autoconfiança da criança, possibilitando-a lidar com seus próprios<br />

sentimentos, emoções e com os conflitos surgidos <strong>na</strong>s relações interpessoais, criando<br />

mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e <strong>de</strong> auto-superação (FANTE, 2005).<br />

Tendo a escola, consciência <strong>de</strong> que o Bullying não é um problema <strong>de</strong> sua exclusiva<br />

responsabilida<strong>de</strong>, mas que, <strong>no</strong> entanto, sua omissão po<strong>de</strong> vir também a contribuir para a<br />

conduta agressiva do indivíduo, <strong>de</strong>ve tomar medidas <strong>de</strong> intervenção que incentivem a<br />

participação e o acompanhamento dos pais <strong>na</strong> vida escolar das crianças, conscientizando-os<br />

<strong>de</strong> seu papel.<br />

Metodologia<br />

Este estudo trata-se <strong>de</strong> uma pesquisa bibliográfica, este tipo <strong>de</strong> pesquisa é<br />

<strong>de</strong>senvolvida apartir do material já elaborado, constituído principalmente <strong>de</strong> livros e artigos<br />

científicos (GIL, 2010). Partimos do pressuposto <strong>de</strong> que é essencial o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

uma compreensão mais abrangente sobre Bullying <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> educação física. A fim <strong>de</strong><br />

melhor situar <strong>no</strong>sso interesse <strong>de</strong> pesquisa, proce<strong>de</strong>mos a uma verificação em livros, teses e<br />

artigos referentes à Bullying <strong>na</strong>s escolas. Buscamos junto à literatura refletir a problemática<br />

do <strong>bullying</strong> <strong>no</strong> âmbito escolar da Educação Física apontando a <strong>relevância</strong> da criação <strong>de</strong><br />

<strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> inclusão social e luta contra <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> e discrimi<strong>na</strong>ção <strong>no</strong><br />

<strong>combate</strong> à esse fenôme<strong>no</strong>.<br />

Resultados<br />

A Educação Física, como prática corporal, po<strong>de</strong> reforçar o <strong>bullying</strong> criando<br />

estereótipos, ou po<strong>de</strong> também, ser uma importante ferramenta <strong>no</strong> <strong>combate</strong> a esse mal que<br />

cresce assustadoramente <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong> contemporânea e apresenta consequências alarmantes.<br />

A partir daí <strong>de</strong>sse estudo, observou-se que <strong>na</strong> área da Educação Física ainda não há<br />

programas educacio<strong>na</strong>is voltados para a i<strong>de</strong>ntificação, prevenção e controle <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong>


violência. Tor<strong>na</strong>ndo-se necessária, a criação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> durante toda a educação<br />

básica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil até o último a<strong>no</strong> do ensi<strong>no</strong> médio, que <strong>de</strong>senvolvam<br />

estratégias que propiciem inclusão social e cidadania <strong>no</strong> ambiente escolar.<br />

Além disso, i<strong>de</strong>ntificou-se também que o ambiente escolar é um local on<strong>de</strong> se acredita<br />

ser seguro e saudável, o qual os alu<strong>no</strong>s passam boa parte <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>senvolvimento. E nesse<br />

caso, é fundamental propor uma política para se conter o <strong>bullying</strong>, incluindo as pessoas <strong>no</strong><br />

meio social em que vivem tendo direito a dignida<strong>de</strong>, respeito e auto<strong>no</strong>mia em suas ações.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervenções dos professores, visto que, eles estabelecem<br />

uma relação direta com seus alu<strong>no</strong>s, tendo possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> influenciá-los, principalmente,<br />

em seu comportamento.<br />

A Educação Física tem por fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> a construção <strong>de</strong> indivíduos<br />

críticos, e por meio <strong>de</strong> jogos os discentes <strong>de</strong>senvolvem o respeito mútuo e<br />

incentivam a participação <strong>de</strong> forma leal, frater<strong>na</strong> e não violenta das<br />

ativida<strong>de</strong>s. Tal prática permite a adoção, outrossim, <strong>de</strong> posturas éticas diante<br />

do esporte, compreen<strong>de</strong>m com profundida<strong>de</strong> o princípio da alterida<strong>de</strong><br />

(BRASIL, 1997, p. 30).<br />

Ao a<strong>na</strong>lisar esse trecho, percebe-se a responsabilida<strong>de</strong> que as aulas <strong>de</strong> Educação Física<br />

tem <strong>na</strong> fomação <strong>de</strong> sujeitos e fácil <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>bullying</strong>, já que a indiferença às<br />

diferenças estão bem presentes nessa discipli<strong>na</strong>, acentuando e reforçando as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s.<br />

Durante as análises, verificou-se que, a criação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> <strong>no</strong> <strong>combate</strong> <strong>ao</strong> <strong>bullying</strong><br />

são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>relevância</strong> <strong>na</strong>s instituições escolares, em especial <strong>na</strong>s aulas <strong>de</strong> Educação Física,<br />

já que são poucas as leis para combatê-lo.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Fi<strong>na</strong>is<br />

Ao longo <strong>de</strong>sse estudo, enten<strong>de</strong>mos que as escolas i<strong>de</strong>ntificam ape<strong>na</strong>s algumas<br />

possíveis características do fenôme<strong>no</strong> e apresentam dificulda<strong>de</strong>s <strong>na</strong> compreensão das diversas<br />

situações que envolvem o <strong>bullying</strong>. Talvez tal situação ocorra por que o <strong>bullying</strong> é muito mais<br />

complexo do que se po<strong>de</strong> imagi<strong>na</strong>r, pois engloba características diversas e trata-se <strong>de</strong> uma<br />

violência contínua e sufocante que compromete o <strong>de</strong>senvolvimento da criança,<br />

impulsio<strong>na</strong>ndo-a a <strong>de</strong>senvolver diversos traumas e bloqueios que repercutem sobre toda a sua<br />

vida. Essa <strong>de</strong>ficiência em reconhecê-lo po<strong>de</strong> ocorrer, porque <strong>na</strong> maioria das vezes, as vítimas<br />

<strong>no</strong>rmalmente sofrem caladas, com medo <strong>de</strong> expor a situação <strong>de</strong> repressão e acabam ficando<br />

presas a tal violência, acarretando diversas implicações <strong>no</strong> seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Assim, muitos professores não conseguem i<strong>de</strong>ntificar a manifestação <strong>de</strong>ssa situação.


A escola po<strong>de</strong> ser o caminho para influenciar <strong>na</strong>s mudanças <strong>de</strong> idéias,<br />

comportamentos e valores, tanto para os profissio<strong>na</strong>is atuantes da escola que precisam estar<br />

preparados para enfrentar o <strong>bullying</strong>, quanto para os alu<strong>no</strong>s que serão capazes <strong>de</strong> agir <strong>de</strong><br />

forma responsável, consciente e autô<strong>no</strong>ma, frente às diversas situações cotidia<strong>na</strong>s. Ela precisa<br />

ser um local seguro, tranqüilo e agradável que permitirá à criança apren<strong>de</strong>r a socializar-se,<br />

<strong>de</strong>senvolver responsabilida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r idéias e, acima <strong>de</strong> tudo, assumir uma auto<strong>no</strong>mia<br />

própria. Porém, para a escola atingir tal objetivo, faz-se necessária a recuperação <strong>de</strong>ste<br />

ambiente permitindo o <strong>de</strong>senvolvimento eficaz do processo <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> aprendizagem.<br />

Portanto, sendo assim cabe <strong>ao</strong> Professor <strong>de</strong> Educaçaõ Física saber i<strong>de</strong>ntificar,<br />

distinguir e diag<strong>no</strong>sticar o fenôme<strong>no</strong> <strong>bullying</strong>, para promover as estratégias <strong>de</strong> intervenção e<br />

prevenção, a<strong>de</strong>quadas à realida<strong>de</strong> da escola. Não existem soluções prontas para o <strong>combate</strong><br />

efetivo <strong>de</strong>ste fenôme<strong>no</strong>, frente à complexida<strong>de</strong> do mesmo.<br />

A busca <strong>de</strong> soluções <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito do comprometimento profissio<strong>na</strong>l e <strong>de</strong> um<br />

trabalho articulado entre diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento científico. A ação conjunta <strong>de</strong> uma<br />

equipe multidiscipli<strong>na</strong>r propiciará possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resultados mais efetivos nesse <strong>combate</strong>,<br />

frente <strong>ao</strong>s diversos acontecimentos que po<strong>de</strong>m ocorrer durante o período <strong>de</strong> permanência<br />

<strong>de</strong>ste fenôme<strong>no</strong>.<br />

O profissio<strong>na</strong>l da Educação Física <strong>de</strong>ve priorizar conteúdos reflexivos que permitam<br />

<strong>ao</strong> alu<strong>no</strong> discernir as situações <strong>de</strong> violência <strong>no</strong> meio esportivo, reflexos da realida<strong>de</strong><br />

contemporânea, <strong>na</strong> perspectiva <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma cultura que priorize valores. Desta<br />

forma, o seu papel é o <strong>de</strong> associar <strong>ao</strong>s conteúdos específicos, o <strong>de</strong>spertar e formar valores,<br />

ensi<strong>na</strong>ndo <strong>ao</strong> educando o compartilhar, o respeitar, o confiar, o enfrentar situações adversas e<br />

a <strong>de</strong>senvolver a resiliência. E, sobretudo, criar um clima on<strong>de</strong> a individualida<strong>de</strong> se alie a<br />

coletivida<strong>de</strong>, intervindo para que todos sejam respeitados e aceitos do jeito que são <strong>de</strong> acordo<br />

com seus potenciais e características.Para que as estratégias <strong>de</strong> intervenção do <strong>bullying</strong> sejam<br />

eficazes, <strong>de</strong>vem ser incluídos, além dos alu<strong>no</strong>s, o corpo docente, os funcionários da escola, os<br />

familiares e a comunida<strong>de</strong> do entor<strong>no</strong>.<br />

Assim sendo, a criação <strong>de</strong> <strong>políticas</strong> anti-<strong>bullying</strong> como ações afirmativas por parte da<br />

direção da escola e <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos dirigentes gover<strong>na</strong>mentais é crucial, e o envolvimento da<br />

comunida<strong>de</strong> escolar (família, funcionários) nesse processo <strong>de</strong> conscientização também é<br />

relevante. Pois, aumenta a inclusão social e integração dos indivíduos <strong>na</strong> socieda<strong>de</strong>, aceitando<br />

as diferenças das pessoas e valorizando a <strong>de</strong>mocracia.


É <strong>na</strong> escola que encontramos um local privilegiado <strong>no</strong> qual po<strong>de</strong>mos refletir sobre as<br />

questões que envolvem não somente pais e filhos mas também educadores e educandos e<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

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Acesso em<br />

01/05/2011.

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