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Fonte: O Globo Seca histórica gera guerra por água no ... - aarffsa

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<strong>Fonte</strong>: O <strong>Globo</strong><br />

<strong>Seca</strong> <strong>histórica</strong> <strong>gera</strong> <strong>guerra</strong> <strong>por</strong> <strong>água</strong> <strong>no</strong> sertão do Nordeste<br />

Estiagem já atinge população de 1.100 municípios da região; furtos e até morte foram registrados em<br />

Pernambuco. Na Bahia, é o pior cenário em 50 a<strong>no</strong>s<br />

Letícia Lins<br />

leticia.lins@oglobo.com.br<br />

MANOEL DOS SANTOS e os netos acompanham o sofrimento da vaca Dourada. Dos 40 animais que tinha<br />

<strong>no</strong> curral, 20 já morreram de sede e fome<br />

O PEQUENO José Willian tenta alimentar um dos bezerros órfãos<br />

EM SERTÂNIA, famílias saem em busca da <strong>água</strong> com ajuda de jumentos<br />

Fotos de Hans von Manteuffel<br />

FLORESTA (PE), TERESINA E SALVADOR.<br />

Considerada a pior dos últimos 50 a<strong>no</strong>s em alguns estados do Nordeste, a seca está provocando um<br />

confronto que só se imaginaria <strong>no</strong> futuro: a <strong>guerra</strong> pela <strong>água</strong>. Em Pernambuco, essa luta já começou com<br />

tiros, morte e exploração da miséria. Protestos desesperados são registrados não só lá, mas em várias<br />

regiões do semiárido, onde a estiagem já se alastra <strong>por</strong> 1.100 municípios. A população pede providências<br />

imediatas dos gover<strong>no</strong>s para amenizar os efeitos devastadores. A situação só não é pior já que as famílias<br />

contam com os programas sociais, como o Bolsa Família. Como observam agricultores, a preocupação <strong>no</strong><br />

momento é maior com os animais, que estão morrendo de sede e fome, do que com as pessoas<br />

Na beira das estradas que conduzem ao sertão, o verde não mais existe. Ao longo das BRs 232 e 110, em<br />

Pernambuco, carroças puxadas a jumentos magros tomam conta das margens em busca de <strong>água</strong>. Nos 100<br />

quilômetros de extensão da PE 360, que liga os municípios sertanejos de Ibimirim e Floresta, há 28 pontilhões<br />

sob os quais os córregos corriam fortes. Hoje, estão todos secos. Até mesmo o leito do Riacho do Navio - que<br />

ganhou fama na voz do cantor Luiz Gonzaga - esturricou. Na última quinta-feira, bois magros tentavam em<br />

vão matar a sede e tudo que encontravam era uma poça de lama escura naquele conhecido afluente do rio<br />

Pajeú.


sob os quais os córregos corriam fortes. Hoje, estão todos secos. Até mesmo o leito do Riacho do Navio - que<br />

ganhou fama na voz do cantor Luiz Gonzaga - esturricou. Na última quinta-feira, bois magros tentavam em<br />

vão matar a sede e tudo que encontravam era uma poça de lama escura naquele conhecido afluente do rio<br />

Pajeú.<br />

Em Pernambuco, 66 municípios do sertão e do agreste estão em estado de emergência reconhecido. O<br />

quadro tende a se agravar já que a tem<strong>por</strong>ada de chuva está encerrada e os conflitos aumentam. Em<br />

Bodocó, <strong>no</strong> início do mês, o agricultor João Batista Cardoso foi cobrar abastecimento regular na sede local da<br />

Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) e acabou morto. João Batista se desentendeu com o<br />

chefe do escritório da estatal, José Laércio Menezes Angelim, que disparou o tiro e hoje está foragido.<br />

"Pipeiros" distribuem<strong>água</strong> em troca de votos<br />

Outra face cruel para as vítimas da seca é a exploração: se <strong>no</strong> passado eram os coronéis que manipulavam<br />

currais eleitorais distribuindo <strong>água</strong>, hoje as denúncias recaem sobre 'pipeiros', <strong>gera</strong>lmente candidatos a<br />

vereador e seus cabos eleitorais, do<strong>no</strong>s dos caminhões de <strong>água</strong>. A situação está tão grave que o gover<strong>no</strong><br />

decidiu rastrear todos os carros-pipa que circulam na caatinga. A Compesa começou a fazer operações para<br />

conter também o furto da <strong>água</strong>. Prevista para durar três meses, as ações contam até com helicóptero.<br />

Até a última quinta-feira, foram detectados treze pontos suspeitos, com registro de desvio para campos<br />

irrigados. A <strong>água</strong> roubada do estado também abastecia reservatórios para carregar pipas e até mesmo um<br />

tanque com 50 mil peixes em Ouricuri. Segundo a Compesa, a perseguição aos furtos é para garantir <strong>água</strong> a<br />

200 mil famílias.<br />

- As barragens ficaram secas, o povo está com sede, mas o carro leva <strong>água</strong> para colher voto. Os do<strong>no</strong>s dos<br />

caminhões ganham <strong>por</strong> dois lados: recebem do gover<strong>no</strong> e o voto do povo. As pessoas prejudicadas não<br />

reclamam <strong>por</strong>que têm medo. Há culpa tanto do estado quanto do município - reclamou Francisco da Silva,<br />

sindicalista da região.<br />

De acordo com o secretário de Agricultura, Ranilson Ramos, há 800 pipas rodando a caatinga, para atender<br />

as famílias.<br />

Na Bahia, a seca é considerada a pior dos últimos 50 a<strong>no</strong>s. A longa estiagem <strong>no</strong> estado já levou 234 dos 407<br />

municípios baia<strong>no</strong>s a decretar estado de emergência. O gover<strong>no</strong> estadual já reconheceu a emergência em<br />

220.<br />

A seca está devastando as lavouras baianas e afetando a pecuária. Os preços dispararam: o quilo do feijão,<br />

<strong>por</strong> exemplo, aumentou 40% este a<strong>no</strong>. Em Salvador já custa R$ 8.<br />

No Piauí, 152 municípios do semiárido, onde vivem 750 mil pessoas, estão sofrendo. No estado, um<br />

caminhão-pipa de até 15 mil litros de <strong>água</strong> não sai <strong>por</strong> me<strong>no</strong>s de R$ 120 e as perdas das lavouras de milho,<br />

feijão e mandioca foram de 100% - contabilizou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura<br />

(Fetag), Evandro Luz.


A seca está devastando as lavouras baianas e afetando a pecuária. Os preços dispararam: o quilo do feijão,<br />

<strong>por</strong> exemplo, aumentou 40% este a<strong>no</strong>. Em Salvador já custa R$ 8.<br />

No Piauí, 152 municípios do semiárido, onde vivem 750 mil pessoas, estão sofrendo. No estado, um<br />

caminhão-pipa de até 15 mil litros de <strong>água</strong> não sai <strong>por</strong> me<strong>no</strong>s de R$ 120 e as perdas das lavouras de milho,<br />

feijão e mandioca foram de 100% - contabilizou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura<br />

(Fetag), Evandro Luz.<br />

- A população padece de sede. Muita gente está há 40 dias sem <strong>água</strong> <strong>por</strong>que não tem dinheiro para comprar.<br />

Plantações inteiras foram perdidas - afirmou Luz.<br />

Os presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais pediram à Central Nacional de Abastecimento<br />

cestas básicas para as famílias enfrentarem a fome.<br />

No estado, não há chuva forte desde julho. Por falta de alimentos, peque<strong>no</strong>s criadores estão soltando o gado<br />

para que os animais procurem <strong>água</strong> e pasto.<br />

- Vivemos a maior seca de <strong>no</strong>ssa história - disse Wilson Martins, governador do Piauí, que em abril participou<br />

da reunião com a presidente Dilma Rousseff, que liberou R$2,7 bilhões para mi<strong>no</strong>rar os efeitos da estiagem e<br />

anunciou a Bolsa <strong>Seca</strong> de R$400. Segundo a Fetag, os recursos ainda não chegaram.<br />

(<br />

Colaboraram Efrém Ribeiro<br />

e Agência A Tarde)<br />

<strong>Fonte</strong>: O <strong>Globo</strong>

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