A Unicamp comenta suas provas - Comvest - Unicamp
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A <strong>Unicamp</strong><br />
<strong>comenta</strong><br />
<strong>suas</strong> <strong>provas</strong><br />
COMISSÃO PERMANENTE<br />
PARA OS VESTIBULARES
Tomás Vega
Coordenadoria Executiva<br />
dos Vestibulares e<br />
Programas Educacionais<br />
Coordenação Executiva<br />
Maria Bernadete M. Abaurre<br />
Coordenação Adjunta<br />
Ernesto Ruppert Filho<br />
Coordenação Acadêmica<br />
Eugênia M. Reginato Charnet<br />
Coordenação de Pesquisa<br />
Mara F. Lazzaretti Bittencourt<br />
Coordenação de Logística<br />
Ary O. Chiacchio<br />
Coordenação de Comunicação Social<br />
Carmo Gallo Netto<br />
Caderno de Questões<br />
Uma publicação da Coordenação<br />
Executiva dos Vestibulares da <strong>Unicamp</strong><br />
Projeto<br />
Coordenação Acadêmica<br />
Coordenação de projeto<br />
Eugênia Maria Reginato Charnet<br />
Apoio gráfico<br />
Carmo Gallo Netto<br />
Projeto gráfico<br />
Grafos Editoração e Comunicação<br />
Fotos<br />
Antoninho Perri<br />
Colaboradores<br />
Alex Antonelli<br />
Antonio Carlos do Patrocínio<br />
Arício Xavier Linhares<br />
Carlos Alberto de Castro Junior<br />
Carlos Roberto Galvão Sobrinho<br />
Cristiane Duarte<br />
Douglas Soares Galvão<br />
Edgar Salvadori de Decca<br />
Enid Yatsuda Frederico<br />
Fosca Pedini Pereira Leite<br />
Haquira Osakabe<br />
Iara Lis Franco S. C. Souza<br />
José de Alencar Simoni<br />
Leandro Russovski Tessler<br />
Lúcia Kopschitz Xavier Bastos<br />
Luiz Marco Brescansin<br />
Maria Augusta Bastos de Mattos<br />
Maria Elisa Quissak P. Martins<br />
Maria Tereza Duarte Paes Luchiari<br />
Matthieu Tubino<br />
Núria Hanglei Cacete<br />
Patrícia Aparecida de Aquino<br />
Regina Célia Bega dos Santos<br />
Rodolfo Ilari<br />
Sandra Maria Carmello Guerreiro<br />
Shirlei Maria Recco Pimentel<br />
Sírio Possenti<br />
Vera Nisaka Solferini
Representantes de Cursos<br />
Arquitetura e Urbanismo<br />
Silvia Aparecida Mikami G. Pina<br />
Artes Cênicas<br />
Verônica Fabrini Machado de Almeida<br />
Ciências Biológicas<br />
Eneida de Paula<br />
Ciência da Computação<br />
Neucimar Jerônimo Leite<br />
Ciências da Terra<br />
Regina Célia Bega dos Santos<br />
Ciências Econômicas<br />
Eugênia Troncoso Leone<br />
Ciências Sociais<br />
Rita de Cássia Lahoz Morelli<br />
Dança<br />
Graziela E. F. Rodrigues<br />
Educação Artística<br />
Gastão Manoel Henrique<br />
Educação Física<br />
Elizabeth Paoliello Machado de Souza<br />
Enfermagem<br />
Eliete Maria Silva<br />
Engenharia Agrícola<br />
Luiz Henrique Antunes Rodrigues<br />
Engenharia de Alimentos<br />
Carlos Alberto Rodrigues Anjos<br />
Engenharia Civil<br />
Marina Sangoi de Oliveira Ilha<br />
Engenharia de Computação<br />
Ivan Luiz Marques Ricarte<br />
Engenharia de Controle e Automação<br />
Geraldo Nonato Telles<br />
Engenharia Elétrica<br />
Cesar José Bonjuani Pagan<br />
Câmara Deliberativa do Vestibular<br />
Engenharia Mecânica<br />
Robson Pederiva<br />
Engenharia Química<br />
Antonio José Gomez Cobo<br />
Estatística<br />
Reinaldo Charnet<br />
Filosofia<br />
Lucas Angioni<br />
Física<br />
Maurício Urban Kleinke<br />
Geociências<br />
Carlos Alberto L. S. Cunha<br />
História<br />
Carlos Roberto Galvão Sobrinho<br />
Letras e Lingüística<br />
Plínio Almeida Barbosa<br />
Licenciatura<br />
Cristina Bruzzo<br />
Matemática Aplicada e Computacional<br />
Edmundo Capelas de Oliveira<br />
Matemática<br />
Claudina Izepe Rodrigues<br />
Medicina<br />
Angélica Maria Bicudo Zeferino<br />
Música<br />
Vicente de Paulo Justi<br />
Odontologia<br />
Fausto Bérzin<br />
Presidente<br />
Angelo Luiz Cortelazzo<br />
Coordenador dos Vestibulares e Programas Educacionais<br />
Maria Bernadete M. Abaurre<br />
Pedagogia<br />
Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira<br />
Química<br />
Pedro Faria dos Santos Filho<br />
Tecnologias<br />
Carlos Augusto da Silva Timoni<br />
Representante da Reitoria<br />
Anésio dos Santos Junior<br />
Representantes da COMVEST<br />
Ary O. Chiacchio<br />
Carmo Gallo Netto<br />
Ernesto Ruppert Filho<br />
Eugênia M. Reginato Charnet<br />
Mara F. Lazzaretti Bittencourt<br />
Representantes do<br />
Ensino Secundário<br />
Sindicato dos Professores de Campinas<br />
Roselene dos Anjos<br />
Coordenadoria de Estudos<br />
e Normas Pedagógicas<br />
Marlene Gardel<br />
Associação dos Professores do Ensino<br />
Oficial do Estado de São Paulo<br />
Maria Quarezemin<br />
Colégio Técnico de Campinas<br />
Edgard Dal Molin Júnior<br />
Colégio Técnico de Limeira<br />
Rosa Maria Machado<br />
Universidade Estadual de<br />
Campinas<br />
Comissão de Vestibulares<br />
Cidade Universitária “Zeferino Vaz”<br />
Barão Geraldo - Campinas - SP<br />
13.083-970<br />
Tel: (19)<br />
289-3130 / 788-7440 / 788-7665<br />
Fax: (19) 289-4070<br />
http://www.convest.unicamp.br<br />
csocial@convest.unicamp.br
Caro estudante, caro professor:<br />
Apresentamos a vocês, novamente com<br />
grande satisfação, este quarto Caderno de<br />
Questões: a <strong>Unicamp</strong> <strong>comenta</strong> <strong>suas</strong> <strong>provas</strong>.<br />
Mantemos, nesta publicação, a mesma<br />
estrutura dos Cadernos anteriores. Aqui podem<br />
ser encontradas as expectativas e os comentários<br />
das bancas elaboradoras sobre os temas<br />
de redação e sobre as questões das várias<br />
disciplinas do Concurso Vestibular <strong>Unicamp</strong><br />
2000. A expectativa de todos nós, que<br />
trabalhamos ao longo de todo o ano na<br />
Comissão Permanente para os Vestibulares<br />
desta Universidade, é de que este material<br />
possa ser tomado como importante referência<br />
para a compreensão dos objetivos das <strong>provas</strong> e<br />
dos critérios empregados em sua correção.<br />
Enfatizamos, mais uma vez, que a leitura atenta<br />
desta publicação já é parte da preparação dos<br />
candidatos para um bom desempenho no nosso<br />
exame. Quanto aos professores, esperamos que,<br />
a partir dos subsídios que aqui oferecemos,<br />
possam realizar um trabalho produtivo junto aos<br />
seus alunos que estão em fase de preparação<br />
para o Vestibular <strong>Unicamp</strong> 2001.<br />
O eixo temático da prova da primeira fase<br />
do Vestibular 2000 foi Água. Tema à primeira<br />
vista singelo, mas que se revela de grande<br />
atualidade e pertinência em uma sociedade<br />
na qual, cada vez mais, por ignorância ou<br />
irresponsabilidade, colocam-se perigosamente<br />
em risco os recursos hídricos necessários à<br />
vida no planeta.<br />
Da mesma forma como no Vestibular<br />
<strong>Unicamp</strong> 1999, cuja primeira fase teve como<br />
tema Brasil 500 Anos, as bancas elaboradoras<br />
tiveram por objetivo mostrar a possibilidade de<br />
trabalho com temas transversais, respondendo<br />
assim às expectativas e recomendações<br />
enfatizadas nos Parâmetros Curriculares<br />
elaborados e divulgados pelo MEC para os vários<br />
ciclos de escolarização. Prestamos assim nossa<br />
contribuição para a discussão a respeito das<br />
possíveis formas de implementação de um<br />
trabalho que, nas salas de aula, integre<br />
efetivamente os conteúdos das várias disciplinas.<br />
Afinal, essa é a maneira de atribuir significado<br />
efetivo às atividades realizadas na escola.<br />
Embora reconheçamos que o momento de<br />
preparação para um exame vestibular,<br />
sobretudo para um exame inteiramente<br />
discursivo como o da <strong>Unicamp</strong>, é bastante<br />
tenso, tanto para os candidatos, como para<br />
seus professores e seus familiares, gostaríamos<br />
de lembrar que essa tensão tem origem, em<br />
grande parte, em uma insegurança a respeito<br />
das <strong>provas</strong>. A partir de que critérios são<br />
elaboradas as <strong>provas</strong> das várias disciplinas? O<br />
que se pretende exatamente avaliar com as<br />
questões? Quais as respostas esperadas? Como<br />
serão corrigidas e pontuadas as respostas dos<br />
candidatos? É no sentido de fornecer respostas<br />
para essas indagações, contribuindo assim<br />
para uma preparação mais tranqüila dos<br />
candidatos, que a <strong>Comvest</strong> elabora e divulga<br />
anualmente este material. Acreditamos que é<br />
dever da Universidade fazer o que estiver ao<br />
seu alcance para ajudar os candidatos a<br />
superarem a tensão associada ao exame<br />
vestibular. Esta publicação deve ser entendida,<br />
portanto, como um passo nessa direção, por<br />
permitir que se estabeleça um canal através do<br />
qual podem dialogar as bancas, os candidatos<br />
e seus professores.<br />
Repetimos, aqui, o que já afirmamos em<br />
anos anteriores: é nosso desejo que o interesse<br />
pela leitura deste Caderno de Questões não se<br />
restrinja apenas aos alunos que prestarão o<br />
Vestibular <strong>Unicamp</strong> 2001 e a seus professores.<br />
As <strong>provas</strong> discursivas do nosso Vestibular<br />
se têm constituído, ao longo dos últimos<br />
catorze anos, em importante espaço de<br />
interação com os docentes de todas as séries<br />
do Ensino Médio, já que os temas e as<br />
questões de todas as <strong>provas</strong> deixam explícitos<br />
os pontos de vista dos docentes da Universidade<br />
relativos à maneira como entendem que<br />
devem ser ensinados e trabalhados os<br />
conteúdos do núcleo comum obrigatório desse<br />
nível escolar. Nossa prova de redação é<br />
exemplo disso. Essa prova, dados os seus<br />
objetivos e a maneira como são elaborados os<br />
temas, reflete uma concepção de trabalho com<br />
leitura e produção de textos que, se bem<br />
entendida, pode influenciar positiva e<br />
produtivamente o trabalho com a linguagem<br />
escrita na escola, contribuindo assim,<br />
efetivamente, para a formação de leitores<br />
críticos e cidadãos participantes, capazes de<br />
expressar de forma clara e coerente <strong>suas</strong><br />
opiniões sobre temas polêmicos e atuais.<br />
Finalmente, vale lembrar que os comentários<br />
e análises constantes deste nosso quarto<br />
Caderno de Questões salientam aquilo que,<br />
em última análise, é um dos principais<br />
objetivos das <strong>provas</strong> do Vestibular da <strong>Unicamp</strong>:<br />
avaliar não só o que os alunos de fato<br />
aprenderam ao longo do Ensino Médio, mas<br />
sobretudo se são capazes de fazer uso dos<br />
conhecimentos adquiridos ao longo de sua<br />
formação para resolver as situações-problema<br />
apresentadas nas questões das nossas <strong>provas</strong>.<br />
Esperamos, assim, que a leitura atenta desta<br />
publicação leve à conclusão de que a eficácia<br />
do processo de ensino e aprendizagem dos<br />
conteúdos de quaisquer disciplinas está, em<br />
grande parte, na definição clara da relevância<br />
de tais conhecimentos para a formação dos<br />
nossos estudantes.<br />
Profª Drª Maria Bernadete Marques Abaurre<br />
Coordenadora Executiva<br />
Comissão Permanente para os Vestibulares<br />
e Programas Educacionais<br />
<strong>Unicamp</strong>
Coordenador Geral da Universidade<br />
Fernando Galembeck<br />
Pró-Reitoria de Pós-Graduação<br />
José Claudio Geromel<br />
Pró-Reitoria de Extensão e<br />
Assuntos Comunitários<br />
Roberto Teixeira Mendes<br />
Unidades de Ensino e Pesquisa<br />
Instituto de Artes<br />
Helena Jank<br />
Instituto de Biologia<br />
Maria Luiza Silveira Melo<br />
Instituto de Computação<br />
Tomasz Kowaltowski<br />
Instituto de Economia<br />
Geraldo Di Giovanni<br />
Instituto de Estudos da Linguagem<br />
Luís Carlos da Silva Dantas<br />
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas<br />
Paulo Celso Miceli<br />
Instituto de Física “Gleb Wataghin”<br />
Carlos Henrique de Brito Cruz<br />
Instituto de Geociências<br />
Newton Müller Pereira<br />
Instituto de Matemática e Estatística<br />
José Luiz Boldrini<br />
Instituto de Química<br />
Celio Pasquini<br />
Faculdade de Ciências Médicas<br />
Mario José Abdalla Saad<br />
Faculdade de Educação<br />
Águeda Bernardete Bittencourt<br />
Faculdade de Educação Física<br />
Pedro José Winterstein<br />
Faculdade de Engenharia Agrícola<br />
José Tadeu Jorge<br />
Faculdade de Engenharia de Alimentos<br />
Gláucia Maria Pastore<br />
Faculdade de Engenharia Civil<br />
Roberto Feijó de Figueiredo<br />
Faculdade de Engenharia Elétrica e de<br />
Computação<br />
Léo Pini Magalhães<br />
Faculdade de Engenharia Mecânica<br />
Antonio Celso F. de Arruda<br />
Faculdade de Engenharia Química<br />
Maria Regina Wolf Maciel<br />
Faculdade de Odontologia de Piracicaba<br />
Antonio Wilson Salum<br />
Centro Superior de Educação Tecnológica<br />
Maria A. Marinho<br />
Colégio Técnico de Campinas<br />
Michel Sadalla Filho<br />
Colégio Técnico de Limeira<br />
Antonio Manuel Queirós<br />
Centros e Núcleos Interdisciplinares<br />
Núcleo de Integração e Difusão Cultural<br />
Vicente de Paulo Justi<br />
Universidade Estadual de Campinas<br />
Reitor<br />
Hermano Tavares<br />
Pró-Reitoria de Graduação<br />
Angelo Cortelazzo<br />
Pró-Reitoria de Desenvolvimento<br />
Universitário<br />
Luis Carlos Guedes Pinto<br />
Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais<br />
Archimedes Perez Filho<br />
Núcleo de Planejamento Energético<br />
Luiz Augusto Barbosa Cortez<br />
Núcleo de Estudos Estratégicos<br />
Eliézer Rizzo de Oliveira<br />
Núcleo de Estudos de Pesquisas em Alimentação<br />
Maria Antônia Martins Galeazzi<br />
Núcleo de Informática Biomédica<br />
Francesco Langone<br />
Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade<br />
Cesar Ciacco<br />
Núcleo de Estudos de Políticas Públicas<br />
Pedro Luiz Barros Silva<br />
Núcleo de Estudos da População<br />
Daniel Hogan<br />
Núcleo de Informática Aplicada à Educação<br />
José Armando Valente<br />
Núcleo de Comunicação Sonora<br />
Jônatas Manzolli<br />
Laboratório de Movimento e Expressão<br />
Ivan Santo Barbosa<br />
Centro de Pesquisas Químicas,<br />
Biológicas e Agrícolas<br />
João Alexandre F. Rocha Pereira<br />
Centro de Documentação de Música<br />
Contemporânea<br />
José Augusto Mannis<br />
Centro de Estudos do Petróleo<br />
Denis José Schioser<br />
Centro de Biologia Molecular e<br />
Engenharia Genética<br />
Paulo Arruda<br />
Centro de Bioterismo<br />
Ana Maria Aparecida Guaraldo<br />
Centro de Componentes Semicondutores<br />
Jacobus Willibrordus Swart<br />
Centro de Engenharia Biomédica<br />
José Wilson Magalhães Bassani<br />
Centro de Estudos de Opinião Pública<br />
Rachel Meneguello<br />
Centro de Estudos de Gênero “Pagu”<br />
Adriana Gracia Piscitelli<br />
Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura<br />
Hilton Silveira Pinto<br />
Centro de Lógica, Espistemologia e<br />
História da Ciência<br />
Walter Alexandre Carnielli<br />
Coordenadoria Executiva<br />
do Vestibular<br />
Maria Bernadete Abaurre<br />
Centro de Memória<br />
Olga Rodrigues M. von Simson<br />
Unidades de Apoio e Prestação de Serviços<br />
Hospital das Clínicas<br />
Paulo Eduardo R. M. Silva<br />
Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher<br />
Luiz Carlos Zeferino<br />
Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho<br />
Digestivo<br />
José Murilo R. Zeitune<br />
Centro de Hematologia e Hemoterapia<br />
Fernando Costa<br />
Centro de Tecnologia<br />
Douglas Eduardo Zampieri<br />
Arquivo Central<br />
Neire do Rossio Martins<br />
Chefe de Gabinete<br />
Ruy Albuquerque<br />
Pró-Reitoria de Pesquisa<br />
Ivan Emílio Chambouleyron<br />
Centro de Manutenção de Equipamentos<br />
Cesar José Bonjuani Pagan<br />
Centro de Ensino de Línguas<br />
Ana Luíza V. Degelo<br />
Editora<br />
Luiz Fernando Milanez<br />
Escola de Extensão<br />
Paulo Roberto Mei<br />
Escritório Técnico de Construção<br />
Luiz Carlos de Almeida<br />
Biblioteca Central<br />
Maria Alice Rebello do Nascimento<br />
Centro de Computação<br />
Hans Kurt E. Liesenberg<br />
Centro de Comunicação<br />
Hélio Solha<br />
Serviço de Apoio ao Estudante<br />
João Frederico C. A. Meyer<br />
Unidades Administrativas de Serviços<br />
Coordenadoria da Administração Geral<br />
Vera Lúcia Randi Ferraz<br />
Secretaria Geral<br />
Paulo Sotero<br />
Procuradoria Geral<br />
Octacílio Machado Ribeiro<br />
Prefeitura do Campus<br />
Orlando F. Lima Jr.<br />
Coordenadoria de Serviços Sociais<br />
Edison Bueno<br />
Diretoria Geral de Recursos Humanos<br />
Luis Carlos Freitas<br />
Diretoria Acadêmica<br />
Antonio Faggiani
Índice<br />
1ª Fase<br />
Redação ..............................9<br />
Questões ...........................29<br />
2ª Fase<br />
Língua Portuguesa e Literaturas<br />
de Língua Portuguesa ..........44<br />
Biologia .............................58<br />
Química.............................69<br />
História .............................83<br />
Física ................................97<br />
Geografia .........................113<br />
Matemática......................128<br />
Língua estrangeira ............139<br />
Provas de aptidão .............152<br />
Desempenho dos<br />
candidatos .......................156<br />
Uma explicação necessária<br />
Mais uma vez, apresentamos o Caderno de Questões – a <strong>Unicamp</strong> <strong>comenta</strong><br />
<strong>suas</strong> <strong>provas</strong>, preparado pela Coordenação Acadêmica para que você possa<br />
através de sua leitura conhecer melhor o que a <strong>Unicamp</strong> pretende avaliar no<br />
candidato. Procuramos apresentar informações que sirvam como orientação para<br />
sua preparação para o exame Vestibular da <strong>Unicamp</strong>. Você encontrará neste<br />
caderno as <strong>provas</strong> de 1 a e 2 a fases do Vestibular 2000, além de informações<br />
sobre o desempenho dos candidatos em cada uma delas. Começando pela<br />
Redação, estão aqui reproduzidos os três temas da prova de 2000 acompanhados<br />
de comentários sobre a abordagem que poderia ter sido feita pelos candidatos<br />
e de exemplos * de redações que atenderam ou não às tarefas que foram<br />
solicitadas. Além disso, são também apresentadas algumas redações anuladas,<br />
com a justificativa de sua anulação. Vale lembrar aos candidatos, mais uma vez,<br />
que uma redação é anulada quando não atende minimamente às tarefas solicitadas<br />
conforme explicitado no Manual do Candidato. A correção das redações é<br />
feita por corretores que passaram por um longo treinamento e rigorosa seleção.<br />
Cada redação é corrigida por dois avaliadores independentes e se a diferença<br />
entre as duas notas for de no máximo 20% do valor total da nota, a média entre<br />
estas notas é atribuída como nota final do candidato na redação; havendo<br />
divergência superior a este valor, a redação recebe uma terceira correção;<br />
persistindo a divergência pode-se chegar até a uma quinta correção, feita então<br />
pelo Presidente de Banca. Esta nota é a nota final do candidato. Uma redação é<br />
anulada somente com a concordância de três avaliadores independentes.<br />
As questões – doze da primeira fase e as que compõem as <strong>provas</strong> da<br />
segunda fase – são apresentadas com os comentários das Bancas Elaboradoras<br />
a respeito do objetivo e da expectativa de resposta a ser dada a cada uma delas.<br />
A maioria delas contém ainda exemplos * de duas respostas cujos desempenhos<br />
foram considerados abaixo e acima da média, respectivamente. Ainda fazem<br />
parte deste caderno, as <strong>provas</strong> de Aptidão aplicadas aos candidatos aos cursos<br />
de Arquitetura e Urbanismo, Educação Artística e Odontologia.<br />
Finalmente, na última parte do Caderno de Questões, divulgamos dados<br />
relativos ao desempenho dos candidatos nas diferentes áreas. As tabelas 1 e 2<br />
contêm informações sobre a Redação, a tabela 3 sobre as questões da primeira<br />
fase e a tabela 4 um resumo do desempenho na prova da primeira fase.<br />
O desempenho em cada uma das questões das <strong>provas</strong> da segunda fase pode<br />
ser verificado nas tabelas de 5 a 12 e, finalmente, na tabela 13 encontram-se as<br />
informações sobre o desempenho relativo a cada curso dentro dos grupos<br />
distintos. Observe que as notas de cada uma das questões estão na escala [0 – 5]<br />
e as notas da redação, bem como das <strong>provas</strong> completas, na escala [0 – 100].<br />
Profª Dra. Eugênia Maria Reginato Charnet<br />
Coordenadora Acadêmica<br />
Comissão Permanente para os Vestibulares<br />
e Programas Educacionais<br />
<strong>Unicamp</strong><br />
* Todos os exemplos aqui reproduzidos constituem cópia fiel da escrita dos candidatos.
1ª Fase
TEMA A<br />
Redação 1ª fase<br />
Conscientes do que significa para você prestar o vestibular e das dúvidas que você pode estar tendo,<br />
vamos falar um pouco sobre a prova de Redação do Vestibular <strong>Unicamp</strong> e <strong>comenta</strong>r as propostas do<br />
Vestibular 2000 e algumas redações de candidatos.<br />
Antes de passarmos aos comentários, gostaríamos de fazer alguns esclarecimentos com o objetivo de<br />
eliminar algumas inquietações, comuns a muitos candidatos. Você certamente já ouviu falar na “coletânea”<br />
do Vestibular <strong>Unicamp</strong>. Ela sempre está presente nas propostas de Redação da <strong>Unicamp</strong> e vamos,<br />
aqui, explicitar a razão dessa constância.<br />
Ela é elaborada basicamente com três propósitos distintos. O primeiro deles é o de fornecer ao candidato<br />
um conjunto de informações que ajudam na elaboração do texto; com base nesse propósito, você pode (e deve)<br />
inferir que a <strong>Unicamp</strong> não pretende surpreender ninguém, pedindo que escreva sobre um tema desconhecido.<br />
O segundo propósito da coletânea é o de delimitar o tema. A partir da leitura do tema de uma proposta<br />
– e esse teste pode ser feito com qualquer uma – sem a consideração da coletânea, vários desenvolvimentos<br />
possíveis e pertinentes podem ser imaginados. Depois da leitura da coletânea, no entanto, alguns dos<br />
desenvolvimentos imaginados são obrigatoriamente descartados e outros continuam sendo possíveis, e é<br />
um destes possíveis que você deve escolher.<br />
O terceiro e último propósito é avaliar as diferentes capacidades de leitura dos candidatos; alguns<br />
fragmentos dão margem a leituras mais superficiais, mais ingênuas, ou, ao contrário, mais profundas,<br />
mais críticas; alguns fragmentos relacionam-se de maneira a sustentar uma determinada argumentação,<br />
ou a sugerir um determinado desenvolvimento de cenário, por exemplo; outros apresentam posições<br />
contraditórias, e é a partir da seleção e uso dos fragmentos da coletânea que os candidatos se distinguem<br />
com base em diferentes níveis de leitura.<br />
As afirmações acima serão retomadas nos comentários das redações ao longo deste texto. O importante<br />
é que fique claro que você não precisa ficar imaginando qual seria um desenvolvimento original para o<br />
tema proposto, ou o que ainda não foi dito sobre o assunto. Deve ler criticamente os fragmentos da<br />
coletânea e demonstrar sua capacidade de analisar e relacionar esses fragmentos num texto escrito.<br />
Esperamos que você leia os comentários a seguir com a certeza de que a <strong>Unicamp</strong> não tem o objetivo<br />
de surpreender ninguém. As três propostas de cada ano são elaboradas com o máximo de “pistas” para<br />
que você se sinta confiante e à vontade para desenvolver as tarefas solicitadas.<br />
A partir desses comentários você poderá perceber como os textos são avaliados, sobretudo no que se<br />
refere aos itens Tema, Coletânea e Tipo de texto.<br />
Ao longo da história, por muitas razões, a água – este elemento aparentemente comum – tem levado<br />
filósofos, poetas, cientistas, técnicos, políticos, etc, a reflexões que freqüentemente se cruzam.<br />
Tendo em mente este cruzamento de reflexões e considerando a coletânea abaixo, escreva uma dissertação<br />
sobre o tema<br />
Água, cultura e civilização<br />
1. Misteriosa, santificada, purificadora, essencial. Através dos tempos, a água foi perdendo o caráter divino<br />
ressaltado na mitologia e na religiosidade dos povos primitivos e assumindo uma face utilitarista na civilização<br />
moderna. Cada vez mais desprezada, desperdiçada e poluída, atingiu um nível perigoso para a<br />
saúde pública. Divina ou profana, ninguém nega sua importância para a sobrevivência do homem, seu<br />
maior predador. Como se ensaiasse um suicídio, a humanidade está matando e extinguindo o elemento<br />
responsável pelo fim do mundo da tradição bíblica. E não haverá arca de Noé capaz de salvar aqueles que<br />
lutam ou se omitem na defesa do meio ambiente. Escolha a catástrofe: novo dilúvio universal com o<br />
derretimento da calota polar; envenenamento da humanidade com as substâncias tóxicas nos mananciais;<br />
chuva ácida; ou simplesmente a sede internacional pelo desaparecimento de água potável. (João Marcos<br />
Rainho, “Planeta água”, in: Educação, ano 26, n. 221, setembro de 1999, p. 48)<br />
2. A água tem sido vital para o desenvolvimento e a sobrevivência da civilização. As primeiras grandes civilizações<br />
surgiram nos vales dos grandes rios – vale do Nilo no Egito, vale do Tigre-Eufrates na Mesopotâmia, vale<br />
do Indo no Paquistão, vale do rio Amarelo na China. Todas essas civilizações construíram grandes sistemas<br />
de irrigação, tornaram o solo produtivo e prosperaram. (Enciclopédia Delta Universal, vol. 1, p. 186)<br />
3. Após 229 anos, o mesmo rio que inspirou o povoamento e deu nome à cidade torna-se o principal vetor de<br />
desenvolvimento, passando a integrar a Hidrovia Tietê-Paraná, interligando-se ao porto de Santos, por via<br />
férrea, e ao pólo Petroquímico de Paulínia. Como marco zero da hidrovia, o porto de Artemis será o portal<br />
do Mercosul. (...) Logo após a Segunda Guerra Mundial, o Estado de São Paulo iniciou a construção de<br />
9
Redação 1ª fase<br />
10<br />
barragens no rio Tietê, para gerar energia elétrica, porém dotadas de eclusas, um investimento a longo<br />
prazo. (www.piracicaba.gov.br/portugues/hidrovia)<br />
4. No que concerne à concepção mesma de salubridade, é possível notar que se, na primeira metade do<br />
século XIX, os médicos continuam a ter um papel importante no desenvolvimento de uma nova sensibilidade<br />
em relação ao urbano e às habitações em particular, são os engenheiros, contudo, aqueles que são<br />
responsáveis por trazer uma resposta prática aos problemas desencadeados pela falta de higiene. Por isso,<br />
é do saber deles que depende essencialmente o novo modo de gestão urbana que se esboça nesta época:<br />
“As grandes medidas de prevenção – a drenagem, a viabilização das ruas e das casas graças à água e à<br />
melhoria do sistema de esgotos, a adoção de um sistema mais eficaz de coleta do lixo – são operações que<br />
recorrem à ciência do engenheiro e não do médico, que tinha cumprido sua tarefa quando assinalou quais<br />
as doenças que resultaram de carências neste domínio e quando aliviou o sofrimento das vítimas”. (François<br />
Beguin, “As maquinarias inglesas do conforto”, in: Políticas do habitat, 1800–1850)<br />
5. Os progressos da higiene íntima efetivamente revolucionam a vida privada. Múltiplos fatores contribuem,<br />
desde os primórdios do século [XVIII], para acentuar as antigas exigências de limpeza, que germinaram no<br />
interior do espaço dos conventos. Tanto as descobertas dos mecanismos da transpiração como o grande<br />
sucesso da teoria infeccionista levam a se acentuar os perigos da obstrução dos poros pela sujeira, portadora<br />
de miasmas. (...) A reconhecida influência do físico sobre o moral valoriza e recomenda o limpo.<br />
Novas exigências sensíveis rejuvenescem a civilidade; a acentuada delicadeza das elites, o desejo de<br />
manter à distância o dejeto orgânico, que lembra a animalidade, o pecado, a morte, em resumo, os<br />
cuidados de purificação aceleram o progresso. Este é estimulado igualmente pela vontade de distinguir-se<br />
do imundo zé-povinho. (...) Em contrapartida, muitas crenças incitam à prudência. A água, cujos efeitos<br />
sobre o físico e o moral são superestimados, reclama precauções. Normas extremamente estritas regulam<br />
a prática do banho conforme o sexo, a idade, o temperamento e a profissão. A preocupação de evitar a<br />
languidez, a complacência, o olhar para si (...) limita a extensão de tais práticas. A relação na época<br />
firmemente estabelecida entre água e esterilidade dificulta o avanço da higiene íntima da mulher.<br />
Entretanto, o progresso esgueira-se aos poucos, das classes superiores para a pequena burguesia. Os<br />
empregados domésticos contribuem inclusive para a iniciação de uma pequena parcela do povo; mas<br />
ainda não se trata de nada mais que uma higiene fragmentada. Lavam-se com freqüência as mãos; todos<br />
os dias o rosto e os dentes, ou pelo menos os dentes da frente; os pés, uma ou duas vezes por mês; a<br />
cabeça, jamais. O ritmo menstrual continua a regular o calendário do banho. (Alain Corbin, “O segredo do<br />
indivíduo”, in: História da vida privada (Vol. 4: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra) [1987]. São<br />
Paulo, Companhia das Letras, pp. 443-4)<br />
6. A filosofia grega parece começar com uma idéia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz<br />
de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim e por três razões: em<br />
primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque<br />
o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de<br />
crisálida, está contido o pensamento: “Tudo é um”. (Friedrich Nietzsche, “Os filósofos trágicos”, in: Os présocráticos,<br />
Col. Os pensadores. São Paulo, Abril Cultural, p. 16)<br />
7. O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,<br />
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia<br />
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.<br />
(...)<br />
O Tejo desce da Espanha<br />
E o Tejo entra no mar em Portugal.<br />
Toda a gente sabe isso.<br />
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia<br />
E para onde ele vai<br />
E donde ele vem.<br />
E por isso, porque pertence a menos gente,<br />
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.<br />
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.<br />
Para além do Tejo há a América<br />
E a fortuna daqueles que a encontram.<br />
Ninguém nunca pensou no que há para além<br />
Do rio da minha aldeia.<br />
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.<br />
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.<br />
(Alberto Caeiro, “O Guardador de Rebanhos”, in: Fernando Pessoa, Ficções de Interlúdio)
Comentários<br />
sobre o Tema A<br />
Exemplo de<br />
redação<br />
Comentários<br />
Redação 1ª fase<br />
O Tema A-2000 exigiu dos candidatos uma dissertação em que a água deveria ser tratada como um objeto<br />
cultural ou como um fator da civilização. O enunciado orienta no sentido de comparar as maneiras como<br />
diferentes comunidades interagiram com a água, mostrando que <strong>suas</strong> diferentes experiências com este elemento<br />
natural estão profundamente impregnadas de cultura (representada, por exemplo, por hábitos, técnicas<br />
e valores) e também criam cultura.<br />
O candidato deveria perceber, com base na leitura do tema e da coletânea, que a relação do homem com<br />
a água sofreu mudanças ao longo do tempo, que ora significam um aprendizado (novos hábitos, novos usos<br />
que resultam em conforto e higiene, por exemplo), ora significam um retrocesso (perda de valores, degradação<br />
dos recursos hídricos), ora significaram apenas uma transformação nas relações de dominação de uma classe<br />
social por outra (por aquela que detém o acesso à água).<br />
Ele deveria, em seguida, eleger as mudanças sobre as quais pretendia dissertar e posicionar-se, criticamente,<br />
em relação a elas.<br />
Vejamos como a redação abaixo cumpre a tarefa 1 :<br />
Evolução?<br />
Desde os primórdios da Antigüidade, as civilizações foram se formando próximo aos rios. O fator fundamental<br />
para a escolha foi a presença da água, elemento fundamental para a sobrevivência dos seres vivos.<br />
Obras de irrigação, drenagem e distribuição de água foram efetivadas, salientando, portanto, a importância<br />
da água na sociedade.<br />
Os povos foram se expandindo e desenvolvendo meios adequados de manejo da água. Os solos foram se<br />
tornando mais férteis e produtivos, e, conseqüentemente, houve um grande aumento da população. Paralelamente,<br />
acentuou-se o processo de urbanização, fruto da industrialização européia do século XVIII, o que<br />
demanda uma política ambiental específica, principalmente para o uso da água.<br />
Entretanto, o desenvolvimento industrial não foi acompanhado de um desenvolvimento do caráter humano.<br />
A industrialização não foi apenas uma revolução no modo de produção, mas foi, principalmente, uma<br />
grande e grave mudança ambiental. A partir de então, problemas como contaminação das águas, foram<br />
evidenciados e adquiriram dimensões gigantescas.<br />
A água, que outrora era vista como dádiva divina, passou a ser considerada mercadoria. Além disso, em<br />
detrimento de uma política ambiental, o Estado incentivou o consumismo em massa. O lixo urbano aumentou<br />
e passou a ser despejado na água, a mãe de nossa civilização. O desmatamento em larga escala, gerou<br />
o assoreamento dos rios.<br />
O mal está feito. Ora, ou a população é muito ingênua, ou age de má fé. Aplicando-se uma política<br />
ambiental desfavorável, como a atual, a água, mola propulsora do desenvolvimento mundano, será o fator<br />
determinante para o término da humanidade. É preciso uma revolução ambiental, através da conscientização<br />
em massa, sobre a importância da água. Desde então, a água continuará sendo a mãe da civilização, e<br />
nós, seremos os seus bons frutos.<br />
O candidato que fez a redação acima optou por tratar das mudanças negativas que ocorreram na relação<br />
entre a civilização e a água no decorrer do progresso da humanidade. Para isso, selecionou da coletânea os<br />
fragmentos que contribuiriam para sua opção e cuja relação era bastante imediata: os fragmentos 1 e 2. O<br />
candidato iniciou o texto com o fragmento 2, afirmando que as civilizações foram se formando próximo aos<br />
rios, introduziu, no segundo parágrafo, seu conhecimento de mundo que promove o elo entre o momento<br />
histórico tratado no 2º fragmento e o momento histórico atual, tratado no 1º fragmento e acrescentou um<br />
elemento fundamental para o seu texto: a demanda de uma política ambiental específica, principalmente<br />
para o uso da água.<br />
No 3º parágrafo o candidato passa a usar o fragmento 1. O uso desse fragmento é em grande parte óbvio,<br />
próximo do senso comum. Observe, por exemplo, a 1ª linha do 4º parágrafo: A água, que outrora era vista<br />
como dádiva divina, passou a ser considerada mercadoria. A única informação nova em relação ao trecho da<br />
coletânea (“Através dos tempos, a água foi perdendo o caráter divino ressaltado na mitologia e na religiosidade<br />
dos povos primitivos e assumindo uma face utilitarista na civilização moderna.”) é a palavra mercadoria,<br />
trazida pelo candidato. Essa noção de água como mercadoria pode ser relacionada ao eixo desse texto que,<br />
como vimos, é a necessidade de uma política ambiental específica. Essa relação, no entanto, que teria sido um<br />
ganho para o texto se tivesse sido bem desenvolvida, não foi estabelecida pelo candidato. Somos nós que<br />
estamos fazendo tal relação e, portanto, ele não pode ser premiado.<br />
No último parágrafo, o candidato continua usando o 1º fragmento, inclusive seu tom “catastrófico”, e<br />
conclui o texto demonstrando a necessidade de uma “revolução ambiental”, retomando o elemento introduzido<br />
no 2º parágrafo.<br />
1 A reprodução de todas as redações neste texto foi fiel à escrita dos candidatos.<br />
11
Redação 1ª fase<br />
12<br />
Exemplo de redação<br />
com nota baixa<br />
Comentários<br />
Em alguns momentos, vemos que o candidato tentou usar o 4º fragmento da coletânea, sem, no entanto,<br />
obter êxito. Percebemos apenas algumas menções a esse fragmento, como a do final do 4º parágrafo, em que<br />
o candidato passa a falar do lixo urbano despejado na água. A própria questão da política ambiental pode ter<br />
sido motivada pelo título do texto do qual o 4º fragmento foi extraído: Políticas do habitat, 1800–1850, mas<br />
não se observa nenhuma integração relevante desse fragmento ao texto.<br />
Como você pôde observar, o candidato conseguiu tratar das mudanças negativas da relação entre água e<br />
civilização/cultura centrando-se apenas nos dois primeiros fragmentos da coletânea. Usar somente dois fragmentos<br />
da coletânea não é, como você está vendo, nenhum problema. O que mais importa é a qualidade do<br />
uso e não a quantidade de fragmentos usados. Você não deve esquecer, no entanto, que, conforme já dissemos<br />
na introdução, há fragmentos cuja leitura é mais difícil do que a de outros e usar somente fragmentos de leitura<br />
mais fácil impede que a nota no critério Coletânea seja acima da média.<br />
No tema A 2000, todos os outros fragmentos, com exceção dos dois primeiros, exigiam uma capacidade<br />
de ler e de relacionar elementos um pouco acima da média e tiveram, portanto, o papel de diferenciar os<br />
candidatos. Além de ter desenvolvido o tema e de ter integrado a coletânea de uma maneira bastante óbvia,<br />
como vimos, o texto acima não poderia ter recebido notas além da média por outro motivo: embora articule<br />
corretamente vários elementos em seu texto, peca na articulação ou na explicitação de outros. Vejamos o 3º<br />
parágrafo: o que o candidato pretende ao afirmar que o desenvolvimento industrial não foi acompanhado de<br />
um desenvolvimento do caráter humano? Além de tal afirmação exigir uma explicação, ela não se relaciona<br />
com o que a segue. É um trecho completamente solto no texto do candidato e chega, até mesmo, a perturbar<br />
um pouco o andamento da leitura.<br />
No 4º parágrafo, há uma nova imprecisão: ...o Estado incentivou o consumismo em massa. De que estado<br />
o candidato passou a falar, sem mais nem menos? É claro que se percebe a relação que ele estabelece, em<br />
seguida, entre o consumismo em massa e o aumento do lixo urbano, mas faltou um elemento que introduzisse<br />
o Estado, que caiu de pára-quedas no texto.<br />
Se você ainda não estiver convencido de que este texto não está acima da média, mas até bastante<br />
próximo do ingênuo, veja mais uma imprecisão: na 1ª linha do último parágrafo, o candidato lança uma<br />
hipótese que não é retomada, a de que a população age de má fé. Com o final do texto nós entendemos por<br />
que a humanidade é muito ingênua, a primeira hipótese levantada pelo candidato, mas não conseguimos<br />
entender por que ela estaria agindo de má fé...<br />
Vejamos agora um texto que reflete um equívoco do candidato em relação à função da coletânea. Trata-se<br />
de um equívoco que, embora não resulte na anulação da redação, faz com que sua nota, em Coletânea, seja<br />
muito baixa.<br />
Poluição Social<br />
O homem ao longo dos tempos e através do seu trabalho modifica a cultura, conforme os sabores de<br />
cada civilização e época.<br />
Desde os tempos mais remotos, o homem necessitava de um local para se estabelecer, onde pudesse<br />
encontrar suprimentos e abrigo, principalmente de água. Com o tempo foi-se evoluindo e passando de<br />
nômade para sedentário.<br />
Através das fontes de água: “As primeiras grandes civilizações surgiram no vale dos grandes rios...”,<br />
conforme o fragmento número dois. E a água: “... é a origem e a matriz de todas as coisas”, segundo o<br />
fragmento número seis.<br />
O homem foi evoluindo, passando de um sistema feudal para um capitalista, bem explicado por Marx,<br />
fundamentado em classes sociais. A classe dominante com: “... vontade de distinguir-se do zé-povinho”,<br />
em conformidade ao fragmento 5, tornou a água: “cada vez mais desprezada, desperdiçada e poluída...”,<br />
de acordo com o fragmento número um.<br />
Assim, fica claro que o homem como um ser social, toma atitudes e exerce atos com um caráter de<br />
dominação, objetivando a manutenção do status-quo, conforme a sua época e seus interesses.<br />
Esta redação está equivocada no “uso” que faz da coletânea porque pressupõe que ela seja conhecida<br />
pelos seus avaliadores. É bem verdade que os corretores conhecem a coletânea – afinal são eles que avaliam<br />
a utilização que os candidatos fazem dos fragmentos – mas isso não significa que os candidatos podem contar<br />
com tal colaboração dos leitores. Pelo contrário, eles devem produzir um redação “autônoma”, isto é, um texto<br />
que, sozinho, faça sentido.<br />
Veja que o autor da redação acima não extrai as informações dos fragmentos, integrando-as em seu texto,<br />
mas copia alguns pequenos trechos referindo-se aos números dos fragmentos correspondentes, como se<br />
estivesse indicando ao leitor que o restante do que ele queria dizer está escrito nos fragmentos. As expressões<br />
que ele utiliza – conforme o fragmento número dois; segundo o fragmento número seis; em conformidade ao<br />
fragmento 5; de acordo com o fragmento número um – revelam que ele não entendeu a finalidade da coletâ-
Exemplo de<br />
redação<br />
Comentários<br />
Redação 1ª fase<br />
nea. Ora, a coletânea deve servir como ponto de partida, na medida em que fornece informações para o<br />
desenvolvimento da redação que, por sua vez, precisa ser compreendida por qualquer leitor, mesmo por<br />
aquele que não tenha tido acesso à coletânea. Ou seja, você deve escrever como se o seu leitor não conhecesse<br />
a coletânea; as informações dela extraídas devem ficar bem integradas e devidamente explicadas em sua<br />
redação.<br />
A seguir, há um exemplo de redação em que a integração das informações da coletânea está acima da<br />
média:<br />
O Espelho d´água<br />
Ao tentar apreender a origem do mundo e dos homens, filósofos gregos propuseram um enunciado<br />
simples: a água seria o cerne, literalmente a fonte de todas as coisas. Longe de ser absurdo e tomadas as<br />
devidas referências históricas, tal idéia pode metaforizar o papel simples, vital e cultural do elemento químico<br />
capaz de fazer florescer civilizações, ditar limites geográficos e protagonizar conflitos. Se mitologicamente,<br />
a associação da vida e da sobrevivência se fez de forma divina e fantasiosa, hoje é possível analisar essa que<br />
pode ser tida como “vulgar premonição” como premissa das mais sábias tida pelos primeiros humanos e de<br />
fundamental importância para o mundo moderno.<br />
O planeta ironicamente chamado Terra tem a maior parte de sua superfície tomada pelas águas, as quais<br />
fluíram no decorrer dos tempos estreitando os laços biológicos cotidiana e ininterruptamente, assinalando<br />
mais que divindades, problemas sociais e políticos bem pouco poéticos. A irrigação, a importância dos<br />
recursos hídricos para a economia humana foi se reforçando com o advento da tecnologia e mais que<br />
metáfora, a composição da vida (e dos meios para esta) confirmou a compleição e a complexidade da ligação<br />
homem-água. Ao galgar gradativo do aprimoramento técnico que trouxe indústrias, não só a religião de<br />
outrora remetera ao elemento cristalino a manutenção da vida. Junto ao desenvolvimento urbano (ainda sem<br />
tocar no processo de desequilíbrio e poluição do meio ambiente), à instalação de indústrias e estabelecimento<br />
do homem em aglomerados primordiais, virão os médicos a desconfiar do papel importante da água<br />
limpa. A estes, seguir-se-ão engenheiros e arquitetos, responsáveis pela elaboração de mecanismos facilitadores<br />
da manutenção da limpeza e do escoamento de impurezas e dejetos.<br />
Mesmo antes destes, no século XVIII, a preocupação com a purificação, com a higiene corporal marcará<br />
a vida privada de sociedades pouco habituadas a exigências de limpeza, de cuidados pessoais, atuando<br />
como precursora dos modernos métodos preventivos e profiláxicos. Será nesse tempo que se iniciará o<br />
conhecimento mais apurado e científico em relação à umidade e sua nem tão misteriosa influência na<br />
salubridade dos meios de vida. Ora, a higiene é, pois, um pequeno, mas fundamental ponto nessa saga.<br />
Simultâneo, talvez, a isso, seja o processo que acelera o desenvolvimento econômico e faz marcar o<br />
utilitarismo. Se antes, para o Egito e a Mesopotâmia, a água já era componente cultural e econômico primordial,<br />
agora, as modernas vias dos meios de produção vão transmutá-la em pomo de discórdia. A poluição<br />
vem margear o alarde da tecnologia e da economia lastreada na produção industrial. O desequilíbrio natural<br />
vai crescendo paulatino, constante. E as chuvas ácidas, os rios poluídos ameaçam as sociedades higiênicas,<br />
estabelecidas nas margens de seus ternos ribeirões. O que remetia à recordação suave da queda cristalina<br />
d´água dá lugar à preocupação não mais latente de que não seja o dilúvio a última catástrofe.<br />
O mesmo ser que se constitui da água, que navega descobrindo mundos, escoando ou explorando riquezas,<br />
começa a buscar sedento uma tábua de salvação. Seu mundo e sua sobrevivência estão sobre colunas<br />
vitais que podem soçobrar a qualquer momento. Mais que uma problemática geográfica, instaura-se um<br />
conflito sócio-econômico em que se disputa não só as vias fluviais e pluviais, mas a própria água, que, dada<br />
a destruição, torna-se rara, preciosa. É o homem semelhante ao místico que agradecia as cheias do Nilo que<br />
se conscientiza aos poucos de que, talvez, mais do que sangue, lhe seja vital o elemento primordial, a água<br />
que encantou gregos, que fez Heráclito pensar que tudo fluía, mas que também arrasou a terra e fez Noé<br />
construir a arca. Bem como benção, ela é castigo se o “predador” assim pedir, mesmo quando gentil lhe faz<br />
poemas ou odes.<br />
Elemento vivo, ela pulsa, reflete a existência e atenta para o fato de que talvez a tragédia final não seja<br />
abarcável por uma arca, tampouco plausível de filosofia.<br />
O projeto de texto deste candidato é o de analisar a existência do homem através do espelho da água.<br />
Baseando-se nos fragmentos 6, 1 e 2, o candidato inicia sua redação introduzindo os papéis da água com que<br />
vai trabalhar no decorrer do texto: a água não será avaliada somente como origem, tendo em vista sua<br />
importância para o desenvolvimento das civilizações, mas também como portadora de uma possível destruição,<br />
se o predador assim pedir.<br />
É interessante destacar o trabalho de leitura e articulação dos fragmentos (6 e 2) efetuado pelo candidato:<br />
ele trata da questão da água como origem de todas as coisas afirmando que ela fez florescer civilizações e<br />
acrescenta, tendo em vista o desenvolvimento que quer dar ao tema, que a água também é capaz de ditar<br />
13
Redação 1ª fase<br />
14<br />
limites geográficos e protagonizar conflitos, apontando a análise que fará da relação entre Água, Cultura e<br />
Civilização.<br />
Ainda no 1 o parágrafo, além de negar o caráter divino do surgimento da vida e da sobrevivência, o candidato<br />
destaca a importância da água para a vida – deixando claro que a afirmação dos gregos não deve ser<br />
considerada um absurdo – e, no 2 o parágrafo, esclarece: os recursos hídricos e a irrigação são fundamentais na<br />
evolução da vida. Perceba que, à medida que o texto progride, ele retoma e desenvolve conceitos já mencionados<br />
na introdução: a idéia de que a água poderá protagonizar conflitos – ainda genérica no 1 o parágrafo – é<br />
retomada e especificada quando ele aponta, no 2 o parágrafo, que a água assinala problemas sociais e políticos.<br />
Ainda não podemos dizer claramente qual a avaliação do candidato, mas perceba que ele está nos<br />
preparando para expor seu ponto de vista.<br />
Vejamos como, nesse momento, o conteúdo do fragmento 4 é integrado ao texto. Ao descrever o progresso<br />
da humanidade e o desenvolvimento urbano, o candidato destaca o papel do médico e dos engenheiros e<br />
arquitetos na construção do que, em seguida, será retomado como sociedades higiênicas, dadas as preocupações<br />
com a limpeza e o escoamento dos dejetos. Ainda na perspectiva de progresso, ele apresenta o conteúdo<br />
do fragmento 5 – a vida privada da sociedade começa a ser alterada por hábitos de higiene – ressaltando ainda<br />
mais a importância da água.<br />
E é justamente pensando na importância da água para a sociedade que o candidato esclarece os motivos<br />
que poderão fazer dela pomo de discórdia. É importante destacar o uso que ele faz do fragmento 1, nesse<br />
momento do texto. O utilitarismo mencionado nesse fragmento aparece avaliado pelo candidato na mesma<br />
perspectiva de progresso e desenvolvimento econômico que vinha descrevendo: o homem, preocupado com a<br />
tecnologia e a economia lastreada na produção industrial, assume uma postura utilitarista diante da água, já<br />
que não tem se preocupado com o desequilíbrio que vem crescendo paulatino, constante. Veja que a avaliação<br />
do candidato de que a água poderá protagonizar conflitos fica clara agora: os rios poluídos ameaçam as<br />
sociedades higiênicas e talvez o dilúvio não seja a última catástrofe. Mais que uma problemática geográfica,<br />
instaura-se um conflito sócio-econômico em que se disputa não só as vias fluviais e pluviais, mas a própria<br />
água, que, dada a destruição, torna-se rara, preciosa.<br />
A avaliação que o candidato faz revela o quanto soube articular as idéias apresentadas na coletânea de<br />
forma a desenvolver o tema proposto. A conclusão de seu texto – Elemento vivo, ela pulsa, reflete a existência<br />
e atenta para o fato de que talvez a tragédia final não seja abarcável por uma arca, tampouco plausível de<br />
filosofia – mostra a maturidade com que articulou tais idéias, além de explicitar, com a palavra reflete, a razão<br />
do título atribuído à redação.<br />
Ainda quanto à qualidade das relações estabelecidas pelo candidato, veja como é interessante a menção<br />
que faz à chuva ácida – elemento que, na coletânea, aparece como um simples dado e, no texto, aparece<br />
como um significativo exemplo da mudança sofrida pela água: O que remetia à recordação suave da queda<br />
cristalina d´água dá lugar à preocupação não mais latente de que não seja o dilúvio a última catástrofe.<br />
Cabe frisar que este texto está bastante acima da média no desenvolvimento do tema e da coletânea,<br />
dadas a leitura e articulação tão boas dos fragmentos da coletânea. Isso não significa, no entanto, que este<br />
seja um texto exemplar como um todo, na medida em que, em alguns momentos, não se sabe exatamente o<br />
que o autor pretendia dizer.<br />
Vejamos dois momentos significativos: o primeiro está na 6ª linha do 1º parágrafo. O que significa dizer<br />
que os “primeiros humanos” tiveram uma “vulgar premonição” ao dar tanto valor à água? Não é certo que,<br />
pelo fato de valorizar a água, eles estavam tendo uma premonição 2 de que hoje estaríamos sofrendo por não<br />
a valorizarmos. Por sinal, essa relação com os efeitos negativos que estamos vivenciando hoje não foi feita pelo<br />
candidato; nós estamos fazendo isso por ele. Ou será que não era premonição que ele pretendia dizer, mas<br />
algo como “uma atitude sábia”?<br />
O segundo momento em que não fica claro o que o candidato pretendia está na 2ª linha do 2º parágrafo.<br />
O que significaria, no texto, estreitando os laços biológicos? Se você, ao ler o texto, tiver sentido dificuldade de<br />
interpretar este trecho, saiba que o problema não é seu!<br />
O que queremos dizer aqui é que, apesar de, na maioria das vezes, o candidato demonstrar ter domínio da<br />
escrita suficiente para dizer exatamente o que quer, em alguns outros, deu umas “deslizadas”, provavelmente<br />
por tentar sofisticar demais sua escrita, desnecessariamente.<br />
A seguir, há dois exemplos de redações que foram anuladas no tema A. Antes de comentá-las, gostaríamos<br />
de esclarecer o que significa anular uma redação no Vestibular <strong>Unicamp</strong>.<br />
Em primeiro lugar, a prova de redação propõe uma tarefa específica para o desenvolvimento do tema que,<br />
não sendo cumprida, acarreta a anulação da redação. Portanto, se o candidato fugir ao tema proposto, ainda<br />
que escreva muito bem sobre outro tema qualquer, terá sua redação anulada. Em segundo lugar, há uma<br />
coletânea de textos que devem ser utilizados. Caso o candidato desconsidere todos os textos, sua redação será<br />
anulada, mesmo que ele escreva sobre o tema proposto.<br />
2 Premonição: sensação ou advertência antecipada do que vai acontecer; pressentimento. cf. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa, 1999.
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
Comentários<br />
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
Redação 1ª fase<br />
Há ainda um último critério para anulação: o Tipo de Texto. Se o candidato optar pelo tema A, deve<br />
escrever uma dissertação; se optar pelo B, uma narrativa usando o foco narrativo exigido na proposta e, se<br />
optar pelo C, uma carta argumentativa dirigida a um interlocutor específico. Como se vê, é fundamental que<br />
o candidato use os elementos característicos do tipo de texto pelo qual optou.<br />
Perceba que, em nenhum momento, dissemos que anular uma redação significa afirmar que o seu autor<br />
não sabe escrever! A redação pode até estar bem escrita, mas indica que o candidato deixou de cumprir uma<br />
das exigências essenciais da proposta escolhida. Quando isso ocorre, a redação sequer recebe pontos nos<br />
demais critérios, ou seja, se ela for anulada em pelo menos um dos três critérios (Tema, Coletânea e Tipo de<br />
Texto), sua nota final será zero.<br />
Transformações<br />
Lamenta-se profundamente o estado crítico que se encontra o rio Tietê ao atravessar a cidade de São<br />
Paulo. O desenvolvimento e a industrialização usaram-no, jogando detritos, esgotos, substâncias tóxicas,<br />
matando-o aos poucos. Infelizmente, esse é o efeito das grandes cidades.<br />
Após 229 anos da fundação da capital se percorrermos <strong>suas</strong> marjens desde o nascimento, ao passar pela<br />
serra da Cantareira, com <strong>suas</strong> águas frescas, transparentes, nota-se com certo pesar, que já não são mais puras,<br />
estão paradas; mau cheirosas; poluentes; infectando o ar causando danos, tristeza e uma certa nostalgia.<br />
Ao sair de São Paulo, <strong>suas</strong> águas mortas passam por Santana de Paraíba, região dos bandeirantes,<br />
indo a Pirapora do Bom Jesus onde escondido sob efeito de espumas ocasionadas por detergentes dão<br />
impressão de flocos de neve. Principalmente em Cabreúva. Ao chegar em Itu transforma-se em Usina<br />
hidrelétrica parecendo um lixão, pois, nada é reciclável. De latas de refrigerantes a restos putrificados de<br />
animais mortos, absorventes, chora-se baixinho.<br />
Torna-se navegável em Piracicaba quando com hidrovia através das eclusas principalmente em Barra<br />
Bonita. Aí renasce e <strong>suas</strong> águas voltam a ter transparências premiando aos pescadores que se deliciam, em<br />
um dia de domingo.<br />
Parabenizar os responsáveis pela realização de obras visando salvar o rio Tietê é o primeiro passo.<br />
Mérito maior será reservado para os que trarão águas limpas ao palistano ressuscitando-o, dando esperanças<br />
a essa sofrida população de poder respirar oxigênio, perceber através dos raios solares o saltitar dos<br />
lambaris, dourados.<br />
Enfim, milagres ainda existem.<br />
A redação acima é um exemplo de equívoco total com relação ao tema. Ao escrever uma breve história do<br />
Rio Tietê, o candidato demonstra não ter entendido a tarefa pedida. O que se esperava era uma reflexão a<br />
respeito da relação Água, Cultura e Civilização e não uma história, mesmo que seja um exemplo visível de<br />
como tal relação não está bem estabelecida. O que esse candidato fez foi basear-se, de maneira enviesada, no<br />
fragmento 3 da coletânea, para escrever sobre o Rio Tietê. Tendo feito isso, fugiu ao tema proposto.<br />
O apocalipse final<br />
A espécie humana está seriamente ameaçada de extinção.<br />
Em trêz anos, as calotas polares estarão completamente derretidas, isso ocorrerá graças a uma série<br />
de motivos. Um deles é o efeito estufa, provocado principalmente pela emissão de gases tóxicos, a cada dia<br />
que passa ele está piorando, as áreas mais críticas são as metrópoles como: São Paulo, Cidade do México,<br />
Nova Iorque e Cairo. Ele causa um super-aquecimento da Terra e inúmeros problemas respiratórios, como:<br />
bronquite, asma, etc, sem falar no desconforto das pessoas em morar num lugar quente, abafado e poluído.<br />
Mas o principal motivo está mesmo no buraco da camada de ozônio, que tem um tamanho equivalente<br />
ao do Brasil e a cada semana aumenta 1 kilômetro. Ele está situada em cima da Antartida e com ele não<br />
ocorre a devida filtragem dos raios solares que passam quase que levemente pela atmosféra. Esse raios<br />
provocam o derretimento da calota polar que a cada quatro horas, a água derretida daria para encher a<br />
Lagoa Rodrigo de Freitas do Rio de Janeiro (RJ)<br />
Uma das maiores causas desse buraco é a liberação do gás CFC, presentes nos sprais aerozois. O que<br />
tem dificultado também, foram os problemas de saúde, que esses raios têm causado, o mais grave é o<br />
câncer de pele, onde sessenta por cento das pessoas que veviam lá adiquiriram a doença, o local está<br />
completamente inadequado à sobrevivência humana.<br />
Se toda a calota derreter, o nível do mar subirá cerca de 100 metro e todo o litoral será coberto por<br />
água, mas água poluída, imprópria para o consumo.<br />
Não haverá espaço suficiente para todos na Terra, países como Japão, Nova Zelândia, Inglaterra,<br />
países escandinavos e América Central desaparecerão do mapa.<br />
Seremos obrigados a desmatar todas as florestas, o que contribuirá ainda mais para o efeito estufa,<br />
não haverá nem água, nem comida para todos.<br />
▲<br />
15
Redação 1ª fase<br />
TEMA B<br />
16<br />
Comentários<br />
Comentários<br />
sobre o Tema B<br />
Exemplo de<br />
redação<br />
▲<br />
A Terra se tornará um verdadeiro caos, onde todos brigarão por comida e um lugar para morar, a vida<br />
perderá o valor. Não tem solução, todos nós morreremos na miséria e sem dignidade.<br />
A redação acima é outro caso de anulação por Tema. O candidato redefiniu o tema ao tratar do apocalipse<br />
que seria gerado pelo derretimento das calotas polares que fariam com que as cidades litorâneas e até mesmo<br />
países inteiros fossem inundados. Tal derretimento deverá acontecer, segundo o candidato, por causa do efeito<br />
estufa e do “buraco” na camada de ozônio. Mesmo que se reconheça que as conseqüências do efeito estufa e<br />
do buraco na camada de ozônio para o homem passem pela água (através do derretimento das calotas<br />
polares), o texto do candidato não estabelece a relação exigida entre a água e homem, mas apenas entre o<br />
meio ambiente e o homem. O tema desenvolvido pelo candidato é, portanto, outro.<br />
No dia 5 de outubro de 1999, terça-feira, o jornal Correio Popular, de Campinas, SP, publicou a seguinte<br />
manchete de primeira página, acompanhada de breve texto:<br />
100 mil ficam sem água em Sumaré<br />
Um crime ambiental provocou a suspensão do abastecimento de água de cerca de 100 mil moradores de<br />
Sumaré. A medida foi tomada na sexta-feira, quando uma mancha de óleo de aproximadamente 3 quilômetros<br />
de extensão surgiu nas águas do rio Atibaia. Anteontem, uma nova mancha apareceu nas proximidades da<br />
Estação de Tratamento de Água I, na divisa entre o bairro Nova Veneza e o município de Paulínia. A situação<br />
somente será normalizada na quinta-feira. A Cetesb investiga o caso e os técnicos acreditam que o produto<br />
(óleo diesel ou gasolina) foi despejado em esgoto doméstico em Paulínia.<br />
Leve em conta esta notícia e privilegie a hipótese dos técnicos, apresentada no final do texto. A partir<br />
desses elementos, escreva uma narração em terceira pessoa, caracterizando adequadamente personagens<br />
e ambiente. Crie um detetive ou um repórter investigativo que, quando tenta resolver o “crime<br />
ambiental”, descobre que o ocorrido é parte de uma conspiração maior.<br />
Neste tema, esperava-se que, a partir de uma breve notícia de jornal, o candidato produzisse uma narrativa,<br />
em terceira pessoa, construindo necessariamente uma personagem – o detetive ou um repórter investigativo<br />
– que, ao tentar resolver um crime ambiental, descobre uma conspiração maior. O candidato poderia<br />
introduzir outras personagens, a depender das ações que fariam parte de sua narrativa. Pedia-se ainda que o<br />
candidato caracterizasse adequadamente tais personagens e o ambiente em que a história se desenrola.<br />
O final do texto do jornal (ao qual se pedia particular atenção) induzia o candidato a encaminhar-se para<br />
uma narrativa cujo eixo fosse um crime ambiental/ecológico. Esperava-se, então, que o candidato desenvolvesse<br />
uma narrativa que privilegiasse alguns aspectos: quem é o criminoso (ou quem são os criminosos), por<br />
que comete(m) esse crime e qual é o plano maior/ a conspiração de que esse crime é parte.<br />
As possibilidades para a construção de personagem(ns) eram muitas. O(s) criminoso(s) poderia(m) ser, por<br />
exemplo, desafeto(s) político(s), alguém ou algum grupo ligado a uma organização terrorista ou criminosa,<br />
gente interessada em desvalorizar as terras banhadas pelo rio Atibaia etc. Obviamente, trata-se apenas de<br />
alguns exemplos entre outros possíveis.<br />
Também podiam ser vários os motivos do crime. Podem servir como exemplos: interesses financeiros,<br />
políticos, vingança, disputa de poder ou de terras. Na verdade, a motivação poderia ser qualquer uma, desde<br />
que coerente com a história contada.<br />
Você deve ter observado que todas as expectativas acima envolvem o trabalho com algum dos elementos<br />
constitutivos do tipo de texto narrativo. Não basta, portanto, relatar algum acontecimento, alguma “historinha”,<br />
é necessário construir uma narrativa a partir das instruções presentes na proposta.<br />
Vejamos como alguns candidatos realizaram a tarefa.<br />
O mistério da mancha de óleo.<br />
Trim...<br />
— Delegacia de Polícia de Sumaré, cabo Jonas falando. Sim. Claro. Infelizmente não podemos fazer<br />
nada. Não é nosso departamento. Sinto muito. Até logo!<br />
Cabo Jonas, irritado, se dirige à sala do detetive Hércules Leão. Entra sem bater e já despeja sua ira:<br />
— Assim não dá, Leão! Já é a vigésima pessoa que liga reclamando da falta d’água desde a suspensão do<br />
abastecimento por causa daquela mancha de óleo no rio Atibaia. E nós não temos nada com isso.<br />
▲
Comentários<br />
▲<br />
Redação 1ª fase<br />
Leão alisando seu bigode responde calmamente:<br />
— Aí é que você se engana. Eu estou indo agora mesmo em Paulínia colher informações. Parece que o<br />
departamento de lá recebeu um telefonema da Ceteb insinuando que essa mancha de óleo não é oriunda de<br />
vazamento de petróleo e sim da rede de esgoto. Eles agora suspeitam que tenha sido proposital. Ligue para<br />
o chefe e o ponha a par de tudo.<br />
Jonas sai mais irritado do que entrou, afinal, falar com o chefe não é fácil.<br />
Com a mesma calma que lhe é característica, Leão parte para Paulínia. A idéia de que o derramamento<br />
de óleo não foi um acidente o intriga. Afinal, não é algo comum.<br />
À medida que se aproxima de Paulínia, ele vê uma multidão na beira do rio. Parando o carro, ele abre<br />
espaço até conseguir enxergar o motivo da aglomeração: outra mancha de óleo. E esta se encontra nas<br />
proximidades da Estação de tratamento de Água I.<br />
Mais do que depressa, ele se dirige à delegacia de Paulínia para saber como anda o inquérito. Quem o<br />
recebe é seu grande amigo, delegado Gerson Maia, que vai logo dizendo:<br />
— Oh, você está aqui! Eu tenho uma reunião importante, mas se você quiser dar uma olhadinha no<br />
caso... Até mais!<br />
Leão fica paralisado. Nunca havia visto seu amigo tão displicente assim. Largar um caso de crime<br />
ambiental deste jeito! “O que será que está havendo com Maia. Parece que me evitou, que está com medo.”<br />
– pensou consigo mesmo.<br />
Entrou em uma viatura e rumou para a Estação de Tratamento, munido de todas as informações sobre o<br />
caso. Nada lhe tirava da cabeça que Maia estava escondendo algo. Mas o quê?<br />
Ordenou que o cabo que o acompanhava fosse investigar e sentou-se na recepção. Agora seria a hora do<br />
trabalho mental, que tanto o fascina. Pegou o inquérito e começou a lê-lo. Examinou o nome do fundador da<br />
Estação de Tratamento e lembrou que se tratava do prefeito. Lembrou também que estavam em época de<br />
eleição devido aos cartazes que tinha visto do lado de fora....<br />
Levantou-se aturdido e gritando para o cabo:<br />
— Leve-me à casa do Maia agora!<br />
Chegando à casa de Maia foi direto à garagem e confirmou <strong>suas</strong> suspeitas: barris e mais barris de óleo,<br />
vazios.<br />
Nesse instante Maia chega em casa. Ao ver Leão perto da garagem fica pálido. Tenta fugir, mas já é tarde.<br />
Leão já o tinha alcançado. Algemando-o, diz:<br />
— Delegado Gerson Maia, você está preso acusado de poluir o rio Atibaia para denegrir o nome do atual<br />
prefeito de Paulínia, candidato à reeleição.<br />
Maia, vendo-se sem saída, interroga-o com o olhar.<br />
Leão sorri e diz:<br />
— Vi os cartazes de sua campanha eleitoral. Você com medo de perder, apelou para a sabotagem.<br />
No outro dia, os principais jornais da região estampavam na primeira página a cara apalermada de Maia<br />
no camburão.<br />
E na delegacia de Sumaré o detetive Hércules Leão lendo o jornal, sente mais uma vez a sensação do<br />
dever cumprido.<br />
O candidato cumpre o que foi pedido. Podemos observar, em primeiro lugar, que lança mão de alguns<br />
recursos característicos da narrativa (faz alguma caracterização dos personagens, usa o discurso indireto<br />
livre); em segundo lugar, que seleciona os elementos da coletânea necessários para desenvolver o tema,<br />
contemplando todas as informações contidas na proposta (considera o crime ambiental, a hipótese dos técnicos,<br />
o personagem do detetive e a existência de algo por trás do crime ambiental).<br />
Vejamos como o candidato usou a coletânea. Na segunda linha, situa os fatos ocorridos na cidade de<br />
Sumaré, um uso bastante óbvio da coletânea (outros dados da coletânea serão usados com a mesma função<br />
em vários momentos do texto: rio Atibaia, na 6ª linha, Estou indo... em Paulínia, na 8ª linha etc.).<br />
No 4º parágrafo, é de uma maneira interessante que outro dado da coletânea é introduzido: uma grande<br />
quantidade de pessoas atingidas pela falta d’água aparece através da freqüência dos telefonemas; essa grande<br />
quantidade de pessoas é retomada como multidão no 9º parágrafo, em que o detetive abre espaço até<br />
conseguir enxergar o motivo da aglomeração.<br />
No 6º parágrafo, o candidato faz uso do elemento da coletânea cujo uso é exigência da proposta: a<br />
hipótese dos técnicos, que aparece como uma denúncia feita à delegacia de Paulínia. É no 9º parágrafo que<br />
um elemento da coletânea central para o texto do candidato é introduzido – a Estação de Tratamento de Água<br />
I – perto da qual está uma das manchas de óleo. Esse elemento será retomado no 13º parágrafo, em que<br />
ficamos sabendo que foi o atual prefeito de Paulínia, candidato à reeleição, que fundou essa estação.<br />
No 12º parágrafo, o candidato usa a gravidade de um crime ambiental como um elemento para justificar<br />
o estranhamento de Leão frente ao comportamento de Maia. No 15º parágrafo, o óleo, também mencionado<br />
17
Redação 1ª fase<br />
18<br />
Exemplo de<br />
redação<br />
na coletânea, aparece como vestígios dentro de barris, que constituem a prova do crime.<br />
Finalmente, um outro elemento da coletânea é acionado: as manchetes de jornal que, na proposta, divulgavam<br />
o crime ambiental, agora divulgam, também em primeira página, o desfecho daquele crime.<br />
Vendo um texto tão certinho e que traz tantos dados da coletânea como este, você pode estar se perguntando<br />
por que não afirmamos que se trata de um texto que cumpre bem a tarefa pedida. A resposta é a<br />
seguinte: o texto é, realmente, um pouco acima da média nos quesitos técnicos, como modalidade e coesão<br />
(que vêm descritos no Manual do Candidato), mas apresenta uma articulação de conteúdos apenas razoável,<br />
com momentos de certa ingenuidade, inclusive. Atente para o fato de Maia ser um grande amigo do detetive<br />
Leão. Esse dado, embora tenha uma função, na medida em que justifica o estranhamento de Leão durante o<br />
encontro dos dois na delegacia, é totalmente desconsiderado no momento em que Leão algema o Maia. Não<br />
houve uma caracterização suficiente do personagem Leão para justificar essa atitude. Ao invés de o candidato<br />
descrevê-lo usando bigode, deveria tê-lo descrito como alguém obcecado por justiça, por exemplo, e, no<br />
desfecho, mostrar que houve um questionamento, por mínimo que fosse, por parte de Leão antes de prender<br />
seu grande amigo.<br />
O fato de os dois serem grandes amigos também causa estranhamento em nós, leitores, quando tomamos<br />
conhecimento da candidatura de Maia. Leão só fica sabendo que seu grande amigo é candidato a prefeito<br />
porque vê cartazes na rua?! Por que será que ficaram tanto tempo sem se falar? Não tiveram tempo pra<br />
nenhum café, nenhuma cervejinha, nenhum telefonema...?! Outro dado que não combina com a “grande<br />
amizade” dos dois é a tentativa de fuga do Maia no momento em que é flagrado por Leão.<br />
Lembre-se de que um dos aspectos considerados na avaliação das redações é a relação entre os elementos<br />
presentes no texto. Ora, a articulação dos elementos desse texto é apenas razoável. Veja, também, como é um<br />
tanto facilitado o próprio desfecho desta narrativa: quanta ingenuidade a do criminoso em deixar a prova do<br />
crime – os barris sujos de óleo – na garagem de sua própria casa, garagem à qual, por sinal, se tem livre<br />
acesso. Estranho, não é?<br />
Vejamos outra redação:<br />
Sexta-feita, 1º de outubro de 1999<br />
A mancha tomava conta do rio pouco-a-pouco. O rapaz, observando tudo, afrouxava a gravata, deu um<br />
último trago no cigarro e, embora nesse momento já estivesse sozinho, falou alto – talvez para ver se assim<br />
se convenceria – que estava apenas cumprindo ordens. Fora dura a sua jornada até ali. Pessoas como ele não<br />
têm opção; se lutam contra o sistema se marginalizam. Ele não seria mais um. O avô havia sido um idealista,<br />
o pai, um conformista, e o que conseguiram? Respaldado pela imponência de sua imagem: terno e gravata<br />
impecáveis e um quê de altivez no olhar, procurava se convencer de que a Moral existe para subjugar os<br />
fracos: a pobreza é nobre; a humildade, dignificante; sofre-se na Terra para ganhar-se o reino dos céus; vivese<br />
em condições sub-humanas para se chegar até Deus. Fracos. Após gerações, ele era o primeiro a ter<br />
coragem de dizer não e enxergar a própria realidade, sem pseudo-moralismos. Ele não seria um fraco.<br />
Procurava não dar muita vazão ao sentimento que teimava em invadir-lhe a mente quando pensava no pai.<br />
“Fraco!”, dessa vez quase gritou. Agora cumpria ordens; amanhã mandaria, era só uma questão de tempo.<br />
Sábado, 02 de outubro de 1999<br />
Na redação, o calor era tórrido. O “foca”, ainda desacostumado à rotina acelerada de uma redação de<br />
jornal, já pensava no próximo feriado. Os colegas achavam graça, “será que você escolheu a profissão<br />
certa?”, perguntavam. Um jornalista não tem fim de semana, nem feriado, mas não era isso o que mais<br />
incomodava o foca. A essa altura, tinha realmente dúvidas se havia escolhido a profissão certa, mas menos<br />
devido à suposta superatividade que por ver frustrada a imagem que, em seus sonhos juvenis, fazia da<br />
profissão; cobriria uma guerra no Golfo pérsico ou nas balcãs; anunciaria, em primeira-mão, notícia envolvendo<br />
um ministro ou chefe-de-Estado; vaticinaria, com autoridade, sobre um possível naufrágio econômico<br />
no país. Sua mente trabalhava em um ritmo mais acelerado que sua rotina suportava. Talvez se desse bem<br />
como ficcionista. Enquanto isso, ia alimentando uma ou duas histórias na cabeça. Quando o editor pediu que<br />
ele fosse conferir a “tal da mancha” no rio, ele foi, com a mesma solicitude indiferente de sempre...<br />
Domingo, 03 de outubro de 1999<br />
No dia anterior havia feito inúmeras entrevistas: engenheiros, técnicos, autoridades...<br />
Havia a possibilidade de a poluição ter sido intencional, mas tal hipótese, geralmente sussurrada ou dita<br />
de modo sorrateiro, parecia causar incômodo. Apenas o “foca” se interessou pela teoria. “Intencional? Mais<br />
de cem mil pessoas estão sem água, que, misturada a óleo, compõe um conjunto extremamente tóxico. Mas<br />
que espécie de intenção é essa?” O BIP chamava: deveria ir a Paulínia, pois havia uma nova mancha por lá.<br />
Segunda-feira, 04 de outubro.<br />
Mal o editor deixara a sala, vieram os colegas felicitá-lo pela reportagem: a matéria seria manchete de<br />
primeira página. Indiferente à repercussão, o “foca” sentia uma sensação ruim, uma espécie de um mau ▲
Comentários<br />
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
▲<br />
Redação 1ª fase<br />
presságio. Lembrara da conversa com os técnicos da Cetesb, da dúvida em colocar ou não a hipótese<br />
criminosa na reportagem. Os técnicos falavam com certa reserva, mas bastante convicção. Temiam represálias,<br />
mas sabiam o que estavam dizendo. Ao perceberem o interesse do jornalista, todos emudeceram unânimes.<br />
Ao sair, recebeu sinal para subir. Falando com o engenheiro-chefe, entendeu que nunca se deve dizer<br />
tudo o que se sabe. É sensato saber calar. O jornal sairia na manhã seguinte e ele, arrasado, sentia-se<br />
vencido. O telefone tocou.<br />
Terça-feira, 05 de outubro.<br />
O “foca” chegava ao lugar marcado com quinze minutos de antecedência. Pelo telefone, a pessoa apenas<br />
informou a hora e o local em que deveriam se encontrar. Não se identificou e não disse como estaria.<br />
Aparentemente um boteco, como qualquer outro; adentrou o local, relutante entre a curiosidade e a cautela.<br />
Sabia que ter insinuado a hipótese criminosa em sua matéria havia irritado imensamente as autoridades<br />
locais, que temiam que a população imaginasse que pudesse estar havendo perda de controle. Quem mais<br />
ele teria irritado? Ao sentar-se à mesa recebeu um bilhete que o mandava subir. Obedeceu cauteloso. No<br />
andar superior, conversou com uma pessoa que, por sua vez, conduziu-o a outra sala. Estava começando a<br />
assustar-se. A sala estava escura, e ele não podia ver quem lá estava. Apenas ouvia uma voz que o advertia<br />
a não fazer perguntas. A voz o informou de que um grupo, politicamente oposto ao governo vigente, tentava<br />
sabotá-lo poluindo criminosamente o rio, o que, além de indispor a simpatia da população contra as autoridades,<br />
traria um grande prejuízo econômico à cidade. Falou mais, e o jornalista ouvia eufórico, entendendo<br />
a dimensão do que ouvia. Ao sair do prédio, uma bala atingiu-o pelas costas. Seu corpo, por ali mesmo,<br />
desapareceu.<br />
Quarta-feira, 06 de outubro.<br />
O rapaz afrouxava a gravata. Apenas cumpria ordens. O “tal do jornalista” bem que havia provocado. É<br />
assim. Hoje se obedece; amanhã se manda. Cada um no seu lugar.<br />
Provavelmente, lendo esta redação, você tenha percebido como são acima da média as relações estabelecidas<br />
entre os elementos trazidos pelo seu autor.<br />
Observe que não há diferenças substantivas de enredo entre as duas redações acima: nas duas, além de<br />
haver alguém interessado em desvendar o crime ambiental – tarefa exigida pela proposta – há um interessado<br />
em denegrir a imagem de um político. O que diferencia as duas redações são o trabalho com os elementos da<br />
narrativa e a relação estabelecida entre os elementos do texto; observe, no segundo texto, a profundidade com<br />
que os dois personagens principais – o executor dos dois crimes, que cumpre ordens de derramar óleo no rio<br />
e de matar o jornalista e o foca – foram construídos, o trabalho com o cenário e como todos elementos estão<br />
relacionados entre si. Atente para a preparação que o candidato faz para cada ato dos personagens criados: as<br />
coisas não acontecem por acontecer neste texto; o criminoso não comete os crimes como quem vai ao bar da<br />
esquina, ele se questiona e tem a necessidade de se justificar. O foca não vai até aquele beco ao encontro do<br />
seu assassinato por mera coincidência, ele foi construído pelo candidato como um jovem ingênuo e ambicioso<br />
cujo sonho era fazer um furo de reportagem. A chance era aquela. Mesmo tendo suspeitado de que poderia<br />
estar caindo numa cilada – adentrou o local, relutante entre a curiosidade e a cautela,... Quem mais teria<br />
irritado? ... Obedeceu cauteloso... Estava começando a assustar-se – prosseguiu; a curiosidade – característica<br />
de um grande repórter – foi maior!<br />
Veja como o dado de coletânea exigido pela proposta – a hipótese dos técnicos, como você já sabe – é<br />
totalmente integrado à trama: é essa hipótese geralmente sussurrada e dita de modo sorrateiro que faz com<br />
que o foca deixe de olhar para a matéria com a mesma solicitude de sempre e passe a se envolver com o caso.<br />
Releia o texto pensando em cada elemento utilizado pelo candidato. Você verá que tudo tem uma função<br />
no texto. Procure observar como os elementos se relacionam. Veja, por exemplo, o paralelismo na constituição<br />
dos dois personagens – o foca e o criminoso: embora ninguém ouse ver no foca um criminoso, é bastante<br />
importante vê-lo como alguém cujo caráter é bastante semelhante ao do vilão da história. O que move o foca<br />
também é a ambição: atente para a euforia com que ele ouvia a explicação para o crime. Alguém preocupado<br />
com a saúde pública, com a preservação da natureza, ou com alguma outra questão “nobre” se indignaria com<br />
aquelas declarações, mas o foca, não. A sua reação foi de euforia pois entendia a dimensão do que ouvia,<br />
sabia que alcançaria a tão almejada fama ao publicar tudo o que lhe fora desvendado sobre o crime ambiental.<br />
Crime no Bairro Sumaré<br />
Todo dia acordo, pontualmente, às sete horas da manhã. Trabalho, como detetive, em um escritório lá na<br />
rua dos Bandeirantes. Entretanto um telefonema me acordou às seis e quinze. Era meu chefe. Ele perguntara<br />
se havia lido o jornal desta manhã. Respondi, obviamente, que não e disse que iria ler e ligaria para ele<br />
depois. Com muito esforço, levantei e caminhei em direção à porta da frente para pegar o jornal. Não me<br />
pareceu nada demais, os mesmos assuntos de sempre, mortes, roubos; entretanto, uma reportagem sobre a<br />
falta de água em Sumaré me chamou atenção. Não pelo fato de faltar água, mas sim pelo motivo da falta.<br />
▲<br />
19
Redação 1ª fase<br />
20<br />
Comentários<br />
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
Comentários<br />
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
▲<br />
Liguei para o meu chefe e recebi ordens para ir ao local checar uma possível contaminação planejada.<br />
Chegando ao local, o belo bairro Sumaré, me dirigi a um dos moradores, um homem velho porém forte de<br />
uns 60 anos, e lhe perguntei o que estava acontecendo. Ele me disse que em dias recentes manchas de<br />
óleo ou gasolina estariam contaminando a água. Indagado, perguntei a ele, como os moradores do bairro<br />
estavam suprindo a falta de água. Ele me disse que tinham de comprar água em um armazém recémaberto<br />
a duas quadras dali.<br />
Antes de ir para tal armazém, passei na Estação I de Tratamento de Água para ouvir a opinião de um<br />
dos técnicos. José Crivaldo, o técnico que me recebeu, me explicou que tal contaminação teria sido causada<br />
por alguém. Quando me disse isto, comecei a ligar os fatos. Essa onda de contaminação e a recémabertura<br />
do armazém seriam mera coincidência? Entrei no meu carro, um Gol 1992, liguei para o meu<br />
chefe, Ricardo, e lhe contei a história. Recebi a orientação para ir investigar o tal armazém.<br />
Chegando lá me deparei com um armazém velho, enferrujado, mas que tinha uma grande freguezia.<br />
Entrei pelos fundos. Lá pude observar que havia uma meia dúzia de “bacanas”, todos bem vestidos e bem<br />
armados. Cheguei mais perto e pude escutar que a contaminação e o armazém não eram mera coincidência.<br />
Liguei para a central e contei a situação.<br />
Depois de algum tempo, a polícia chegou com um mandato. Verificaram o local. Encontraram dinheiro,<br />
muito por sinal, e uns três ou quatro barris. Ao abrirem encontraram um líquido de mesma coloração ao<br />
líquido suspeito encontrado na água. Resultado disso tudo é que foi parabenizado pelo meu bom trabalho<br />
e os “bacanas” foram presos. Ao sair do armazém me deparei com uma pequena manifestação. Era o<br />
responsável da Cetesb avisando, que devido ao feriado, a água só ia voltar na outra semana.<br />
Embora esta redação contenha grande parte das exigências, como o crime ambiental, a construção de um<br />
detetive e o plano maior (a conspiração) por trás do crime, ela foi feita em 1ª pessoa. Conforme consta no<br />
Manual do Candidato, a utilização do foco narrativo exigido é condição para que a redação seja considerada e,<br />
portanto, a redação acima foi anulada em Tipo de Texto.<br />
Ambientalistas descobrem que está sumindo aves da floresta e resolveram avisar a polícia ambiental<br />
e eles nada fiseram. Com a icopetencia da policia ambiental, os ambientalistas resolveram contratar um<br />
detetive para solucionar o caso.<br />
O detetive começando as investigações que aves rarissimas que so existe no Brasil estão ficando<br />
extintas, e a preocupação dos ambientalistas aumentou. Com o decorrer das investigações o detetive descobre<br />
que não era só aves que estavam sumindo, mas também aranhas caranguejeiras.<br />
Quando o detetive descobriu sobre as aranhas, começou a suspeita sobre que a policia ambiental<br />
estava envolvida no desaparecimento das aves e aranhas, que eles estavam exportando para o exterior que<br />
comprava que comprava por um preço alto.<br />
Mas profundo nas investigações descobriu que tinha governadores envolvidos no sumiço das aves e<br />
aranhas. Após essas descobertas o detetive relata tudo o que havia descoberto para os ambientalistas, e<br />
mais, sugeriu que eles escrevessem uma carta para o presidente relatando tudo que havia descoberto.<br />
Assim feito o presidente respondeu sua carta agradecendo por ter avisado e pedindo que o detetive<br />
saisse do caso que ele iria mandar a policia federal investigar, meses depois o detetive foi morto e o caso<br />
não foi solucionado.<br />
O autor deste texto desconsiderou totalmente o crime ambiental, exigência do tema. A tarefa exigida não<br />
era a de imaginar “um” crime ambiental, mas a de usar “o” crime ambiental da proposta. Essa desconsideração<br />
é gravíssima e acarreta a anulação da redação em Tema. Além do Tema, a redação foi anulada em<br />
Coletânea. Veja que nenhum dos elementos da proposta foi usado: onde estão a mancha de óleo, a hipótese<br />
dos técnicos, o rio Atibaia, o jornal?! Nem a falta d’água aparece no texto...<br />
Além de muitos crimes que ocorre no país, o crime ambiental que é o que causa mais prejuízos tanto<br />
para a empresa como para o consumidor, um rio pode distribuir águas para uma cidade inteira, se qualquer<br />
empresa ou fábrica vizinhas do rio causar um crime ambiental que é causar uma poluição no rio causa um<br />
grande problema para a cidade que depende da água do rio para utilizar. A água é um dos itens fundamentais<br />
para a população, que não tem como substitui-lá. Se fosse com a energia elétrica o homem conseguiria<br />
substitui-lá com a energia solar e a eólica.<br />
O que causam crimes ambientais são geralmente as grandes empresas.<br />
Investigam mas quando descobrem que são as grandes empresas que causam este crime, os empresários<br />
acabam oferecendo muito dinheiro, assim acabam não sendo punidos. Para causar um dano tão<br />
grande como este só pode ser causado por uma grande empresa.<br />
▲
TEMA C<br />
Comentários<br />
▲<br />
Redação 1ª fase<br />
Se as empresas não poluíssem os rios a estação de tratamento de água não gastariam muito com o<br />
tratamento.<br />
Com o rio limpo sem poluição a estação de tratamento teriam menos gastos em materias de tratamento<br />
da água, podendo cobrar mais barato a água consumida pela população.<br />
Esta redação também foi anulada por dois motivos: além de o candidato desconsiderar totalmente “o<br />
crime ambiental”, não escreveu um texto adequado ao tipo de texto escolhido: o texto acima não é uma<br />
narrativa. A redação foi anulada em Tema e em Tipo de Texto, portanto.<br />
Ao ler esta redação, você pode ter ficado com a impressão de que o candidato leu as três propostas de<br />
desenvolvimento e, a partir dessa leitura – que, sem dúvida, foi superficial – escreveu alguma coisa sobre<br />
água, que, aliás, foi o eixo de toda a prova. Mesmo nos casos em que toda a prova é temática, como ocorreu<br />
nos dois últimos anos, deve-se seguir, exclusivamente, as instruções contidas na proposta escolhida.<br />
Em várias instâncias têm surgido iniciativas que podem resultar em uma nova política em relação à água,<br />
até hoje considerada um bem renovável à disposição dos usuários. Abaixo estão trechos de notícias relativamente<br />
recentes com informações sobre algumas dessas iniciativas.<br />
1. País pode ter agência de água<br />
O secretário nacional de recursos hídricos, Raimundo José Garrido, participa na próxima quarta-feira, em<br />
Porto Alegre, de um debate sobre a criação da Agência Nacional da Água (ANA). O encontro, que reunirá ainda<br />
o jornalista Washington Novaes, o consultor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Affonso<br />
Leme Machado, e o Secretário do Meio Ambiente do Estado, Cláudio Langoni, faz parte da 6ª Semana Interamericana<br />
da Água. O evento vai se estender de hoje até o dia 9, em 200 municípios gaúchos, com atividades<br />
ligadas à educação ambiental, painéis, exposições, mutirões de limpeza de rios e riachos, entre outras. Mais<br />
de 50 entidades públicas e privadas, incluindo o governo do Rio Grande do Sul, a prefeitura de Porto Alegre,<br />
a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, participam da iniciativa. (Campinas, Correio<br />
Popular, 02/10/99)<br />
2. Países concordam que, para evitar escassez, a água não pode ser gratuita<br />
Paris – Uma conferência das Nações Unidas sobre gestão das escassas reservas de água doce do mundo<br />
concluiu ontem que a água deveria ser paga como commodity * , ao invés de ser tratada como um bem essencial<br />
a ser fornecido gratuitamente. A reunião de três dias, da qual participaram ministros do meio-ambiente e<br />
autoridades de 84 países, concluiu que os custos deverão permanecer baixos e que o acesso à água doce<br />
deveria ser assegurado aos pobres.<br />
O apelo feito ao final da reunião, no sentido de maior participação das forças do mercado, motivou uma nota<br />
de cautela do primeiro ministro socialista [francês], Lionel Jospin, que se dirigiu à assembléia em seu último<br />
dia. Jospin enfatizou a necessidade de prudência quando se trata de uma substância que não é “um produto<br />
como outro qualquer”. “Vocês renunciaram à velha crença, que se manteve por muito tempo, de que a água<br />
somente poderia ser gratuita porque cai do céu”, disse ele. Mas ele frisou que a mudança para uma forma de<br />
lidar com a água mais orientada para o mercado “deve ser prudente”.<br />
(www.igc.apc.org/globalpolicy/socecon/envromnt/water.htm)<br />
* commodity: mercadoria, produtos agrícolas ou de extração mineral<br />
3. Enquanto os ambientalistas preocupam-se em mobilizar a opinião pública e sensibilizar governos, os legisladores<br />
querem enquadrar os abusados nas normas da lei. Aprovada há dois anos, mas ainda carente de<br />
regulamentação, a Lei do Uso das Águas (9.433) disciplina a exploração dos recursos hídricos do país. Ela<br />
prevê cobrança de taxas adicionais aos grandes usuários (como hidrelétricas), aos poluidores e às indústrias<br />
que exploram a água economicamente ou na produção de algum produto. Outra lei, mais rigorosa e punitiva,<br />
é a 9.605, em vigor há mais de um ano: quem poluir os rios, mananciais e devastar as florestas poderá sofrer<br />
detenção de até cinco anos e multas de até R$ 50 milhões. (João Marcos Rainho, “Planeta água”, in: Educação,<br />
ano 26, n. 221, setembro de 1999, pp. 57-8)<br />
4. A força política dos que promovem a concentração populacional nas áreas de mananciais é grande. (...) A<br />
demonstração dessa força política está nas muitas mudanças da lei de Proteção dos Mananciais de 1975. A<br />
maior dessas alterações que abrandaram a lei ocorreu em 1987, com a desculpa de que era necessária para<br />
atender “à realidade criada pela ocupação desordenada”. Mas cabe a pergunta: quem permitiu essa ocupação?<br />
As prefeituras locais, sem dúvida, mas também a Secretaria de Meio Ambiente, por falta de vigilância.<br />
(“Mananciais contaminados”, in: O Estado de S. Paulo, 17 /10/99, p. A3)<br />
21
Redação 1ª fase<br />
22<br />
Comentários<br />
sobre o Tema C<br />
Exemplo de<br />
redação<br />
Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência Nacional da Água (ANA). A<br />
carta deverá argumentar a favor da criação do novo órgão que, como a ANP, a ANATEL e a ANEEL, terá<br />
a finalidade de definir e supervisionar as políticas de um setor vital para a sociedade. Nessa carta, você<br />
deverá sugerir ao congressista pontos de um programa, a ser executado pela Agência Nacional da Água,<br />
programa que deverá incluir novas formas de controle.<br />
ANP: Agência Nacional do Petróleo; ANATEL: Agência Nacional das Telecomunicações; ANEEL: Agência Nacional<br />
de Energia Elétrica<br />
Atenção: ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar.<br />
No Tema C-2000, o candidato deveria escrever uma carta argumentativa a um congressista contrário à<br />
criação da Agência Nacional da Água, procurando convencê-lo da importância de tal agência. Para isso, a<br />
proposta temática fornecia uma coletânea de textos que abordavam a questão do gerenciamento da água sob<br />
vários aspectos. Havia informações e fatos relacionados a algum tipo de controle da água, a partir dos quais o<br />
candidato poderia argumentar para convencer o congressista da necessidade da ANA, além de poder extrair<br />
dali pontos de uma possível proposta de programa para a ANA, já que parte da tarefa pedida era justamente<br />
propor os pontos de um programa para a nova agência. Um bom leitor poderia encontrar ali argumentos para<br />
redigir seu texto per<strong>suas</strong>ivo, como o fizeram alguns candidatos.<br />
Gostaríamos de esclarecer que o que se espera como resposta a esta tarefa específica não é simplesmente<br />
uma carta, mas uma carta argumentativa dirigida a um interlocutor definido, que deverá ser convencido (ou<br />
persuadido) de determinada questão. Para fazer isso, você deve identificar, em primeiro lugar, quem é o seu<br />
interlocutor e, em segundo lugar, a questão que está sendo abordada, bem como os argumentos, opiniões ou<br />
pontos de vista sobre essa questão que aparecem na coletânea. Em seguida, você deve selecionar, dentre os<br />
argumentos, opiniões ou pontos de vista identificados, aqueles que melhor se prestam à análise que você<br />
pretende fazer da questão, e trazer outros argumentos do seu conhecimento que sejam pertinentes à questão<br />
discutida e integrá-los ao seu texto.<br />
Além disso, escrever uma carta argumentativa não significa apenas argumentar defendendo um ponto de<br />
vista, mas, sobretudo, é preciso direcionar a argumentação ao interlocutor definido pela prova. No Vestibular<br />
2000, a carta argumentativa deveria ser endereçada a um congressista; você poderia se perguntar: mas que<br />
congressista? a que partido político pertencia? qual sua posição ideológica com relação aos diversos problemas<br />
do Brasil? por que ele era contrário à criação da ANA? quais as razões concretas para tal postura? E,<br />
pensando em cada uma das possíveis respostas às perguntas acima, você deveria construir a imagem do “seu”<br />
congressista.<br />
Veja que a tarefa argumentativa seria outra se você tivesse que escrever para:<br />
(1) um ambientalista, ligado a causas ecológicas;<br />
(2) um amigo que precisasse ser convencido a assinar um abaixo-assinado em favor da nova agência;<br />
(3) um gerente de uma indústria que estivesse poluindo rios;<br />
(4) o presidente do Departamento de Água e Esgoto de sua cidade.<br />
O que queremos enfatizar é que a construção de uma carta argumentativa é mais facilmente bem sucedida<br />
quando você, além de relacionar bem os argumentos extraídos da coletânea e do seu conhecimento de mundo,<br />
explora as características que conhece do seu interlocutor.<br />
Foi uma estratégia inteligente a daqueles candidatos que, de antemão, definiram seu interlocutor – seja<br />
tendo escolhido um que conhecessem, seja “criando” um deputado ou senador com determinadas características,<br />
desde que coerentes com a única informação dada na prova: a de que o congressista era contrário à<br />
criação da ANA.<br />
A seguir, há três exemplos de redações em que os candidatos, apesar de cumprirem a tarefa pedida,<br />
exploraram a imagem de seu interlocutor em graus diferentes.<br />
Ribeirão Preto, 28 de novembro de 1999.<br />
Deputado Sílvio Golveia.<br />
Leio sempre revistas e jornais e li sobre o seu posicionamento contrário a criação da Agência Nacional da<br />
Água (A.N.A.). Sou estudante e sempre procuro saber sobre os problemas ambientais e seus reflexos na<br />
natureza e nas sociedades futuras; fico profundamente decepcionado com atitudes como a do senhor, que<br />
me parece não se preocupar com os problemas que poderiam ser evitados num futuro próximo com a<br />
implantação da A.N.A.<br />
A sua integridade é posta em questionamento quando se volta contra um projeto tão nobre. Não há<br />
justificativas nem argumentos para esse seu posicionamento e a única alternativa que resta à população é<br />
▲
Comentários<br />
Exemplo de<br />
redação<br />
▲<br />
Redação 1ª fase<br />
desconfiar que por trás dessa decisão, há relações políticas ou algum interesse financeiro pressionando o<br />
senhor.<br />
Se o senhor quer projeção política, imagine o marketing que o senhor não teria se ajudasse e desse idéia<br />
a esse projeto de controlar e inspecionar o uso da água, a qual terá grande problema de escassez se nada for<br />
feito nesse sentido de controle.<br />
Como idéia, o senhor poderia propor não a taxação, mas a conscientização da população para não<br />
desperdiçá-la, o que seria muito mais eficiente, uma vez que cobrar água num país de maioria pobre e que<br />
em algumas áreas a população nem tem acesso a ela é inviável, além de que, informar e conscientizar é uma<br />
medida que servirá não só para a preservação da água, mas para qualquer outro recurso ambiental e ecológico.<br />
O senhor seria visto com muito mais respeito, aderindo-se à esse projeto, e estaria assim respondendo à<br />
duas ambições <strong>suas</strong>; a de se ver bem quisto pelas pessoas e a de atender à sua consciência que, tenho<br />
certeza, quer um mundo melhor para seus descendentes e que se preocupa com o destino desse bem vital<br />
que é a água.<br />
Desculpe pela minha franqueza, mas é que eu me preocupo muito com os recursos ambientais e sei da<br />
sua importância para a manutenção da vida.<br />
Respeitosamente,<br />
J.G.J.N.<br />
O candidato que escreveu essa redação sabia muito bem que estava escrevendo uma carta a um congressista.<br />
Daí ter “criado” um deputado – Sílvio Golveia – e ter construído uma imagem de um político envolvido<br />
em interesses financeiros e buscando projeção política. Na opinião do candidato, seriam essas as prováveis<br />
justificativas pelas quais o deputado seria contrário à criação da ANA. Veja que a primeira parte da construção<br />
de uma carta argumentativa foi feita corretamente pelo candidato. Vejamos, então, se ele conseguiu explorar<br />
bem essa imagem do deputado e quais foram os argumentos por ele utilizados para convencer Sílvio Golveia<br />
a mudar de idéia com relação à criação da ANA, já que a tarefa pedida não é somente uma carta, mas uma<br />
carta argumentativa!<br />
Primeiramente, a ANA poderia evitar problemas ambientais no futuro, se fosse implantada (1º parágrafo).<br />
Tendo em mente a projeção política almejada pelo deputado, o candidato aponta o marketing que poderia<br />
alcançar se apoiasse o projeto de controlar e inspecionar o uso e a poluição da água (3º parágrafo). Em<br />
seguida, sugere que seria melhor propor a conscientização da população do que a cobrança de taxas para<br />
evitar o desperdício da água (4º parágrafo). E conclui que, fazendo isso, o deputado será visto com muito mais<br />
respeito.<br />
Perceba que, embora o candidato não tenha apresentado nenhuma informação errada a respeito do supervisionamento<br />
da água, sua carta não tem força argumentativa, na medida em que os argumentos utilizados<br />
são ingênuos; observe que até mesmo no único momento do texto em que ele efetivamente sugere pontos para<br />
o programa da ANA, momento que exige argumentos extremamente consistentes, ele é ingênuo: ao justificar<br />
a conscientização e não a taxação (cobrança pelo uso da água) com base no fato de o Brasil ser um país de<br />
maioria pobre, o candidato desconsidera o fato de que, em grande parte, é a minoria – rica – que mais utiliza<br />
água e, muitas vezes, a desperdiça e a polui, com <strong>suas</strong> indústrias, por exemplo e que poderia haver cobrança<br />
de acordo com a quantidade de água utilizada.<br />
Outro momento de ingenuidade ocorre quando, diante da imagem do político que deseja projeção política,<br />
o candidato apresenta o marketing político como tentativa de convencimento, não especificando, porém,<br />
como tal projeto colaboraria na formação de uma imagem mais positiva do deputado.<br />
Não estamos querendo dizer que isso seja uma razão para penalizar a redação: trata-se de um desempenho<br />
apenas razoável. O candidato cumpriu a tarefa: escreveu a um congressista; procurou argumentar no<br />
sentido de convencê-lo a mudar de idéia e propôs algumas atividades a serem executadas pela ANA. O que<br />
questionamos é se o deputado ficaria convencido com esse tipo de argumentação, baseada no senso comum<br />
e, até certo ponto, um pouco apelativa. Se ele tivesse fundamentado melhor sua argumentação, ou se tivesse<br />
escolhido outros argumentos não tão próximos do senso comum, ou ainda, se tivesse explorado a imagem que<br />
fez de seu interlocutor, provavelmente sua redação teria um desempenho melhor.<br />
São Paulo, 28 de novembro de 1999.<br />
Senhor deputado Cézar Campos,<br />
Soube, por meio de jornais e revistas, que o senhor é contrário à criação da ANA (Agência Nacional de<br />
Água), alegando que seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”. Como cidadã, concordo<br />
com o senhor: há inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos. Porém, como Engenheira<br />
Sanitária, vejo a necessidade de intensificar as políticas de proteção ambiental de todas as maneiras possíveis.<br />
23<br />
▲
Redação 1ª fase<br />
24<br />
Comentários<br />
▲<br />
Certamente o senhor sabe da importância da água dentro de uma sociedade, não apenas para a saúde da<br />
população, mas também em termos econômicos. E, certamente, o senhor não é contrário à punição de quem<br />
faz mal uso desse bem, tais como indústrias pesadas e poluidoras. Há também grandes usuários que,<br />
mesmo sem poluir a água, fazem largo uso dela – e isso, estando certo ou não, é uma grave agressão ao meio<br />
ambiente, e que, portanto, merece também uma “punição” (taxas e tributos maiores do que os pagos por<br />
cidadãos comuns). Pois bem, a Lei já dá conta desse tipo de regulamentação, cobrando inclusives pesadas<br />
multas de quem polui e, em alguns casos, determinando a prisão em até cinco anos.<br />
Contudo, senhor Campos, sabemos que a lei é raramente cumprida, mesmo em se tratando de uma<br />
questão de vital importância e prioridade. Os órgãos governamentais tradicionais, quer por corrupção, quer<br />
por ineficiência, já não dão conta da fiscalização sequer – quem dirá da punição. É por razões como essas<br />
que a criação da ANA se faz urgente e necessária.<br />
A prioridade da ANA seria a fiscalização e punição, portanto. Funcionaria como uma espécie de “órgão de<br />
defesa da água”, estando subordinada diretamente ao Ministério do Meio Ambiente. A agência teria poder de<br />
ação tanto sobre a esfera pública quanto sobre a privada, podendo multar, inclusive, programas governamentais<br />
que se mostrassem prejudiciais ao Meio Ambiente. Seus processos jurídicos deveriam ter prioridade em<br />
tribunais, ou então seriam julgados por juízes especiais, designados apenas para essa função, haja vista a<br />
importância da água como bem econômico, social e geopolítico – o Brasil ainda não tem problemas com<br />
países vizinhos por conta de recursos hídricos, mas essa situação pode vir a ocorrer um dia.<br />
Por isso, é preciso que haja desde já conscientização. O governo não pode, tal como representante<br />
legítimo da sociedade, fechar os olhos aos abusos que vêm sendo cometidos em relação à “água brasileira”.<br />
Outro ponto importante da criação da ANA, e aparentemente o que mais causa a sua rechação à criação<br />
da agência, é a ineficiência das empresas estatais. Para burlar esse fato, a ANA deveria ser um órgão misto,<br />
do qual participariam governo, ONG’s e representantes diretos de vários setores da sociedade.<br />
No caso da poluição dos mananciais, por exemplo, seriam feitas auditorias entre a ANA, ONG’s e representantes<br />
da população que habita a região. Além disso, haveria ouvidorias para a denúncia de órgãos que<br />
estivessem utilizando mal os recursos hídricos. Essa me parece ser a maneira mais democrática e honesta<br />
para que a ANA possa realmente dar certo, sem se tornar “onerosa e espalhafatosa”.<br />
Contudo, isso não basta para que a ANA dê certo. É necessário, antes de qualquer coisa, a conscientização<br />
da população acerca da importância – e da limitação – dos recursos hídricos. E o governo é o órgão mais<br />
indicado para esse projeto de reeducação ambiental.<br />
Nós, cidadãos conscientes, esperamos uma resposta séria de vocês, governantes e representantes da<br />
sociedade.<br />
Atenciosamente,<br />
C.B.M.<br />
Decisão inteligente a desta candidata: criou um deputado, Cézar Campos – não há nenhum deputado com<br />
esse nome na lista da Câmara – e um contexto (jornais e revistas) por meio do qual teria tomado conhecimento<br />
da posição do deputado com relação à criação da Agência Nacional da Água e a justificativa para tal posicionamento:<br />
a criação de uma agência nacional seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”,<br />
tendo em vista os inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos existentes.<br />
Trata-se de uma boa justificativa e muito verossímil – diga-se de passagem –, especialmente porque é do<br />
conhecimento geral que tais órgãos não são eficientes como deveriam, e a candidata, como cidadã consciente,<br />
concorda com tal preocupação do deputado.<br />
E o que ela faz, então? Assumindo uma máscara de Engenheira Sanitária 3 , apresenta a importância da<br />
existência de um gerenciamento da água, tendo em vista os vários setores da sociedade, e tira da coletânea os<br />
argumentos e dados relacionados à questão que corroboram sua opinião.<br />
O que gostaríamos de destacar é a estratégia utilizada pela candidata para rebater a posição contrária do<br />
deputado. Veja que, para persuadir seu interlocutor, ela procura construir uma argumentação baseada em<br />
informações que poderiam ser comuns aos dois, estratégia de alguém que respeita o interlocutor, apesar de<br />
não concordar com ele e, em todo o texto, estabelece explicitamente a interlocução: no 1 o parágrafo, concorda<br />
que inúmeros órgãos governamentais são ineficientes e burocráticos; no 2 o parágrafo, aponta alguns aspectos<br />
relacionados à utilização da água que seriam consensuais; no 3 o parágrafo, concorda que as leis raramente<br />
são cumpridas, o que a faz argumentar no sentido de que a ANA também se encarregaria da punição; no 4 o<br />
parágrafo, caracteriza a ANA como uma agência que teria prioridade nos tribunais e como portadora de um<br />
poder até mesmo sobre programas governamentais. Veja que, neste parágrafo, ela já está procurando rebater<br />
a idéia da ineficiência e da burocracia caracterizadoras dos grandes órgãos governamentais, para, em seguida,<br />
propor que a agência seja uma organização “mista”, da qual participariam governo, ONG’s e representantes<br />
3 Entende-se por máscara a utilização de um remetente fictício cuja caracterização possa auxiliar o desenvolvimento argumentativo do texto. No caso desta redação,<br />
a máscara de Engenharia Sanitária estaria funcionando como a representação de alguém que tem conhecimento ou autoridade sobre a questão abordada.
Exemplo de<br />
redação<br />
Comentários<br />
Redação 1ª fase<br />
diretos de vários setores da sociedade. Perceba que ela procura “dialogar” com o deputado, levando em<br />
consideração o fato de que ele é contrário à criação da ANA e que tem motivos razoáveis para assumir tal<br />
postura.<br />
Nesse diálogo, a candidata procura persuadi-lo a mudar de idéia – ela que, “sendo” Engenheira Sanitária,<br />
sabe tão bem o quanto a questão do gerenciamento da água é importante para evitar desperdícios!<br />
Tendo em vista a argumentação construída em função do posicionamento do deputado, posicionamento<br />
esse que caracteriza a imagem que a candidata fez de seu interlocutor, pode-se dizer que este texto está<br />
acima da média.<br />
São Paulo, 28 de novembro de 1999.<br />
Caro deputado Inocêncio de Oliveira,<br />
Decidi escrever esta carta para o senhor após ler algumas declarações <strong>suas</strong> contrárias à criação da<br />
Agência Nacional da Água (ANA), idéia que, defendida pelos inúmeros grupos de proteção dos recursos<br />
hídricos e do meio ambiente, faz parte de um movimento mundial para melhor gerenciamento das fontes de<br />
água doce e seu aproveitamento racional. A oposição movida no Congresso Nacional pelo senhor e por<br />
inúmeros de seus colegas parlamentares a um projeto que está conseguindo agregar grande parcela da<br />
opinião pública parece advir de uma aliança entre interesses próprios e falta de noção do valor que sempre<br />
representa e que, especialmente no próximo século, representará a posse de água.<br />
Um primeiro aspecto que move a oposição à criação da agência é a perda das vantagens que a posse da<br />
água sempre lhes garantiu. Em seu caso, por exemplo, a posse da água na sua cidade de origem, em meio<br />
ao sertão pernambucano, sempre possibilitou que a divulgação de idéias demagógicas de combate à seca<br />
garantisse os votos de sua região e sua cadeira no congresso nacional. Outros congressistas, por outro lado,<br />
aproveitam-se da falta de controle sobre mananciais de rios para criar projetos de ocupação irregulares, com<br />
baixo custos, possibilitando fraudes. Enfim, dentro de uma perspectiva de pequeno alcance, a oposição da<br />
qual o senhor faz parte permanece presa à manutenção de antigos privilégios, sem atender a um projeto<br />
mundial, algo além de sua visão.<br />
A perspectiva de que se reveste o projeto é mais global, faz parte de uma idéia que valoriza a importância<br />
histórica da água e seu poder num mundo em que as reservas de água diminuem constantemente. A posse<br />
da água, que moveu civilizações inteiras no decorrer dos séculos, sempre agregou valores; não só econômicos<br />
quanto culturais. Faz parte da cultura egípcia, por exemplo, agradecer aos deuses a posse do Nilo. Tratase<br />
de uma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo uma<br />
discussão mundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria a<br />
corroborar essa tendência mundial. Representaria um meio de controlar o uso da água no Brasil, assegurando<br />
a punição de indústrias e setores responsáveis pela poluição de rios e pela ocupação indevida de mananciais;<br />
a cobrança de taxas sobre grandes usuários de água; uma política de uso racional dos rios na produção<br />
de energia elétrica. Além disso, a agência deve zelar pela distribuição eqüitativa da água, tanto em cidades,<br />
quanto no meio rural, promovendo até a perfuração de poços artesianos na sua cidade natal, acabando com<br />
a falta de água. Não há, também, como esquecer-se de uma campanha de conscientização pública do<br />
adequado uso da água. Atrelado ao poder público, a ANA deveria promover, também um panorama de<br />
nossos recursos hídricos, para que toda uma política possa se realizar em sua plenitude.<br />
O senhor, portanto, atento à importância da água no mundo de hoje, deve pensar mais cuidadosamente<br />
sobre o projeto, algo que nos prepararia melhor para o próximo milênio, um período que reserva, para países<br />
que agem com uma mentalidade como a sua, uma realidade onde a posse da água terá maior valor que a<br />
posse do dinheiro, quando as guerras serão promovidas pela posse de rios e mananciais. Espero não estar<br />
nesses países. Nem o senhor.<br />
Atenciosamente,<br />
TSA<br />
No caso desta redação, a imagem que o candidato faz de seu interlocutor é baseada em conhecimentos<br />
prévios que ele tem a respeito do deputado que escolheu para ser seu interlocutor na carta argumentativa. O<br />
candidato sabe que Inocêncio de Oliveira é proveniente de Pernambuco, de uma região onde falta água, e<br />
constrói, a partir dessa informação, uma imagem carregada de uma avaliação pessoal que o caracteriza como<br />
um parlamentar que leva vantagem com a situação de seca da região que o elege e o mantém no poder. O<br />
candidato justifica a imagem de demagogo que faz de Inocêncio de Oliveira, ao afirmar: a posse da água na<br />
sua cidade de origem, em meio ao sertão pernambucano, sempre possibilitou que a divulgação de idéias<br />
demagógicas de combate à seca garantisse os votos de sua região e sua cadeira no congresso nacional.<br />
Veja que se o candidato somente chamasse Inocêncio de Oliveira de demagogo, sem fundamentar sua<br />
opinião, correria o risco de estar estabelecendo um juízo de valor, que não tem força argumentativa. O que ele<br />
fez, no entanto, foi vincular o fato de o deputado não ser favorável à criação da ANA ao privilégio de manter-<br />
25
Redação 1ª fase<br />
26<br />
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
Comentários<br />
Exemplo de<br />
redação anulada<br />
se no poder graças aos votos angariados em sua seca região, através de promessas demagógicas a respeito do<br />
problema da seca.<br />
Trata-se, segundo o candidato, de interesses próprios que fariam Inocêncio de Oliveira ser contrário à<br />
criação de uma agência nacional da água. Aos interesses particulares do deputado do PFL, o candidato<br />
contrapõe a iniciativa da criação da ANA, relacionada a um movimento mundial que visa ao melhor gerenciamento<br />
das fontes de água doce e seu aproveitamento racional, ligada, portanto, a interesses gerais da<br />
população.<br />
Nesse sentido, o candidato aponta a falta de noção do valor da água de Inocêncio de Oliveira, que não a<br />
estaria valorizando em virtude de valores ideológicos próprios e não estaria percebendo que o que move a<br />
iniciativa da criação da ANA faz parte de um projeto global de valorização da importância da água: trata-se de<br />
uma dimensão que seus valores ideológicos podem não perceber, mas que já está movendo uma discussão<br />
mundial sobre o gerenciamento dos recursos hídricos. A Agência Nacional da Água (ANA) viria a corroborar<br />
essa tendência mundial. E nesse momento do texto (3 o parágrafo), o candidato apresenta os pontos do<br />
programa que seria executado pela ANA, integrando várias informações extraídas da coletânea.<br />
Pode-se dizer que o desempenho deste candidato está bem acima da média, se comparado com o universo<br />
dos candidatos. O fato de ele construir uma imagem de seu interlocutor e explorá-la argumentativamente, isto<br />
é, o fato de construir a imagem de um deputado demagogo, eleito a partir de uma região de seca do Nordeste,<br />
torna verossímil que tal deputado seja contrário a políticas que visem a um melhor aproveitamento das fontes<br />
de água existentes no país, dado que isso poderia ameaçar a manutenção de seus privilégios. Ora, a postura<br />
ideal de um político sério seria a de procurar representar os interesses da população que o elegeu e não é isso<br />
o que o deputado faz, ao negar a criação da ANA. Na argumentação do candidato, fica claro que a criação da<br />
ANA estaria vinculada diretamente, como apontamos acima, aos interesses gerais da população, tendo em<br />
vista os diferentes benefícios que tal agência poderia gerar.<br />
Campinas, 28 de novembro de 1999.<br />
Deputado Carlos,<br />
Li com muita atenção algumas notícias públicadas em vários jornais sobre a falta de água no país,<br />
mais já estão discutindo sobre a criação da Agência Nacional da Água, isso não é tão importante. O que<br />
deveria ser feito é a criação de um novo órgão como a Agência Nacional do Petróleo, porque observamos<br />
que no século em que estamos existem muitos automóveis circulando e gastando petróleo. Sabemos que<br />
daqui à alguns anos não terá mais petróleo para todos esses carros.<br />
Devido este fato o Senhor deveria organizar uma reunião com os outros políticos para discutir sobre<br />
esse novo órgão, para que daqui à alguns anos não correr perigo dos automóveis ficarem parados sem ter<br />
combustíveis.<br />
Deputado o Senhor já imaginou tendo um carro em casa e não poder usá-lo por falta de petróleo.<br />
Deputado a criação da Agência Nacional da Água não é importante pois à água cai do céu e o petróleo não.<br />
Gostaria que o Senhor batalhasse para a criação da Agência Nacional do Petróleo seja feita.<br />
Atenciosamente,<br />
M.O.S.<br />
Uma surpresa para a Banca foi a recorrência de um equívoco de leitura do enunciado da prova que fez com<br />
que alguns candidatos se confundissem e escrevessem contrariamente à criação da ANA. O enunciado dizia:<br />
Redija uma carta a um deputado ou senador contrário à criação da Agência<br />
Nacional da Água... (grifo nosso)<br />
Os candidatos que cometeram o equívoco leram “contrário” como “contrariamente” e associaram tal “advérbio”<br />
ao verbo “redija”; daí redigirem uma carta argumentando contrariamente à criação da ANA. O que se<br />
espera, no entanto, é que os candidatos sejam capazes de reconhecer os diversos registros da língua portuguesa<br />
e que tenham domínio da linguagem padrão utilizada na escrita.<br />
Perceba que a redação acima reflete bem a leitura equivocada do enunciado, na medida em que o candidato,<br />
além de negar a criação da Agência Nacional da Água, propõe a criação de um “novo órgão”: a ANP.<br />
Nesse momento o candidato revela um novo equívoco de leitura, decorrente daquele. No enunciado da prova,<br />
a Agência Nacional da Água é retomada por “novo órgão”; o candidato, porém, lê “novo órgão” não como<br />
expressão que se referia à ANA e, portanto, propõe um novo órgão.<br />
Campinas, 28 de novembro de 1999<br />
Ilmo. Raimundo José Garrido,<br />
Atualmente a criação da Agência Nacional da Água é de fundamental importância para o país, já que ▲
▲<br />
Redação 1ª fase<br />
esse elemento vem se tornando cada vez mais escasso no mundo inteiro, apesar de ser muito abundante<br />
em algumas regiões do Brasil, uma quantidade considerável está poluída.<br />
Vários programas para preservação e controle poderiam ser criados. A Agência iria fiscalizar e multar<br />
ou até fechar empresas que estariam jogando dejetos sem tratamento adequado nos rios e corregos, pois<br />
grande parte da poluição vem de indústrias e fábricas, pois atualmente não há nenhum orgão do governo<br />
fiscalizando essas irregularidades e se há, estão atuando muito precariamente.<br />
A Agência Nacional da Água trabalhará junto com o Ibama, para proteger as matas siliares de nascentes<br />
rios e corregos para evitar o assoreamento destes.<br />
Ela gerenciará programas para irrigação no nordeste, já que atualmente isso é pouco explorado no<br />
nosso país. Isso ajudaria a diminuir a fome e a miséria no sertão nordestino e como conseqüência a<br />
diminuição da pobreza nessa região.<br />
A Agência dará apoio a pesquisas para uma melhor utilização de recursos hídricos, pois assim teremos<br />
como aproveitar melhor a água e tratá-la para reaproveitar ela de um modo mais eficiente. Desenvolver<br />
também projetos para recuperar rios poluidos e recuperar a vida que eles possuiam antes. Tentar descobrir<br />
como retirar água do subsolo, já que o pais possui uma das maiores reservas de água do mundo, mas essa<br />
grande reserva se encontra no subsolo. Outro fator importante é desenvolver essas pesquisas e projetos dentro<br />
de faculdades e centros de pesquisas brasileiros, pois ajuda o país a se desenvolver e a poupar dinheiro.<br />
A água é um recurso fundamental para a vida de todas as espécies e seres vivos da terra.<br />
Obrigado pela atenção,<br />
RAC<br />
Quando se fala em carta argumentativa, espera-se que o interlocutor não seja esquecido, isto é, que ao<br />
longo do texto a interlocução seja mantida. É lamentável encontrar casos como a redação acima, em que o<br />
candidato escreve uma dissertação, utilizando até mesmo bons argumentos que convenceriam qualquer um<br />
da posição defendida. É justamente aqui, porém, que reside um dos problemas: com a carta argumentativa,<br />
você deverá convencer o seu interlocutor – e apenas ele – sobre o que se pede, e não qualquer um (leitor<br />
universal) como acontece quando se escreve uma dissertação. Não bastam a data, o cabeçalho e a despedida<br />
para haver uma carta. É fundamental não esquecer, ao longo do texto, que você está escrevendo para uma<br />
única pessoa e isso significa que deverá utilizar as chamadas marcas de interlocução (vocativos, pronomes)<br />
que configuram uma espécie de “diálogo” entre os interlocutores: você e o destinatário de sua carta.<br />
Tenha em conta que não é o fato de o candidato ter assinalado que desenvolveria um dos tipos de texto que<br />
garante que seu texto está de acordo com o tipo de texto escolhido. Também não cabe ao leitor do texto decidir<br />
se ele teria feito uma dissertação, uma carta ou uma narrativa sobre um dos temas propostos. O próprio texto<br />
precisa garantir isso, ou seja, precisa conter os elementos característicos do tipo de texto escolhido.<br />
Um último esclarecimento<br />
Freqüentemente, chega até nós a seguinte questão: é preciso utilizar “corretamente” o pronome de tratamento<br />
na carta argumentativa?<br />
Resposta: Não necessariamente. Se você não souber qual o pronome de tratamento adequado para se<br />
dirigir a um congressista, por exemplo, pode chamá-lo de “prezado senhor”, “caro congressista”, “senhor<br />
deputado” etc. Não perdem pontos os candidatos que não “acertam” o pronome de tratamento; é muito<br />
importante que você entenda que a tarefa pedida tem como objetivo avaliar a capacidade de argumentar no<br />
sentido de persuadir um interlocutor definido e que não estamos interessados, como já dito na Introdução, em<br />
surpreender ninguém com “pegadinhas” desse gênero...<br />
Conclusão<br />
Estamos certos de que agora você está mais tranqüilo em relação à prova de Redação do Vestibular<br />
<strong>Unicamp</strong>!<br />
Se, apesar de mais tranqüilo, você ainda tiver alguma dúvida a respeito dos princípios do Vestibular<br />
<strong>Unicamp</strong> ou especificamente sobre a prova de Redação, ou ainda se quiser ler tudo o que já foi publicado<br />
sobre a Redação no Vestibular <strong>Unicamp</strong>, segue a lista das publicações:<br />
Vestibular <strong>Unicamp</strong>, Redação, 1993; Vestibular <strong>Unicamp</strong>, Questões Comentadas do Vestibular 94, 1994;<br />
Vestibular <strong>Unicamp</strong>, Questões Comentadas do Vestibular 95; 1995 – Editora Globo, S/A; Caderno de Questões,<br />
97, 98 e 99.<br />
Bom trabalho!<br />
27
Questões 1ª fase
QUESTÃO 1<br />
Questões 1ª fase<br />
O conjunto das doze questões gerais que constituem, juntamente com a redação, a prova da 1 a fase do<br />
Vestibular <strong>Unicamp</strong> tem como objetivo verificar se há domínio de conceitos básicos do conteúdo programático<br />
das disciplinas do núcleo comum do Ensino Médio – Matemática, Física, Química, Biologia, História<br />
e Geografia. Procura-se com estas questões verificar se o candidato sabe ler, compreender, interpretar<br />
e relacionar os dados que lhe são apresentados nas diferentes linguagens e se consegue redigir sua<br />
resposta com clareza e coerência.<br />
No vestibular 2000, o tema central da primeira fase foi Água e pelo menos uma das questões de cada<br />
disciplina foi elaborada em torno deste tema.<br />
As duas primeiras questões da prova foram de Biologia: a primeira questão teve como objetivo principal<br />
relacionar conhecimentos básicos sobre o reino Monera com sua importância no ambiente aquático,<br />
poluição ambiental, seu metabolismo e com doenças causadas por bactérias. Os conhecimentos que<br />
foram solicitados são abordados freqüentemente pela imprensa pelo fato de serem utilizados rotineiramente<br />
como parâmetros pelos órgãos de controle ambiental. A segunda questão verificava o conhecimento<br />
sobre as características dos grupos zoológicos, a origem de algumas estruturas animais bem como a<br />
importância desses animais no ambiente.<br />
As questões de Química, cuja abordagem foi o tratamento da água, tiveram como objetivo avaliar a<br />
capacidade de entendimento do problema colocado e a resolução dentro da linguagem e dos parâmetros<br />
da Química, sendo que na questão de número quatro avaliava-se também a capacidade de associar<br />
equilíbrios químicos à sua representação gráfica.<br />
As duas questões de Geografia avaliaram o conhecimento das conseqüências espaciais do desenvolvimento<br />
técnico-científico e hegemonização político-econômica – questão 5 – e o conhecimento dos problemas<br />
urbanos das grandes cidades, problemas ambientais e políticas de planejamento urbano – questão 6.<br />
A questão número 7 testava a capacidade de o candidato resolver um problema do quotidiano de<br />
dificuldade média. Aqui, era extremamente importante a correta interpretação do gráfico. A outra questão<br />
de Física – número 8 – teve como objetivo avaliar a capacidade de o candidato interpretar um texto,<br />
equacionar e resolver um problema simples da realidade que o cerca, a geração de energia, além de trazer<br />
ao candidato uma idéia da ordem de magnitude da potência gerada por uma hidrelétrica.<br />
As questões de História foram as de números 9 e 10. Na primeira, o objetivo foi o de avaliar a<br />
capacidade de julgamento histórico-crítico a partir de determinados conceitos elaborados pelo Iluminismo<br />
bem como o conhecimento do processo de transformação de energia. Cabe observar aqui que, propositadamente,<br />
um dos itens desta questão tinha sua resposta no próprio enunciado da questão de Física<br />
imediatamente anterior e o bom leitor deveria ter se apercebido deste fato encontrando elementos para<br />
sua resposta. A segunda questão de História avaliou a capacidade de julgamento crítico do processo de<br />
colonização das Américas e conhecimento dos processos de indução histórica entre o desenvolvimento da<br />
agricultura e o crescimento das cidades.<br />
As duas últimas questões foram de Matemática. As questões de Matemática da primeira fase procuram<br />
avaliar a capacidade de compreensão de textos em problemas associados à realidade do candidato,<br />
bem como a habilidade para executar operações matemáticas simples e interpretar dados e resultados. O<br />
candidato deve demonstrar o domínio de diversas formas de representação, tais como tabelas, figuras,<br />
gráficos e equações. O uso de unidades apropriadas, a seleção de informações e conclusões claras são<br />
também aspectos importantes dessa fase.<br />
Veja a seguir todas as questões da primeira fase, com <strong>suas</strong> respectivas respostas esperadas e pontuações,<br />
exemplos de resolução e comentários feitos pelas bancas. Note que são apresentadas respostas<br />
esperadas. Outras respostas que não as apresentadas podem receber pontuação integral ou parcial. Por<br />
motivo de falta de espaço não é possível apresentar sempre todas as possibilidades. Cumpre, ainda,<br />
observar que o nível de exigência das respostas está relacionado ao nível dos candidatos de grau médio.<br />
Os exemplos apresentados de algumas respostas dadas por candidatos foram selecionados de forma que<br />
uma delas exemplifica um desempenho acima da média e a outra desempenho abaixo da média. Os<br />
comentários são feitos de modo a mostrar o que a questão pretendia examinar, a sua dificuldade esperada<br />
e o desempenho médio nela alcançado pelos candidatos.<br />
Os recursos hídricos estão sendo cada vez mais contaminados por esgoto doméstico, que traz consigo<br />
grande número de bactérias. Apesar de parte delas não serem patogênicas, muitas causam problemas de<br />
saúde ao homem. Levando em conta que as bactérias decompõem a matéria orgânica por processo aeróbico<br />
ou anaeróbico e que a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e o índice de coliformes fecais são utilizados<br />
como indicativos da poluição da água, resolva as questões abaixo.<br />
29
Questões 1ª fase<br />
30<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
a) Compare águas poluídas e não poluídas quanto a: DBO, índice de coliformes fecais, teor de oxigênio<br />
dissolvido e ocorrência de processos aeróbicos e anaeróbicos.<br />
b) Os coliformes fecais são bactérias anaeróbicas facultativas. Metabolicamente, o que é um organismo<br />
anaeróbico facultativo?<br />
c) Cite uma doença bacteriana adquirida pela ingestão de água contaminada e dê o nome de seu agente<br />
causador.<br />
a) Águas poluídas: alta DBO; alto índice de coliformes; pouco ou nada de O2 dissolvido; processos anaeróbicos.<br />
Águas não poluídas: baixo DBO; baixo índice de coliformes; alto teor de O 2 dissolvido;<br />
processos aeróbicos. (3 pontos)<br />
b) anaeróbico facultativo: é um organismo aeróbico que, na falta de O 2, pode degradar a glicose<br />
anaerobicamente, realizando apenas a fermentação. (1 ponto)<br />
c)<br />
• cólera: Vibrio colerae (ou vibrião da cólera)<br />
• febre tifóide: Salmonella typhi<br />
• Shigelose: Shigella sp.<br />
• Diarréia (e disenteria): E. coli; Salmonella sp. (1 ponto para qualquer item)<br />
a) Indicando por: DBO=1, índice de coliformes fecais=2, teor de oxigênio dissolvido=3, ocorrência de<br />
processos aeróbicos=4 e anaeróbico=5, temos:<br />
águas 1 2 3 4 5<br />
poluída alto alto baixo baixo alto<br />
não poluída baixo baixo alto alto baixo<br />
b) Em presença de O 2, realiza a respiração. Na ausência de O 2, realiza a fermentação.<br />
c) Amebíase, causada pela ameba.<br />
a)<br />
Águas poluídas Águas não poluídas<br />
DBO baixo alto<br />
Índice de coliformes fecais alto baixo<br />
Teor de O 2 dissolvido baixo alto<br />
Processo aeróbico não há ou é reduzido alto<br />
Processo anaeróbico é alto não há ou é reduzido<br />
b) É o organismo capaz de realizar <strong>suas</strong> atividades metabólicas aerobicamente se houver oxigênio no meio<br />
onde ele se encontra, apesar de o organismo agir preferencialmente sem oxigênio (anaerobicamente).<br />
c) Doença: amebíase; agente causador: Entomoeba hystolytica (ameba).<br />
Pelo desempenho dos candidatos pode-se afirmar que esta questão apresentou um nível médio de dificuldade,<br />
pois 41,6% deles obtiveram nota entre 0 e 1 ou a deixaram em branco, enquanto que 9,3% obtiveram<br />
notas 4 ou 5. Pode-se dizer que apesar desta dificuldade, foi uma das questões que melhor discriminou os<br />
candidatos. As médias, pouco discrepantes, oscilaram entre 1,23 na área de Artes a 1,99 na área de Biológicas<br />
demonstrando desta forma ser o assunto do conhecimento dos candidatos e a questão adequada para o<br />
ensino médio.<br />
A maior dificuldade na resolução desta questão pode ser atribuída ao desconhecimento do conceito de<br />
organismo anaeróbico facultativo (ver item b do exemplo de nota abaixo da média) e de doenças bacterianas<br />
e à confusão entre bactérias e protozoários (ver item c dos exemplos de nota). O primeiro item da questão, a<br />
comparação de águas poluídas com não poluídas, foi em geral bem respondida.
QUESTÃO 2<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
Leia com atenção a tira abaixo:<br />
(O Estado de S. Paulo, 08/09/99)<br />
Questões 1ª fase<br />
a) Calvin não entende por que precisa estudar os morcegos. Esses animais, porém, têm funções biológicas<br />
importantes nos ecossistemas. Cite duas dessas funções.<br />
b) Calvin acredita que os morcegos são insetos porque, além de considerá-los nojentos, eles voam. No<br />
entanto, o que ele não sabe é que asas de insetos e de morcegos não são estruturas homólogas mas<br />
análogas. Qual a diferença entre estruturas análogas e homólogas?<br />
c) Dê duas características exclusivas da classe a que pertencem os morcegos.<br />
a) polinização, insetivoria, dispersão de sementes, transmissão de várias doenças. (2 pontos)<br />
b) Homólogo – mesma origem embrionária.<br />
Análogo – mesma função; origem embrionária diferente. (2 pontos)<br />
c) pêlos; mamas; glândulas sudoríparas; ouvido interno; mandíbula com dois ossos; dentes diferenciados<br />
ao longo da mandíbula. (1 ponto)<br />
a) Transportam energia para os ecossistemas afóticos (cavernas), ou seja, levam sementes em seus estômagos<br />
que ao serem defecadas servem como alimento para espécies ali residentes. Ajudam na dispersão de<br />
sementes de certas espécies vegetais.<br />
b) As estruturas homólogas possuem mesma origem embrionária e, portanto, possuem semelhança anatômica.<br />
As análogas não tem mesma origem embrionária mas desempenham a mesma função. Os homólogos<br />
podem ou não ter analogia funcional.<br />
c) glândulas mamárias e presença de pêlos.<br />
a) Principalmente os morcegos frutíferos (aqueles que se alimentam de frutos) são bons “cultivadores” de<br />
novas árvores, quando alimentam-se espalham diversas sementes sobre diversos lugares.<br />
Pela maioria dos morcegos viverem em cavernas, e como as cavernas possuem um ecossistema muito<br />
frágil, devido a diversos fatores como a luz solar, temperatura, pode não parecer verdade, mas as fezes dos<br />
morcegos possuem um papel muito importante para o cultivo de bactérias necessária naquele ambiente.<br />
b) Estruturas homólogas possuem características iguais, ou seja, no processo de evolução de um ser, eles<br />
passam a ter espécies diferentes mas características iguais como a asa de um pato e a asa de uma águia<br />
(características homólogas). Porém as asas de um morcego é análoga quanto a de um inseto pois são<br />
totalmente diferentes apesar de serem asas.<br />
c) Os morcegos são artrópodos, mamíferos cobertos por pêlos, alguns se alimentam de sangue, carnívoros<br />
ou frutiferos, são seres que não podem afetar o homem e não são maléficos ao homem.<br />
Pelo desempenho dos candidatos, pode-se afirmar que esta questão apresentou um nível de dificuldade<br />
elevado, pois 57,6% obtiveram nota 0 ou 1, ou a deixaram em branco, enquanto 7,5% obtiveram nota 4 ou<br />
5. Apesar da dificuldade, foi uma questão que discriminou de maneira adequada os candidatos.<br />
O item c desta questão, considerado o de menor dificuldade, foi geralmente bem respondido, muitas vezes<br />
com respostas surpreendentes para um aluno do ensino médio (como por exemplo: orelha). Isto ocorreu<br />
também com o item a no qual muitas vezes o candidato respondia com conhecimento ecológico bastante<br />
especializado (ver item a do exemplo de nota acima da média). Notou-se que os candidatos estão adquirindo<br />
conhecimento além da sala de aula. No item b, um erro muito freqüente foi definir estruturas homólogas como<br />
de “mesma origem com funções diferentes”.<br />
31
Questões 1ª fase<br />
QUESTÃO 3<br />
32<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 4<br />
O tratamento da água é fruto do desenvolvimento científico que se traduz em aplicação tecnológica relativamente<br />
simples. Um dos processos mais comuns para o tratamento químico da água utiliza cal virgem (óxido<br />
de cálcio) e sulfato de alumínio. Os íons alumínio, em presença de íons hidroxila, formam o hidróxido de<br />
alumínio que é pouquíssimo solúvel em água. Ao hidróxido de alumínio formado adere a maioria das impurezas<br />
presentes. Com a ação da gravidade, ocorre a deposição dos sólidos. A água é então separada e<br />
encaminhada a uma outra fase de tratamento.<br />
a) Que nome se dá ao processo de separação acima descrito que faz uso da ação da gravidade?<br />
b) Por que se usa cal virgem no processo de tratamento da água? Justifique usando equação(ões) química(s).<br />
c) Em algumas estações de tratamento de água usa-se cloreto de ferro(III) em lugar de sulfato de alumínio.<br />
Escreva a fórmula e o nome do composto de ferro formado nesse caso.<br />
a) decantação ou sedimentação (1 ponto)<br />
b) CaO + H2O = Ca 2+ + 2 OH –<br />
(1 ponto)<br />
Al 3+ + 3 OH – = Al(OH) 3<br />
(1 ponto)<br />
ou<br />
CaO + H2O = Ca (OH) 2<br />
3 Ca (OH) 2 + Al2(SO4) 3 = 2 Al(OH) 3 + 3 CaSO4 ou<br />
3 CaO + Al2(SO4) 3 + 3 H2O = 2 Al(OH) 3 + 3 CaSO4 c) Fe(OH) 3<br />
(1 ponto)<br />
hidróxido de ferro III ou hidróxido férrico (1 ponto)<br />
a) O processo de separação é a decantação.<br />
b) Pois a cal virgem reage com o sulfato formando um sólido e decantando:<br />
2 CaOH + Al 2SO 3 = Al 2(OH) 2 + Ca SO 3<br />
c) Cl 2Fe 3 + 2 CaOH = Cl 2(OH) 2 + Ca 2Fe 3<br />
Composto de ferro formado é o Ca 2Fe 3 : cálcio férrico II.<br />
a) Decantação<br />
b) CaO + H2O → Ca(OH) 2<br />
Ca(OH) 2 (aq) → Ca 2+ + 2 OH -<br />
Al2(SO4) 3 (aq) → 2Al 3+ 2-<br />
+ 3SO4 3Ca(OH) 2 (aq) + Al2(SO4) 3 (aq) → 3CaSO4 + 2 Al(OH) 3 ↓<br />
c) Fe(OH) 3 hidróxido de ferro III<br />
Trata-se de questão que examina, dentro de um contexto de grande importância, o conhecimento de<br />
procedimentos de separação, nomenclatura e formulação química simples, conceito ácido-base de Arrhenius,<br />
equações químicas e estequiometria. O desempenho médio (1,62) calculado no universo dos candidatos é um<br />
significativo indicador da situação do ensino de Química no grau médio. A média calculada considerando os<br />
aprovados é igual a 2,52. O item a, particularmente, por corresponder a um procedimento bastante familiar,<br />
que é a decantação, deveria, por si só, garantir uma nota mínima igual a 1. De fato, a nota típica da questão<br />
(moda) foi igual a 1, referente ao acerto deste item.<br />
No tratamento da água, a fase seguinte à de separação é sua desinfecção. Um agente desinfetante muito<br />
usado é o cloro gasoso que é adicionado diretamente à água. Os equilíbrios químicos seguintes estão<br />
envolvidos na dissolução desse gás:<br />
Cl2 (aq) + H2O (aq) = HClO (aq) + H +<br />
(aq) + Cl –<br />
(aq) (I)<br />
HClO (aq) = ClO –<br />
(aq) + H +<br />
(aq)<br />
(II)<br />
A figura a seguir mostra a distribuição aproximada das concentrações das espécies químicas envolvidas nos<br />
equilíbrios acima em função do pH.<br />
a) Levando em conta apenas as quantidades relativas das espécies químicas presentes nos equilíbrios<br />
acima, é correto atribuir ao Cl2(aq) a ação bactericida na água potável? Justifique.
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 5<br />
Questões 1ª fase<br />
b) Escreva a expressão da constante de equilíbrio para o equilíbrio representado pela equação II.<br />
c) Calcule o valor da constante de equilíbrio referente à equação II.<br />
Concentração / mol L –1<br />
[Cl 2]<br />
0 2 4 6 8 10 12<br />
pH<br />
a) Não, pois a concentração de cloro é muito pequena no pH da água potável. (2 pontos)<br />
b) K = [ClO – ] [H + ] / [HClO] (1 ponto)<br />
c) K = ( [ClO – ] / [HClO] ) 1 x 10 –8 = 1 x 10 –8<br />
(2 pontos)<br />
a) Não, pois a sua concentração no ph normal é muito pequena, na realidade quem realmente desinfecta a<br />
água é o HClO.<br />
b) v1 = k [HClO], v2 = k ’ [ClO – ] [H + ]<br />
k [HClO] = k ’ [ClO - ] [H + ]<br />
k/ k ’ = [ClO – ] [H + ] / [HClO], k/ k ’ = Kc<br />
Kc= [ClO – ] [H + ] / [HClO]<br />
c) No ph = 8, [H + ] = 10 –8<br />
[ClO – ] = [HClO], Kc = 10 –8<br />
a) É correto atribuir a ação bactericida ao Cl 2 pois ajudam a combater as impurezas na água presentes.<br />
b) Kc = [ClO – ] [H + ] / [HClO]<br />
c) A constante de equilíbrio é 1.<br />
Esta questão, uma continuação da anterior, consistia, essencialmente, na leitura do gráfico que indica as<br />
concentrações das espécies envolvidas no equilíbrio químico mostrado, em função do pH. O item b corresponde<br />
apenas ao conhecimento do que é uma constante de equilíbrio e foi introduzido com a intenção de abrir<br />
caminho para a resolução do item c.<br />
A primeira pergunta era muito fácil de ser respondida pois bastava uma leitura do gráfico. A água potável<br />
apresenta pH próximo de 7 e, nestas condições, todo o cloro gasoso já se transformou em hipoclorito, segundo<br />
o gráfico e de acordo com os equilíbrios I e II. É interessante que muitos candidatos fizeram a leitura das<br />
abcissas como se estas representassem o desenrolar da reação e responderam que o cloro, à medida que é<br />
adicionado à água, vai aumentando o pH da mesma e se transforma em hipoclorito, o que está errado. Outros<br />
responderam que, como se sabe, é o hipoclorito que tem ação bactericida e não o cloro. Esta resposta não<br />
pode ser considerada certa pois o candidato não usou os dados fornecidos pela questão mas, apenas, a sua<br />
memória; para responder deste modo não usou nem os equilíbrios fornecidos e nem o gráfico.<br />
O item c foi aquele que apresentou a maior dificuldade, apesar da sua simplicidade. A pergunta premiou<br />
aqueles candidatos que entenderam o significado de equilíbrio químico. Com este entendimento, não terão<br />
levado mais do que um minuto para respondê-la.<br />
O desempenho na questão foi bastante baixo e não foi menor devido ao item b que exigia apenas o<br />
conhecimento da expressão da constante de equilíbrio, o que é muito conhecido dos candidatos, conduzindo<br />
à nota típica (moda) igual a 1. A média geral foi igual a 0,66 considerando os candidatos e 1,03 considerando<br />
os aprovados.<br />
“O meio geográfico em via de constituição (ou de reconstituição) tem uma substância científico-tecnológicoinformacional.<br />
Não é um meio natural, nem meio técnico. A ciência, a tecnologia e a informação estão na<br />
[ClO – ]<br />
[HClO]<br />
33
Questões 1ª fase<br />
34<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
base mesma de todas as formas de utilização e funcionamento do espaço, da mesma forma que participam<br />
da criação de novos processos vitais e da produção de novas espécies (animais e vegetais). (...) Atualmente,<br />
apesar de uma difusão mais rápida e mais extensa do que nas épocas precedentes, as novas variáveis não se<br />
distribuem de maneira uniforme na escala do planeta. A geografia assim recriada é, ainda, desigualitária.”<br />
(SANTOS, Milton, Técnica, Espaço e Tempo, p. 51, grifo nosso)<br />
a) Considerando que a ciência, a tecnologia e a informação estão na base do funcionamento do espaço, cite<br />
dois países que podem ser considerados centros hegemônicos da economia mundial. Justifique <strong>suas</strong><br />
escolhas.<br />
b) Como a África sub-saariana se situa em relação ao espaço geográfico mundializado? Qual a razão dessa<br />
situação?<br />
a) Os dois países que podem ser considerados como pertencentes ao centro hegemônico da economia<br />
mundial são Estados Unidos e Inglaterra. Pode-se citar também, juntamente com os Estados Unidos, o<br />
Japão, a Alemanha e a França. São países que detêm os maiores avanços em conhecimento científico e<br />
tecnológico, incluindo a obtenção de tecnologia através dos altos investimentos em pesquisa científica, o<br />
que lhes dá grande poder na decisão sobre as formas de difusão das informações e do conhecimento e<br />
lhes permite influência direta na economia internacional.<br />
Outra maneira de justificar a escolha dos países seria explicar a influência dos mesmos na economia<br />
internacional:<br />
• através dos altos custos cobrados pela transferência de algumas tecnologias aos países que não as<br />
detêm;<br />
• pelo comércio de produtos com preços competitivos, propiciados pelo uso das novas tecnologias, entre as<br />
quais a biotecnologia, que permite a produção de novas espécies (vegetais e animais);<br />
• pelo controle das bolsas de valores e de comércio; e principalmente<br />
• pelo poderio bélico utilizado, por exemplo, quando existe o risco de perda de <strong>suas</strong> fontes de recursos<br />
naturais ou de seus mercados cativos, ou simplesmente para afirmar a sua hegemonia. (2 pontos)<br />
b) A África subsaariana está situada na periferia do espaço geográfico mundial, dele participando como<br />
fornecedora de produtos primários (principalmente minerais) e de mão-de-obra para serviços menos<br />
exigentes e desqualificados, atendendo principalmente o mercado europeu. Os motivos desta situação<br />
podem ser encontrados na história de colonização e exploração do continente africano por povos europeus<br />
que não permitiram o seu desenvolvimento técnico-científico, e o acesso à educação para a maioria<br />
de seus habitantes, além das desarticulações internas provocadas por guerras entre tribos e governos<br />
ditatoriais que contribuem para o estado de extrema miséria vivido pela maioria dos povos que habitam<br />
esta parte do continente africano – um exemplo da Geografia desigualitária criada no espaço geográfico<br />
atual. (3 pontos)<br />
Estados Unidos e Japão por serem centros irradiadores de tecnologia, pois investem pesado em ciência,<br />
pesquisas que garantem informação, garantindo o controle da economia mundial.<br />
Ela está atrasada, à parte do mundo globalizado, isso se deve a sua tardia descolonização, que agravou<br />
problemas étnico-sociais e econômicos, pois fixou fronteiras de países independentes que juntaram tribos<br />
rivais, agravando os conflitos, tirou a “ajuda financeira” das metrópoles, mas a dominação do modelo agrário-exportador<br />
continuou agravando os problemas sociais, a fome e a miséria.<br />
Brasil e África. Por possuirem recursos necessários ao homem, como matéria-prima e mão-de-obra<br />
abundante.<br />
A África sub-saariana se situa em relação ao espaço geográfico “pobre” pois não possui grandes riquezas<br />
naturais e pouco povoamento.<br />
Os vestibulandos não encontraram muita dificuldade para responder esta questão (média 2,11), que pode<br />
ser considerada uma das mais fáceis da prova, juntamente com as questões 6 (Geografia) e 9 (História), com<br />
médias semelhantes. Sosmente a questão 12 (Matemática) foi mais fácil que elas. Dentre os candidatos<br />
selecionados para a segunda fase, a média foi 2,76. 36% dos candidatos inscritos e 59% dos aprovados<br />
tiveram notas acima de 3. A porcentagem de zeros foi insignificante, apenas 4,5% dos inscritos e 3,0% dos<br />
aprovados obtiveram esta nota. As maiores médias foram para os candidatos da área de Biológicas: 2,25 para<br />
os inscritos e 3,06 para os aprovados; as menores ficaram com os candidatos da área de Artes: 1,70 e 2,27<br />
respectivamente para os inscritos e aprovados.<br />
A maioria dos candidatos responderam bem o item a. Quase todos mencionaram Estados Unidos e Japão<br />
como países pertencentes ao centro hegemônico da economia mundial. A relação deste fato com o desenvol-
QUESTÃO 6<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Questões 1ª fase<br />
vimento técnico-científico também é respondida de forma satisfatória por uma quantidade expressiva de<br />
candidatos, como no exemplo citado de resposta acima da média. O fatos destes países (ou de empresas neles<br />
sediadas) realizarem grandes investimentos em ciência e tecnologia torna-os detentores de um conhecimento<br />
que pode ser utilizado para a obtenção e manutenção de poder econômico e político, pois possuem o controle<br />
das formas de difusão do conhecimento e da tecnologia. Entretanto são muitas as respostas justificando tal<br />
fato pelo óbvio, ou seja, afirmando que tais países ocupam esta posição por serem tecnologicamente avançados.<br />
Quanto ao item b, uma parte considerável de candidatos considerou a região sub-saariana da África, ou<br />
mesmo o próprio continente africano com um país, demonstrando um grave desconhecimento de conceitos<br />
fundamentais da Geografia, como país, região, lugar. Foram freqüentes também as respostas que justificam a<br />
extrema pobreza da região pelos fenômenos naturais: existência de áreas desérticas, pobreza em recursos<br />
naturais, localização na faixa equatorial. A maioria, entretanto, consegue identificar a posição marginal da<br />
África sub-saariana no mundo globalizado, mas é uma pequena parte que acerta as explicações para tal fato,<br />
apesar de o texto em que se baseia a pergunta trazer as pistas para, pelo menos, parte da resposta: A ciência,<br />
a tecnologia e a informação estão na base mesma de todas as formas de utilização e de funcionamento do<br />
espaço. (...) Atualmente, apesar de uma difusão mais rápida e mais extensa do que nas épocas precedentes,<br />
as novas variáveis não se distribuem de maneira uniforme na escala do planeta. A geografia assim recriada<br />
é, ainda, desigualitária. Portanto, parte da explicação pode ser encontrada no próprio texto: como a ciência,<br />
a tecnologia e a informação estão na base mesma de todas as formas de utilização e de funcionamento do<br />
espaço, a África sub-saariana não usufrui destas novas variáveis que se distribuem de maneira desigual pelo<br />
planeta. Os elementos explicativos para isso deveriam ser buscados no processo de colonização e descolonização<br />
tardia do continente africano, com a formação de estados nacionais, a partir da demarcação de fronteiras<br />
em desrespeito aos grupos étnicos pré-existentes, mergulhando a região em lutas e conflitos étnicos-sociais<br />
que contribuem para o estado de extrema miséria vivenciado pela maioria dos povos que habitam esta parte<br />
do continente africano.<br />
Estima-se que 1,5 milhão de pessoas vivem hoje às margens das represas Billings e Guarapiranga, áreas de<br />
mananciais responsáveis pelo abastecimento de água da Grande São Paulo, situação que ocorre de maneira<br />
semelhante em outros grandes centros urbanos do país. Embora haja atualmente uma legislação que permite<br />
a ocupação orientada dessas áreas, o fato é que ela continua ocorrendo à revelia do poder público.<br />
a) Do ponto de vista social, quais têm sido as justificativas utilizadas pelos moradores para a ocupação<br />
dessas áreas?<br />
b) Cite dois problemas relacionados ao meio ambiente provocados por esse tipo de ocupação.<br />
c) Por que as políticas públicas para planejar a ocupação dessas áreas foram insuficientes ou nem mesmo<br />
chegaram a ser aplicadas?<br />
a) Os moradores que ocuparam a área podem justificar sua ação alegando que:<br />
• estas áreas encontravam-se “vazias” e eles não tinham nenhuma outra alternativa de moradia, ou seja,<br />
estavam vivendo em favelas ou nas ruas.<br />
• são pessoas pobres, com baixíssima renda, e que precisam ocupar terras para sobreviverem, pois não<br />
podem pagar aluguel.<br />
• estão morando na área há décadas e nunca foram impedidos de construir <strong>suas</strong> casas. Portanto, tem<br />
direito àquela área e devem ser indenizados em caso de remoção;<br />
• muitos compraram lotes e casas porque esse “comércio” não era combatido pelas prefeituras.<br />
(2 pontos)<br />
b) As críticas principais são a de que este tipo de ocupação é feita de forma desordenada, não atendendo à<br />
legislação e provocando muitos problemas ambientais, como o desmatamento, a impermeabilização do<br />
solo, a poluição das represas por esgoto e lixo, o que dificulta o uso das represas como manancial para<br />
abastecimento urbano. (1 ponto)<br />
c) As políticas de planejamento urbano, não existiram ou, quando existiram, não foram aplicadas ou foram<br />
insuficientes para conter a ocupação destas áreas. O poder público foi impotente para fiscalizar e conter<br />
essa ocupação e hoje se vê na contingência de ter que urbanizar estas áreas, pois não houve e não há<br />
uma política habitacional eficiente que impedisse isso no passado e que hoje possa remover todos os<br />
moradores destas áreas para locais mais adequados. Na falta de oferecimento de alternativas de moradia<br />
factíveis para amplas parcelas da população, a ação do poder público foi no sentido de ignorar a ocupação<br />
clandestina dessas áreas. (2 pontos)<br />
35
Questões 1ª fase<br />
36<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
a) Os moradores alegam que não têm dinheiro para comprar casas em outros lugares, nem têm como pagar<br />
aluguéis. Outros dizem que foram enganados por pessoas que venderam lotes nessas áreas, ou culpam o<br />
governo pelo desemprego.<br />
b) Esse tipo de ocupação polui ainda mais as represas e destrói a vegetação das áreas dos mananciais,<br />
prejudicando-as.<br />
c) As políticas públicas foram insuficientes porque o governo não tem como fiscalizar toda a área as margens<br />
das represas e mananciais. Além disso, o governo não tem onde colocar as pessoas que moram às<br />
margens das represas, pois sua política de habitação também é insuficiente.<br />
a) As justificativas são o fácil acesso as águas e uma condição de vida melhor.<br />
b) Os problemas são a poluição destas margens e as modificações ambientais que eles podem provocar<br />
vivendo ali.<br />
c) Porque os problemas ambientais não permitiram.<br />
Os candidatos não tiveram muitas dificuldades com esta questão (média 2,23), que pôde ser considerada<br />
uma das mais fáceis da prova, juntamente com as questões 5 (Geografia) e 9 (História), com médias semelhantes.<br />
Como já assinalamos anteriormente, somente a questão 12 (Matemática) foi mais fácil que elas.<br />
Dentre os candidatos selecionados para a segunda fase, a média foi 2,65. Como na questão anterior e de<br />
acordo com uma tendência mais geral, os candidatos inscritos na área de Biológicas obtiveram as maiores<br />
médias: 2,29 para os inscritos e 2,81 para os aprovados e as menores ficaram com os candidatos da área de<br />
artes: 1,96 e 2,33, respectivamente. Dentre os inscritos, 43% dos candidatos obtiveram notas acima de 3.<br />
Para os aprovados a porcentagem de notas acima de 3 é de 57%. A porcentagem de zeros foi, também,<br />
insignificante: apenas 9,8% dos inscritos obteve esta nota.<br />
A maior dificuldade dos candidatos ao responder questões como esta – que tratam de problemas urbanos,<br />
de condições de vida e sobrevivência nas cidades, é a de avançar em relação ao senso-comum. Muitas vezes,<br />
a problemática envolvida está muito próxima do cotidiano dos vestibulandos, o que leva muitos a responderem<br />
a questão a partir de sua vivência pessoal, o que, em geral, é muito pouco. Outros devem imaginar que, a<br />
partir de um raciocínio mais ou menos lógico e linear, podem chegar à resposta correta. Assim, já que se trata<br />
de ocupação de áreas de mananciais, afirmam que as pessoas mudaram-se para lá motivados pela existência<br />
de água para o consumo obtida gratuitamente, o que vai diminuir as despesas com a sobrevivência. Outros, a<br />
partir do mesmo raciocínio, imaginam que o que atraiu as pessoas para a área de manancial foi a possibilidade<br />
de obter lazer através da prática de esportes em área aprazível. Sem dúvida, isto também é possível; são<br />
inúmeros os loteamentos de alto e médio padrão nessas áreas, planejados anteriormente à promulgação de<br />
legislação restritiva. Mas, sem dúvida, não são estes loteamentos que podem explicar a existência de 1,5<br />
milhão de pessoas vivendo às margens das represas Billings e Guarapiranga, como está enunciado na questão.<br />
Portanto, uma resposta correta, no item a, precisa fazer referência aos problemas sociais que empurram<br />
os moradores das cidades para as áreas clandestinas: pobreza, desemprego, dificuldade de pagar os altos<br />
preços dos aluguéis ou da compra de um imóvel, em áreas melhor situadas devido à grande valorização da<br />
terra urbana, terrenos mais baratos, loteadores inescrupulosos que vendem terras em áreas sabidamente<br />
clandestinas, sem divulgar a informação aos compradores, existência de favelas ou de ocupações (invasões de<br />
áreas vazias e desocupadas que, sendo do poder público, seriam mais facilmente desapropriadas), antiga da<br />
área, quando não existia ainda uma legislação impedindo ou regulamentando esta ocupação.<br />
O item b foi o de mais fácil resolução: a poluição das águas, tornando-as impróprias para o abastecimento<br />
da população, encarecendo o processo de tratamento para torná-las potável e o desmatamento das áreas<br />
ribeirinhas foram as respostas mais encontradas .<br />
Os candidatos para responder o item c, em geral, valeram-se do mesmo tipo de raciocínio linear empregado<br />
para responder o primeiro item, como por exemplo: O governo quer controlar, mas não consegue. Muita gente<br />
morando nestas áreas, acaba com o problema de moradia para o governo, mas começa outro, o da poluição. Foi<br />
entretanto, expressiva a quantidade de candidatos que responderam este item de forma satisfatória, isto é<br />
referindo-se às dificuldades de implementação de políticas públicas conseqüentes, pra a resolução dos problemas<br />
sociais de forma mais abrangente. A menção às políticas habitacionais ineficientes face ao crescente aumento<br />
da pobreza nos grandes centros seria a melhor alternativa para dar uma resposta correta para este item.
QUESTÃO 7<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Questões 1ª fase<br />
O gráfico abaixo representa, em função do tempo, a altura em relação ao chão de um ponto localizado na<br />
borda de uma das rodas de um automóvel em movimento. Aproxime π ≅ 3,1. Considere uma volta completa<br />
da roda e determine:<br />
Altura (m)<br />
0,6<br />
0,4<br />
0,2<br />
0,0<br />
0,0 0,1 0,2 0,3<br />
tempo (s)<br />
a) a velocidade angular da roda;<br />
b) a componente vertical da velocidade média do ponto em relação ao chão;<br />
c) a componente horizontal da velocidade média do ponto em relação ao chão.<br />
a) ω = 2π = 2 x 3,1 = 62 rad/s (2 pontos)<br />
∆t 0,1<br />
• Aceitamos 600 rpm, 10 rps ou 3600 °/s<br />
b) Vy = ∆y = 0 = 0 (1 ponto)<br />
c) Vx = ∆x = 2πr = 2 x 3,1 x 0,3 ∆t ∆t<br />
= 18,6 m/s ou v = ωr = 62 x 0,3 = 18,6 m/s (2 pontos)<br />
∆t ∆t 0,1<br />
37
Questões 1ª fase<br />
38<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 8<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Questão que explora o conceito de velocidade média, fundamental em cinemática, e que não deve ser<br />
confundido com a média das velocidades.<br />
Uma usina hidrelétrica gera eletricidade a partir da transformação de energia potencial mecânica em energia<br />
elétrica. A usina de Itaipu, responsável pela geração de 25% da energia elétrica utilizada no Brasil, é<br />
formada por 18 unidades geradoras. Nelas, a água desce por um duto sob a ação da gravidade, fazendo girar<br />
a turbina e o gerador, como indicado na figura abaixo. Pela tubulação de cada unidade passam 700 m 3 /s de<br />
água. O processo de geração tem uma eficiência de 77%, ou seja, nem toda a energia potencial mecânica<br />
é transformada em energia elétrica. Considere a densidade da água 1000 kg/m 3 e g = 10 m/s 2 .<br />
Água<br />
Barragem<br />
▲ Turbina/Gerador<br />
a) Qual a potência gerada em cada unidade da usina se a altura da coluna d’água for H = 130 m? Qual a<br />
potência total gerada na usina?<br />
b) Uma cidade como Campinas consome 6x10 9 Wh por dia. Para quantas cidades como Campinas, Itaipu<br />
é capaz de suprir energia elétrica? Ignore as perdas na distribuição<br />
a) P = η = η = ηρ gh = 0,77 x 1000 x 700 x 10 x 130 = 7,0 x 10 8 ∆E ∆mgh ∆V<br />
W (2 pontos)<br />
∆t ∆t ∆t<br />
Ptot = 18 x 7,0 x 10 8 W = 1,26 x 10 10 W ≅ 1,3 x 10 10 W (1 ponto)<br />
b) PCampinas = = x 10 9 W = 2,5 x 10 8 6 x 10<br />
W<br />
NCampinas = ≅ 52 Campinas ou NCampinas = ≅ 50 Campinas<br />
ou<br />
NCampinas = ≅ 52 ou 50 Campinas (2 pontos)<br />
9 1<br />
Wh<br />
4<br />
24h<br />
1,3 x 10 10<br />
2,5 x 10 8<br />
1,26 x 10 10<br />
2,5 x 10 8<br />
3,1 x 10 11<br />
6 x 10 9<br />
▲<br />
H<br />
▲
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 9<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Questões 1ª fase<br />
Dados reais de Itaipu. Muitos candidatos encontraram valores absurdos e não fizeram uma conexão com a<br />
realidade. É preciso sempre ter em mente que Física é uma ciência que estuda o mundo real.<br />
Leia com atenção o texto abaixo, baseado em Das trevas medievais (...) de Carlo Ginzburg:<br />
Em 1965, a cidade de Nova York mergulhou numa imensa escuridão devido à pane de uma central hidrelétrica,<br />
situada nas cataratas do Niágara. A cidade foi lançada bruscamente nas trevas e os jornais, confeccionados<br />
manualmente, perceberam a extrema vulnerabilidade da sociedade industrial. Um escritor se inspirou<br />
nesse acontecimento e fez um livro de ficção chamado Uma nova Idade Média de amanhã.<br />
a) Que formas de energia estão envolvidas no processo de geração numa hidrelétrica?<br />
b) Qual o sistema de pensamento do século XVIII que fez a associação entre a luz e o progresso científico?<br />
c) Segundo esse sistema de pensamento, quais as características da Idade Média?<br />
Em a, valendo 1 ponto, energia potencial (gravitacional), mecânica (cinética) e elétrica. O item b, valendo<br />
2 pontos, Iluminismo (Ilustração, Idade da Razão, Filosofia das Luzes). O item c também valia 2 pontos,<br />
sendo 1 ponto para cada característica da Idade Média de acordo com o Iluminismo: Idade das Trevas,<br />
atraso científico, irracionalismo, intolerância religiosa, misticismo, fanatismo religioso, teocentrismo, “dominada<br />
pela Igreja”, barbarismo, etc.<br />
Esta pergunta trazia uma novidade ao Vestibular da <strong>Unicamp</strong>, na medida em que a questão de História<br />
cobrava do aluno conhecimentos de Física. Pretendia-se assim mostrar ao aluno a natureza interdisciplinar do<br />
saber, que não é monopólio de nenhuma disciplina. Assim como os conteúdos de Física ou de qualquer outra<br />
disciplina podem ser trabalhados do ponto de vista histórico, a História também se vale dos conceitos elaborados<br />
por outras disciplinas. No exemplo da pergunta, para se entender o impacto histórico, social, ecológico,<br />
etc. de uma tecnologia ou da falta dela (aqui, no caso, uma falha na hidrelétrica), é necessário compreender<br />
minimamente as <strong>suas</strong> operações. Achamos bastante pertinente fazer uma experiência com este tipo de exercício,<br />
uma vez que hoje já não se justifica mais o ensino que busca impor e fixar limites entre diferentes<br />
campos do conhecimento. Nesse sentido, a prova caminha na direção dos novos parâmetros curriculares que<br />
vêm insistindo na interdisciplinaridade e na integração dos repertórios das ciências e das humanidades.<br />
A pergunta também apostava na capacidade de leitura do candidato, pois a resposta do item a desta<br />
questão se encontrava, propositadamente, no enunciado da questão 8 da prova de Física, o que passou<br />
39
Questões 1ª fase<br />
40<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 10<br />
desapercebido para muitos candidatos. Foi surpreendente verificar que o mesmo candidato resolvia o problema<br />
da questão 8 de Física mas não respondia corretamente a pergunta de História, o que nos leva a crer que<br />
o aluno aprende e assimila conteúdos de uma forma estanque e excludente, sem estabelecer relações entre<br />
diferentes áreas do saber. É como se, ao passar de uma disciplina para outra (de uma prova para outra), o<br />
candidato penetrasse num outro universo, passando através de um túnel, deixando uma bagagem de conhecimentos<br />
na entrada para apanhar uma outra na saída. Isso é sintomático de um ensino que precisa urgentemente<br />
se renovar e superar os paradigmas que inspiram a sua prática.<br />
Os itens b e c abordavam conhecimentos bem gerais, como é de costume na primeira fase, e foram bem<br />
respondidos. Ainda assim, fica evidente que o candidato continua tendo dificuldade de trabalhar com metáforas<br />
(como no item b onde luz significa razão, ciência ou “progresso”). Muitos candidatos, como em um dos<br />
exemplos adiante de nota abaixo da média, tomaram “luz” no seu sentido literal (energia ou eletricidade) e não<br />
conseguiram resolver o item.<br />
a) Numa hidrelétrica o processo de geração de energia envolve energia mecânica(potencial, no início e<br />
cinética, depois) e energia elétrica, obedecendo o seguinte esquema: Emecânica – transfere – Eelétrica<br />
(E=energia)<br />
b) O sistema de pensamento do século XVIII que fez a associação entre a luz e o progresso científico foi o<br />
Iluminismo.<br />
c) Segundo o Iluminismo, a Idade Média representou o período das trevas, da escuridão, mas não por falta<br />
de luz, mas sim pela falta de progresso cinetífico que se registrou naquela época. A principal responsável<br />
por isso foi a Igreja e seu teocentrismo que prejudicou imensamente os cientistas e seus trabalhos,<br />
impedindo novas descobertas e avanços. A Idade Média também se caracterizou pelo feudalismo, pelas<br />
Cruzadas e pelo domínio muçulmano na Europa.<br />
ou então:<br />
a) As formas de energia são potencial, mecânica e elétrica.<br />
b) O sistema de pensamento foi o Iluminismo.<br />
c) Segundo tal sistema de pensamento, a Idade Média pode ser caracterizada como a Era das Trevas, na<br />
qual o conhecimento estava estagnado e a ciência atrasada.<br />
a) A energia elétrica dada pela catarata do Niágara<br />
b) É dada na época pelo cientista Engels<br />
c) Uma burguesia rica, pensamento socialista...<br />
ou então:<br />
a) Está envolvida a vulnerabilidade da sociedade industrial<br />
b) A cidade foi lançada bruscamente nas trevas<br />
c) Como será a nova Idade Média amanhã<br />
ou então:<br />
a) Energia mecânica, potencial, cinética e da água.<br />
b) Foi a descoberta da eletricidade por um cientista.<br />
c) As características da Idade Média são: o medo da ciência e das descobertas o aparecimento de grandes<br />
gênios mundiais.<br />
Os estudos sobre a colonização no Novo Mundo destacam a produção e a comercialização do açúcar, do<br />
tabaco e do café. Entretanto, a importância do cultivo de algumas plantas americanas, responsáveis pela<br />
sedentarização e sobrevivência do homem em diversas partes do mundo, desperta menor atenção entre os<br />
estudiosos. No campo das ciências é surpreendente avaliar as origens deste admirável “capital biológico”<br />
transplantado da América para a Europa Tendo em vista esta proposição:<br />
Cite duas plantas americanas importantes para a história da alimentação da Europa e do mundo e indique<br />
quais os povos americanos que as cultivavam.<br />
Explique de que modo o cultivo destas plantas americanas na Europa favoreceu o processo de urbanização<br />
dos séculos 18 e 19.
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 11<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Questões 1ª fase<br />
No item a não se esperava uma resposta dissertativa e explicativa. O candidato deveria relacionar algumas<br />
plantas oriundas da América com os respectivos povos que as cultivavam. Entretanto, o candidato não<br />
deveria perder de vista que a pergunta se referia às plantas que, depois da “descoberta” da América, foram<br />
levadas e cultivadas na Europa. Assim, era possível fazer algumas correlações entre as plantas, dentre elas,<br />
o milho cultivado por astecas e indígenas da América do Norte, o tomate cultivado pelos astecas; a batata<br />
pelos incas. As respostas equivocadas neste item foram devido ao esquecimento dos candidatos de que só<br />
eram válidas as plantas que não apenas foram cultivadas na América mas também levadas para o plantio na<br />
Europa. Este item da questão valia 3 pontos.<br />
No item b o candidato deveria saber relacionar o processo de industrialização ocorrido na Europa e a<br />
possibilidade de cultivo dessas plantas para a alimentação de populações urbanas. Pela adaptação delas na<br />
Europa, acabaram por se constituir em base de alimentação dessas populações, possibilitando o aumento<br />
demográfico . Dentre estas plantas destaca-se principalmente a batata, alimento indispensável para os<br />
trabalhadores na época da revolução industrial inglesa do final do século XVIII. Entretanto, o candidato<br />
poderia se lembrar também da importância do tomate para a culinária italiana e do milho para diversos<br />
povos europeus. Muitos candidatos se lembraram da disseminação do gosto europeu pelo chocolate, embora<br />
esta planta não tenha sido levada para a Europa para o cultivo. Neste caso, por se tratar de um derivado de<br />
planta americana muito aceito na Europa, resolvemos levar em consideração este tipo de resposta. Este item<br />
valia 2 pontos.<br />
Esta questão foi elaborada com o objetivo de fazer o candidato estabelecer relações de trocas culturais<br />
entre povos. Evidentemente, o seu conteúdo era pouco conhecido, mas esperávamos que ele pudesse apreender<br />
o “espírito” da questão. Não se explora nos currículos escolares a questão das trocas culturais e quando<br />
este conteúdo é dado ao aluno, na maioria das vezes é para ele aprender de que maneira as culturas americanas<br />
absorveram valores e costumes europeus. Pouco se fala da maneira como os europeus absorveram hábitos<br />
e costumes dos povos americanos. Assim, o que esperávamos era a percepção de que ocorreram trocas<br />
culturais entre a América e a Europa, evidentemente não simétricas.<br />
No outro item da questão também esperávamos uma resposta mais dedutiva do que de conhecimento de<br />
conteúdo. Sabíamos, de antemão, que o assunto do cultivo de plantas e do processo de urbanização é pouco<br />
abordado em sala de aula, no máximo restringindo-se ao período da antiguidade e à revolução agrícola com a<br />
conseqüente sedentarização. Assim, procuramos nesta questão perceber de que maneira os candidatos poderiam<br />
extrapolar estas relações entre o cultivo das plantas e os processos de sedentarização e urbanização para<br />
a história européia do século XVIII.<br />
a) Duas plantas que merecem destaque para a alimentação da Europa e do mundo e que são cultivos<br />
americanos são a batata plantada pelos incas e o milho pelos índios americanos.<br />
b) O cultivo dessas plantas americanas na Europa favoreceu o processo de urbanização do Séc. XVIII e XIX<br />
na medida em que aumentou a oferta de alimentos para a população, já que o seu cultivo era simples.<br />
Em função do aumento da oferta de alimentos a população deslocou-se para os centros urbanos, o que<br />
aliado a outros fatores resultou na industrialização.<br />
a) Cana de açúcar e café pelos indígenas<br />
b) Favoreceu o modo de que com o cultivo dessas plantas começaram a exportar criando capitalismo,<br />
crescendo assim o capital<br />
O mundo tem, atualmente, 6 bilhões de habitantes e uma disponibilidade máxima de água para consumo<br />
em todo o planeta de 9000 km 3 /ano. Sabendo-se que o consumo anual per capita é de 800 m 3 , calcule:<br />
a) o consumo mundial anual de água, em km 3 ;<br />
b) a população mundial máxima, considerando-se apenas a disponibilidade mundial máxima de água para<br />
consumo.<br />
a) A população mundial atual é de 6 bilhões de habitantes, ou seja, 6 .10 9 habitantes. Como cada habitante<br />
consome 800m 3 de água por ano, o consumo anual, em m 3 , é de. Como a resposta deve ser dada em<br />
km 3 , é necessário converter m 3 para km 3 . Como 1m 3 corresponde a 10 –9 km 3 , equivalem a.<br />
Resposta: O consumo mundial anual, atualmente, é de 4.800km 3 . (2 pontos) ▲<br />
41
Questões 1ª fase<br />
42<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 12<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
▲<br />
b) O texto do problema informa que a disponibilidade mundial máxima de água para consumo, em todo o<br />
planeta, é de 9000km 3 . Como o consumo per-capita é de 800.10 –9 km 3 , a população mundial máxima é<br />
dada por: 900 / 800 . 10 –9 = 11,25 . 10 9 .<br />
Resposta: A população mundial máxima, considerando-se apenas a disponibilidade mundial máxima<br />
de água para consumo, é de 11,25 . 10 9 habitantes, ou seja: 11 bilhões e 250 milhões<br />
de habitantes. (3 pontos)<br />
Esta questão foi considerada adequada aos objetivos da primeira fase: uso de unidades, operações elementares,<br />
raciocínio. Alguns candidatos usaram 10 6 para bilhões ou erraram na conversão de m 3 para km 3 .<br />
Entretanto, as maiores dificuldades foram o uso incorreto de dados numéricos e aproximações impróprias. A<br />
nota média nessa questão foi de 1,49 na escala (0 – 5), considerando-se todos os candidatos presentes e de<br />
2,80 considerando-se apenas os candidatos aprovados.<br />
Neste ano, para obter as notas da primeira fase de seu vestibular, a <strong>Unicamp</strong> está usando, da seguinte<br />
forma, a nota da prova do Enem: sejam U a nota da primeira fase da <strong>Unicamp</strong>, E a nota da prova de<br />
conhecimentos gerais do Enem e NF a nota final de cada candidato. Se U ≥ E, então NF = U e se U < E,<br />
E + 4U<br />
então NF = . Suponha que algumas das notas dos candidatos A, B, C, X e Y sejam as apresentadas<br />
5<br />
na tabela abaixo:<br />
Estudante U E NF A 6,0 5,0<br />
B 5,5 5,5<br />
C 5,0 6,0<br />
X 6,0<br />
Y 6,0<br />
a) Calcule as notas finais dos candidatos A, B e C.<br />
b) Sabendo-se que as notas do candidato X são tais que E=2U e que as notas do candidato Y são tais que<br />
U = 2E, calcule as notas obtidas por esses dois candidatos.<br />
ATENÇÃO: Se <strong>suas</strong> respostas forem dadas através da tabela, não deixe de apresentá-la por completo no<br />
caderno de resposta.<br />
a) A tabela informa que o candidato A teve nota 6,0 na <strong>Unicamp</strong> e nota 5,0 no Enem; logo, para esse<br />
candidato, U > E e, portanto, NF = U = 6,0. Para o candidato B, as notas apresentadas na tabela<br />
foram: U = 5,0 e E = 5,5, ou seja, U = E e, portanto, NF = 5,5. Para o candidato C, temos:<br />
E + 4U 6 + 4.5<br />
U = 5,0 e E = 6,0. Sendo nesse caso, U < E, temos: NF = = = 5,2.<br />
Assim a nota final do candidato C é 5,2.<br />
Resposta: As notas finais dos candidatos A, B e C foram, respectivamente, 6,0; 5,5 e 5,2. (2 pontos)<br />
b) Para o candidato X, temos: E = 2U. Se fosse igual a zero, então E e NF também seriam iguais a zero,<br />
o que não é o caso visto que a tabela informa que, para esse candidato, NF = 6,0. Então U ≠ 0 e,<br />
E + 4U 2U + 4U 6U<br />
portanto, U < E e NF = = = = 6,0 o que implica U = 5,0 e E = 10,0.<br />
5<br />
5<br />
Para o candidato Y, U = 2E; se E = 0, então U = 0 e NF seria também igual a zero, o que não ocorre.<br />
Logo, E ≠ 0 e, portanto, U > E e, por isso, NF = U = 6,0 e E = 3,0.<br />
Resposta: As notas do candidato X são: U = 5,0 e E = 10,0.<br />
As notas do candidato Y são: U = 6,0 e E = 3,0. (3 pontos)<br />
Observação: As respostas poderiam ser dadas através da tabela completa, devidamente justificada através<br />
dos cálculos correspondentes.<br />
Esta questão foi muito apropriada para avaliar o uso de informações e raciocínio lógico; envolve apenas<br />
conteúdos de Matemática do Ensino Fundamental e o desempenho dos candidatos foi satisfatório. A média<br />
final nessa questão foi de 3,15 na escala (0 – 5) computadas as notas de todos os presentes, ou seja, 42.000<br />
candidatos.<br />
5<br />
5<br />
5
2ª Fase
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
44<br />
1. As questões de língua portuguesa<br />
A prova de Língua Portuguesa obedeceu no Vestibular 2000 aos mesmos pressupostos que vêm<br />
norteando sua elaboração desde que a <strong>Unicamp</strong> decidiu criar um vestibular próprio. Um desses pressupostos<br />
é o de que, na sociedade em que vivemos, qualquer pessoa é constantemente chamada a produzir<br />
e interpretar mensagens verbais extremamente diversificadas, num sem número de situações distintas, e<br />
a capacidade de interagir lingüisticamente é fundamental para garantir uma inserção social construtiva.<br />
Isso vale para qualquer indivíduo e, com maior razão, para profissionais de nível universitário, pois deles<br />
se espera que utilizem a linguagem não só para se expressarem respeitando as etiquetas de seu próprio<br />
grupo social e de outros com os quais interagem, mas também para analisar e interpretar situações,<br />
formular soluções e criar novos saberes, intervindo na realidade de maneira sensível e criativa. O ensino<br />
tradicional de Português está interessado principalmente na assimilação da nomenclatura gramatical, na<br />
ortografia e no domínio da norma culta. As <strong>provas</strong> que mediriam tal competência pouco têm a ver com a<br />
função de intervenção e descoberta da qual a linguagem é instrumento. Por isso, a <strong>Unicamp</strong> decidiu que<br />
sua prova de língua seria o que o nome diz, uma prova de língua, e não apenas uma prova de gramática.<br />
Fiel a essa posição, tem proposto exames em que se cobra do candidato algo mais que a capacidade de<br />
utilizar corretamente a variedade lingüística culta, ou de aplicar corretamente a nomenclatura com que<br />
foram tradicionalmente descritas as estruturas da língua portuguesa.<br />
Ao longo dos últimos vinte anos, a adoção dessa atitude ajudou a colocar em seu devido lugar a<br />
gramática (e algumas gramatiquices), criando espaço para a redação e as respostas discursivas. Aliada à<br />
preocupação de verificar nas questões de literatura a capacidade de ler criticamente obras literárias, a<br />
prova de Português do Vestibular da <strong>Unicamp</strong> vem produzindo uma profunda mudança na maneira como<br />
a linguagem é encarada no ensino médio e superior. Trata-se de uma autêntica mudança de mentalidade<br />
que – é fácil compreender – deixa às vezes desconcertados os seus próprios agentes. Aos professores<br />
secundários e dos cursinhos, impõe-se a tarefa nem sempre fácil de planejar atividades voltadas para o<br />
uso real da linguagem e para os aspectos cognitivos e criativos da competência lingüística; para os<br />
corretores, cria-se a obrigação de refazer e avaliar o raciocínio do candidato; para este último, sobra a<br />
dificuldade à primeira vista desconcertante de enfrentar uma prova essencialmente aberta.<br />
Como preparar-se para uma prova com essas características?<br />
Antes de mais nada, é psicologicamente interessante que o candidato se convença de que uma prova<br />
de língua não é necessariamente mais difícil que uma prova de gramática. Comentar a maneira como as<br />
pessoas se expressam, valorizar uma boa resposta, apontar na fala (própria e dos outros) as expressões<br />
que verdadeiramente fizeram diferença, explicar por que um texto não realizou os objetivos a que se<br />
propunha, observar diferenças no modo de falar que caracterizam pessoas ou grupos são atos que qualquer<br />
falante de uma língua realiza corriqueiramente, não importando sua idade e seu grau de instrução;<br />
a prova de língua da <strong>Unicamp</strong> valoriza o candidato que se acostumou a investir algum tempo e alguma<br />
energia nesse trabalho de observação e comentário sobre como a língua funciona.<br />
Também é importante perceber que, ao privilegiar questões de língua, a <strong>Unicamp</strong> valoriza o candidato<br />
como pessoa inserida numa comunidade lingüística na qual se vivem problemas reais, em vez de tratá-lo<br />
como um aluno de quem se cobram os efeitos de um treinamento cujo horizonte é principalmente a<br />
escola. Como ficou apontado acima, a língua é importante demais para ser confundida com a representação<br />
que dela nos legaram as gramáticas.<br />
A primeira orientação prática ao vestibulando consiste em repetir algo já muito <strong>comenta</strong>do: que a<br />
prova de língua do Vestibular <strong>Unicamp</strong> é essencialmente uma prova de leitura. Convém repetir essa<br />
observação aparentemente banal, em primeiro lugar porque continua acontecendo algo bastante preocupante:<br />
muitos candidatos precipitam-se em responder sem a adequada reflexão sobre os enunciados<br />
propostos, e cometem erros bobos, que seriam evitados se o enunciado das questões fosse bem lido. A<br />
prova é de leitura também num outro sentido, igualmente importante: todas as perguntas têm sido a<br />
respeito de textos breves (frases, slogans, histórias, anedotas, tiras, etc.), e só responde bem quem for<br />
capaz de ler e interpretar corretamente esses breves textos. Para dar uma boa resposta, é fundamental<br />
entender os propósitos desses textos, situá-los e perceber o que os torna interessantes. Eles terão que ser<br />
<strong>comenta</strong>dos, mas esse comentário deve basear-se no que dizem, implícita ou explicitamente. A menos<br />
que haja instrução em contrário, não se trata de “inventar” a partir da leitura, mas de ser fiel à intenção<br />
do texto, ao seu espírito e, algumas vezes, à sua letra.<br />
A prova de língua da <strong>Unicamp</strong> é, tipicamente, uma prova aberta, mas é a esta altura uma prova que<br />
tem uma história da qual o candidato pode tirar proveito. O que se quer dizer com isso é que a melhor<br />
maneira de ver como funciona a prova de língua do Vestibular <strong>Unicamp</strong> consiste em analisar não só as<br />
questões do Vestibular 2000, que vêm <strong>comenta</strong>das nesta publicação impressa, mas também as mais<br />
antigas, que se encontram em várias brochuras distribuídas pelas escolas e, em formato eletrônico, no<br />
▲
QUESTÃO 1<br />
▲<br />
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
site www.convest.unicamp.br. Recomendamos que o candidato se debruce sobre essas <strong>provas</strong> e que<br />
procure tomar conhecimento dos comentários que foram feitos a respeito das mesmas. No decorrer desse<br />
exercício, deveria ficar claro que, embora os fatos lingüísticos analisados tenham sido os mais variados<br />
(particularidades fonéticas, diferenças regionais e de registro, questões de sentido, coesão e coerência,<br />
etc.), eles receberam um tratamento que obedece, no fundo, a um padrão bastante uniforme.<br />
Tentemos descrever resumidamente esse padrão, que emerge das <strong>provas</strong> propostas até o momento.<br />
Como já lembramos, toda pergunta se refere a um pequeno texto. A própria pergunta dá as informações<br />
contextuais necessárias à compreensão desse pequeno texto, e propõe ao candidato um problema a<br />
respeito do mesmo. Assim, em algumas perguntas, o candidato é chamado a observar e <strong>comenta</strong>r formulações,<br />
passagens e trechos que o tornam particularmente eficaz (ou ineficaz) para os propósitos a que se<br />
propõe (uma escolha verbal inadequada pode, por exemplo, provocar uma segunda leitura, engraçada,<br />
num texto que se pretende sério; um uso inadequado de recursos coesivos pode prejudicar a compreensão,<br />
etc.; inversamente, um jogo de palavras feliz pode dar mais impacto à tese que o texto defende).<br />
Outras perguntas pedem ao candidato algum tipo de “leitura entre as linhas”, isto é, que tire conseqüências<br />
autorizadas pelo texto, ou explicite propostas que, no texto, são apenas implícitas. Com um pouco de<br />
reflexão, percebe-se que as tarefas exigidas para responder à prova de língua não têm nada de misterioso:<br />
são exatamente as mesmas que qualquer usuário da língua realiza quando discute um texto importante<br />
depois de uma leitura atenta. Se, além disso, lembrarmos que os textos são tirados em geral de grandes<br />
veículos de comunicação, é imediato concluir que um bom preparo é uma boa leitura desses mesmos<br />
veículos, atenta não só aos conteúdos, mas também à maneira como esses conteúdos são trabalhados<br />
lingüisticamente. É isso que se recomenda, em conclusão.<br />
Antes de encerrar, convém porém repetir aqui dois lembretes que constaram do Caderno de Questões<br />
de 99 e que continuam válidos. O primeiro é que o candidato não precisa temer “pegadinhas” e formulações<br />
capciosas. Esse tipo de armadilha não faz sentido no modelo de prova proposto. O outro lembrete é<br />
que o candidato pode contar com corretores que se esforçarão ao máximo para entender o que ele,<br />
candidato, quis dizer em sua respostas; mas é sempre bom lembrar que os corretores só dispõem, para<br />
isso, do próprio texto que o candidato terá redigido. Convém, portanto, que também o candidato se<br />
imagine na situação dos corretores, e que procure escrever de maneira clara, concisa e relevante, respondendo<br />
ao que foi perguntado, evitando divagações.<br />
Controlar o que funciona (ou não funciona) num texto e tirar conseqüências que vão além de seu<br />
sentido literal ou fatual são práticas para as quais todo estudante de escola superior e todo profissional de<br />
nível universitário precisariam estar dispostos, num mundo em que o bombardeio de informações é constante.<br />
Da mesma forma, é sempre desejável (e altamente democrático) que as pessoas procurem interagir<br />
considerando o ponto de vista dos outros; uma maneira de fazê-lo, quando escrevemos, é imaginar como<br />
seríamos lidos por alguém que tem uma história diferente da nossa. A prova de língua do Vestibular<br />
<strong>Unicamp</strong> cobra dos candidatos esses dois tipos de disposição, e nós acreditamos que isso seja uma<br />
atitude de respeito para com você, o que faz uma enorme diferença.<br />
Obs: Para todas as questões da prova, além das respostas esperadas, fornece-se um exemplo de<br />
resposta ruim (Candidato A) e um exemplo de boa resposta (Candidato B). A comparação com a resposta<br />
esperada permitirá a descoberta dos problemas da resposta ruim, por um lado, e da relativa liberdade de<br />
responder adequadamente às questões da prova.<br />
45
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
46<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 2<br />
O tema desta tira é, tecnicamente falando, um “neologismo semântico”, isto é, um novo sentido – surgido há<br />
alguns anos –, assumido por uma palavra que já existia. A palavra em questão é o verbo “ficar”, que ocorre<br />
três vezes.<br />
a) qual (ou quais) das ocorrências representa(m) um sentido mais antigo do verbo “ficar”? Qual(is)<br />
representa(m) o novo sentido?<br />
b) qual a palavra que mais provavelmente preencheria as reticências da terceira fala?<br />
c) a última fala pode ser interpretada como sendo irônica. Por quê?<br />
a) a terceira ocorrência de “ficar” tem o sentido mais antigo; nas duas primeiras falas, as ocorrências têm o<br />
sentido novo. (2 pontos)<br />
b) A palavra “grávida”. (1 ponto)<br />
c) Por que a conversa não foi nada clara; aliás, foi vaga, reticente / A conversa foi o contrário do que o pai<br />
diz que foi. (2 pontos)<br />
Para responder corretamente, o candidato precisaria ser capaz de comparar as diferentes ocorrências do<br />
verbo “ficar”, percebendo que ilustram dois sentidos diferentes da palavra, que hoje convivem na língua: num<br />
sentido mais antigo, que corresponde a um uso compartilhado por diferentes gerações e é ilustrado pela<br />
segunda fala do pai, “ficar” é um verbo de ligação (ficar preocupado, ficar rico, ficar...grávida) que indica<br />
mudança de estado. Num sentido mais novo, mais corrente entre os jovens, “ficar” indica um certo tipo de<br />
relacionamento entre pessoas de sexos opostos, que é diferente tanto do namoro e do noivado quanto do<br />
casamento tradicionais. Ao pai que quer compreender melhor esse tipo de relacionamento, o filho responde<br />
com uma definição circular, que nada esclarece (“ficar é ficar”), sugerindo que não é possível compreender a<br />
nova forma de relacionamento, a não ser vivendo-a. A última fala do pai é um comentário sobre todo o diálogo<br />
anterior. Para avaliar essa fala do pai, o candidato precisaria reconhecer que o diálogo anterior foi pouco<br />
esclarecedor e pouco explícito, justamente o oposto do que se espera de uma “conversa às claras”.<br />
Candidato A<br />
a) Quando o primeiro interlocutor se preocupa com a moça, se ela vai ficar preocupada ou assumir outras<br />
atitudes ou ter sentimentos. As ocorrências que representam o novo sentido é a descoberta do que é ficar<br />
e a esclarecida que o segundo interlocutor dá.<br />
b) A palavra poderia ser: com outro.<br />
c) Porque o interlocutor quer demonstração e saber praticar o que é ficar.<br />
Candidato B<br />
a) A ocorrência que representa o sentido mais antigo para o verbo “ficar” é na fala do homem: “Não há<br />
perigo dela ficar...” e a que representa um novo sentido se encontra no diálogo entre o homem e o<br />
menino, quando o primeiro pergunta o que é ficar e o segundo responde que é “ficar com uma garota”.<br />
b) A palavra que preencheria as reticências da terceira fala é “grávida”.<br />
c) Sim, a última fala pode ser interpretada como sendo irônica, pois o homem diz ao menino que eles<br />
precisam ter mais conversas “às claras” como esta, sendo que esta conversa não foi às claras, os diálogos<br />
não explicaram exatamente o que se perguntava e nem terminava algumas frases, deixando subentendido.<br />
Perguntado em fins de 1997 pelo Jornal das Letras (Lisboa) se seu nome seria uma boa indicação para o<br />
Prêmio Nobel de Literatura, junto com os nomes, sempre lembrados pela imprensa, de José Saramago e<br />
António Lobo Antunes, o escritor português José Cardoso Pires deu a seguinte resposta:<br />
“A Imprensa tem lá as <strong>suas</strong> razões. Durante anos e anos passei a vida a assinar papéis a pedir um Nobel para<br />
um escritor português e isso não serviu de nada. De modo que o facto da Imprensa agora prever isto ou<br />
aquilo... Uma coisa eu sei: o Prémio Nobel dado a um escritor português de qualidade beneficiava todos os<br />
escritores portugueses. Que todos gostariam de ter o Prémio Nobel também é verdade, mas se um ganhar<br />
ganhamos todos. De qualquer modo o critério actual é o dos mais traduzidos e os mais traduzidos são o<br />
Saramago e o Lobo Antunes. Eu sou menos. Mas isso não me preocupa nada. Sinceramente”.<br />
a) aponte, na resposta de Cardoso Pires, as características de acentuação e de grafia que a identificam<br />
como um texto em português europeu.<br />
b) aponte, na mesma resposta, as construções que a caracterizam como um texto de português europeu, e<br />
dê os prováveis equivalentes brasileiros dessas construções.
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 3<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
c) sabemos que o Nobel de Literatura foi ganho em 1998 por José Saramago. A partir de qual passagem do<br />
texto poderíamos desconfiar que, na opinião do entrevistado, não necessariamente o vencedor é o melhor?<br />
a) acentuação: Prémio (duas vezes); grafia: facto, actual (2 pontos)<br />
b) As construções típicas do português europeu são beneficiava, a assinar, a pedir; os equivalentes brasileiros<br />
são beneficiaria, assinando, pedindo. (2 pontos)<br />
c) “...o critério actual é o dos mais traduzidos” (1 ponto)<br />
Para responder às perguntas a e b, bastaria que o candidato fizesse uma revisão do texto, atentando para<br />
os aspectos da ortografia e da sintaxe que não são próprios do português brasileiro culto. Para responder à<br />
pergunta c, ele precisaria perceber que Cardoso Pires não responde à pergunta do entrevistador que é sobre<br />
“melhores autores”, mas a reformula em termos de “autores mais traduzidos”. Os prêmios Nobel, geralmente,<br />
não vão aos melhores escritores, mas aos mais traduzidos; portanto o critério não é estético, e sim mercadológico.<br />
Cardoso Pires diz com todas as letras que seus concorrentes são mais traduzidos do que ele. Não é<br />
difícil, a partir deste ponto, concluir que ele evita uma avaliação estética para não parecer arrogante.<br />
Candidato A<br />
a) “Lá”, “papéis”, são exemplos de acentuação. Já de grafia encontramos: “facto”, “actual”.<br />
b) .....................................................<br />
c) “Mas isso não me preocupa”.<br />
Candidato B<br />
a) Pode-se identificar o texto como sendo em português europeu nas seguintes passagens: 1. de modo que<br />
o facto... 2. O prémio Nobel dado a ... 3. O critério actual é o...<br />
b) E também nas seguintes construções: 1 “passei a vida a assinar papéis a pedir um ...”, 2. Beneficiava<br />
todos os... onde os prováveis equivalentes brasileiros seriam 1. Assinando, pedindo 2. beneficiaria.<br />
c) De qualquer modo o critério atual é o dos mais traduzidos.<br />
A edição de 30 de janeiro de 1998 do Noite e Dia (Feira de Santana, BA) trazia, na seção Zé Coió, a seguinte<br />
história:<br />
Vou pegar o talão!<br />
Cansado de não vender nada na sua loja, João pegou o carro e saiu pelo interior para vender seus produtos.<br />
Depois de 15 dias sem tirar um só pedido, sentou-se embaixo de uma árvore para descansar. De repente viu<br />
uma garrafa e chutou. A garrafa deu meia volta e chegou junto. João tornou a chutar e a garrafa deu outra<br />
meia volta e ficou bem ao seu lado. João pegou a garrafa, começou a acariciar e de repente surgiu uma voz<br />
que disse:<br />
— Você tem direito a três pedidos!<br />
João levantou correndo e disse:<br />
— Espere aí que eu vou buscar o talão.<br />
Cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá.<br />
a) a seqüência “Cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá, cá.” não faz parte da história. Explique por quê.<br />
b) a fala final de João, retomada no título, revela um equívoco fundamental na identificação de quem fala<br />
de dentro da garrafa. Em que consiste esse equívoco?<br />
c) transcreva as palavras que, no diálogo entre as duas personagens, permitem articular a resposta de João<br />
com sua experiência prévia de vendedor itinerante.<br />
a) Porque não acrescenta nenhum outro fato à história / porque se trata de uma reação do narrador e/ou do<br />
ouvinte, não de alguma personagem / porque antecipa a reação do ouvinte da história. (1 ponto)<br />
b) João entende que se trata de um cliente fazendo pedidos, quando se trata de um “gênio da garrafa”<br />
(conforme lendas das Arábias) oferecendo-se para satisfazer três pedidos (=desejos) quaisquer de João<br />
/ O equívoco de João consiste no fato de que não consegue sair da situação de vendedor. (2 pontos)<br />
c) As palavras são “pedidos” e “talão”. (2 pontos)<br />
O segredo de uma boa resposta à questão 3 é uma boa compreensão da anedota à qual ela se refere, uma<br />
das tantas em que uma personagem de pouca imaginação desperdiça a grande chance de sua vida porque não<br />
47
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
48<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 4<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
soube reconhecê-la. Para as perguntas b e c é relevante que o João da história, embora tenha sido milagrosamente<br />
transportado para um mundo de fábula em que todas as possibilidade lhe são abertas, continua<br />
raciocinando como o vendedor desesperado que era minutos antes, a tal ponto que confunde o gênio da<br />
garrafa com um possível freguês e sai à procura do talão tão logo o gênio usa a palavra crucial “pedidos”. O<br />
item a obrigava o candidato a separar a anedota propriamente dita do efeito que sua narração deveria provocar<br />
no leitor, assim como se separa a história e a moral da história, o espaço reservado ao narrador e o espaço<br />
reservado ao ouvinte-leitor.<br />
Candidato A<br />
a) Porque João sai aos risos do local em que ele estava descansando, ironizando a voz que vinha da garrafa.<br />
b) Do qual João pensa que a voz que vem de dentro da garrafa também está na mesma situação em que<br />
João está, desesperado para vender alguma coisa, e quando a voz da garrafa lhe oferece três pedidos,<br />
João corre para buscar o seu talão mostrando que ele tem condições de apontar mais os três pedidos.<br />
Candidato B<br />
a ) Porque a seqüências Cá, cá, cá... representa os risos do leitor, os supostos risos provocados pelo texto.<br />
b) João achou que a “voz” estava lhe concedendo direito de receber três pedidos de compra da suposta voz,<br />
achou que ela iria comprara três mercadorias dele. Na verdade, ela estava conferindo a ele o direito de<br />
fazer três pedidos, três desejos para ela realizar.<br />
c) As palavras são: “pedidos”, “talão”.<br />
O texto abaixo foi extraído de uma seção que divulga “novidades” científicas. Leia-o e responda às questões<br />
que se seguem:<br />
Idosa precoce – Dolly é uma cópia tão exata da ovelha de cuja mama os cientistas do Instituto Roslin tiraram<br />
uma célula para clonar, que já nasceu “velha”. Quando veio ao mundo, o interior de <strong>suas</strong> células já apresentava<br />
traços não de uma filhote, mas de um animal adulto. É o que os biólogos escoceses revelaram na revista<br />
Nature. O problema está nos telômeros, apêndices dos cromossomos que compõem o material genético. Os<br />
de Dolly são 20% mais curtos do que deveriam ser numa ovelha de sua idade. Sabe-se que o comprimento<br />
dos telômeros diminui à medida que as células vão se dividindo ao longo das vida. Eventualmente, ficam tão<br />
pequenos que a célula perde essa capacidade. Nesse sentido, os telômeros estão fundamentalmente ligados<br />
ao envelhecimento. Como Dolly foi criada a partir de uma célula adulta, seus telômeros são curtos. Se<br />
essa anomalia pode acarretar o envelhecimento precoce da ovelha ou não é outra história ainda a investigar.<br />
(...). (ISTO É 1548, 02/06/99).<br />
a) o que é caracterizado como problema e como ele é explicado?<br />
b) cite a passagem do texto que expresse uma verdade genética dada como conhecida de todos e transcreva<br />
a expressão que indica que esse conhecimento é compartilhado.<br />
c) cite uma passagem do texto que expresse uma hipótese.<br />
a) O problema é que Dolly nasceu velha / não filhote; a explicação é que essa característica se deve ao<br />
comprimento dos telômeros. Ou: O problema é que Dolly nasceu velha / nasceu com os telômeros curtos,<br />
o que a caracteriza como um animal velho; a explicação é que foi gerada por clonagem. (2 pontos)<br />
b) Sabe-se que o comprimento dos telômeros diminui à medida que as células vão se dividindo ao longo das<br />
vida; a expressão é “sabe-se”. (2 pontos)<br />
c) Se essa anomalia pode acarretar o envelhecimento precoce da ovelha ou não é outra história ainda a<br />
investigar / A hipótese é que ter nascido com os telômeros mais curtos acarreta envelhecimento precoce<br />
da ovelha . (1 ponto)<br />
Escrito com objetivos de divulgação para um público não especializado em genética, o trecho a que se<br />
refere a questão 4 faz um balanço de alguns desenvolvimentos científicos recentes, que estabeleceram uma<br />
relação inesperada entre clonagem e envelhecimento. As três perguntas orientam no sentido de extrair do texto<br />
a) um problema, b) uma verdade consensual, c) uma hipótese, o que pode ser feito de maneira inteiramente<br />
intuitiva. Verdades estabelecidas, problemas e hipóteses são, evidentemente, conteúdos aos quais o cientista<br />
precisa atribuir funções muito diferentes, em sua atividade de investigação e de sistematização de conhecimentos,<br />
mas são também conteúdos que distinguimos porque a língua nos proporciona para eles formas de<br />
representação diferenciadas. A análise solicitada por esta pergunta dá uma idéia do importante papel que a<br />
linguagem desempenha na criação e sistematização de conhecimentos.
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 5<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
Candidato A<br />
a) Telômero; através do oposto.<br />
b) “Apêndices dos cromossomos que compõem o material genético”; “Os de Dolly são...”.<br />
c) “Nesse sentido os telômeros estão fundamentalmente ligados ao envelhecimento”.<br />
Candidato B<br />
a) A presença dos telômeros curtos é caracterizado como problema. Esse problema é explicado através do<br />
fato de Dolly ter sido criada a partir de uma célula adulta.<br />
b) A passagem do texto que expressa uma verdade genética dada como conhecida de todos é a seguinte:<br />
“Sabe-se que o comprimento dos telômeros diminui à medida que as células vão se dividindo ao longo da<br />
vida”. A expressão que indica esse compartilhamento é a expressão “sabe-se”.<br />
c) A passagem do texto que expressa uma hipótese é: “Se essa anomalia pode acarretar o envelhecimento<br />
precoce da ovelha ou não é outra história ainda a investigar”.<br />
Leia o texto abaixo, que apresenta outra “novidade” científica<br />
Raposa na pele de cordeiro – Os golfinhos sempre tiveram uma das mais agradáveis imagens do mundo<br />
animal. Dóceis e úteis, permeiam a literatura infantil com gestos dignos do melhor samaritano. Flipper que<br />
o diga. Bom, descobriu-se que a coisa não é bem assim. Seguindo um rastro de evidências perturbadoras,<br />
cientistas de vários países, que vêm estudando com mais cautela o comportamento desses mamíferos,<br />
chegaram a uma triste conclusão: os golfinhos estão longe de ser aquelas criaturas felizes e pacíficas.<br />
Foram observadas práticas de infanticídio – golfinhos adultos matando filhotes – e morte em série de outros<br />
mamíferos aquáticos. Em locais tão distantes entre si quanto a costa americana e a da Irlanda, os golfinhos<br />
usam seu bico pontudo e dentado como clavas para bater e retalhar <strong>suas</strong> presas. Mas, diferentemente de<br />
outros animais carnívoros, eles não comem um pedaço sequer de <strong>suas</strong> vítimas. Como a espécie é muito<br />
social com humanos, teme-se que essa violência possa se repetir em parques aquáticos ou cidades costeiras,<br />
onde há muita proximidade com golfinhos. (ISTOÉ 1554, 14/07/99)<br />
a) suponha que alguém não saiba nada sobre golfinhos. Como os classificaria, do ponto de vista da zoologia,<br />
com base nas informações fornecidas pelo texto?<br />
b) qual o receio expresso na última frase do texto, e o que o justifica?<br />
c) Nas fábulas, o inimigo do cordeiro não é a raposa. Tendo isso em conta, qual deveria ser o título deste<br />
texto?<br />
a) Os golfinhos são mamíferos (aquáticos) e carnívoros. (2 pontos)<br />
b) O receio é que os golfinhos ataquem humanos; a razão é que nos parques aquáticos freqüentemente há<br />
golfinhos e nas cidades costeiras, golfinhos poderiam ter acesso a humanos. (2 pontos)<br />
c) Lobo na pele de cordeiro. (1 ponto)<br />
Mais uma vez, responderia bem à questão quem tivesse uma compreensão adequada do texto, que fala de<br />
golfinhos, a propósito de algumas descobertas recentes que põem em dúvida sua docilidade e sua sociabilidade<br />
com os humanos. Em a, pedia-se ao candidato que extraísse do texto uma classificação zoológica dos<br />
golfinhos: para isso, bastaria observar que o texto fala às vezes desses animais como um conjunto que pode<br />
ser isolado num conjunto maior: “esses mamíferos”, “[os golfinhos e] outros [animais que, como os golfinhos<br />
são] mamíferos aquáticos”, “[outros] animais carnívoros”; b pedia, em resumo, que o candidato, tendo lido no<br />
texto que os golfinhos matam outros mamíferos aquáticos e sabendo que os seres humanos são mamíferos<br />
que se aventuram em águas freqüentadas pelos golfinhos, principalmente em cidades costeiras e parques aquáticos,<br />
tirasse a conclusão de que os golfinhos representam risco para os seres humanos. Para responder a c, bastava<br />
lembrar que o inimigo tradicional do carneiro é o lobo, chegando assim ao ditado “lobo em pele de carneiro”.<br />
Candidato A<br />
a) Se classificaria o golfinho sendo um animal extremamente perigoso, comparando às vezes até mesmo<br />
com o tubarão.<br />
b) O receio é que as atitudes do golfinho possa se repetir em parques aquáticos ou cidades costeiras, onde<br />
há muita proximidade com eles.<br />
c) Seria: Cordeiro na pele de Raposa.<br />
▲<br />
49
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
QUESTÃO 6<br />
50<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
▲<br />
Candidato B<br />
a) Os golfinhos seriam classificados como mamíferos aquáticos e carnívoros.<br />
b) Há receio que os golfinhos ataquem pessoas em parques aquáticos ou cidades costeiras e é justificado<br />
pelo comportamento observado em estudos mais aprofundados sobre a espécie.<br />
c) “Lobo na pele de cordeiro”.<br />
Millôr Fernandes, considerado um dos maiores humoristas brasileiros, escreveu o texto “Leite, quéqué<br />
isso?” em sua coluna no Caderno 2, no jornal O Estado de S. Paulo de 22/08/99. Abaixo, está um excerto<br />
deste texto. Leia-o com atenção e responda:<br />
Vocês, que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da<br />
esquina? Lembram mais longe, quando a vaca-leiteira, que não era vaca coisa nenhuma, era uma caminhonete-depósito,<br />
vinha vender leite na porta de casa? Lembram mais longe ainda, quando a gente ia comprar<br />
leite no estábulo e tinha aquele cheiro forte de bicho, de bosta e de mijo, que a gente achava nojento e só<br />
foi achar genial quando aprendeu que aquilo tudo era ecológico? Lembra bem mais longe ainda, quando a<br />
gente mesmo criava a vaca e pegava nos peitinhos dela pra tirar o leite dos filhos dela, com muito jeito pra<br />
ela não nos dar uma cipoada?<br />
Mas vocês não lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso<br />
porque agora mesmo peguei um pacote de leite – leite em pacote, imagina, Tereza! – na porta dos fundos e<br />
estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia,<br />
foi enriquecido e o escambau.<br />
a) a palavra “embromatologia” soa como um termo técnico, mas não é. Diga por que parece e por que não é.<br />
b) o texto mostra que a moda pode afetar nossos gostos. Em que passagem?<br />
c) as informações técnicas que acompanham muitos produtos não necessariamente esclarecem o consumidor,<br />
mas impressionam. Transcreva a passagem do texto em que o autor alude a tal problema nesses<br />
textos.<br />
a) O radical “-logia” (-tologia) usualmente identifica campos de conhecimento (como em geologia, ecologia),<br />
mas embromar não é um desses campos de conhecimento. (2 pontos)<br />
b) Achávamos nojento o cheiro de bicho, de bosta e de mijo, mas a ecologia nos fez achar<br />
isso genial. (1 ponto)<br />
c) “... e estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina...” (2 pontos)<br />
O texto de Millôr Fernandes mostra, a propósito de um produto que todos julgamos conhecer de perto – o<br />
leite – até que ponto nossa sociedade perdeu o contato com o real e passou a viver de <strong>suas</strong> representações<br />
ideológicas. O contato perdido com os animais é valorizado, mas não recuperado, pelo modismo ecologista; as<br />
propriedades do leite não são mais as do conteúdo da caixa (para a qual não há garantias), mas as que vêm<br />
impressas no rótulo. Para mostrar que essas mensagens mais impressionam do que informam, Millôr Fernandes<br />
lembra, antes de mais nada, que para a maioria das pessoas a própria palavra “pasteurizar ou pausterizar”<br />
é, por si só, motivo de dúvida; não seria de esperar que as pessoas soubessem o que significa. Para mostrar<br />
que é possível falar difícil, sem dar à fala qualquer cientificidade, cria a palavra “embromatologia”, que parece<br />
o nome de uma ciência (devido ao seu prefixo grego, que é o que forma a maioria dos nomes de ciências), mas<br />
não é, porque nesse texto não significa “estudo científico da embromação”. A expressão “e o escambau”, uma<br />
forma pouco lisonjeira de “etcétera”, lembra, por fim, que há muito mais conversa fiada nos rótulos dos<br />
produtos industrializados, mas que não compensa entrar em detalhes, porque qualquer conversa fiada vale<br />
qualquer outra conversa fiada, para quem tem bom senso.<br />
Candidato A<br />
a) ............<br />
b) “leite em pacote, imagine, Tereza!”.<br />
c) “Tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau”.<br />
Candidato B<br />
a) Embromatologia soa como um termo técnico devido ao “logia” de sua terminação, que significa estudo.<br />
Não é um termo técnico porque vem da palavra embromar, que significa enganar.<br />
b) “... foi achar genial quando aprendeu que aquilo tudo era ecológico...”.<br />
c) “...estava escrito que é pausterizado, ou pasteurizado, sei lá...”.
QUESTÃO 7<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
2. As questões de Literatura<br />
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
Uma prova de literatura deve constituir-se num modo de verificar se o candidato teve contato efetivo<br />
com o texto literário. Não se trata, portanto, de cobrar informações externas a ele e que nada tenham a ver<br />
com a sua organização. Logo, uma boa prova de literatura para concluintes de 2º grau deve colocar em<br />
relevância aquilo que, de fato, o candidato apreendeu de sua experiência de leitura. Se tal experiência não<br />
ocorreu (tendo ele se restringido a memorizar resumos, esquemas e mesmo comentários críticos), não se<br />
pode afirmar de maneira alguma que ele conheça literatura. O que resultou desse modo de aprendizado é<br />
simplesmente um conglomerado de informações gerais que não dependem de qualquer leitura de um<br />
texto literário.<br />
A prova elaborada pela <strong>Unicamp</strong> tem exatamente o seguinte escopo: cobrar uma leitura efetivamente<br />
realizada, entendendo-se por isso a compreensão dos elementos fundamentais na construção de uma<br />
obra literária (modos de narração, ação, personagens, organização episódica etc.) bem como a apreensão<br />
desses elementos no plano da própria linguagem (procedimentos de estilo, recursos discursivos etc.). No<br />
caso específico da leitura de poemas, tenta-se avaliar a capacidade de apreensão do texto através do<br />
reconhecimento dos seus recursos poéticos mais relevantes e das relações que o candidato é capaz de<br />
estabelecer entre as partes e o todo.<br />
Em A Relíquia de Eça de Queirós, várias são as mulheres com quem Teodorico Raposo, o herói e narrador,<br />
se vê envolvido. Dentre elas, podemos citar Mary, Adélia, Titi, Jesuína, Cíbele.<br />
a) uma dessas personagens é importantíssima para a trama do romance, já que acompanha o narrador<br />
desde a infância, e deve-se a ela a origem de todos os seus infortúnios posteriores. Quem é e o que fez<br />
ela para que o plano de Raposo não desse certo?<br />
b) a qual delas Raposo se refere como “Tinha trinta e dois anos e era zarolha”? Que relações tem essa<br />
personagem com Crispim, a quem o narrador denomina como “a firma”?<br />
a) Entre as diversas personagens femininas citadas no enunciado da questão, apenas uma acompanhou<br />
Teodorico Raposo desde a infância. Trata-se de Titi, sua tia, a cuja herança ele teria direito, caso se<br />
comportasse como um perfeito católico (na acepção de sua tia). Como tal não aconteceu e, tendo sido<br />
descoberto o engodo que Raposo lhe preparava, Titi deserdou-o. (3 pontos)<br />
b) Jesuína é a referida personagem. O candidato deveria ter observado que é finalmente com ela que<br />
Teodorico se casa. Trata-se da irmã de Crispim, o próspero amigo, herdeiro da firma Crispim & Cia. Não<br />
sem ironia, Teodoria o chama de “a firma” para sugerir que a identidade do amigo se sustentava mais no<br />
valor financeiro do que no afetivo. (2 pontos)<br />
A questão trata do romance A Relíquia, de Eça de Queirós, mais precisamente do papel que nele exercem<br />
determinadas figuras femininas. Esperava-se que o candidato, num primeiro momento, conseguisse destacar<br />
a figura proeminente da tia do narrador-personagem, articulando-a com a origem e o desfecho da trama<br />
central. Quanto à segunda personagem a que se refere a questão, trata-se de Jesuína, que, embora apareça<br />
apenas aludida no final do romance, é de capital importância para se compreender que, apesar de tudo, o<br />
herói do romance nada perde da sua esperteza original.<br />
Candidato A<br />
a) Tal personagem era Titi, que acabou trocando o que Teodorico levaria como se fosse uma relíquia por<br />
uma peça íntima e ousada, feminina.<br />
b) Se refere a Cibele, que era filha de Crispim e que Teodorico Raposo pretendia casar visando o dinheiro de<br />
seu pai.<br />
Candidato B<br />
a) A personagem é Titi, tia de Teodorico Raposo. Mulher muito devota a quem Teodorico finge ser devoto<br />
também para receber sua herança. O plano de Raposo não deu certo pois trocou os embrulhos e acabou<br />
entregando à sua tia (que tinha lhe pedido que trouxesse de sua viagem uma relíquia) o pacote com a<br />
camisola de Mary. A tia, que não aprovava relações amorosas, expulsou o sobrinho de casa, que perdeu<br />
o direito à fortuna da tia (ficando apenas com um binóculo).<br />
b) Refere-se a Jesuína, irmã de Crispim e futura esposa do Raposão.<br />
51
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
QUESTÃO 8<br />
52<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 9<br />
Ficou o Padre Bartolomeu Lourenço satisfeito com o lanço, era o primeiro dia, mandados assim à ventura,<br />
para o meio duma cidade afligida de doença e luto, aí estão vinte e quatro vontades para assentar no papel.<br />
Passado um mês, calcularam ter guardado no frasco um milheiro de vontades, força de elevação que o padre<br />
supunha ser bastante para uma esfera, com o que segundo frasco foi entregue a Blimunda. Já em Lisboa<br />
muito se falava daquela mulher e daquele homem que percorriam a cidade de ponta a ponta, sem medo da<br />
epidemia, ele atrás, ela adiante, sempre calados, nas ruas por onde andavam, nas casas onde não se<br />
demoravam, ela baixando os olhos quando tinha de passar por ele, e se o caso, todos os dias repetido, não<br />
causou maiores suspeitas e estranhezas, foi por ter começado a correr a notícia de que cumpriam ambos<br />
penitência, estratagema inventado pelo padre Bartolomeu Lourenço quando se ouviram as primeiras murmurações.<br />
No trecho acima, extraído de Memorial do Convento de José Saramago aparecem duas personagens centrais<br />
do romance, num momento decisivo para o desenrolar de um episódio muito significativo do livro e que<br />
ocupa boa porção da primeira parte deste.<br />
a) qual é esse episódio e o que têm a ver com ele as personagens Blimunda e padre Bartolomeu Lourenço?<br />
b) ao lado do episódio a que se está referindo o trecho acima, o romance relata um outro, que é o da<br />
construção do convento que se passa num outro espaço. Faça uma analogia entre as condições de vida<br />
nesse outro espaço, Mafra, com aquelas existentes em Lisboa, tais como se podem depreender do trecho<br />
citado.<br />
a) O episódio a que se refere o fragmento citado é o da construção da passarola, ação que é comandada<br />
pelo Padre Bartolomeu Lourenço. Blimunda e seu marido Baltasar Sete-Sóis auxiliam o padre em seu<br />
empreendimento. A participação de Blimunda é decisiva, pois é ela quem se responsabiliza por capturar<br />
as vontades que farão a passarola erguer-se do solo. (3 pontos)<br />
b) O outro episódio é o que dá nome ao romance. Trata-se da construção do grande mosteiro em Mafra. Do<br />
mesmo modo como em Lisboa, onde está a sede do poder monárquico português, espalha-se a miséria<br />
e a fome, em Mafra, aqueles que constróem o convento, símbolo da ostentação real e da religião, padecem<br />
da opressão e de condições precárias de sobrevivência. (2 pontos)<br />
Nessa questão, o que se pedia era que o candidato demonstrasse ter entendido a contraposição entre dois<br />
grandes planos narrativos: a construção da passarola e a edificação do convento. De um lado, a tentativa de<br />
materialização de um sonho do homem (voar) e, de outro, a concretização de um poder opressivo. Considerase<br />
que saber captar a relação entre esses planos bem como perceber a relevância de determinadas personagens<br />
nos episódios que compõem tais planos é condição básica para se entender o significado crítico do<br />
romance.<br />
Candidato A<br />
a) O episódio seria o pecado cometido pelas personagens. Pecado este que fez com que tais personagens<br />
cumprissem a “penitência” citada. A relação com Blimunda e o padre Bartolomeu Lourenço é que ambos<br />
teriam sido corrompidos por cederem a prazeres carnais.<br />
b) A relação é da dificuldade e ardor que estão inerentes em ambos os espaços. A idéia de dúvida sobre o<br />
verdadeiro motivo das tais ações e as condições de uma possível “penitência” nas duas situações.<br />
Candidato B<br />
a) O episódio é a construção da passarola, que iria voar pelos céus. Padre Bartolomeu Lourenço é o inventor<br />
da passarola e dá as instruções para a construção da mesma. Blimunda, além de ajudar Baltasar na<br />
construção, é responsável por recolher as vontades humanas, as quais farão a passarola levantar vôo.<br />
b) Em ambos os espaços observa-se péssimas condições de vida para o povo, o qual vive mergulhado em<br />
sofrimentos. Em Mafra, o sofrimento vem da exploração do trabalho e em Lisboa, da epidemia que mata<br />
assustadoramente.<br />
Uma semana depois, Lobo Neves foi nomeado presidente de província. Agarrei-me à esperança da recusa,<br />
se o decreto viesse outra vez datado de 13; trouxe, porém, a data de 31, e esta simples transposição de<br />
algarismos eliminou deles a substância diabólica. Que profundas que são as molas da vida!<br />
Trata-se do capítulo CX, de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e que significativamente<br />
tem o título de “31”.
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 10<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
a) o narrador refere-se aí a um episódio de bastante importância para o prosseguimento de sua vida amorosa.<br />
Quais as relações entre o narrador e a personagem Lobo Neves aí citada?<br />
b) que episódio anterior deve ser levado em conta para se entender o trecho “Agarrei-me à esperança da<br />
recusa, se o decreto viesse outra vez datado de 13” ?<br />
c) a frase “Que profundas que são as molas da vida!” pode ser interpretada como irônica no contexto do<br />
romance. Por quê?<br />
a) Da recusa do cargo por parte Lobo Neves deve ocorrer a óbvia permanência de Virgília, sua esposa, de<br />
quem Brás Cubas, o narrador-personagem, é amante. (1 ponto)<br />
b) Anteriormente, o marido, Lobo Neves, já havia sido nomeado para um cargo idêntico e, na ocasião, ele o<br />
recusara porque o decreto datava de um dia 13, número que marcava vários azares na sua vida (o pai<br />
morrera num dia 13, treze dias depois de um jantar onde havia treze pessoas; a casa onde morrera a mãe<br />
tinha o número treze). Brás Cubas, no trecho citado, tinha a esperança de que o novo decreto viesse<br />
datado do mesmo número e que com isso o rival desistisse de partir e a esposa lhe continuasse disponível.<br />
(2 pontos)<br />
c) A frase refere-se ao fato de que o decreto não foi datado de um providencial dia 13, mas do dia 31. Os<br />
algarismos, embora sendo os mesmos, tinham perdido na nova ordem seu “poder diabólico” (não eram<br />
mais o número de azar de Lobo Neves e de sorte de Brás Cubas). A referência à profundidade das “molas<br />
da vida” é irônica, porque assinala que o destino das pessoas (no caso, do próprio Brás Cubas e de<br />
Virgínia) depende de uma banalidade, como a troca de posição dos algarismos, por exemplo. (2 pontos)<br />
Na questão 9, pede-se que o candidato atente para uma relação de causalidade entre determinados<br />
episódios, nos quais se torna evidente o tipo de laços que se dão entre duas personagens importantes do<br />
romance Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Além disso, levando em conta uma das<br />
características mais conhecidas do estilo do autor, espera-se que o candidato saiba identificá-la numa seqüência<br />
bastante evidente do trecho citado.<br />
Candidato A<br />
a) A relação é que Lobo Neves nomeado presidente da província daria um emprego a Brás Cubas (narradorpersonagem).<br />
b) Para Brás Cubas, 13 não era um número de sorte porque ele morara boa parte de sua vida numa casa de<br />
número 13, seu pai morreu num dia 13, ele havia participado de um jantar onde estiveram 13 pessoas.<br />
Enfim, se o decreto fosse realizado no dia 13, Brás achava que não fosse dar certo.<br />
c) Sim, porque a simples mudança da data do dia 13 para o dia 31 (transposição de algarismos) fez com<br />
que tudo desse certo para Brás como se o número fosse o único responsável.<br />
Candidato B<br />
a) O narrador é amante da esposa de Lobo Neves.<br />
b) Deve-se levar em conta um episódio anterior da narrativa, no qual Lobo Neves recusa-se a assumir um<br />
cargo para o qual fora nomeado pois a nomeação era datada do dia 13, número que trazia lembranças<br />
funestas a esse mesmo Lobo Neves.<br />
c) Porque expressa o oposto do que o narrador está pensando já que os fatos que ele finge tratar como<br />
“profundas molas da vida” são, na realidade, considerados por ele meras superstições infundadas.<br />
Um “quarup”, a ser organizado por índios de área próxima ao posto do Serviço de Proteção aos Índios, no<br />
Brasil Central, é uma das idéias mais constantes do segundo e terceiro capítulos do romance Quarup, que<br />
Antônio Callado publicou em 1967. Não se trata de uma insistência aleatória: o terceiro capítulo culmina<br />
com o relato daquela festa ritualística, que, nesse caso, envolve vários acontecimentos decisivos para uma<br />
boa compreensão da obra.<br />
a) aquele “quarup” coincide no romance com a notícia de um acontecimento trágico, que teria abalado o<br />
quadro político brasileiro. Que acontecimento foi esse? Que outro fato político vinculado com aquele<br />
acontecimento é referido no romance em páginas imediatamente precedentes ao relato do “quarup”?<br />
b) por que um dos protagonistas diz que aquele será provavelmente o último “quarup” daquela tribo?<br />
a) O acontecimento, cuja notícia coincide com o quarup, é a morte-suicídio de Getúlio Vargas. O anúncio<br />
desse acontecimento é precedido ou prenunciado pelo tumultuado episódio no qual teria sido ferido o<br />
jornalista e político Carlos Lacerda, inimigo confesso de Vargas. (3 pontos) ▲<br />
53
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
54<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 11<br />
Resposta<br />
esperada<br />
▲<br />
b) O protagonista que afirma isso é Otávio. Refere-se ele ao fato de que aquela tribo está em extinção.<br />
Lembre-se que ele dizia que Canato preparava o velório e a comedoria de Uranaco, mas ninguém iria<br />
fazer o mesmo por Canato. (2 pontos)<br />
O que se pede na questão 10 é bastante simples, mas exige boa compreensão do romance. Ao solicitar que<br />
o candidato relembre a ocorrência de um episódio histórico, a morte de Vargas, num dado momento da trama, é<br />
preciso levar em conta que não se trata de qualquer episódio histórico. Ao contrário, trata-se de uma referência<br />
fundamental para se entender a importância que a História do país tem na trama da obra. Nesse sentido, a<br />
referência ao último quarup daquela tribo, coincidindo com a notícia da morte de Vargas, não é simples acaso.<br />
Vale destacar, portanto, que a verificação de leitura suposta aqui (bem como na questão 8) leva em conta não só<br />
a memória da leitura, mas também a capacidade do candidato de ir além do significado literal da obra.<br />
Candidato A<br />
a) A tomada do governo pelos militares em 64, e a repressão do governo contra movimentos revolucionários<br />
de esquerda.<br />
b) Porque julga que o governo tentará repreender esse ritual por considerá-lo irrelevante para o governo e<br />
para a nação.<br />
Candidato B<br />
a) O acontecimento trágico foi o suicídio de Getúlio Vargas. Outro fato político foi o atentado da Rua Toneleros,<br />
com a morte de um oficial do exército e o ferimento de um jornalista de oposição a Vargas.<br />
b) Porque a tribo estava se aculturando, perdendo seus hábitos normais, além de que, a tribo também<br />
estava se extinguindo.<br />
Os trechos abaixo do romance Madame Pommery referem-se a duas personagens importantes não só do<br />
ponto de vista de sua participação na trama, como também do ponto de vista de sua presença no quadro<br />
social de São Paulo no início deste século.<br />
I. “ Uma centena de páginas adiante, vemos Pinto Gouveia, coronel e capitalista, desalojado do Paradis com<br />
uma enorme conta a liquidar de 12.914$400!... E entretanto, o fato, embora muito sabido, passou com<br />
algumas risadas maliciosas como cousa permitida, natural e costumeira...”<br />
II. “ Com esta sublimação de ideais, a vida de Justiniano discorria tranqüila e ignorada, mas augusta, como<br />
esses trabalhos tão portentosos como invisíveis da natureza, na vegetação dos polipos, das esponjas, e dos<br />
zoófitos em geral. Mas não se vá imaginar, por isso, que era uma vida toda ela na sombra e nas profundidades.<br />
Tinhas os seus dias de florir e aparecer à luz , com pompa e solenidade. Justiniano florescia e Justiniano<br />
se ostentava, nos dias de procissão e de festas nacionais.<br />
Sair de opa e de estandarte na procissão de Corpus Christi, envergar a sobrecasaca, pôr cartola e cumprimentar<br />
o Presidente no dia 15 de Novembro, eram os acontecimentos mais festivos, as grandes funçanatas<br />
de toda a sua existência. Afora isso, novenas, missas, sermões uma vez por outra, o Raposo Botelho, o Jornal<br />
do Commercio e o Mensageiro Episcopal, enchiam-lhe os mais dos ócios que lhe deixavam a revisão e os<br />
lançamentos. E ainda lhe sobrava tempo de pensar na aposentadoria; e não só tempo, ao que parece, pois<br />
ia à Caixa Econômica uma vez por mês com exemplar pontualidade, e em seguida ao pagamento...<br />
a) faça uma comparação entre ambas as personagens, Pinto Gouveia e Justiniano, quanto à sua participação<br />
nos projetos de Madame de Pommery.<br />
b) aponte, no segundo trecho, expressões que demonstrem como o narrador descreve Justiniano como<br />
metódico, religioso e patriota. Considerando o destino dessa mesma personagem, explique porque essa<br />
descrição é, na verdade, irônica.<br />
a) As duas personagens têm o mesmo destino: ambas são vítimas dos negócios e interesse de Madame<br />
Pommery. O Doutor Pinto Gouveia é aquele que lhe emprestara os seis contos, ainda nos primeiros<br />
tempos da carreira desta e que, ao final de dois meses, se via, por conta de sua credulidade nos favores<br />
da referida senhora, devendo muito mais. O caso de Justiniano Sacramento é semelhante: funcionário de<br />
uma repartição de arrecadação do estado, cabe-lhe a tarefa de vistoriar e lançar imposto sobre o “Paradis<br />
Retrouvé” de Madame Pommery, que a seus olhos nada tinha de uma pensão familiar. Lançado o imposto,<br />
aliás bastante pesado, Justiniano é seduzido pelos encantos da vida que se levava naquele palácio. E,<br />
assim, não só Madame Pommery se vê livre dos impostos, como Justiniano vai rapidamente perdendo<br />
<strong>suas</strong> economias acumuladas a custo de uma vida metódica. (2 pontos)<br />
▲
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
QUESTÃO 12<br />
▲<br />
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
b) A caracterização de Justiniano como metódico, religioso e patriota pode ser percebida através de expressões<br />
ou trechos como: “com exemplar pontualidade”, “sair de opa e de estandarte na procissão de<br />
Corpus Christi”, “cumprimentar o presidente”. Considerando que Justiniano, ao fim do romance, cai na<br />
mais absoluta desgraça por conta da armadilha tramada por Madame Pommery, é de se entender que<br />
toda essa seriedade e religiosidade escondiam um tipo de pessoa não só ingênua como ocultamente<br />
voltada para os prazeres da vida. (3 pontos)<br />
O espírito da questão 11 é similar ao da questão 9, na qual se solicita que o candidato revele uma leitura<br />
atenta da obra, através da relação entre episódios. Nesta questão, a relação solicitada é aquela que se estabelece<br />
entre os papéis desempenhados por duas personagens masculinas centrais no desenvolvimento da trama.<br />
Trata-se de um modo de verificar se, por comparação, o candidato é capaz de estabelecer aproximações e<br />
diferenças entre personagens relevantes. A pergunta sobre os elementos do texto com que o narrador descreve<br />
Justiniano tem função semelhante àquela que consta da questão 8 e que se refere ao recurso estilístico da<br />
ironia.<br />
Candidato A<br />
a) Pinto Gouveia, por ser mais rico, ajuda financeiramente nos projetos de Madame Pomery enquanto<br />
Justiniano, por ter um caráter metódico, ajuda na criação e desenho do projeto. Ajuda também na reza<br />
para que o projeto seja bem concluído.<br />
b) As expressões seriam: “sublimação de ideais” (metódico), “augusta” (religioso), “e Justiniano se ostentava,<br />
nos dias de procissão e de festas nacionais” (religioso e nacionalista). Ele acaba sendo morto pelo<br />
próprio governo por ter uma relação amorosa com uma freira (ação de um não religioso).<br />
Candidato B<br />
a) Ambas são utilizadas por Madame Pommery para resolver aspectos financeiros. Pinto Gouveia dá à<br />
Madame seis contos, dinheiro com o qual ela monta o Paradis Retrouvé, um Bordel de “Luxo”. Justiniano<br />
por classificar o Paradis como hotel e local de apresentações, determinações que custariam altos impostos<br />
à Pommery, é convidado a ingressar no Paradis, sob o argumento que lá é freqüentado por grandes<br />
figurões e pessoas importantes. Assim Justiniano acaba por “mudar de idéia” classificando o Bordel<br />
como pensão familiar. Ambos são descartados após não terem mais serventia.<br />
b) “Sair de opa e de estandarte na procissão de Corpus Christi, (...) cumprimentar o presidente no dia 15 de<br />
novembro, eram os acontecimentos mais festivos de sua existência”; “missas, novenas, sermões”; “uma<br />
vez por mês com exemplar pontualidade”. É irônica, porque o personagem ingressa no Bordel e depois<br />
disso nunca mais foi o mesmo, endividando-se e gastando seu dinheiro com as “alunas”.<br />
O poema abaixo tem como referência uma cantiga tradicional muito conhecida que diz:<br />
O anel que tu me deste<br />
Era vidro e se quebrou<br />
O amor que tu me tinhas<br />
Era pouco e se acabou.<br />
Leia-o com atenção.<br />
Cantiga<br />
“O anel que tu me deste”[...}<br />
Onde os anéis, onde os dedos<br />
das estrelas neblinadas<br />
Onde os caminhos das luas<br />
descambando em madrugadas<br />
Onde os sonhos que juntamos<br />
nas mesmas águas pisadas<br />
Onde o amor que de tão grande<br />
( no cair da trovoada)<br />
sorria tão manso manso<br />
como os olhos da boiada?<br />
Me vejo: este anel partido<br />
arcoflexa sem sentido<br />
55
Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa<br />
56<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentário<br />
Exemplos de<br />
respostas<br />
ontem nos dedos da mão<br />
hoje punhal solidão<br />
que fere as cores da pele<br />
sem gemido, sem um não<br />
traçando um lugar vazio<br />
na palma de cada mão<br />
Arrastado amor antigo<br />
desmanchado do contigo<br />
desfibrado do comigo<br />
quebrado na encantação<br />
Aquele anel que de vidro<br />
no abstrato se mudou<br />
sumiu das fibras dos dedos<br />
do círculo em que se fechou<br />
Naquele anel que me deste<br />
no vidro em que se quebrou<br />
foi-se o amor que tu me davas<br />
que era nada, se acabou<br />
( Zila Mamede)<br />
a) há um conjunto de expressões na primeira estrofe, sugerindo que o amor aí referido tem um contorno<br />
vago, mais de penumbra do que de luminosa claridade, mais de tranqüilidade do que de agitação. Cite<br />
pelo menos duas dessas expressões.<br />
b) o caráter suave do amor, referido pelo poema na primeira estrofe, está contrastado, na segunda, por<br />
expressões que indicam de modo agudo o sentimento decorrente de sua ruptura. Cite pelo menos duas<br />
dessas expressões e tente relacioná-las (por oposição ou não) com os três últimos versos da mesma estrofe.<br />
c) explique o verso “quebrado na encantação”, relacionando-o não só com o poema todo, mas também<br />
com a cantiga original.<br />
a) As expressões mais relevantes para indicar aquela forma de amor são: “estrelas neblinadas”, “luas descambando<br />
em madrugadas”, “sonhos”, “tão manso manso”. (1 ponto)<br />
b) As expressões que indicam mais fortemente o sentimento decorrente da ruptura amorosa são: “arcoflexa<br />
sem sentido” e “punhal solidão”. A expectativa é a de que o candidato perceba a contraposição entre a<br />
violência da ruptura (“punhal solidão”) e o sentimento de vazio, o silêncio, que se manifestam nos três<br />
últimos versos ( “sem gemido, sem um não”, “lugar vazio”). (2 pontos)<br />
c) Trata-se de um verso que sintetiza todo o poema, porque retoma a idéia da ruptura amorosa ( “quebrado”),<br />
e denuncia pela palavra “encantação” o caráter ilusório de que era revestido esse amor ( “que era<br />
nada, se acabou”). Nesse sentido , afirma-se uma diferença entre a cantiga original e o poema: naquela<br />
o amor “era pouco”, neste “era nada”. (2 pontos)<br />
A questão 12 tem a ver com a verificação da capacidade de leitura de um texto poético, supostamente<br />
desconhecido do candidato. Essa capacidade se revela na compreensão do significado do poema como um todo<br />
(pergunta c) e na percepção de detalhes, que, no seu conjunto, garantem tal compreensão (perguntas a e b).<br />
Candidato A<br />
a) “onde os caminhos das luas descambando em madrugadas”.<br />
b) “onde os anéis, onde os dedos” com “ontem nos dedos da mão” e ainda “na palma de cada mão”.<br />
c) O anel se quebra durante o encantamento do amor. No momento que o encantamento é grande, belo e<br />
puro o anel se quebra e prova que amor ali não tinha.<br />
Candidato B<br />
a) As expressões da primeira estrofe são: “estrelas neblinadas” e “sorria tão manso manso”.<br />
b) Expressões como “arcoflexa sem sentido” e “punhal solidão” indicam o sentimento decorrente da ruptura<br />
do amor. A primeira contrapõe-se aos últimos versos da segunda estrofe, pois indica algo sem sentido que<br />
estaria “traçando um lugar vazio”. A segunda relaciona-se aos três últimos versos que aludem à solidão<br />
através de expressões como “lugar vazio”.<br />
c) O anel simbolizava a união, o amor de caráter encantado e a ruptura do anel – “quebrado na encantação”<br />
– é uma metáfora do fim do amor a que se faz referência tanto no poema quanto na cantiga original.
Biologia
Biologia<br />
QUESTÃO 13<br />
58<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 14<br />
A prova de Biologia do Vestibular <strong>Unicamp</strong> procura avaliar o conhecimento, a compreensão e a aplicação<br />
dos conceitos básicos do ensino médio, abrangendo amplamente o conteúdo programático. Visa<br />
também a verificar a capacidade de estabelecer relações entre os diferentes fenômenos biológicos, reconhecendo<br />
a unidade dentro da diversidade. Assim, têm sido solicitadas explicações para fenômenos observados<br />
no cotidiano do candidato, interpretação e análise de informações apresentadas em gráficos,<br />
figuras, tabelas, experimentos e interrelação de conhecimentos dentro dos diferentes campos da Biologia<br />
e com outras áreas. São utilizadas também informações veiculadas pelos meios de comunicação valorizando<br />
o candidato que procura se manter informado e que faz uma leitura crítica com base nos conhecimentos<br />
de Biologia adquiridos no ensino médio.<br />
As doze questões da 2ª fase apresentam itens que permitem estabelecer graus diferentes de dificuldade,<br />
direcionar as respostas e tornar a correção mais precisa e objetiva.<br />
No século XVIII foram feitos experimentos simples mostrando que um camundongo colocado em um recipiente<br />
de vidro fechado morria depois de algum tempo. Posteriormente, uma planta e um camundongo foram<br />
colocados em um recipiente de vidro, fechado e iluminado, e verificou-se que o animal não morria.<br />
a) Por que o camundongo morria no primeiro experimento?<br />
b) Que processos interativos no segundo experimento permitem a sobrevivência do camundongo? Explique.<br />
c) Quais as organelas celulares relacionadas a cada um dos processos mencionados na sua resposta ao<br />
item b?<br />
a) Porque o O 2 disponível era gasto com a respiração do camundongo. (1 ponto)<br />
b) Fotossíntese e Respiração. Porque a planta, utilizando o CO 2 liberado na respiração do camundongo (e da<br />
planta), fazia fotossíntese, liberando O 2 que o animal usava na respiração. (2 pontos)<br />
c) mitocôndria - respiração; cloroplasto - fotossíntese. (2 pontos)<br />
a) Porque todo oxigênio que havia no recipiente de vidro era consumido pelo camundongo, através da<br />
respiração celular.<br />
b) A respiração e a fotossíntese. Através da respiração celular, o camundongo produzia gás carbônico (CO 2).<br />
O CO 2 era utilizado pela planta para produzir glicose e oxigênio através da fotossíntese e na presença de<br />
luz. O oxigênio produzido pela planta era utilizado então, na respiração, permitindo a sobrevivência do<br />
camundongo.<br />
c) Respiração – mitocôndrias; fotossíntese – cloroplastos.<br />
a) O camundongo morria no primeiro experimento devido à falta de luminosidade e oxigenação do recipiente;<br />
ao contrário do segundo experimento.<br />
b) Os processos interativos do segundo experimento permitiram a sobrevivência do camundongo por que a<br />
luminosidade que ajudou na clorofilação da planta que dispensava o oxigênio e absorvia o CO 2 emitido<br />
pelo camundongo que por sua vez absorvia o oxigênio eliminado pela planta.<br />
c) Oxigênio, gás carbônico e clorofila.<br />
A questão foi simples e bastante fácil com a média mais alta da prova (3,89), exigindo conhecimentos<br />
básicos dos processos de obtenção de energia e das organelas envolvidas nestes processos. Foi uma questão<br />
praticamente respondida por todos os candidatos e em que mais da metade tirou notas entre 4 e 5.<br />
Um dos erros mais freqüentes foi atribuir a morte do camundongo ao excesso de CO 2 e à falta de alimento,<br />
no caso, a planta.<br />
Estima-se que um quarto da população européia dos meados do século XIX tenha morrido de tuberculose. A<br />
progressiva melhoria da qualidade de vida, a descoberta de drogas eficazes contra a tuberculose e o desenvolvimento<br />
da vacina BCG fizeram com que a incidência da doença diminuísse na maioria dos países. Entretanto,<br />
estatísticas recentes têm mostrado o aumento assustador do número de casos de tuberculose no mundo,<br />
devido à diminuição da eficiência das drogas usadas e à piora das condições sanitárias em muitos países.
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 15<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a) Qual é o principal agente causador da tuberculose humana?<br />
b) Como essa doença é comumente transmitida?<br />
c) Explique por que a eficiência das drogas usadas contra a tuberculose está diminuindo.<br />
Biologia<br />
a) Mycobacterium tuberculosis (ou: bacilo de Koch; ou bacilo da tuberculose ou M. bovis). (1 ponto)<br />
b) Inalando bacilos expelidos pelos doentes, principalmente através da tosse. (2 pontos)<br />
c) Porque o uso contínuo dessas drogas tem selecionado microorganismos resistentes. (2 pontos)<br />
a) O agente causador é o bacilo de Koch.<br />
b) A doença é transmitida pelo ar, quando um indivíduo contaminado tosse ou espirra, liberando gotículas<br />
de secreção que contêm os bacilos. Ao inalar essas gotículas, uma pessoa sã é contaminada.<br />
c) A eficiência das drogas, que são antibióticos, está diminuindo porque o uso incessante desses medicamentos<br />
ao longo dos anos selecionou os bacilos mais resistentes a esses medicamentos (matando os<br />
bacilos mais fracos). Esses bacilos mais resistentes então se proliferaram, reduzindo a eficiência dos<br />
antibióticos.<br />
a) Vírus da tuberculose.<br />
b) Através do ar.<br />
c) Em razão da possível mutação dos agentes causadores da tuberculose.<br />
A tuberculose é uma das doenças que estão ressurgindo no mundo, apesar de todos os conhecimentos<br />
adquiridos a seu respeito e dos avanços no seu tratamento. A questão procurou medir o conhecimento dos<br />
candidatos sobre a doença em si, seus mecanismos mais comuns de transmissão e a relação entre qualidade<br />
de vida e incidência da doença. Paralelamente, verificou conhecimentos sobre seleção natural.<br />
A nota média variou entre 1,68 para os candidatos da área de Artes até 2,54 para os candidatos da área<br />
de Biológicas (média geral=2,20). Apesar de muito poucos candidatos terem deixado a prova em branco,<br />
64% obtiveram nota menor do que 3. Este desempenho abaixo da expectativa é surpreendente, pois os<br />
conhecimentos exigidos nesta questão são bastante abordados no ensino médio e o assunto tem sido muito<br />
<strong>comenta</strong>do na imprensa. No item b, foi dada nota parcial para respostas como “pelas secreções pulmonares<br />
(ou objetos) contaminadas” e “por via respiratória”.<br />
Notou-se a dificuldade dos candidatos em utilizar o conceito de seleção natural, para interpretar uma<br />
situação real que é aumento da resistência às drogas.<br />
Numa excursão à praia foram coletados alguns organismos que foram colocados em sacos plásticos e<br />
identificados como: esponjas, cracas, algas macroscópicas, gastrópodes, mexilhões (bivalvos), ouriços-domar,<br />
caranguejos e estrelas-do-mar.<br />
a) Organize os animais coletados por filos.<br />
b) Além dessa organização por filo, os animais podem ser classificados pela mobilidade (os fixos e os que se<br />
deslocam) ou pelo seu principal modo de obter o alimento (filtradores, predadores e herbívoros). Organize-os<br />
segundo a mobilidade e depois, segundo o modo de obter alimentação.<br />
c) Cite uma Divisão (filo) de algas macroscópicas que poderia ter sido encontrada na excursão à praia.<br />
a) Esponjas – Porifera;<br />
gastrópodes e mexilhões – Mollusca;<br />
ouriços e estrelas-do-mar – Echinodermata;<br />
cracas e caranguejos – Arthropoda. (2 pontos)<br />
b) Fixos: mexilhões, cracas e esponjas;<br />
com locomoção: estrelas-do-mar, caranguejos, gastrópodes e ouriços;<br />
filtradores: mexilhões, cracas e esponjas;<br />
predadores: estrelas-do-mar, caranguejos, gastrópodes;<br />
herbívoros: gastrópodes e ouriços. (2 pontos)<br />
c) Chlorophyta ou Phaeophyta ou Rhodophyta. (1 ponto)<br />
59
Biologia<br />
60<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 16<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a) Esponja – Porífero<br />
Gastrópodes e mexilhoes – Moluscos<br />
Estrela-do-mar e ouriço-do-mar – Equinodermos<br />
Caranguejos e cracas – Artrópodes<br />
Algas macroscópicas – Fitofícias<br />
b) Mobilidade: esponjas e cracas – fixos<br />
demais – se deslocam<br />
Alimentação: esponjas , cracas e mexilhões – filtradores<br />
gastrópodes e caranguejos – carnívoros<br />
estrela-do-mar e ouriço – herbívoro<br />
algas macroscópicas – produtores<br />
c) Rodofícias.<br />
a) Algas, esponjas, mexilhões, ouriços-do-mar, cracas , gastrópodes, estrela-do-mar, caranguejo.<br />
b) esponjas, algas, cracas, ouriços-do-mar, mexilhões, caranguejos, gastrópodes, estrela-do-mar (organização<br />
pela mobilidade). Organização pela obtenção de alimentos, esponjas, algas, gastrópodes, cracas,<br />
mexilhões, ouriços-do-mar, estrelas do mar, caranguejos.<br />
c) Algas Pirrofíceas.<br />
Com esta questão objetiva e simples procurou-se avaliar o conhecimento dos candidatos sobre as características<br />
gerais dos grupos zoológicos e seus modos de vida. Apresentou-se uma situação que pode ocorrer no<br />
cotidiano de um estudante para que ele agrupasse alguns seres vivos utilizando-se dos conhecimentos adquiridos<br />
em sala de aula sobre taxonomia, mobilidade e hábitos alimentares.<br />
Pelo desempenho dos candidatos, pode-se afirmar que esta questão apresentou pouca dificuldade, pois<br />
15% obtiveram nota inferior a 2 ou a deixaram em branco, enquanto que 30% obtiveram notas 4 ou 5. Podese<br />
dizer que, apesar desta aparente facilidade, foi uma questão que discriminou de maneira adequada os<br />
candidatos. A média oscilou entre 2,09 na área de Artes a 3,34 na Área de Biológicas, demonstrando que o<br />
assunto era do conhecimento dos candidatos.<br />
Nos itens a e b desta questão, relacionados aos invertebrados, os candidatos mostraram desconhecer o<br />
conceito de Filo. Muitos consideraram alga como grupo animal, além de outros erros grosseiros como classificar<br />
moluscos como artrópodes. Notou-se um desconhecimento dos modos de vida, especialmente alimentação<br />
e mobilidade, pois esta muitas vezes não foi relacionada a movimento ativo próprio do organismo mas ao<br />
transporte passivo pela água.<br />
As fases iniciais do desenvolvimento embrionário do anfioxo estão representadas nas figuras abaixo:<br />
A B C D E<br />
a) Identifique essas fases.<br />
b) Descreva as diferenças de cada uma delas em relação à fase anterior.<br />
a) Ovo, mórula, blástula, gástrula, nêurula. (1 ponto)<br />
b) Ovo (A)→ mórula (B) – clivagem ou segmentação ou formação de 32 blastômeros;<br />
Mórula(B) → blástula (C) – formação da blastocele (com cavidade); mórula maciça;<br />
Blástula (C) → gástrula (D) – formação do arquênteron (gastrocele) , com blastóporo a partir da<br />
invaginação de uma das regiões formando endoderme (mesentoderme) e ectoderme;<br />
Gástrula (D) → nêurula (E) – ocorre simultaneamente a formação da mesoderme, celoma, tubo neural<br />
e notocorda. (4 pontos)
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 17<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Biologia<br />
a) A representa o ovo, B a mórula, C a blástula, D a gástrula e E a nêurula.<br />
b) B: no estágio de mórula, o ovo já sofrera clivagem, atingindo o estágio de 32 células.<br />
C: no estágio de blástula, tem a caracterização de um espaço oco, chamado blastocele, revestido por<br />
uma camada de células, chamada blastoderme, fruto de contínuas clivagens após o estágio de mórula.<br />
D: a fase de gástrula se dá por um processo de invaginação sofrido pela parede dos macrômeros que<br />
constituiam a blastoderme, na blástula. Depois deste processo de gastrulação por embolia forma-se o<br />
arquênteron (cavidade interior = cavidade digestiva) e o blastóporo (abertura). Neste estágio há 2<br />
folhetos embrionários a mesentoderme e a ectoderme (abertura).<br />
E: Neurula: apresenta 3 folhetos embrionários, ectoderme, mesoderme, endoderme (os dois últimos são<br />
provenientes da mesentoderme). Não há abertura que comunique a cavidade interior e exterior.<br />
a) Zigoto, divisão celular, desenvolvimento, formação da estrutura e celoma.<br />
b) Na segunda fase o zigoto se dividiu formando várias células<br />
Na terceira fase houve um desenvolvimento do corpo.<br />
Na quarta fase houve a formação estrutural<br />
Na quinta fase o anfioxo está completo.<br />
Esta questão trata das modificações que ocorrem nos estágios iniciais do desenvolvimento embrionário,<br />
um assunto importante dentro da Biologia que, se bem compreendido, permite o entendimento da organogênese<br />
e de todos os processos que se seguem.<br />
A despeito da importância dos conhecimentos de Biologia do Desenvolvimento nos diferentes grupos<br />
animais e de ser um assunto muito abordado no ensino médio, esta questão apresentou uma das médias mais<br />
baixas da prova (1,24). Em grande parte, esta média baixa se deve ao alto índice de notas zero (46% - sendo<br />
31% devido a respostas erradas e 15% a respostas em branco). No entanto, foi uma das questões que mais<br />
discriminou os candidatos.<br />
Verificou-se que a maior dificuldade dos candidatos foi identificar as características da blástula. Foi bastante<br />
comum a identificação do zigoto como “embrião” e da nêurula como “organogênese”.<br />
A fauna de fundo de cavernas é caracterizada por turbelários, minhocas, sanguessugas, muitos crustáceos<br />
e insetos, aracnídeos e caramujos. Os vertebrados são representados por peixes, salamandras e morcegos.<br />
Os morcegos se refugiam na caverna durante o dia. Geralmente os animais são despigmentados e os peixes<br />
são cegos. Muitos insetos, miriápodes e aracnídeos têm pernas e antenas desmesuradas, não raro densamente<br />
revestidas de cerdas. Alguns besouros têm cerdas distribuídas pelo corpo todo. A umidade constante<br />
é de especial importância; geralmente os animais são estenotermos. O alimento é raro, a escuridão é<br />
completa, faltam vegetais. (Adaptado de Mello Leitão, C. Zoogeografia do Brasil, 1943)<br />
a) Pode-se dizer que foi a falta de luz que fez com que os peixes ficassem cegos? Explique sua resposta do<br />
ponto de vista evolutivo.<br />
b) No texto são citadas adaptações que permitem aos animais sobreviverem nesse ambiente. Identifique<br />
uma delas e explique a sua função.<br />
c) Construa uma cadeia alimentar de três níveis tróficos que pode ocorrer em cavernas, utilizando as<br />
informações do texto.<br />
a) Não. A falta de luz selecionou os peixes cegos por estarem melhor adaptados às condições da caverna<br />
e por desenvolverem outras adaptações mais vantajosas (como órgãos do sentido mais desenvolvidos).<br />
(2 pontos)<br />
b) Pernas longas, permitindo perceber uma área maior ao redor;<br />
ou: muitas cerdas, permitindo maior sensibilidade táctil;<br />
ou: antenas desenvolvidas, permitindo maior quantidade de receptores sensoriais. (2 pontos)<br />
c) Exemplos de cadeias possíveis:<br />
• fezes de morcego – besouro – aranha;<br />
• turbelários – crustáceos – peixes;<br />
• inseto – aracnídeos – salamandras. (1 ponto)<br />
Exemplo de nota a) Não. Podemos dizer que a falta de luz selecionou os peixes que não dependiam dos olhos mas dos outros<br />
acima da média sentidos.<br />
▲<br />
61
Biologia<br />
62<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 18<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
▲<br />
b) O surgimento de cerdas pelo corpo suplanta a falta da luz pois aumenta a capacidade do animal em<br />
tatear o meio.<br />
c) Insetos → aracnídeo → morcegos.<br />
a) Sim pois segundo Lamarck os órgãos que não são utilizados acabam atrofiados.<br />
b) Cerdas que protegem das baixas temperaturas.<br />
c) Vegetais → insetos → morcegos<br />
→<br />
→<br />
decompositores<br />
→<br />
Esta questão envolveu conhecimentos integrados de Ecologia, Evolução e Zoologia relacionados ao ambiente<br />
específico de cavernas. Porém não exigia que o candidato conhecesse de antemão as características<br />
desse ambiente e dos seres que nele vivem, já que foram dadas as informações no texto. O candidato deveria<br />
nelas se basear para formular <strong>suas</strong> respostas.<br />
A questão se mostrou relativamente fácil, com média geral de 2,30. Praticamente não ocorreram <strong>provas</strong><br />
em branco e o número de notas zero foi baixo (6%).<br />
Os erros mais freqüentes notados durante a correção foram: aceitação de que a falta de luz fez com que os<br />
peixes ficassem cegos, segundo a explicação lamarckista (veja exemplos de nota); confusão entre lamarckismo<br />
e darwinismo; atribuição de função de absorção de umidade às cerdas; inclusão de vegetais nas cadeias<br />
alimentares (veja exemplos de nota), o que revela leitura desatenta, já que o texto se refere à escuridão<br />
completa e à ausência de vegetais.<br />
Muitas espécies são introduzidas em um ambiente sem que haja uma avaliação dos riscos associados a essa<br />
prática. Isso tem acontecido em larga escala com peixes pelo mundo todo. A truta arco-íris já foi introduzida<br />
em 82 países, uma espécie de tilápia, em 66 países e a carpa comum, em 59 países. (Ciência Hoje, 21,<br />
(124): 36-44, 1996)<br />
a) Cite duas possíveis conseqüências da introdução de peixes exóticos em rios e lagoas.<br />
b) Caracterize os peixes quanto à anatomia do coração, quanto ao tipo de sistema respiratório e quanto ao<br />
tipo de sistema circulatório.<br />
a)<br />
• Extinção de espécies por competição, ou por alimento, ou por nichos;<br />
• Diminuição / eliminação de espécies por predação, ou pela introdução de patógenos (doenças), ou competição<br />
por nichos;<br />
• Se forem introduzidas espécies herbívoras, diminuição / eliminação dos vegetais, afetando toda a cadeia<br />
alimentar.<br />
• Aumento da densidade de uma espécie por falta de inimigo natural, ou falta de predador.<br />
(2 pontos para dois itens quaisquer)<br />
b)<br />
• Coração com 1 átrio e 1 ventrículo (1 seio venoso).<br />
• Sistema respiratório brânquial.<br />
• Sistema circulatório fechado. (3 pontos)<br />
a) Uma das conseqüências é que esses peixes exóticos quando são introduzidos em um novo ambiente não<br />
apresentam predadores naturais e por essa razão proliferam rapidamente podendo acabar com o alimento<br />
da região e levar a extinção outras espécies que são dependentes desses alimentos. Outra conseqüência<br />
é que esses peixes exóticos podem levar a extinção da espécie da qual eles estão se alimentando.<br />
b) Os peixes possuem um coração com duas cavidades, um ventrículo e um átrio, pelos quais passa apenas<br />
sangue venoso. A respiração é realizada por brânquias e o sistema circulatório é fechado.<br />
a) 1- Eles podem não se encaixar na cadeia alimentar, tendo coloração inadequada à sua sobrevivência<br />
naquele ambiente, se tornando alvos muito visíveis.<br />
2- Outro fator é a resistência do peixe em relação à água desses rios, como pH, acidez por exemplo.<br />
b) O sistema respiratório é feito através de guelras e brânquias.
Comentários<br />
QUESTÃO 19<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 2O<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Biologia<br />
A introdução de espécies exóticas em ambientes naturais pode ter sérias conseqüências para a flora e<br />
fauna locais e este foi o assunto explorado nesta questão. Foi também pedido um conhecimento sobre aspectos<br />
básicos da anatomia de peixes. Algumas respostas incompletas foram comuns na parte a, com a utilização<br />
freqüente de termos vagos como “desequilíbrio ecológico” ou “morte dos rios”. Além disso, foi também freqüente<br />
a utilização do termo “exótico” como sinônimo de “ornamental”.<br />
O item b apresentou maior dificuldade aos candidatos, que muitas vezes usaram termos que não se<br />
aplicam aos peixes, como circulação completa ou incompleta.<br />
Foi uma questão fácil, em que 55% dos candidatos tiraram notas 3 e 4, mostrando, mais uma vez, que<br />
temas ambientais são bastante discutidos no ensino médio despertando o interesse dos alunos.<br />
O controle do volume de líquido circulante em mamíferos é feito através dos rins, que ou eliminam o excesso<br />
de água ou reduzem a quantidade de urina produzida quando há deficiência de água. Além disso, os rins são<br />
responsáveis também pela excreção de vários metabólitos e íons.<br />
a) Qual é o hormônio responsável pelo controle do volume hídrico do organismo? Onde ele é produzido?<br />
b) Qual é o mecanismo de ação desse hormônio?<br />
c) Qual é o principal metabólito excretado pelos rins? De que substâncias esse metabólito se origina?<br />
a) Hormônio antidiurético (ADH). (1 ponto)<br />
Hipotálamo (ou neuro-hipófise; ou hipófise). (1 ponto)<br />
b) Aumenta a reabsorção de água nos túbulos renais. (2 pontos)<br />
c) Uréia. De proteínas (ou polipeptídeo, aminoácidos, compostos nitrogenados ou amônia). (1 ponto)<br />
a) É o ADH (hormônio anti-diurético), produzido na hipófise.<br />
b) O ADH determina a reabsorção de água nos néfrons dos rins. Quando há excesso de água a hipófise<br />
produz menos ADH e o volume de urina produzida é maior. Quando há falta de água, a hipófise produz<br />
mais ADH, reduzindo o volume de urina.<br />
c) Trata-se da uréia, originária da amônia, resultante do metabolismo celular.<br />
a) Insulina, na tireóide.<br />
b) Controlar a quantidade de glicose no sangue.<br />
c) Uréia, originária da amônia.<br />
A prova de Biologia da <strong>Unicamp</strong> sempre tem contemplado assuntos relacionados à fisiologia humana,<br />
abordando inclusive os mecanismos de ação de hormônios, por considerar importante que um aluno egresso<br />
do ensino médio conheça os mecanismos integrados de funcionamento do organismo, importante também<br />
para a compreensão de doenças e de interação entre os seres vivos. No entanto, questões desse tipo têm<br />
causado dificuldade aos candidatos, pois as notas médias costumam ser baixas, mesmo que as perguntas<br />
sejam diretas. Esta questão não fugiu à regra, podendo ser considerada difícil, pois a média geral ficou em<br />
1,72. Notou-se também que o grau de dificuldade foi bastante variável, de acordo com a área. Desta forma,<br />
candidatos da área de Artes obtiveram uma média de 0,61, enquanto que aqueles da área de Biológicas<br />
obtiveram média de 2,65. Por essa razão foi uma das questões que mais discriminou os candidatos.<br />
Os médicos verificam se os gânglios linfáticos estão inchados e doloridos para avaliar se o paciente apresenta<br />
algum processo infeccioso. O sistema imunitário, que atua no combate a infecções, é constituído por<br />
diferentes tipos de glóbulos brancos e pelos órgãos responsáveis pela produção e maturação desses glóbulos.<br />
a) Explique como macrófagos, linfócitos T e linfócitos B atuam no sistema imunitário.<br />
b) Explique que mecanismos induzem a proliferação de linfócitos nos gânglios linfáticos.<br />
a) Macrófagos – eliminam substâncias estranhas por fagocitose;<br />
– imobilizam substâncias estranhas na membrana, estimulando os linfócitos T.<br />
Linfócitos T – reconhecem substâncias estranhas na membrana do macrófago;<br />
– produzem interleucinas, que estimulam os linfócitos B a produzirem anticorpos;<br />
– eliminam células anormais.<br />
Linfócitos B – produzem anticorpos. (4 pontos)<br />
▲<br />
63
Biologia<br />
64<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 21<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
▲<br />
b) Presença de substâncias estranhas ao organismo<br />
(ou estímulo por proteínas especiais – as interleucinas). (1 ponto)<br />
a) Os macrófagos atuam na fagocitose de agentes que penetram no organismo. Após a fagocitose, eles<br />
expõem em <strong>suas</strong> membranas substâncias específicas desses agentes infecciosos aos linfócitos T. Estes,<br />
por sua vez, reconhecem essas substâncias e enviam sinais para que os linfócitos B produzam anticorpos<br />
específicos contra os invasores. Os lifócitos B podem, ainda, guardar em sua “memória” as características<br />
do invasor para que, em uma próxima infecção, eles sejam novamente acionados.<br />
b) Os linfócitos se proliferam nos gânglios linfáticos sempre que há agentes estranhos percorrendo o organismo,<br />
como uma forma de prepará-lo para combater uma possível infecção.<br />
a) _____<br />
b) Ao detectar algum corpo estranho, o organismo aumenta a produção de linfócitos nos gânglios linfáticos.<br />
O sistema imunitário humano tem tido destaque em pesquisas na área biomédica e muitas vezes tornouse<br />
assunto da imprensa devido ao surgimento de doenças que afetam a capacidade de defesa do organismo,<br />
principalmente a AIDS. Apesar disto, este é um assunto que causa dificuldades aos candidatos talvez devido<br />
à complexidade dos mecanismos envolvidos. Além disso, no caso da questão, era necessária uma interpretação<br />
integrada e seqüencial, numa relação estímulo - resposta. A média geral foi 1,08, variando de 0,52 para<br />
a área de Artes até 1,59 para a área de Biológicas, refletindo a dificuldade da questão.<br />
No citoplasma das células são encontradas diversas organelas, cada uma com funções específicas, mas<br />
interagindo e dependendo das outras para o funcionamento celular completo. Assim, por exemplo, os lisossomos<br />
estão relacionados ao complexo de Golgi e ao retículo endoplasmático rugoso, e todos às mitocôndrias.<br />
a) Explique que relação existe entre lisossomos e complexo de Golgi.<br />
b) Qual a função dos lisossomos?<br />
c) Por que todas as organelas dependem das mitocôndrias?<br />
a) Os lisossomos são produzidos como vesículas que se destacam das bolsas (cisternas, sáculos)<br />
do Complexo de Golgi. (2 pontos)<br />
b) Digestão intracelular. (2 pontos)<br />
c) Porque todas as funções celulares requerem energia na forma de ATP produzido nas mitocôndrias.<br />
(1 ponto)<br />
a) O Complexo de Golgi armazena substâncias e para liberá-las forma vesículas. Quando a substância<br />
armazenada é a enzima digestiva, a vesícula formada leva o nome lisossomo.<br />
b) A função dos lisossomos é a digestão intracelular.<br />
c) Todas as organelas dependem das mitocôndrias porque estas produzem energia (ATP) através da respiração<br />
celular aeróbica. Essa energia é utilizada pelas outras organelas para realizarem <strong>suas</strong> funções.<br />
a) Os lisossomos ficam “grudados” ao Complexo de Golgi para, juntamente, fazerem a escreção da célula.<br />
b) É de aumentar a superfície de absorção do complexo de Golgi, para auxiliá-lo na escreção da célula.<br />
c) Porque todas as mitocôndrias é uma espécie de “armazém” de alimento da célula e é dela que veêm todo<br />
o alimento necessário a todas as organelas.<br />
Esta questão procurou verificar os conhecimentos dos candidatos sobre organelas celulares e <strong>suas</strong> interrelações<br />
morfológicas e fisiológicas. O desempenho dos candidatos foi muito bom nesta questão, com uma<br />
das maiores médias (2,33) da prova. Apresentou baixa porcentagem de notas zero (15% - sendo 11% em<br />
respostas erradas e 4% em branco) e discriminou adequadamente os candidatos.<br />
Entre os erros conceituais mais comuns verificados durante a correção podem-se destacar algumas respostas ao<br />
item a. Ao relacionar os lisossomos com o Complexo de Golgi, muitos candidatos atribuíram, erradamente, ao<br />
Complexo de Golgi, a função de síntese das proteínas presentes nos lisossomos ou indicaram aquela organela como<br />
o local da célula que recebe os “restos” da digestão feita pelos lisossomos, “excretando-os” para fora da célula.
QUESTÃO 22<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 23<br />
Biologia<br />
Abaixo estão esquematizadas as seqüências de aminoácidos de um trecho de uma proteína homóloga, em<br />
quatro espécies próximas. Cada letra representa um aminoácido.<br />
espécie 1: M E N S L R C V W V P K L A F V L F G A S L L S A H L Q<br />
espécie 2: M E N S L R R V W V P A L A F V L F G A S L L S A H L Q<br />
espécie 3: M E N S L R C V W V P K L A F V L F G A S L L S Q L H A<br />
espécie 4: M E N S L R L A F V L F G A S L L S A H L Q<br />
a) Quantos nucleotídeos são necessários para codificar a seqüência de aminoácidos nas espécies 1 e 2?<br />
Justifique.<br />
b) Pode-se dizer que seqüências idênticas de aminoácidos são sempre codificadas por seqüências idênticas<br />
de nucleotídeos? Justifique.<br />
c) Considerando que as espécies 2, 3 e 4 se originaram da espécie 1, que tipo de mutação originou cada<br />
seqüência?<br />
a) 84. Porque são requeridos 3 nucleotídeos para codificar 1 aminoácido. (1 ponto)<br />
b) Não, pois sendo o código genético degenerado, mais de uma seqüência de nucleotídeos pode codificar<br />
um mesmo aminoácido. (2 pontos)<br />
c) Mutação de ponto (substituição), inversão e deleção (ou deficiência). (2 pontos)<br />
a) Como existem 28 aminoácidos nas espécies 1 e 2 teremos 84 nucleotídeos para codificá-los, visto que<br />
uma trinca de nucleotídeos codifica um aminoácido. Três nucleotídeos do DNA codificam três nucleotídeos<br />
do RNAm que codifica três nucleotídeos do RNAt que traz consigo um aminoácido.<br />
b) Não podemos afirmar isso porque o código genético é degenerado e mais de uma trinca de nucleotídeos<br />
pode codificar um mesmo aminoácido mas o inverso nunca ocorre.<br />
c) Uma substituição deu origem à espécie 2 enquanto que uma inversão deu origem à espécie 3. A espécie<br />
4 foi originada por deleção.<br />
a) São necessários (28 x 3) = 84 nucleotídeos para codificar a seqüência de aminoácidos pois cada aminoácido<br />
é formado por 3 nucleotídeos.<br />
b) Não. Pode ocorrer outras formas de substrato e mutações genéticas.<br />
c) As espécies 2, 3 e 4 sofreram, respectivamente os seguintes tipos de mutação: erro na tradução, erro na<br />
tradução e erro na divisão celular.<br />
Esta questão explorou e correlacionou os conceitos de código genético e mutações. Foi uma questão difícil<br />
e que discriminou bem os candidatos. A distribuição das notas, com 45% entre respostas em branco e zero e<br />
apenas 7% entre 4 e 5, reflete a deficiência dos candidatos em conceitos fundamentais da biologia celular e<br />
molecular. Por outro lado, 21% dos candidatos obteve nota 3, geralmente respondendo aos itens a e b.<br />
O item c foi o que apresentou maior dificuldade. Um erro muito freqüente foi a interpretação da ocorrência<br />
das mutações nas seqüências de aminoácidos, desvinculadas das seqüências de nucleotídeos. Alguns termos<br />
citados erroneamente como tipos de mutações foram mitose, meiose, clonagem, transcrição, refletindo a<br />
dificuldade na interpretação destes conceitos.<br />
O gráfico abaixo mostra a mortalidade de mosquitos de uma determinada espécie quando expostos a diferentes<br />
concentrações de um inseticida. A resistência ou susceptibilidade ao inseticida é devida a um locus<br />
com dois alelos, A1 e A2. A1A1 A<br />
A<br />
1A 2A2 2<br />
100<br />
Mortalidade (porcentagem)<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Concentração de inseticida<br />
65
Biologia<br />
66<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 24<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a) Qual é o genótipo mais resistente? Como você chegou a essa conclusão?<br />
b) Observando as três curvas, que conclusão se pode tirar sobre as relações de dominância entre os alelos<br />
deste locus? Explique.<br />
c) Os indivíduos de cada um dos genótipos não se comportam da mesma forma quanto à resistência ao<br />
inseticida e, por isso, os pontos distribuem-se ao longo da curva. Essas diferenças podem ser atribuídas<br />
a efeitos pleiotrópicos de outros genes? Justifique sua resposta utilizando o conceito de efeito pleiotrópico.<br />
a) A 2A 2. Porque para uma mesma concentração de inseticida os indivíduos com o genótipo A 2A 2<br />
sobreviveram em maior quantidade. (1 ponto)<br />
b) É um caso de ausência de dominância ou codominância; o heterozigoto mostra fenótipo intermediário ao<br />
dos dois homozigotos. (2 pontos)<br />
c) Sim, já que o efeito pleiotrópico ocorre quando um gene interfere em mais de uma característica. Assim,<br />
outros genes, além de seu efeito principal, podem interferir na resistência a inseticidas. (2 pontos)<br />
a) A 2A 2. Como se observa pelo gráfico, tomando-se uma mesma concentração de inseticida, a menor mortalidade<br />
observada é de A 2A 2.<br />
b) Trata-se de um caso de herança sem dominância ou codominância. Isto pode ser observado comparando-se<br />
A 1A 2 com A 1A 1 e A 2A 2. O heterozigoto A 1A 2 tem fenótipo intermediário a A 1A 1 e A 2A 2. Se houvesse<br />
dominância de um dos dois genes, o fenótipo de A 1A 2 deveria ser igual ao de A 1A 1 ou A 2A 2.<br />
c) Sim. A pleiotropia é um fenômeno em que um mesmo par de genes determina vários fenótipos. Nesse<br />
caso, um outro par de genes, além de determinar um outro fenótipo qualquer, pode estar interferindo na<br />
determinação do fenótipo resistência à inseticida. Portanto esse fenótipo é determinado por mais de um<br />
par de genes que não interferem um no outro (não há epistasia).<br />
a) O genótipo mais resistente é o A 2A 2, pois para haver alta taxa de mortalidade, é preciso também alta<br />
concentração de inseticida.<br />
b) Como os alelos A 2A 2 são mais resistentes, eles são dominantes com relação ao A 1A 1.<br />
c) Sim, pois o efeito pleiotrópico é a influência do meio sobre os genes, havendo ou não dominância.<br />
Esta questão verificou não apenas o conhecimento do candidato sobre assuntos de genética básica como<br />
também sua habilidade na leitura e interpretação de gráficos.<br />
A maioria dos candidatos (53%), porém, teve nota 1, tendo acertado apenas o item a. Este desempenho<br />
ruim foi atribuído ao fato de o assunto ser apresentado de forma não convencional, já que foi pedido que<br />
tirassem conclusões a partir dos dados fornecidos em gráficos e não simplesmente que apresentassem uma<br />
definição memorizada.<br />
Erros conceituais foram bastante freqüentes, como de usar “alelo”, “locus” ou “espécie” no lugar de “genótipo”<br />
(veja exemplos de nota); admitir A 1 e A 2 como sendo indivíduos ou genótipos; admitir que a maior<br />
resistência de A 2A 2 ao inseticida indica dominância do alelo A 2 (veja exemplos de nota); confundir codominância<br />
com herança quantitativa; confundir pleiotropia com epistasia.<br />
A transpiração é importante para o vegetal por auxiliar no movimento de ascensão da água através do caule.<br />
A transpiração nas folhas cria uma força de sucção sobre a coluna contínua de água do xilema: à medida<br />
que esta se eleva, mais água é fornecida à planta.<br />
a) Indique a estrutura que permite a transpiração na folha e a que permite a entrada de água na raiz.<br />
b) Mencione duas maneiras pelas quais as plantas evitam a transpiração.<br />
c) Se a transpiração é importante, por que a planta apresenta mecanismos para evitá-la?<br />
a) Transpiração: estômatos (1 ponto)<br />
Entrada de água: pêlos absorventes. (1 ponto)<br />
b) Fechamento dos estômatos;<br />
enrolamento de folhas (ou mudança da posição das folhas);<br />
cutícula espessa (ou presença de cera);<br />
estômatos na face inferior;<br />
estômatos protegidos por pêlos;<br />
estômatos em cripta; ▲
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
Comentários gerais<br />
▲<br />
Biologia<br />
quedas das folhas;<br />
ausência de folhas;<br />
modificações das folhas – espinhos;<br />
folhas revestidas de pêlos. (1 ponto para dois itens quaisquer)<br />
c) Porque a transpiração em excesso causa o murchamento da planta,<br />
quando o suprimento de água é pequeno. (2 pontos)<br />
a) A transpiração na folha: os estômatos.<br />
A entrada de água na raiz: pêlos absorventes<br />
b) Através do fechamento dos estômatos e a perda das folhas durante as estações secas.<br />
c) Para evitar a perda excessiva de água.<br />
a) A estrutura que permite a transpiração das folhas é o floema e a estrutura que permite a entrada de água<br />
é o xilema.<br />
b) Uma das maneiras pelas quais as plantas evitam a transpiração é a sucção descontínua de água e a outra<br />
é consumindo água através do processo de fotossíntese.<br />
c) Porque a transpiração abundante fragiliza a planta tornando-a mais fraca.<br />
A questão procurou verificar de forma integrada conhecimentos da estrutura e função de determinados<br />
órgãos das plantas e de mecanismos de regulação da transpiração. Foi uma questão relativamente fácil<br />
(média = 2,95), porém foi a questão que melhor discriminou os candidatos. O item c foi o de maior dificuldade,<br />
tendo sido bastante freqüentes respostas como “a transpiração intensa prejudica a planta”, sem, no<br />
entanto, dizer qual é esse prejuízo.<br />
1) Várias respostas dos candidatos eram extremamente prolixas, resultando em notas idênticas àquelas<br />
respostas mais concisas, igualmente completas e corretas. Compare, por exemplo, as respostas esperadas<br />
pela banca nas questões 2 da primeira fase e 18 da segunda fase com o “exemplo de nota acima da<br />
média” dos candidatos. Compare ainda a “Resposta esperada” pela banca e o “Exemplo de nota acima<br />
da média” (concisa – nota 5) da questão 13 com a resposta (prolixa - nota 5) transcrita abaixo.<br />
“a) O camundongo morria no primeiro experimento porque, em um dado momento, todo gás oxigênio que<br />
existia no recipiente acabou. O animal consumiu todo o O 2 do recipiente; sem que o gás fosse reposto, o<br />
camundongo não pode mais respirar e morreu.<br />
b) Os processos interativos, no segundo experimento, que permitem a sobrevivência do camundongo são a<br />
fotossíntese e respiração. No processo fotossintético a planta contida no recipiente realizava a fixação do<br />
carbono, isto é, sintetizava matéria orgânica a partir de água e gás carbônico (CO 2), com subsequente<br />
liberação de gás oxigênio (O 2). No processo de respiração realizado pela planta e camundongo, ambos<br />
quebram a glicose, para obtenção de energia, com a presença de O 2, tendo como produtos o CO 2 e H 20,<br />
além de energia. A interação dos dois processos se nota pelo fato de que o CO 2 necessário para a<br />
fotossíntese provém da respiração e o O 2 necessário para a fotossíntese provém da fotossíntese.<br />
c) As organelas relacionadas à fotossíntese e à respiração são, respectivamente, cloroplasto e mitocôndria.”<br />
2) Ao redigir a resposta é desnecessário repetir o enunciado da questão. Isso ocorre com muita freqüência e<br />
acarreta uma perda de tempo para o candidato. A leitura desatenta dos enunciados leva a respostas<br />
erradas e a não perceber informações contidas no texto da questão que podem auxiliar o candidato em<br />
sua resposta. Como já mencionado no Caderno de questões 99, o desconhecimento de vocabulário<br />
específico, as redações confusas e o uso de palavras com sentido diferente, às vezes oposto, levam a<br />
erros que muitas vezes comprometem as respostas.<br />
67
Química
QUESTÃO 1<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Química<br />
Nesta prova procurou-se apresentar a Química dentro de um contexto histórico e social, mostrando-a<br />
como um conhecimento inerente ao ser humano e, portanto, à sociedade e ao momento. Em alguns casos<br />
foram feitas algumas suposições, por exemplo, de como o ferro teria sido descoberto. Se a imaginação,<br />
associada ao conhecimento de Química, conseguiu reproduzir os fatos não sabemos e nem isto, neste<br />
momento, é muito importante. Vale, no caso, mostrar ao aluno como uma descoberta importante, que<br />
muda a história da humanidade, pode ocorrer a partir de fatos corriqueiros e como é possível reconstruir<br />
tais fatos, por hipótese, sem ter estado presente nos acontecimentos.<br />
Esta prova é uma homenagem à Química, evidenciando alguns de seus aspectos relevantes que ajudaram a<br />
entender, a continuar ou a melhorar a vida na Terra.<br />
Comecemos por procurar entender, do ponto de vista químico, a origem da vida na Terra.<br />
Ainda hoje persiste a dúvida de como surgiu a vida na Terra. Na década de 50, realizou-se um experimento<br />
simulando as possíveis condições da atmosfera primitiva (pré-biótica), isto é, a atmosfera existente antes de<br />
originar vida na Terra. A idéia era verificar como se comportariam quimicamente os gases hidrogênio,<br />
metano, amônia e o vapor d’água na presença de faíscas elétricas, em tal ambiente. Após a realização do<br />
experimento, verificou-se que se havia formado um grande número de substâncias. Dentre estas, detectouse<br />
a presença do mais simples α-aminoácido que existe.<br />
a) Sabendo-se que este aminoácido possui dois átomos de carbono, escreva sua fórmula estrutural.<br />
b) Este aminoácido poderia desviar o plano da luz polarizada? Justifique.<br />
c) Escreva a fórmula estrutural da espécie química formada quando este aminoácido é colocado em meio<br />
aquoso muito ácido.<br />
a)<br />
H OH<br />
| |<br />
H2N ⎯ C ⎯ C == O<br />
|<br />
H (2 pontos)<br />
b) Não, pois a molécula não possui carbono (centro) assimétrico (quiral). (1 ponto)<br />
c)<br />
H OH<br />
+ | |<br />
H 3N ⎯ C ⎯ C == O<br />
|<br />
H (2 pontos)<br />
a)<br />
H<br />
H — C — N — C — H dimetil amônio<br />
O H H<br />
b) Não, pois não possui um Carbono quiral (assimétrico)<br />
c)<br />
H O<br />
H — C — N — C — H → HO — C — N — C — H + H2 O H H H<br />
ácido metilamônio metanóico<br />
69
Química<br />
70<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 2<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a)<br />
H OH<br />
| |<br />
H2N — C — C == O<br />
|<br />
H<br />
b) Não. Pois não há isomeria óptica no composto, já que não possui carbono assimétrico.<br />
c) grupo amina do aminoácido tem caráter básico. Portanto reage com o ácido da solução aquosa, formando:<br />
H OH<br />
+ | |<br />
H3N — C — C == O<br />
|<br />
H<br />
Esta questão examina, no item a, se o candidato sabe o que é um aminoácido e se sabe escrever uma<br />
fórmula estrutural baseando-se, em parte, em seus conhecimentos, inclusive de funções orgânicas e, em<br />
parte, nos dados conhecidos. Não era necessário, e nem se desejava que o candidato tivesse memorizado a<br />
fórmula pedida. O item b é uma pergunta simples sobre isomeria óptica: bastava verificar que a molécula não<br />
apresenta carbono assimétrico. No item c avaliou-se o conhecimento sobre conceito ácido-base de Lewis. O<br />
nitrogênio, tendo um par de elétrons livres, reagirá como base na presença de H + .<br />
O desempenho dos candidatos refletiu-se numa média igual a 1,43 que está próxima do esperado pelo fato<br />
de a questão estar contextualizada, refletindo-se numa maior dificuldade.<br />
Determinar a época em que o ser humano surgiu na Terra é um assunto ainda bastante polêmico. No entanto,<br />
alguns acontecimentos importantes de sua existência já estão bem estabelecidos, dentre eles, o domínio do<br />
fogo e a descoberta e o uso dos metais.<br />
Já na pré-história, o homem descobriu como trabalhar metais. Inicialmente o cobre, depois o estanho, o<br />
bronze e o ouro. Por volta de 1500 a.C., ele já trabalhava com o ferro. É bem provável que este metal tenha<br />
sido encontrado nas cinzas de uma fogueira feita sobre algum minério de ferro, possivelmente óxidos de<br />
ferro(II) e ferro(III). Estes óxidos teriam sido quimicamente reduzidos a ferro metálico pelo monóxido de<br />
carbono originado na combustão parcial do carvão na chama da fogueira. Esse é um processo bastante<br />
semelhante ao que hoje se usa nos fornos das mais modernas indústrias siderúrgicas.<br />
a) Cite uma propriedade que possa ter levado o homem daquela época a pensar que “aquilo diferente”<br />
junto às cinzas da fogueira era um metal.<br />
b) Suponha duas amostras de rochas, de mesma massa, reagindo com monóxido de carbono, uma contendo<br />
exclusivamente óxido de ferro(II) e outra contendo exclusivamente óxido de ferro(III). Qual delas<br />
possibilitaria a obtenção de mais ferro metálico ao final do processo? Justifique.<br />
c) No caso do item b, escreva a fórmula estrutural do principal subproduto do processo de produção do<br />
ferro metálico.<br />
a) brilho; maleabilidade; som metálico; cor prateada; não quebradiço; incandescente no fogo. (1 ponto)<br />
b) Quem forneceria mais ferro metálico seria o FeO. Justificativa:<br />
Porcentagem em massa de ferro nos óxidos:78% de Fe no FeO<br />
70% de Fe no Fe2O3 portanto o FeO contém proporcionalmente mais ferro do que o Fe2O3 (3 pontos)<br />
Ou<br />
moles de ferro nos óxidos: FeO n = m/72; Fe2O3 n’ = 2 (m/160) = m/80; n > n’<br />
Portanto é o FeO que contém a maior quantidade de ferro.<br />
c) O=C=O (1 ponto)
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 3<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Química<br />
a) Uma característica, que pode ter chamado atenção, é o barulho do metal, quando esse recebe uma<br />
pancada.<br />
b) FeO + CO → Fe + CO 2<br />
Fe 2O 3 + 3CO → 2Fe + 3CO 2<br />
R: A rocha de ferro III libera mais ferro metálico que a outra rocha, segundo as equações acima.<br />
c) O=C=O<br />
a) Os metais são conhecidos por serem maleáveis, não esfarelando-se e fáceis de trabalhar<br />
b) Supondo que a massa das duas rochas é 11.520 gr. O composto de ferro II (massa molar:72 g/mol)<br />
possui 160 mol. O composto de ferro III possui 72 mol (MM=160 g/mol). Porém cada mol do composto<br />
de FeII possue somente 1 mol de Fe (FeO) enquanto o outro composto possue 2 mol (Fe 2O 3).Então<br />
temos:<br />
Fe (II) → FeO → 160 mol de ferro*<br />
Fe (III) → Fe 2O 3 → 2.72 mol de ferro → 144 mol de ferro*<br />
* considerando o rendimento de 100% pelas equações:<br />
FeO (s) + CO (g) → Fe (s) + CO 2(g)<br />
Fe 2O 3(s) + 3CO (g) → 2Fe (s) + 3CO 2(g)<br />
R: a amostra de óxido de ferro II produziria mais ferro metálico<br />
c) A fórmula estrutural do CO 2 é O = C = O<br />
Esta questão apresenta o aspecto interessante da reconstrução histórica usando-se conhecimentos simples<br />
de Química. O item a avalia se o candidato consegue correlacionar propriedades do metal com a possível<br />
identificação do ferro naquela época remota. Observe-se que as respostas esperadas se apresentam num<br />
intervalo bastante amplo. Evidentemente, não puderam ser aceitas como válidas respostas que incluíam, por<br />
exemplo, a condutividade elétrica uma vez que esta propriedade não se ajusta à época tratada.<br />
O desempenho nesta questão foi bastante baixo considerando-se que o item a é muito simples, o b referese<br />
a um cálculo estequiométrico clássico e o c pede uma fórmula estrutural muito conhecida. A média geral<br />
obtida foi 1,26.<br />
Muito antes da era Cristã, o homem já dominava a fabricação e o uso do vidro. Desde então o seu emprego<br />
foi, e continua sendo, muito variado: desde simples utensílios domésticos ou ornamentais até sofisticadas<br />
fibras óticas utilizadas em telecomunicações.<br />
Uma aplicação bastante moderna diz respeito à utilização do vidro em lentes fotossensíveis empregadas na<br />
confecção de óculos especiais. Algumas dessas lentes contêm cristais de cloreto de prata e cristais de<br />
cloreto de cobre(I). Quando a luz incide sobre a lente, ocorre uma reação de oxidação e redução entre os<br />
íons cloreto e os íons prata, o que faz com que a lente se torne escura. Os íons cobre(I), também por uma<br />
reação de oxidação e redução, regeneram os íons cloreto consumidos na reação anterior, sendo que a lente<br />
ainda permanece escura. Ao ser retirada da exposição direta à luz, a lente torna-se clara pois os íons<br />
cobre(II), formados na reação de regeneração dos íons cloreto, reagem com o outro produto da primeira<br />
reação.<br />
a) Escreva a equação química que descreve o escurecimento da lente.<br />
b) Qual é a espécie química responsável pelo escurecimento da lente?<br />
c) Escreva a equação química da reação que possibilita à lente clarear. Qual é o agente oxidante nesta<br />
reação?<br />
a) Ag + + Cl – = Ag + Cl ou Ag + + Cl – = Ag + 1 / 2Cl2 ou<br />
AgCl = Ag + Cl ou AgCl = Ag + 1 / 2Cl2 (2 pontos)<br />
b) Prata metálica ou Ag ou Ag (s) ou Ag o<br />
(1 ponto)<br />
c) Cu 2+ + Ag = Cu + + Ag +<br />
ou CuCl2 + Ag = CuCl + AgCl (1 ponto)<br />
Agente oxidante: Cu 2+<br />
(1 ponto)<br />
71
Química<br />
72<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 4<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
a) AgCl → 2 Ag + Cl2 b) é o Cl2 c) Cu 2+ + Ag 0 → Cu + AgCl<br />
agente oxidante é o Cu 2+<br />
a) Cl – + Ag + → Ag + Cl<br />
b) é a prata metálica<br />
c) Cu 2+ + Ag 0 → Cu + + Ag +<br />
agente oxidante é o Cu 2+<br />
Esta questão aborda o assunto oxidação e redução dentro de um contexto atual e comum ao cotidiano. As<br />
reações que ocorrem são bastante simples de modo que o candidato com conhecimento do que seja oxidação<br />
e redução podia responder sem dificuldade. Se o candidato, ainda, correlacionasse o escurecimento da lente<br />
com a formação de prata metálica, com mais facilidade poderia apresentar a resposta correta.<br />
A média geral neste caso ficou em 1,01. O assunto abordado, oxidação e redução, é muito problemático<br />
para os estudantes, o que se refletiu no baixo desempenho.<br />
Com a revolução industrial do século XVIII, a sociedade ocidental experimentou uma nova escala de produção<br />
de bens. A indústria se mecanizou e, desde então, este processo está em crescimento.<br />
O ácido sulfúrico, a substância mais produzida industrialmente no mundo, é importante na fabricação de<br />
fertilizantes, na limpeza de metais ferrosos, na produção de muitos produtos químicos e no refino do petróleo.<br />
Sua produção industrial ocorre da seguinte forma: queima-se o enxofre elementar com oxigênio, o que<br />
dá origem ao dióxido de enxofre; este, por sua vez, reage com mais oxigênio para formar o trióxido de<br />
enxofre, um gás que, em contato com a água, forma finalmente o ácido sulfúrico.<br />
a) Escreva a equação química que representa a reação da água com o trióxido de enxofre na última etapa<br />
da produção do ácido sulfúrico, conforme descrito no texto.<br />
Numa mesma fábrica, o ácido sulfúrico pode ser produzido em diferentes graus de concentração, por exemplo:<br />
78% , 93% e 98%. O congelamento destes três produtos ocorre aproximadamente em : 3 ºC, –32 ºC e<br />
–38 ºC (não necessariamente na mesma seqüência dos graus de pureza).<br />
b) Qual é a mais baixa temperatura de fusão dentre as três?<br />
c) A qual dos três produtos comerciais relaciona-se a temperatura de fusão apontada no item b? Justifique.<br />
a) SO3 + H2O = H2SO4 (1 ponto)<br />
b) –38 o C (1 ponto)<br />
c) 78%<br />
Quanto mais impurezas presentes numa solução menor será o ponto de fusão.<br />
Ou<br />
(1 ponto)<br />
Quanto mais partículas presentes na solução menor será o ponto de fusão. (2 pontos)<br />
a) SO 3 + H 2O → H 2SO 4<br />
b) 98%, pois é o que contém menos água e portanto é o que tem a temperatura de fusão mais distante da<br />
da água.<br />
c) A obtensão de produtos químicos que ocorre em diversas temperaturas, mas que tem sempre o ácido<br />
sulfúrico líquido.<br />
a) SO 3 + H 2O → H 2SO 4<br />
b) A mais baixa temperatura de fusão será –38 ºC.<br />
c) Relaciona-se a 78% de pureza, já que quanto menor o grau de pureza mais baixo será o ponto de fusão<br />
pois possui mais partículas dissolvidas.
Comentários<br />
QUESTÃO 5<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Química<br />
Nesta questão avaliou-se, no item a, a capacidade do candidato de representar em linguagem química<br />
(equação e fórmulas) um fenômeno descrito em linguagem comum. A pergunta b é muito simples e examina<br />
o entendimento de uma escala de temperatura. O item c está relacionado ao conhecimento de propriedades<br />
coligativas. De modo geral, esta questão pode ser considerada muito fácil.<br />
O desempenho nesta questão foi o segundo mais alto da prova (média = 2,13) e reflete, provavelmente,<br />
o fato de a reação de formação do ácido sulfúrico ser vista na ocasião em que se estuda a chuva ácida.<br />
Também o item b é muito simples. O item c, também, não foi um grande problema para os candidatos.<br />
Verificando-se a escala de pontos apresentada acima na resposta esperada, percebe-se que um candidato<br />
atento poderia facilmente obter, pelo menos, nota 2.<br />
A “revolução verde” , que compreende a grande utilização de fertilizantes inorgânicos na agricultura, fez<br />
surgir a esperança de vida para uma população mundial cada vez mais crescente e, portanto, mais necessitada<br />
de alimentos.<br />
O nitrogênio é um dos principais constituintes de fertilizantes sintéticos de origem não orgânica. Pode<br />
aparecer na forma de uréia, sulfato de amônio, fosfato de amônio etc., produtos cuja produção industrial<br />
depende da amônia como reagente inicial. A produção de amônia, por sua vez, envolve a reação entre o gás<br />
nitrogênio e o gás hidrogênio. A figura a seguir mostra, aproximadamente, as porcentagens de amônia em<br />
equilíbrio com os gases nitrogênio e hidrogênio, na mistura da reação de síntese.<br />
% NH 3 na mistura<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
300 °C<br />
350 °C<br />
450 °C<br />
500 °C<br />
40 60 80 100 120 140 160 180 200 220<br />
Pressão total/atm<br />
a) A reação de síntese da amônia é um processo endotérmico? Justifique.<br />
b) Imagine que uma síntese feita à temperatura de 450 ºC e pressão de 120 atm tenha produzido 50<br />
toneladas de amônia até o equilíbrio. Se ela tivesse sido feita à temperatura de 300 ºC e à pressão de<br />
100 atm, quantas toneladas a mais de amônia seriam obtidas? Mostre os cálculos.<br />
c) Na figura, a curva não sinalizada com o valor de temperatura pode corresponder aos dados de equilíbrio<br />
para uma reação realizada a 400 ºC na presença de um catalisador? Justifique.<br />
a) Não, pois, segundo o gráfico, quando se aumenta a temperatura, o rendimento diminui. (1 ponto)<br />
b) 20% de rendimento → 50 toneladas<br />
50 % de rendimento → x toneladas x = 125 toneladas (1 ponto)<br />
diferença: 125 – 50 = 75 toneladas a mais. (1 ponto)<br />
c) Não. O catalisador não altera a posição de equilíbrio da reação, apenas a velocidade. (1 ponto)<br />
A curva para a reação a 400 o C deveria estar posicionada entre 350 e 450 o C. (1 ponto)<br />
a) Não. É exotérmico, pois à mesma pressão, há maior porcentagem de amônia nos produtos ao diminuirse<br />
a temperatura.<br />
b) 450 ºC e 120 atm<br />
50 t → 20% ∴ Seriam produzidas 150 t a mais<br />
m (N 2 + H 2 ) → 80% 300 ºC e 100 atm<br />
m = 200 t 200 t → 50%<br />
m ’ (NH 3 ) → 50% m ’ = 200 t<br />
▲<br />
73
Química<br />
74<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 6<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
▲<br />
c) Na presença de um catalisador, a reação de síntese da amônia será muito rápida não sendo possível fazer<br />
as medições progressivas para sinalizar a curva.<br />
a) Não, pois quanto menor a concentração da amônia maior a temperatura e quanto maior a concentração<br />
de amônia menor a temperatura, isso nos leva a concluir que a síntese da amônia é um processo<br />
exotérmico.<br />
b) Se 20% = 50 toneladas, porque quando temos a substância a 120 atm e 450 ºC é formada 20 % de<br />
NH 3.Quando temos a mistura a 300ºC e 100 atm produzimos 30% a mais, então se 20 % é 50 e 30 %<br />
é 20 % + 10 %, podemos concluir que: 50 + 25 → 75 toneladas a mais.<br />
c) Não, pois o catalisador não influi no equilíbrio e sim na velocidade. A curva para a reação a 400 o C<br />
estaria entre 350 e 450 o C.<br />
A leitura e interpretação de um gráfico é a principal avaliação desta questão. A média alcançada, 1,93,<br />
mostra que este é um aspecto relativamente bem visto no ensino médio. Foi no item c que os candidatos mais<br />
tropeçaram pois muitos não usaram o gráfico para a justificativa completa.<br />
O homem, na tentativa de melhor compreender os mistérios da vida, sempre lançou mão de seus conhecimentos<br />
científicos e/ou religiosos. A datação por carbono quatorze é um belo exemplo da preocupação do<br />
homem em atribuir idade aos objetos e datar os acontecimentos.<br />
Em 1946 a Química forneceu as bases científicas para a datação de artefatos arqueológicos, usando o 14 C.<br />
Esse isótopo é produzido na atmosfera pela ação da radiação cósmica sobre o nitrogênio, sendo posteriormente<br />
transformado em dióxido de carbono. Os vegetais absorvem o dióxido de carbono e, através da cadeia<br />
alimentar, a proporção de 14 C nos organismos vivos mantém-se constante. Quando o organismo morre, a<br />
proporção de 14 C nele presente diminui, já que, em função do tempo, se transforma novamente em 14 N.<br />
Sabe-se que, a cada período de 5730 anos, a quantidade de 14 C reduz-se à metade.<br />
a) Qual o nome do processo natural pelo qual os vegetais incorporam o carbono?<br />
b) Poderia um artefato de madeira , cujo teor determinado de 14 C corresponde a 25% daquele presente nos<br />
organismos vivos, ser oriundo de uma árvore cortada no período do Antigo Egito (3200 a.C. a 2300<br />
a.C.)? Justifique.<br />
c) Se o 14 C e o 14 N são elementos diferentes que possuem o mesmo número de massa, aponte uma característica<br />
que os distingue.<br />
a) Fotossíntese ou quimiossíntese (1 ponto)<br />
b) Não.<br />
Justificativa: São necessários 11460 anos para que a quantidade de 14 C se reduza à 25 % da original.<br />
Isto mostra que o objeto seria de 9460 a.C., portanto anterior ao período do Antigo Egito. (2 pontos)<br />
c) O número de prótons. O número de prótons do 14 C é 6. O número de prótons do 14 N é 7. (2 pontos)<br />
a) Fotossíntese<br />
b) Não, pois a concentração de 14 C no Antigo Egito era bem maior que a de hoje então ele não poderia ter<br />
teor de 14 C tão baixo. Mas pensando na ipotese de esta arvore ter sido criada numa estufa com atmosfera<br />
controlada poderia só que não no antigo Egito, sem grandes tecnologias.<br />
c) A principal característica para distingui-los é que o N → pertence a família 5A e o C → pertence a família 4A.<br />
a) Fotossíntese<br />
b) m= m 0 / 2 t<br />
25/100 m 0 = m 0 / 2 t<br />
2 t = 4 , então t =2. Passou-se 2 períodos de meia vida, portanto a idade do artefato é de 11460 anos,<br />
sendo de origem anterior ao período do antigo Egito. (hoje -2000. A idade seria 5200 anos)<br />
c) presença de diferente número de prótons no núcleo (número atômico).
QUESTÃO 7<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Química<br />
Esta é uma questão bastante fácil. A média obtida foi igual a 3,05, a mais alta da prova. Os itens a e c,<br />
pela sua facilidade, já justificam uma média igual a 3. O item b foi também bastante respondido, o que indica<br />
um bom preparo dos candidatos.<br />
A melhoria da qualidade de vida não passa somente pela necessidade de bem alimentar a população ou<br />
pelas facilidades de produção de novos materiais. A questão da saúde também tem sido uma preocupação<br />
constante da ciência.<br />
A sulfa (p-amino benzeno sulfonamida), testada como medicamento pela primeira vez em 1935, representou,<br />
e ainda representa, uma etapa muito importante no combate às infecções bacterianas. A molécula da<br />
sulfa é estruturalmente semelhante a uma parte do ácido fólico, uma substância essencial para o crescimento<br />
de bactérias. Devido a essa semelhança, a síntese do ácido fólico fica prejudicada na presença da<br />
sulfa, ficando também comprometido o crescimento da cultura bacteriana.<br />
a) Escreva a fórmula estrutural e a fórmula molecular da sulfa, dado que o grupo sulfonamida é: –SO2NH2. A estrutura do ácido fólico é:<br />
O<br />
||<br />
N CH2 — NH — — C — NHCHCH2COOH N<br />
|<br />
COOH<br />
H2N N N<br />
b) Escreva a fórmula estrutural da parte da molécula do ácido fólico que é estruturalmente semelhante à<br />
molécula da sulfa.<br />
a)<br />
b)<br />
a)<br />
NH 2<br />
|<br />
|<br />
SO 2NH 2<br />
|<br />
ou ou<br />
(1 ponto)<br />
C 6H 8N 2O 2S (2 pontos)<br />
NH<br />
|<br />
|<br />
CONH<br />
NH 2<br />
|<br />
|<br />
SO 2NH 2<br />
ou<br />
Fórmula molecular : C 6H 10N 2SO 2<br />
NH 2<br />
|<br />
O == S == O<br />
|<br />
NH 2<br />
NH<br />
|<br />
|<br />
HN — C == O<br />
NH 2<br />
|<br />
|<br />
O ← S → — — O<br />
|<br />
NH 2<br />
(2 pontos)<br />
75<br />
▲
Química<br />
76<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 8<br />
Resposta<br />
esperada<br />
▲<br />
b) O anel benzênico na molécula do ácido fólico é estruturalmente semelhante à molécula da sulfa.<br />
a)<br />
SO2NH2 Fórmula molecular: C6H8N2SO2 b)<br />
A média desta questão (0,99) foi a mais baixa da prova. À primeira vista, a questão parece bastante difícil<br />
mas, observando-se com cuidado, verifica-se que se trata de perguntas relativamente simples de nomenclatura<br />
e de fórmulas. O item c podia ser respondido com certa facilidade pois bastava a identificação da parte da<br />
molécula do ácido fólico que interessava. Parece que os candidatos se assustaram com a figura que representava<br />
o ácido fólico.<br />
A aspirina, medicamento antitérmico, analgésico e anti-inflamatório é, de certo modo, um velho conhecido<br />
da humanidade, já que a aplicação de infusão de casca de salgueiro, que contém salicina – produto com<br />
propriedades semelhantes às da aspirina –, remonta ao antigo Egito. A aspirina foi sintetizada pela primeira<br />
vez em 1853 e, ao final do século XIX, começou a ser comercializada.<br />
Quando ingerimos uma substância qualquer, alimento ou remédio, a sua absorção no organismo pode se dar<br />
através das paredes do estômago ou do intestino. O pH no intestino é 8,0 e no estômago 1,5, aproximadamente.<br />
Um dos fatores que determinam onde ocorrerá a absorção é a existência ou não de carga iônica na<br />
molécula da substância. Em geral, uma molécula é absorvida melhor quando não apresenta carga, já que<br />
nessa condição ela se dissolve na parte apolar das membranas celulares. Sabe-se que o ácido acetil-salicílico<br />
(aspirina) é um ácido fraco e que o p-aminofenol, um outro antitérmico, é uma base fraca.<br />
a) Transcreva a tabela abaixo no caderno de respostas e complete-a com as palavras alta e baixa, referindose<br />
às absorções relativas das substâncias em questão.<br />
Local de absorção Aspirina p-aminofenol<br />
Estômago<br />
Intestino<br />
b) Sabendo-se que a p-hidroxiacetanilida (paracetamol), que também é um antitérmico, é absorvida eficientemente<br />
tanto no estômago quanto no intestino, o que pode ser dito sobre o caráter ácido-base dessa<br />
substância?<br />
a)<br />
NH 2<br />
|<br />
|<br />
NH<br />
|<br />
|<br />
CONH<br />
Local de absorção Aspirina p-aminofenol<br />
Estômago Alta Baixa<br />
Intestino Baixa Alta (3 pontos)<br />
▲
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 9<br />
Resposta<br />
esperada<br />
▲<br />
Química<br />
b) Apresenta baixo caráter ácido-básico. OU reage em muito pequena extensão com OH – e H + . OU não se<br />
ioniza significativamente em meio ácido ou básico nas condições do corpo humano. (2 pontos)<br />
a)<br />
b) É uma substância neutra e apolar<br />
a)<br />
b) Que possui um fraco caráter ácido-base.<br />
Local de absorção Aspirina p-aminofenol<br />
Estômago Alta Fraca<br />
Intestino Fraca Alta<br />
Local de absorção Aspirina p-aminofenol<br />
Estômago Alta Baixa<br />
Intestino Baixa Alta<br />
O desempenho dos candidatos nesta questão foi bem abaixo do esperado. Trata-se de perguntas relativamente<br />
simples que, no entanto, se mostraram difíceis. No item a, muitos erraram, surpreendentemente. No<br />
item b, grande parte dos candidatos não soube correlacionar as propriedades ácido-base com as informações<br />
fornecidas. A média obtida pelos candidatos foi 1,30.<br />
Para se ter uma idéia do que significa a presença de polímeros sintéticos na nossa vida, não é preciso muito<br />
esforço: imagine o interior de um automóvel sem polímeros, olhe para sua roupa, para seus sapatos, para o<br />
armário do banheiro. A demanda por polímeros é tão alta que, em países mais desenvolvidos, o seu consumo<br />
chega a 150 kg por ano por habitante.<br />
Em alguns polímeros sintéticos, uma propriedade bastante desejável é a sua resistência à tração. Essa<br />
resistência ocorre, principalmente, quando átomos de cadeias poliméricas distintas se atraem. O náilon,<br />
que é uma poliamida, e o polietileno, representados a seguir, são exemplos de polímeros.<br />
[–NH–(CH2) 6–NH–CO–(CH2) 4 –CO–] n náilon<br />
[–CH2–CH2–] n<br />
polietileno<br />
a) Admitindo-se que as cadeias destes polímeros são lineares, qual dos dois é mais resistente à tração?<br />
Justifique.<br />
b) Desenhe os fragmentos de duas cadeias poliméricas do polímero que você escolheu no item a, identificando<br />
o principal tipo de interação existente entre elas que implica na alta resistência à tração.<br />
a) Náilon. (1 ponto)<br />
Justificativa: O náilon é o mais resistente à tração devido à existência de pontes de hidrogênio entre as<br />
moléculas adjacentes do polímero. (2 pontos, desde que vinculados à correta indicação das pontes de<br />
hidrogênio no item b).<br />
b) — N — R 6 — N — C — R 4 — C —<br />
| | || ||<br />
H H O O<br />
– – –<br />
– – –<br />
– – –<br />
– – –<br />
O O H H<br />
|| || | |<br />
— C — R 4 — C — N — R 6 — N —<br />
(2 pontos)<br />
77
Química<br />
78<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 10<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
a) O náilon, pois a cadeia principal é formada por cadeia poliméricas distintas que se atraem.<br />
b)<br />
a) náilon, pois por ter hidrogênio ligado a nitrogênio pode formar pontes de hidrogênio, que são interações<br />
fortes.<br />
b) — N — R 6 — N — C — R 4 — C —<br />
| | || ||<br />
H H O O<br />
– – –<br />
→<br />
– – –<br />
– – –<br />
O O H H<br />
|| || | |<br />
— C — R 4 — C — N — R 6 — N —<br />
A interação é a ponte de hidrogênio.<br />
Estas curvas existentes em cadeias distintas<br />
implicam na alta resistência à tração<br />
Trata-se de uma questão que avalia o conhecimento sobre pontes de hidrogênio e a capacidade de o<br />
candidato trabalhar com este modelo microscópico para justificar propriedades macroscópicas da matéria. O<br />
assunto pontes de hidrogênio é muito visto no ensino médio e esperava-se uma média mais alta do que a<br />
alcançada (1,13). Provavelmente os candidatos mais uma vez se assustaram com a questão por apresentar<br />
“estas fórmulas complicadas” .<br />
Somos extremamente dependentes de energia. Atualmente, uma das mais importantes fontes de energia<br />
combustível é o petróleo. Pelo fato de não ser renovável, torna-se necessária a busca de fontes alternativas.<br />
Considere uma gasolina constituída apenas de etanol e de n-octano, com frações molares iguais. As entalpias<br />
de combustão do etanol e do n-octano são –1368 e –5471 kJ/mol, respectivamente. A densidade dessa<br />
gasolina é 0,72 g/cm 3 e a sua massa molar aparente, 80,1 g/mol.<br />
a) Escreva a equação química que representa a combustão de um dos componentes dessa gasolina.<br />
b) Qual a energia liberada na combustão de 1,0 mol dessa gasolina?<br />
c) Qual a energia liberada na combustão de 1,0 litro dessa gasolina?<br />
a) C2H6O + 3 O2 = 2 CO2 + 3 H2O Ou<br />
C8H18 + 25/2 O2 = 8 CO2 + 9 H2O (1 ponto)<br />
b) 0,5 mol de etanol ⇒ 1368 × 0,5 = 684 kJ liberados (1 ponto)<br />
0,5 mol de octano ⇒ 5471 × 0,5 = 2736 kJ liberados<br />
Total = 3420 kJ liberados (1 ponto)<br />
c) 1 litro corresponde a 720 g de gasolina ⇒ 720 / 80,1 ≅ 9 moles<br />
1 mol ⇒ 3420 kJ<br />
(1 ponto)<br />
9 moles ⇒ × × = 30742 kJ liberados (1 ponto)<br />
a) C 2H 6O + 3O 2 → 2 CO 2 + 3H 2O<br />
b) Energia = combustão etanol + combustão n-octano<br />
– – –<br />
▲
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 11<br />
▲<br />
1 mol de etanol → 1368 kJ<br />
1 mol de n-octano → 5471 kJ<br />
total = 6839 kJ<br />
R.: A energia liberada é de 6839 kJ<br />
c) 0,72 g — 1 cm 3 — 10 –9 L<br />
m _________ 1 L<br />
m = 0,72 10 –9 g<br />
80,1 g — 1 mol<br />
0,72 10 9 g — n<br />
n = 9 10 6 mol<br />
6839 kJ — 1 mol<br />
E — 9 10 6 mol, E = 61551 10 6 kJ<br />
R.: A energia liberada é de 61551 10 6 kJ<br />
a) 2 C 8H 18 + 25 O 2 → 16 CO 2 + 18H 2O<br />
b) 1 mol de gasolina 0,5 mol de C 8H 18 e 0,5 mol etanol<br />
1 mol de C 8H 18 libera 5471 kJ, 0,5 mol libera 2735,5 kJ<br />
1 mol de etanol libera 1368 kJ, 0,5 mol libera 684 kJ<br />
Logo a combustão de 1 mol de gasolina libera 3419,5 kJ<br />
c) 1 mol de gasolina — 80,1 g — V<br />
0,72 g — 10 –3 L ⇒ V = 11,125 10 –2 L<br />
11,125 10 –2 L — libera 3419,5 kJ de energia<br />
1 L — x<br />
x = 3419,5 / 0,11125 kJ = 3,073 10 4 kJ<br />
Química<br />
A média obtida pelos candidatos nesta questão foi igual a 1,82. Tradicionalmente as questões envolvendo<br />
termoquímica estão entre as de menor média. Neste caso, contudo, a tradição não se cumpriu e a nota média<br />
desta questão ficou acima da média das médias das questões. Parece que houve uma reação positiva do<br />
ensino deste assunto nas escolas.<br />
Há quem afirme que as grandes questões da humanidade simplesmente restringem-se às necessidades e à<br />
disponibilidade de energia. Temos de concordar que o aumento da demanda de energia é uma das principais<br />
preocupações atuais. O uso de motores de combustão possibilitou grandes mudanças, porém seus dias<br />
estão contados. Os problemas ambientais pelos quais estes motores podem ser responsabilizados, além de<br />
seu baixo rendimento, têm levado à busca de outras tecnologias.<br />
Uma alternativa promissora para os motores de combustão são as celas de combustível que permitem, entre<br />
outras coisas, rendimentos de até 50% e operação em silêncio. Uma das mais promissoras celas de combustível<br />
é a de hidrogênio, mostrada no esquema abaixo:<br />
Motor elétrico<br />
Reagente<br />
Produto<br />
– +<br />
X Y<br />
Membrana polimérica<br />
permeável a H +<br />
Eletrodos<br />
Reagente<br />
Produto<br />
79
Química<br />
80<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 12<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Nessa cela, um dos compartimentos é alimentado por hidrogênio gasoso e o outro, por oxigênio gasoso. As<br />
semi-reações que ocorrem nos eletrodos são dadas pelas equações:<br />
ânodo: H2(g) = 2 H + + 2 e –<br />
cátodo: O2(g) + 4H + + 4 e = 2 H2O a) Por que se pode afirmar, do ponto de vista químico, que esta cela de combustível é “não poluente”?<br />
b) Qual dos gases deve alimentar o compartimento X? Justifique.<br />
c) Que proporção de massa entre os gases você usaria para alimentar a cela de combustível? Justifique.<br />
a) Porque o único produto é a água. (1 ponto)<br />
b) Gás H 2 , porque é onde ocorre a oxidação (ou onde o H 2 passa para H + ) e, portanto, é onde os elétrons<br />
são liberados. (2 pontos)<br />
c) 1 H 2: 8 O 2 ou 2 H 2: 16 O 2 ou 4 H 2: 32 O 2<br />
Justificativa: a estequiometria da reação mostra que reage 1 mol de H 2 com 1 / 2 mol de O 2. A massa molar<br />
do H 2 é 2,0 e a massa molar do O 2 é 32, donde sai a proporção indicada. (2 pontos)<br />
a) Porque ela utiliza elementos que ao reagirem geram água, que não é poluente.<br />
b) O oxigênio, pois o catodo da eletrólise é o negativo.<br />
c) O dobro de hidrogênio em relação ao oxigênio.<br />
a) Pois o produto da reação:<br />
H 2 → 2 H + + 2 é<br />
O 2 + 4 H + + 4 é → 2 H 2O<br />
2 H 2 + O 2 → 2 H 2O<br />
produto é água (H 2O) que é não poluente<br />
b) H 2 alimenta o compartimento X, pois é o polo negativo, ou seja, ânodo, onde sofre oxidação, isto é, perde<br />
elétrons.<br />
c) Usaria: em massa, H 2 : O 2= 1:8 em massa (pela estequiometria da equação)<br />
Trata-se de questão relativamente fácil de oxidação e redução e de estequiometria. Apesar da facilidade, a<br />
média foi baixa (1,42) provavelmente devido ao contexto. Não há equações difíceis a escrever e nem cálculos<br />
complicados. Esta questão é mais fácil do que a anterior mas a sua apresentação é menos usual, o que deve<br />
ter dificultado os candidatos.<br />
A corrida espacial, embora inicialmente inspirada em motivos políticos, acabou por trazer enormes avanços<br />
para a humanidade. O projeto Apolo é um símbolo das conquistas tecnológicas do século XX e excelente<br />
exemplo de como conceitos simples podem ser valiosos na resolução de problemas sérios.<br />
A Apolo 13, uma nave tripulada, não pôde concluir sua missão de pousar no solo lunar devido a uma<br />
explosão num tanque de oxigênio líquido. Esse fato desencadeou uma série de problemas que necessitaram<br />
de soluções rápidas e criativas. Um desses problemas foi o acúmulo de gás carbônico no módulo espacial.<br />
Para reduzir o teor desse gás na cabine da nave, foi improvisado um filtro com hidróxido de lítio que, por<br />
reação química, removia o gás carbônico formado.<br />
a) Escreva a equação química que justifica o uso do hidróxido de lítio como absorvedor desse gás.<br />
b) Qual seria a massa de hidróxido de lítio necessária para remover totalmente o gás carbônico presente,<br />
considerando-o a uma pressão parcial igual a 2 % da pressão ambiente total de 1,0 atm, estando a cabine<br />
à temperatura de 20 ºC e supondo-se um volume interno de 60 m 3 ? Dado: R = 0,082 atm L mol –1 K –1<br />
a) 2 LiOH + CO 2 = Li 2CO 3 + H 2O<br />
Ou<br />
LiOH + CO 2 = LiHCO 3<br />
(2 pontos)<br />
▲
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Comentários<br />
▲<br />
Química<br />
b) 1 atm ⇒ 100%<br />
pCO 2 ⇒ 2% pCO 2 = 0,02 atm (1 ponto)<br />
p v = n CO2 RT ⇒ n CO2 = p v / RT = 0,02 × 60000 / 0,082 × 293 ⇒ n CO2 = 50 moles (1 ponto)<br />
Se n CO2 = 50 moles, pela estequiometria da reação a quantidade de LiOH seria de 100 moles. Como a<br />
massa molar do LiOH é 24 g / mol, a massa de LiOH seria 2400 gramas.<br />
Ou<br />
Se n CO2 = 50 moles, pela estequiometria da reação a quantidade de LiOH seria de 50 moles. Como a<br />
massa molar do LiOH é 24 g / mol, a massa de LiOH seria 1200 gramas. (1 ponto)<br />
a) 2 Li(OH) + CO 2 → 2Li + H 2CO 4<br />
b) Temos<br />
P CO 2 = 2% de 1 atm = 2 x 10 -2 atm<br />
V = 60 m 3 = 6 x 10 4 L<br />
T = 20 ºC = 293 K , R = 0,082 , M Li(OH) = 24 g / mol<br />
Sabendo que P V = n R T fi n = P V / R T fi n = 86 mol<br />
m Li(OH) = 86 x 2 x 24 = 4128 g<br />
a) 2 LiOH + CO 2 → Li 2CO 3 + H 2O<br />
b) P V/T = P o V o / T o<br />
c) 0,02 x 60000 / 293 = 1 V o / 273<br />
V o = 1118 L nas CNTP 2 x 24 g de Li — 22,4 L de CO 2<br />
m — 1118 L de CO 2<br />
m = 1118 x 48 / 22,4<br />
m = 2,348 kg de LiOH<br />
Trata-se de questão que examina o conhecimento de reações químicas ácido-base, de gases e de estequiometria.<br />
A média (1,49) obtida pelos candidatos indica que tiveram dificuldade. Provavelmente, mais uma<br />
vez, a dificuldade deve ter sido criada mais pelo fato de haver uma contextualização do que pelas perguntas<br />
em si pois, examinado-se com cuidado a questão, verifica-se que ela trata de assuntos muito vistos na escola.<br />
81
História
QUESTÃO 13<br />
Resposta<br />
esperada<br />
História<br />
A prova dissertativa de História da <strong>Unicamp</strong> tem como objetivo principal avaliar o conhecimento<br />
histórico adquirido pelo candidato durante o seu estudo nos ensinos fundamental e médio. Tal afirmação<br />
dita de forma muito sintética pode parecer uma redundância, pois todos os vestibulares têm como finalidade<br />
medir o conhecimento adquirido pelos candidatos em sua formação na escola dos ensinos fundamental<br />
e médio. Entretanto, devemos esclarecer que a <strong>Unicamp</strong> em sua proposta de prova dissertativa<br />
pretende avaliar o conhecimento histórico dos candidatos sem se restringir aos critérios de certo ou<br />
errado, falso ou verdadeiro que caracterizam os exames vestibulares. Procurando levar em consideração<br />
a natureza dos materiais didáticos utilizados pelos candidatos, a <strong>Unicamp</strong> pretende avaliar de que modo<br />
os estudantes são capazes de elaborar respostas coerentes com o repertório de informações e conteúdos<br />
históricos que, hoje em dia, são veiculados pelos materiais didáticos destinados às escolas do ensino<br />
fundamental e do ensino médio.<br />
As questões elaboradas pela <strong>Unicamp</strong> não prevêem um único tipo de resposta dissertativa, de acordo<br />
com um gabarito utilizado para a correção da prova. Ao contrário, por se tratar de uma prova cuja proposta<br />
é a de aferir os conhecimentos dos estudantes a partir de materiais didáticos que, de antemão, sabemos ser,<br />
eles próprios, comprometidos com um certo modo de se conhecer a história, a <strong>Unicamp</strong> espera receber<br />
como resposta, justamente, o modo como, a partir destes materiais didáticos disponíveis aos ensinos fundamental<br />
e médio, os estudantes entendem, compreendem e interpretam os acontecimentos históricos.<br />
Por estas razões, a prova da <strong>Unicamp</strong> visa menos à justeza das respostas dos candidatos durante a<br />
correção, mas, principalmente, ao modo como as respostas são elaboradas e às operações intelectuais<br />
que eles são capazes de fazer para responder com coerência as questões propostas. Evidentemente, as<br />
questões são propostas procurando alcançar um leque amplo de possibilidades de elaboração do conhecimento<br />
histórico por parte dos candidatos. Nesse sentido, a prova da <strong>Unicamp</strong> procura avaliar também<br />
em que medida os ensinos fundamental e médio têm sido capazes de propiciar as noções básicas para a<br />
compreensão da história.<br />
Neste caderno de questões, os candidatos não deverão procurar os gabaritos das questões do ano<br />
anterior, nem tampouco o modo correto de sua resolução. Estaremos oferecendo ao candidato as informações<br />
e orientações necessárias para se resolver a prova de História da <strong>Unicamp</strong>, deixando claro que<br />
estamos cientes das limitações do material didático disponível para os candidatos em sua preparação<br />
para o vestibular. Temos consciência também de que as áreas de interesse do conhecimento histórico<br />
mudam periodicamente e, às vezes, um assunto entra em evidência durante alguns anos e cai no esquecimento<br />
anos mais tarde. Isto porque o conhecimento histórico do passado responde às expectativas que<br />
o próprio presente coloca para si mesmo, sendo por isso muito comum a renovação das abordagens<br />
históricas e um renovar permanente dos temas e assuntos de interesse histórico.<br />
Nessa medida, torna-se tarefa muito difícil, hoje em dia, delimitar o conteúdo da história como disciplina<br />
de aprendizagem dos ensinos fundamental e médio. A prova de História da <strong>Unicamp</strong>, procurando<br />
apresentar um conteúdo próximo àquilo que vem sendo estudado pelos candidatos, leva em conta, principalmente,<br />
o material didático de história que anualmente está sendo utilizado na maioria das escolas. A<br />
diferença é que a <strong>Unicamp</strong> tem uma maneira muito própria de aferir estes conhecimentos históricos dos<br />
candidatos. Nesse sentido, a prova da <strong>Unicamp</strong> é diferente de todas as outras, como os candidatos devem<br />
ter notado ao longo destes anos.<br />
No ano de 73 a. C., um grande número de escravos e camponeses pobres se rebelaram contra as autoridades<br />
romanas no sul da Itália. Os escravos buscavam retornar às <strong>suas</strong> pátrias. Depois de resistirem aos<br />
exércitos romanos durante dois anos, a maioria foi massacrada. (Traduzido e adaptado de P. Brunt, Social<br />
Conflicts in the Roman Republic)<br />
a) Compare a escravidão na Roma Antiga e na América Colonial, identificando <strong>suas</strong> diferenças.<br />
b) Quais foram as formas de resistência escrava nesses dois períodos?<br />
Em a, o candidato pontuava ao identificar corretamente a característica da escravidão na Roma Antiga e<br />
na América colonial. O item valia 3 pontos. O candidato obtinha 2 pontos pelas características citadas,<br />
assim distribuídos: 1 ponto para Roma e 1 ponto para América. O candidato que executasse o exercício de<br />
comparação e identificasse as diferenças na escravidão naqueles dois períodos chegava aos 3 pontos.<br />
O item b valia 2 pontos. O candidato pontuava ao citar formas de resistência escrava nestes dois períodos, por<br />
exemplo, fugas, rebeliões, abortos, assassinatos de senhores, suicídio, boicote ao trabalho, e, no caso da América,<br />
quilombos. Cada citação valia 1 ponto. O candidato que respondesse que não havia resistência zerava o item.<br />
83
História<br />
84<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 14<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exercícios de história comparativa já não são novidade no Vestibular <strong>Unicamp</strong>. Esta questão exigia do<br />
candidato um exercício comparativo sobre escravidão em Roma e na América colonial (incluindo-se aí o<br />
Brasil). Na prova do ano anterior pedia-se um exercício semelhante com o conceito de colonização em Roma<br />
e no Brasil.<br />
A questão foi bem respondida. O tema é tradicional e bem conhecido dos alunos. O enunciado, que falava<br />
de fuga e rebelião, ajudava na resposta. O candidato que soubesse o significado do termo resistência escrava<br />
(o que foi o caso da maioria), retirava do próprio enunciado da questão a resposta para o item b.<br />
a) A escravidão na Roma antiga era formada por prisioneiros de guerra (povos pertencentes às terras conquistadas<br />
pelo Império Romano). Os escravos exerciam funções diversas, inclusive atuavam como intelectuais,<br />
como professores. Já, na América colonial, os escravos eram basicamente índios e negros,<br />
capturados e transportados para as grandes fazendas ou para as minas, obrigados a realizarem trabalho<br />
forçado e braçal.<br />
b) Os escravos do antigo Império Romano se revoltavam, recusando-se a cumprir <strong>suas</strong> funções, os escravos<br />
da América colonial fugiam para o mato e lá constituíam pequenas comunidades longe da violência<br />
branca — os quilombos.<br />
a) Na Roma: alimentação descente; os donos pagavam um tipo de imposto para serem seus governantes;<br />
quem era escravo podia se tornar plebeu. Na América: maus cuidados ; era capturado e se tornava<br />
escravo; quem nascia escravo morria escravo.<br />
b) As lutas.<br />
Em 15 de julho do ano de 1099, os cruzados tomaram Jerusalém. Eles massacraram homens, mulheres e<br />
crianças, assaltaram casas e saquearam as mesquitas. O saque foi o ponto de partida de uma hostilidade<br />
milenar entre o Islão e o Ocidente. (Adaptado de A. Maalouf, As cruzadas vistas pelos árabes)<br />
a) Qual o significado da retomada de Jerusalém para a cristandade européia?<br />
b) Caracterize dois conflitos na história contemporânea que revivem essa hostilidade entre cristãos e muçulmanos.<br />
O item a valia 1 ponto. A grade contemplava tanto o significado espiritual da retomada de Jerusalém para<br />
os cristãos do Ocidente como seus significados políticos. Como exemplo do primeiro caso, o candidato que<br />
mencionasse que Jerusalém era a “Terra Santa para os cristãos” obtinha 1 ponto. Entre outras variantes,<br />
aceitava-se também “Terra Sagrada”, “lugar onde Jesus morreu e ressuscitou”, “local do Santo Sepulcro”,<br />
“berço do cristianismo,” etc. No segundo caso, o candidato enfatizava que a conquista de Jerusalém significava<br />
a reunificação da Igreja; afirmava ou confirmava a “supremacia” da Igreja católica romana; “indicava<br />
que Deus estava do lado dos católicos”; “ampliava o poder da Igreja de Roma,” etc.<br />
O item b cruzava os conteúdos de história medieval com os de história moderna e contemporânea.<br />
Esperava-se que o candidato citasse e caracterizasse conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos no mundo<br />
moderno. O item valia 4 pontos e comportava uma possibilidade grande de respostas. Para obter os 4<br />
pontos, esperava-se que o candidato não só citasse os conflitos, mas que discorresse sobre <strong>suas</strong> características<br />
religiosas, políticas, econômicas, etc. Entre vários exemplos, a grade contemplava: Guerra do Golfo<br />
(EUA vs. Iraque), imperialismo nos séculos XIX e XX (europeus na África do Norte, Oriente Médio e Índia), a<br />
Guerra da Bósnia, do Kosovo e os conflitos no Timor Leste, a Guerra da Tchetchênia, os conflitos da Armênia<br />
vs. Azerbaijão, Turquia vs. Armênia, conflitos em Chipre, Líbano, Nigéria, etc.<br />
Esta questão explorava, mais uma vez, o tema guerras de religião, já abordado na prova do ano anterior.<br />
Nas duas <strong>provas</strong>, entendia-se conflito religioso como um problema muito comum em situações históricas<br />
distintas. Aproveitando o texto do enunciado, que fala de uma hostilidade milenar entre cristãos e muçulmanos,<br />
a questão também chamava atenção para a ressonância do passado no presente. Nos conflitos da Bósnia<br />
e do Kosovo, por exemplo, a memória da derrota dos sérvios cristãos para os turcos muçulmanos na Idade<br />
Média serviu como uma das justificativas para a aniquilação dos bósnios muçulmanos. No geral, a questão foi<br />
bastante respondida. O item b apresentou mais dificuldades, uma vez que os candidatos não conseguiam<br />
caracterizar o conflito citado ou o caracterizavam erradamente. Um erro muito comum foi tomar os conflitos<br />
entre árabes e israelenses (ou seja, entre muçulmanos e judeus) por conflitos entre cristãos e muçulmanos, o<br />
que parece refletir uma certa falta de preparo dos alunos do ensino médio para tratar de temas atuais em<br />
história contemporânea.
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 15<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
História<br />
a) A retomada de Jerusalém pelos europeus em 1099 significava retomar o domínio do berço do cristianismo,<br />
ou seja, o local onde Jesus Cristo foi morto e ressuscitado.<br />
b) Um conflito da história contemporânea entre cristãos e muçulmanos é o conflito entre os EUA e o Iraque.<br />
O Iraque com intenções de dominar o comércio internacional de petróleo, invade o Kwait. Para evitar que<br />
o Iraque dominasse o comércio de petróleo do mundo, os EUA entram em guerra com o Iraque, acirrando<br />
as diferenças entre cristãos e muçulmanos, assim mesmo, depois do fim da guerra, a relação entre os<br />
dois países continuou conflituosa. Outro conflito é o conflito entre sérvios cristãos ortodoxos e kosovares<br />
muçulmanos. Após a morte de Tito, a Iugoslávia passa por um desmembramento em países com culturas<br />
diferentes. O último a tentar independência foram os kosovares muçulmanos que foram reprimidos pelos<br />
sérvios, gerando um conflito que contou com a participação americana a favor dos kosovares.<br />
a) Para que os Jesuítas tenha um lugar para ficar, pois antes estavam espalhados pelo mundo.<br />
b) Reforma e Contra-Reforma.<br />
Podemos dizer que a idéia de globalização é mais antiga do que imaginamos. Alguns acreditam que sua<br />
origem remonta a uma Bula Papal, de 1493, que pela primeira vez empregou a palavra descobrimento. Por<br />
este documento, a Europa adquiria o direito de converter à sua religião os povos do mundo e se apropriar<br />
das terras por ela descobertas. Evidentemente, trata-se de uma idéia unilateral e unidimensional de globalização:<br />
foram desconsideradas, quando não aniquiladas, as diferenças culturais e sociais. (Adaptado de<br />
Eduardo Subirats, O mundo, todo e uno)<br />
a) Quais os países europeus que desencadearam essa globalização?<br />
b) Por que o autor considera unilateral essa globalização?<br />
c) De acordo com o enunciado, qual o significado de descobrimento para os europeus? Por que, hoje, eles<br />
são contestados?<br />
O item a valia 1 ponto, exigia informação e esperava-se que o candidato respondesse Portugal e Espanha.<br />
No item b, valendo 2 pontos, o candidato retirava a resposta do texto: a globalização foi unilateral<br />
porque, segundo o autor, a unificação do mundo foi realizada exclusivamente pelos europeus, desrespeitando<br />
as culturas e religiões dos povos conquistados e submetendo-os à exploração econômica. Em c, valendo 2<br />
pontos, a partir do enunciado, o candidato obtinha 1 ponto ao responder sobre o significado religioso (“direito<br />
de converter à sua religião os povos do mundo”) e/ou econômico dos descobrimentos (“direito... de se<br />
apropriar das terras... descobertas”). Chegava aos 2 pontos o candidato que explicasse que os descobrimentos<br />
são contestados porque o conceito de descobrimento impõe uma visão unilateral, eurocêntrica, que<br />
desconsidera a história, a cultura ou a religião dos povos conquistados. O candidato igualmente obtinha 1<br />
ponto se falasse que os descobrimentos foram associados à violência e ao genocídio de populações indígenas.<br />
Aproveitando a efeméride dos 500 anos do Brasil, esta pergunta tratava do tema descobrimento e exigia<br />
que o candidato refletisse sobre o caráter arbitrário e unilateral deste conceito. Em a, para obter 1 ponto, o<br />
candidato precisava citar as duas potências ibéricas. Uma vez que a pergunta foi feita no plural, não bastava<br />
o candidato mencionar uma só. A pergunta era fácil e abordava conteúdos clássicos e bastante trabalhados no<br />
ensino médio. O candidato que enumerasse outros países sem identificar a precedência dos portugueses e<br />
espanhóis, também não pontuava. Este foi um erro comum. O item b cobrava um exercício simples de leitura<br />
e interpretação de texto. A resposta era retirada do próprio enunciado. Bastava que o candidato “copiasse”ou<br />
parafraseasse o enunciado e tivesse lido com atenção a pergunta para pontuar neste item. O enunciado<br />
também ajudava na resposta do item c, que exigia um exercício de raciocínio histórico. O candidato que<br />
percebesse que o descobrimento garantia às potências européias o direito de converter e de se apropriar das<br />
terras descobertas facilmente respondia esse item.<br />
a) Portugal e Espanha.<br />
b) Porque era imposto às regiões “descobertas” a cultura e a religião européias, sendo quase que eliminados<br />
os elementos da cultura nativa. Os países que se lançavam na expansão marítima eram todos europeus<br />
e todos implantaram o cristianismo e a exploração das duas colônias.<br />
c) O significado do descobrimento para os europeus era a total dominação de <strong>suas</strong> colônias, explorando-as<br />
com o objetivo de obter lucro e desenvolvimento para a metrópole, sendo necessário para isso dizimar a<br />
cultura nativa e impor a européia. Esses descobrimentos são contestados porque não foi um mero descobrimento,<br />
mas uma dominação de um território que não pertencia aos europeus.<br />
85
História<br />
86<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 16<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
a) Portugal, Espanha, Holanda e Inglaterra.<br />
b) Porque só prejudicaria os países menos desenvolvidos, que assumem uma posição de produtores de<br />
matérias-primas e mercado consumidor, sendo prejudicados pela exploração dos seus recursos naturais.<br />
c) Mais territórios para tomar posse. Esse conceito é contestado pelos países do 3º mundo ou subdesenvolvidos<br />
porque tende a prejudicá-los nas relações comerciais.<br />
A caricatura abaixo, entitulada “A besta papal de sete cabeças”, de 1530, representa o papa e a hierarquia<br />
eclesiástica sob uma cruz na qual está escrito, em alemão: “por dinheiro, uma bolsa de indulgências”.<br />
Caricaturas como esta e outras semelhantes foram impressas e circularam amplamente na Europa nessa<br />
época.<br />
a) Que movimento religioso essa caricatura representa e qual a sua crítica à Igreja católica?<br />
b) Qual o papel da imprensa na difusão desse movimento?<br />
O trabalho com iconografia constitui uma tradição nas <strong>provas</strong> da <strong>Unicamp</strong>. O item a valia 3 pontos: 1<br />
ponto pela identificação do movimento religioso e 2 pontos pela crítica que este movimento faz à Igreja<br />
Católica. O movimento era a Reforma Protestante (ou Luteranismo, Reforma, Protestantismo, etc.). Para<br />
caracterizar a crítica à Igreja, o candidato podia remeter ao enunciado da pergunta à imagem ou à sua<br />
bagagem de conhecimentos. A Reforma, especialmente a luterana, criticava a venda de indulgências, a<br />
desmoralização e ganância dos clérigos, a autoridade e infalibilidade do Papa, o culto aos santos, às imagens<br />
e às relíquias e a salvação pelos atos. O candidato que não identificasse corretamente o movimento, zerava<br />
o item. Em b, valendo 2 pontos, o candidato que falasse que a imprensa possibilitou a difusão das idéias ou<br />
doutrinas protestantes obtinha 1 ponto. A divulgação da Bíblia também valia 1 ponto. A melhor resposta,<br />
que explicava que a imprensa contribuiu para quebrar o monopólio cultural da Igreja católica, valia 2 pontos.<br />
Esta pergunta trabalhava um conteúdo tradicional e foi bastante respondida. O item a avaliava (1) a<br />
capacidade de o candidato ler e interpretar imagens e (2) a capacidade de estabelecer relações entre elas e o<br />
contexto histórico. A imagem era muito sugestiva e a legenda que a acompanhava ajudava na resposta deste<br />
item. O item b exigia do candidato um exercício de raciocínio, testando a sua capacidade de estabelecer<br />
relações entre fenômenos históricos contemporâneos mas distintos entre si, quais sejam, a Reforma e a<br />
invenção da imprensa. A imagem e o enunciado, de novo, contribuíam para a solução deste item. Obviamente,<br />
o candidato precisava situar a imprensa no contexto histórico do século XVI. Só assim evitava o anacronismo<br />
de tratar a imprensa como a mídia moderna ou como uma instituição autônoma, que noticiava sobre os<br />
desmandos da Igreja católica. Esse foi um erro comum.<br />
a) É a Reforma, que criticava o alto clero e as <strong>suas</strong> mordomias, a venda de indulgências e a simonia.<br />
b) Com a Reforma, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão e pregou a livre interpretação da Bíblia. A<br />
imprensa também ajudou na velocidade de difusão deste movimento.<br />
a) É a Contra-Reforma e critica a venda de perdões: papéis com o perdão escrito (indulgência) eram trocados<br />
por moedas. Ou seja, a Igreja ganhava dinheiro em cima da crença dos outros.<br />
b) A imprensa introduziu à população um novo modo das (sic) pessoas pensarem, um modo de pensamento<br />
mais liberal, o homem tendo o próprio pensamento, sobre tudo e todos.
QUESTÃO 17<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 18<br />
Resposta<br />
esperada<br />
História<br />
No Brasil colonial, além da grande propriedade açucareira de produção escravista, o historiador Caio Prado<br />
enumera outras atividades econômicas importantes como, por exemplo, a mineração do século XVIII, que<br />
era também uma atividade voltada para o comércio externo. (Adaptado de Caio Prado Júnior, Formação do<br />
Brasil Contemporâneo, Editora Brasiliense, 1979).<br />
a) Caracterize esta atividade econômica em termos de região geográfica e de sua organização do trabalho<br />
e de desenvolvimento urbano.<br />
b) Cite e caracterize duas outras atividades econômicas do Brasil colonial que não eram voltadas para o<br />
comércio externo.<br />
De acordo com a grade de elaboração poderiam ser esperadas respostas mais ou menos objetivas em<br />
ambos os itens desta questão. Para a, valendo 3 pontos:<br />
• Minas Gerais;<br />
• Regime de trabalho escravo e de homens livres faiscadores;<br />
• aparecimento de cidades com as atividades comerciais e profissionais ligas à mineração.<br />
Para b, valendo 2 pontos<br />
• Economia extrativa no Vale do Amazonas, com o cacau, a nós, o pau-brasil, feita por empresários colhedores;<br />
• Pecuária no sul do Brasil;<br />
• agricultura de subsistência.<br />
Questão formulada para se cobrar quase que exclusivamente o conteúdo de história colonial. Evidentemente,<br />
o conteúdo exigido não era apenas descritivo, uma vez que o candidato deveria conhecer o conceito de<br />
mercado interno, de economia de subsistência e de mercado exportador.<br />
a) A mineração no Brasil so século XVIII ocorreu sobretudo na região onde hoje se situa o estado de Minas<br />
Gerais. Apesar de haver mão de obra livre, era a escrava que predominava, sendo utilizados os negros.<br />
Durante esta época houve grande desenvolvimento urbano na região mineradora. Houve grande fluxo<br />
migratório para região e, para suprir <strong>suas</strong> necessidades, existia um comércio expressivo.<br />
b) Entre as atividades voltadas para o comércio interno destacam-se a pecuária nordestina, voltada inicialmente<br />
para suprir as necessidades das fazendas açucareiras, possuindo principalmente mão de obra livre<br />
e também o extrativisimo vegetal, ocorrido na Amazônia, em que se procuravam drogas do sertão.<br />
a) A mineração do século XVIII era muito rica, com dificuldades para a agricultura, <strong>suas</strong> plantações eram<br />
feitas por irrigação, o trabalho era manual, pessoas tinham que fazer o trabalho pesado. No caso do<br />
desenvolvimento urbano ainda era primitivo.<br />
b) A produção de petróleo não era voltada para o comércio externo e também a plantation não era voltada<br />
para o comércio externo.<br />
O português entrou em contato íntimo e freqüente com a população de cor. Mais do que nenhum povo da<br />
Europa, cedia com docilidade ao prestígio comunicativo dos costumes, da linguagem e das seitas dos<br />
indígenas e negros. Americanizava-se ou africanizava-se, conforme fosse preciso. (Adaptado de Sérgio Buarque<br />
de Holanda, Raízes do Brasil, Cia. das Letras, 1995, p. 64).<br />
Simetria: (do grego symmetria, ‘justa proporção’) S. m. 1. Correspondência em grandeza, forma e posição<br />
relativa de partes situadas em lados opostos (...) (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 1986, p.<br />
1586).<br />
De acordo com os enunciados acima responda:<br />
a) Quais os componentes culinários, linguísticos e musicais da cultura brasileira que revelam a adoção de<br />
costumes negros e indígenas por parte do branco europeu.<br />
b) Você concordaria com a afirmação de que houve uma relação de simetria entre a cultura branca e a dos<br />
negros e índios durante o período colonial? Justifique porque sim ou porque não.<br />
Nesta questão o candidato precisava conhecer e saber trabalhar o conceito de trocas culturais e perceber<br />
de que maneira muitos de nossos hábitos e costumes são oriundos das culturas negra e indígena. Além<br />
▲<br />
87
História<br />
88<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 19<br />
▲<br />
Resposta<br />
esperada<br />
disso, teria de raciocinar e deduzir se as trocas culturais, segundo a sua avaliação histórica, ocorreram<br />
mediante uma condição de simetria<br />
No item a, valendo 3 pontos, o candidato deveria citar elementos da língua indígena como o nome de<br />
cidades, de rios e de alimentos, como também identificar elementos da cultura negra, como a religião, a<br />
música, a culinária. Cada elemento vale 1 ponto.<br />
No item b, valendo 2 pontos, ao responder negativamente, o candidato deveria explicar a inexistência da<br />
simetria nessas trocas culturais, baseando-se principalmente na questão da escravidão e no aprisionamento<br />
dos indígenas. Se respondessem afirmativamente, deveriam se referir à adaptação do português na adoção<br />
de costumes dos negros e índios. (Recupera-se aqui o argumento do historiador Sérgio Buarque de Holanda,<br />
que abre a possibilidade de explicar essas trocas como simétricas.)<br />
Assim como havíamos proposto uma questão sobre trocas culturais na primeira fase que fugia dos conteúdos<br />
convencionais, aqui também está formulada uma questão onde exigimos conteúdo histórico e capacidade<br />
de dedução. Para o item b da questão não havia apenas uma resposta certa posto que o que se esperava era<br />
o modo de argumentação do candidato, a favor ou contra a idéia de trocas culturais simétricas. Houve respostas<br />
ainda mais sofisticadas, que foram capazes de ponderar e argumentar a favor do sim e do não na questão<br />
da simetria.<br />
a) Na culinária destacam-se elementos como a feijoada. Na linguagem, pode-se citar palavras como Anhangabaú<br />
e Mogi-Mirim de origem indígena e quanto à música, destacam-se o samba e a capoeira, oriundas<br />
da cultura negra.<br />
b) Não houve simetria entre essas culturas no período colonial. Apesar da influência negra e indígena nos<br />
costumes do banco europeu, foi a cultura européia que se sobressaiu sobre as ouras. Religião, linguagem,<br />
elementos culturais, modos de se vestir, todos esses elementos foram duramente impostos a negros<br />
e índios no período colonial.<br />
a) Elementos adotados de costumes negros e indígenas por parte do branco europeu são no caso da culinária,<br />
o bambu que é feito para comer, o modo de falar algumas palavras como saracura para nome de<br />
pessoa e elementos musicais dos indígenas como o sopro, no caso a flauta dentre outros<br />
b) Sim, pois muitos dos costumes dos brancos foram passados para os negros e indígenas, como aprender<br />
a ler e escrever, no qual os padres ensinavam eles. Como alguns costumes de negros e indígenas foram<br />
passados aos brancos, nos quais estão até os nossos dias.<br />
Neste cenário, em uma triste e silenciosa solidão, quase perdidos no espaço, dispersos em uma imensa<br />
plantação de café, dez ou vinte quilômetros distante do menor vilarejo, vivem milhares e milhares de<br />
italianos. (Relato de uma viagem ao Brasil no início do século XX do viajante italiano Luciano Magrini, In<br />
Brasile, 1926).<br />
a) Quais as condições políticas e econômicas na Itália na segunda metade do século XIX que provocaram o<br />
movimento migratório em direção à América?<br />
b) Quais foram as localidades geográficas brasileiras ocupadas pela imigração italiana nas últimas décadas<br />
do século XIX<br />
c) Quais as características econômicas da agricultura cafeeira?<br />
Outra questão de natureza conteudística na qual o candidato deveria saber cruzar informações históricas.<br />
Normalmente os conteúdos sobre o processo de unificação italiana e <strong>suas</strong> relações com a economia cafeeira<br />
e com a imigração não aparecem relacionados de maneira criativa nos livros didáticos. A grade de resposta<br />
era suficientemente ampla e dava muitas possibilidades de respostas relativamente objetivas em qualquer<br />
um dos três itens.<br />
Item a:<br />
• processo político: unificação promovida pelos estados desenvolvidos do norte; (1 ponto)<br />
• processo econômico:<br />
• empobrecimento dos camponeses do sul da Itália devido às obrigações fiscais decorrentes<br />
da unificação do reino da Itália.<br />
• aparecimento de uma classe de grandes proprietários no sul aliada às burguesias<br />
comerciais e industriais do norte. (1 ponto)<br />
▲
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 20<br />
Resposta<br />
esperada<br />
▲<br />
História<br />
Item b:<br />
Noroeste do estado de SP em direção a Minas Gerais, como também a região sul do Brasil,<br />
principalmente Rio Grande do Sul, e também o Espírito Santo. (1 ponto)<br />
Item c:<br />
Grande propriedade rural;<br />
Produção voltada para a exportação;<br />
Predominância do trabalho livre, que explica o fluxo imigratório;<br />
Desenvolvimento de centros urbanos voltados às atividades complementares,<br />
como a comercial, ferroviária, portuária, etc. (2 pontos)<br />
Nesta questão procuramos reforçar mais uma vez a proposta já bastante em uso pelo vestibular da <strong>Unicamp</strong>,<br />
isto é, fazer com que o candidato estude a história do Brasil em conjunto com a história de outros<br />
povos. Na maioria dos livros didáticos há pouca ênfase no estudo de processos históricos de grande amplitude<br />
como foi o caso das emigrações européias do final do século XIX.<br />
a) Na Itália, a causa fundamental desse movimento foi a unificação desse país. Antes dela, observava-se o<br />
norte comercial e rico(com cidades ccomo Gênova e Veneza) e o sul agrário e mais pobre. A unificação<br />
unificou também os impostos aos habitantes causando ruína na população do sul e fazendo-os migrar<br />
b) Nas últimas décadas do século XIX os italianos ocuparam principalmente regiões do Oeste Paulista, onde<br />
situavam grandes plantações de café<br />
c) A agricultura cafeeira era maciçamente voltada para o mercado externo, sendo o principal produto de<br />
exportação brasileiro do período. A mão de obra provinha se imigrantes, sobretudo italianos, que trabalhavam<br />
de forma livre na cultura cafeeira. O poder econômico era voltado para os cafeicultores, em<br />
prejuízo dos trabalhadores.<br />
a) Nas condições que a Itália estava em guerra, ou seja, em conflito com a Espanha pelo objetivo de<br />
conquistar novas terras para a expansão do território. No caso politicamente, a Itália estava falindo, pois<br />
teria que investir na guerra para poder vencer.<br />
b) Foram ocupadas a região noredeste e a região central do Brasil pelos italianos.<br />
c) O Brasil estava muito bem economicamente com a produção do café, sua economia estava crescendo<br />
cada vez mais.<br />
Leia com atenção este texto de 1901, em defesa dos direitos operários e responda:<br />
A organização operária, que vai se fazendo nesta cidade, trouxe, como principal consequência, a multiplicação<br />
das greves.(...) Verdade é que tivemos de assistir, nos últimos anos, ao irrompimento de umas cinco<br />
ou seis greves, quase todas bem sucedidas. (Evaristo de Moraes, Apontamentos de direito operário, 1905,<br />
p. 61).<br />
a) Caracterize a situação dos direitos dos trabalhistas urbanos e rurais no Brasil nas três primeiras décadas<br />
do século XX e cite as principais conquistas grevistas do período?<br />
b) Compare estas conquistas do início do século com os direitos trabalhistas e sindicais da constituição<br />
brasileira de 1988<br />
Procuramos com esta questão avaliar até que ponto os candidatos seriam capazes de ultrapassar os<br />
conhecimentos adquiridos através dos livros didáticos. Esperava-se que o candidato, lendo o enunciado com<br />
atenção, fosse capaz de chegar a algumas conclusões sobre a legislação trabalhista no Brasil, sem transformar<br />
a figura de Getúlio Vargas num herói da classe trabalhadora.<br />
a)<br />
• ausência de direitos trabalhistas nas duas primeiras décadas, sendo a greve uma questão de polícia e não<br />
de regulamentação estatal. Embora tenha havido a promulgação de algumas leis trabalhistas, elas não<br />
chegaram a ser devidamente aplicadas, na maioria das vezes<br />
• lutas e reivindicações dos trabalhadores nas três primeiras décadas do século XX:<br />
• lei de férias;<br />
• regulamentação do trabalho do menor e da mulher;<br />
• limitação da jornada de trabalho;<br />
• ausência de qualquer tipo de lei protetora do trabalhador rural. (3 pontos)<br />
▲<br />
89
História<br />
90<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 21<br />
▲<br />
Resposta<br />
esperada<br />
b)<br />
• jornada de trabalho de 44h<br />
• licença gestante<br />
• trabalhador rural passou a ter o mesmo direito que o trabalhador urbano<br />
• o Estado está proibido de intervir nos sindicatos<br />
• direito irrestrito de greve, com funcionamento mínimo nos setores<br />
fundamentais da sociedade. (2 pontos)<br />
Nesta questão esperava-se que o candidato fosse capaz de deduzir que a questão dos direitos trabalhistas<br />
no Brasil não começou pela promulgação da CLT, com Vargas. O candidato deveria perceber que desde a<br />
origem do movimento operário no Brasil há uma luta pela defesa dos direitos trabalhistas, nem sempre<br />
aplicados mediante a tutela do Estado, como aconteceu a partir do Governo Vargas. Pretendemos também que<br />
o candidato pensasse a questão dos direitos trabalhistas contidos na constituição de 1988, para avaliar de<br />
que modo esta legislação é resultado de um processo histórico que não começou pela mãos benevolentes de<br />
Getúlio Vargas.<br />
a) Os trabalhadores urbanos e rurais não possuíam nenhuma legislação que lhes assegurasse direitos, ao<br />
contrário disso, não possuíam férias, as jornadas eram de 12 a 16 horas. Comn o início das greves as<br />
conquistas iniciaram, como redução gradual das horas de trabalho e o descanso semanal. Vale lembrar,<br />
que muitas destas conquistas atingiram apenas os trabalhadores urbanos, já que eram nas cidades que<br />
aconteciam a maior parte sos movimentos dos trabalhadores.<br />
b) Comparando os direitos da atual constituição com as conquistas do início do século, vemos um grande<br />
avanço, como por exemplo a equiparação do trabalhador rural com o urbano, a liberdade sindical e o<br />
direito de greve. Entretanto, atualmente, segue-se uma tendência de diminuição dos direitos trabalhistas<br />
que ocorrem devido a pressão das empresas.<br />
a) A situação dos direitos dos trabalhadores no Brasil era ainda a mesma, os trabalhadores “sem direito” de<br />
reivindicar seus direitos, sem cuidados no trabalho, com máquinas perigosas, trabalhando sem ter descanso<br />
em período de trabalho e sem ter um salário digno para poder sustentar a família.<br />
b) Na constituição Brasileira os trabalhadores conseguiram muito mais conquistas grevistas, pois tinham<br />
direito de trabalhar com segurança, sem emdo de morrer no trabalho, também com direito a salário<br />
razoável para o sustento da família. Os direitos trabalhistas foram bons para ajudar os trabalhadores a<br />
trabalhar mais seguro.<br />
A ditadura de Porfirio Díaz (1876-1911) produziu no México uma situação de superficial bem-estar econômico,<br />
mas de profundo mal-estar social. (...) Fizeram-no chefe de uma ditadura militar burocrática destinada<br />
a sufocar e reprimir as reivindicações revolucionárias. ...Amparavam-na os capitalistas estrangeiros,<br />
tratados então com especial favor. (José Carlos Mariátegui, A Revolução Mexicana, Coleção Grandes Cientistas<br />
Sociais, Ática, pp. 134-5).<br />
a) Quais as características do desenvolvimento econômico mexicano durante este período?<br />
b) Explique a situação socio-econômica da população indígena e camponesa durante a ditadura de Porfírio?<br />
c) Quais os grupos sociais e políticos que se opuseram à ditadura de Porfirio Dias e que desencadearam o<br />
processo da revolução mexicana?<br />
Esta pergunta tratava da Revolução Mexicana enfocando seus antecedentes. Primeiro, o candidato deveria<br />
indicar a situação econômica do México baseada na expansão do capitalismo, com o crescimento industrial,<br />
dos investimentos estrangeiros e dos latifúndios.<br />
Na seqüência, o candidato deveria falar do empobrecimento e descontentamento social dos camponeses<br />
e índios, à medida que as terras comunitárias dos índios foram incorporadas ao latifúndios e houve um<br />
processo de proletarização dos camponeses. Estas descrições da situação econômica mexicana e a exploração<br />
dos índios e camponeses, aliás <strong>comenta</strong>da na afirmação de Mariátegui, garantia ao candidato até 4<br />
pontos. Só então, era-lhe pedida uma informação nova acerca dos sujeitos sociais que iniciaram o processo<br />
revolucionário: anarquistas, socialistas, liberais ligados a Madero, o grande contingente de camponeses<br />
liderados por Zapata e Pancho Villa. Esta informação valia 1 ponto.<br />
▲
Comentários<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
▲<br />
História<br />
Na expectativa desta resposta, a grade assim era composta:<br />
a)<br />
• estimulou indústria<br />
• investimento estrangeiro<br />
• favoreceu a elite fundiária com a ampliação dos latifúndios<br />
• modernização da rede de transportes<br />
• expansão do marcado consumidor<br />
• uso da mão-de-obra barata<br />
• concessão do uso do subsolo (a multinacionais principalmente para a exploração do petróleo)<br />
•<br />
b)<br />
isenção fiscal (2 pontos)<br />
• tomou as terras comunitárias dos índios, que foram absorvidas pelos latifúndios (1 ponto)<br />
• proletarização dos camponeses (1 ponto)<br />
c) A elite liberal proprietária, liderada por Madero, anarquistas,<br />
socialistas e a grande massa dos camponeses liderada por<br />
Emiliano Zapata e Pancho Villa. (1 ponto para dois destes sujeitos sociais)<br />
Trata-se de um assunto recorrente nos livros didáticos ao estudar os movimentos revolucionários na América<br />
Latina. Esta revolução destaca-se, contudo, nesta literatura pela força de sua movimentação social e efetivo<br />
exercício de um governo revolucionário marcado pela presença camponesa – ao lado da Revolução Cubana.<br />
A pergunta enfocava os antecedentes desta Revolução, valendo-se da afirmação de Mariátegui que flagra<br />
justamente a contradição entre o desenvolvimento capitalista e o mal-estar social que ele produz entre camponeses<br />
e índios. O candidato dava uma densidade histórica ao comentário ao descrever tal contradição. Um<br />
equívoco frequente no item a foi o candidato preocupar-se em justificar o avanço capitalista, valorizando-o<br />
sem perceber a exploração social envolvida.<br />
Centrado ainda nos antecedentes da revolução, pedia-se, em c, a identificação dos sujeitos sociais responsáveis<br />
pela eclosão da revolução. Em b e c, privilegiava-se a precisão histórica da resposta sem escorregar em<br />
generalidades tais como: a “marginalização dos pobres” em b ou os “nacionalistas” em c, pois a pergunta<br />
incidia sobre grupos sociais atuantes na revolução.<br />
Havia uma dada noção de que a revolução é, enquanto processo histórico, marcada por antecedentes que<br />
podem funcionar como causas, motivos, motores, elementos que acabam acelerando e/ou detonando a revolução<br />
e certo domínio desta noção podia ajudar a explicar e entender tal processo histórico.<br />
a) O desenvolvimento econômico que se dava se caracterizou pela desapropriação de terras de índios e<br />
camponeses para a agricultura de plantation para exportação, garantindo capital para o país e usando<br />
mão de obra barata a procura de emprego. Comerciava com petróleo com outros países compradores,<br />
que estava em alta.<br />
b) A situação sócio-econômica da população indígena e camponesa era ruim, pois o sistema que Díaz<br />
implantou foi o de desapropriação de terras, deixando esses povos sem terra e assim sem sustento, tendo<br />
que se oferecer para trabalho nas fazendas ganhando pouco ou nada para ficar na terra.<br />
c) Povos nativos, camponeses, pequenos produtores e políticos que queriam chegar ao poder, de esquerda,<br />
desencadearam a revolução mexicana.<br />
a) Durante o governo de Porfírio Díaz, a economia desenvolveu-se apoiada no capital externo, que fazia<br />
investimentos e empréstimos. A indústria e a agricultura de exportação cresceram, dando a falsa impressão<br />
de prosperidade.<br />
b) A população indígena perdeu <strong>suas</strong> terras onde cultivava gêneros tradicionais para subsistência, o mesmo<br />
acontecendo aos camponeses, que foram obrigados a trabalhar nas grandes propriedades.<br />
c) Os grupos sociais rurais, camponeses e indígenas e líderes socialistas opuseram-se à ditadura, reivindicando<br />
a reforma agrária através da revolução.<br />
a) A economia estava praticamente estagnada. O aparente bem-estar econômico não mostrava a má distribuição<br />
de renda que provocava o mal-estar social.<br />
b) Camponeses e indígenas estavam em péssimas condições tendo pouco para comer e muito o que fazer<br />
para conseguir viver.<br />
c) Os camponeses e a classe média.<br />
91
História<br />
QUESTÃO 22<br />
92<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
A República do Paraguai se defendia heroicamente contra as agressões do Império do Brasil. (...) Para todas<br />
as nações, o heroísmo da resistência de tão pequena república contra aliados tão poderosos excitava a<br />
simpatia que sempre há pelo fraco (...). (D. F. Sarmiento, Questões Americanas, Coleção Grandes Cientistas<br />
Sociais, Atica, p. 124).<br />
a) Como Sarmiento representa neste texto o conflito entre o Brasil e o Paraguai?<br />
b) De que modo esta representação de Sarmiento ilustra o conflito político-ideológico no Brasil após a<br />
Guerra do Paraguai?<br />
c) Por que a Guerra do Paraguai contribuiu para o movimento abolicionista no Brasil?<br />
A resposta pedia uma boa leitura do enunciado e sua efetiva compreensão. Isto exigia do candidato que<br />
percebesse para além do conflito entre países (Brasil e Paraguai, no caso citado) uma disputa quanto às<br />
formas de governo: monarquia x república. Por outro lado, exigia a percepção, por parte do candidato, de que<br />
tal disputa estava instalada dentro do próprio Brasil, devido à emergência e à expansão do movimento<br />
republicano contra a monarquia vigente. Ora, pedia-se em a e b que o candidato nomeasse este conflito<br />
dentro e fora do Brasil que se punha como uma questão do Estado.<br />
Por último, a resposta vinculava a Guerra do Paraguai e o movimento abolicionista, pois os escravos nela<br />
lutaram, os soldados passam a simpatizar com a causa abolicionista, muitos escravos conseguiram sua<br />
alforria em virtude da sua participação na guerra e, além disso, crescia no Brasil a boa acolhida em meio à<br />
opinião pública do tema da abolição.<br />
Resumidamente a Grade era assim:<br />
a) pequeno estado republicano vs. Império monarquista e/ou desigualdade de forças. (1 ponto)<br />
b) ilustra o conflito entre o movimento republicano ascendente e a monarquia. (3 pontos)<br />
c) negros lutaram no exército. (1 ponto)<br />
Baseada numa boa leitura de enunciado, tarefa em geral considerada fácil e de rápida execução, esta<br />
pergunta foi pouco respondida e/ou teve muitos enganos no item a que pedia para nomear justamente o<br />
conflito das formas de governo. A resposta mais comum somente menciona a luta entre o grande/forte Brasil<br />
versus o pequeno/fraco Paraguai. Este comportamento do item a dificultava a apreensão de que o item b<br />
repetia o mesmo conflito, desta feita dentro do Brasil. Propositadamente, a pergunta trabalhava esta relação<br />
dentro e fora a fim de indicar a sua força e repercussão social. Este procedimento reforçava o jogo de contrastes<br />
entre Brasil e Paraguai notado por Sarmiento no enunciado da questão.<br />
Aqui, tal como nas Q. 21, Q 23, Q. 24, um comentário de um pensador político funcionava como um<br />
documento e, ao mesmo tempo, explicava um problema importante do processo histórico estudado, o que<br />
conferia uma certa unidade e semelhança a essas questões. Vale a pena enfatizar que esta pergunta participa<br />
do mesmo interesse em trabalhar temas históricos com recortes vários e/ou transversais. Desta feita, era um<br />
recorte entre História da América Latina e do Brasil tanto quanto um confronto das formas de governo, ou então<br />
ainda aludia implicitamente ao desejo de expansão imperialista do Brasil nesta região da América do Sul.<br />
Ao contrário do desempenho de a, o item c foi bastante respondido ao retomar uma abordagem já consagrada<br />
das relações entre o abolicionismo e a Guerra do Paraguai, pois bastava assinalar a participação de<br />
escravos para pontuar. Desta maneira, os itens a e c contrabalançavam-se no intuito de permitir que o candidato<br />
escrevesse e mostrasse seus conhecimentos.<br />
a) Sarmiento representa o conflito como de contrastes. O grande Brasil contra o pequeno Paraguai. O<br />
Império contra a República.<br />
b) Depois da Guerra do Paraguai a disputa entre republicanos e monarquistas ficou mais acirrada por causa<br />
da crise que se instalou no país. Os republicanos culpavam a Monarquia pela situação caótica do país e<br />
defendiam a imediata proclamação da República.<br />
c) Porque o Exército aderiu ao movimento. Na Guerra do Paraguai os negros lutaram ao lado dos brancos e<br />
sofreram as mesmas dores. Por isso, o Exército começou a apoiar a Abolição.<br />
a) Sarmiento representa o conflito entre Brasil e Paraguai como sendo injusto, já que o Brasil era forte e o<br />
Paraguai era fraco.<br />
b) A representação de Sarmiento revela um conflito político-ideológico no Brasil entre a criação da República<br />
e o fim do Império. Isto é representado através da luta entre o Império do Brasil e a República do Paraguai.<br />
c) A Guerra do Paraguai contribuiu para o movimento abolicionista no Brasil porque muitos negros, que<br />
foram alforriados por participarem da Guerra, voltaram armados e cientes das táticas de guerra. Além de<br />
receberem o apoio de colegas militares, os quais os negros ajudaram durante a guerra.
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 23<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
História<br />
a) Apresenta o Paraguai heroicamente ao contrário do Brasil.<br />
b) Pois o Paraguai foi visto como símbolo de coragem tomando simpatia após a guerra. O conflito enfraqueceu<br />
ainda mais o Império que teve de ceder principalmente à Inglaterra, em relação à Abolição.<br />
Para os pensadores do século XIX Stuart Mill e Fourier, o grau de elevação ou rebaixamento da mulher<br />
constitui o critério mais seguro para avaliarmos a civilização de um povo. (Adaptado do N. Bobbio et al.,<br />
orgs., Dicionário de Política, UnB, vol. 1, p. 488).<br />
a) Qual o movimento de mulheres com idéias semelhantes a estas que ocorreu na Europa e nos Estados<br />
Unidos no início deste século e qual a sua principal reivindicação?<br />
b) Quais são as diferenças entre este movimento e o movimento feminista da década de 60?<br />
c) Por que estes movimentos alargaram a cidadania?<br />
O candidato tratava do movimento feminista, tendo por ponto de partida a luta pelo direito de voto pelas<br />
mulheres e passava pela conquista de vários direitos sociais e trabalhistas, além dos direitos relativos ao uso<br />
de seu próprio corpo ou mesmo quanto à administração de sua casa. Entre o item a e b, estabelecia-se uma<br />
temporalidade histórica que tem por ponto de partida a luta pelo sufrágio universal até as conquistas das<br />
mulheres, tão <strong>comenta</strong>das na média, na década de 1960.<br />
Depois, de elencar tais ganhos, a resposta tinha em c um teor mais conceitual ao trabalhar com a noção<br />
de cidadania. Esta idéia começava com uma luta pelo direito ao voto e se expandia, cada vez mais, com a<br />
introdução e luta por novos direitos, muitos deles adstritos ao universo feminino. Uma boa resposta tanto<br />
casava informações quanto percebia a expansão e certa mudança da noção de cidadania.<br />
a)<br />
• sufragismo/sufragetes, movimento pelo direito do voto feminino e/ou<br />
• direito de voto das mulheres. (1 ponto)<br />
b)<br />
• igualdade de condições de trabalho entre homens e mulheres<br />
• igualdade de oportunidades profissionais<br />
• igualdade de direitos políticos<br />
• acesso igual à educação<br />
• igualdade dos papéis sexuais masculino e feminino<br />
• direito do uso do corpo<br />
• direito ao aborto.<br />
• controle da reprodução.<br />
• liberdade sexual e/ou revolução sexual<br />
• licença maternidade<br />
• divisão das tarefas domésticas (3 pontos para 3 características)<br />
c) Obs. Este item valia de 1 a 2 pontos de acordo com a qualidade conceitual da resposta Uma resposta<br />
como a primeira, por exemplo, por si só valia 2 pontos.<br />
• mulher passa a ser cidadã;<br />
• mulheres votam ou participam da política.<br />
A atuação da mulher na sociedade contemporânea é assunto querido da média, bastante debatido e<br />
pertence ao cotidiano do candidato. Por outro lado, foi tematizada pela historiografia e encontra ecos em<br />
vários livros didáticos. Daí, seu interesse para esta prova. Foi uma pergunta bastante respondida sobretudo<br />
nos itens a e b – com mais acertos em b, dada a facilidade das informações.<br />
O enunciado já se preocupava em evidenciar a importância política das mulheres para pensadores políticos<br />
do porte de Stuart Mill e Fourier – tão distintos entre si. Desta maneira, reconstituiu-se ao longo da<br />
pergunta – juntando enunciado e os itens a e b – um sentido histórico deste assunto, ao denotar sua conformação<br />
ao longo dos anos. Trabalhou-se também sua forte conotação política que vai desde a esfera das leis – com<br />
as sufragetes, a licença maternidade, o direito legal ao aborto – até o uso cotidiano e mais pessoal do corpo<br />
feminino com a liberação sexual. A questão assim atravessava desde o século XIX até as mais recentes<br />
conquistas femininas e ainda reportava-se para outro conceito histórico chave: a noção de cidadania – que<br />
nasce nos gregos antigos. Este entrecruzamento entre o estudo das mulheres e a cidadania dava chance do<br />
candidato falar quer da cidadania como sinônimo da conquista ao voto quer da cidadania como uso da sua<br />
própria individualidade conforme seu responsável livre arbítrio.<br />
93
História<br />
94<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 24<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
a) Foi o movimento feminista, cuja principal reivindicação era o direito do voto feminino.<br />
b) As idéias eram de igualdade entre os homens e mulheres. Esta igualdade se refere quanto aos direitos<br />
salariais, profissionais e outros. Além disso, as mulheres buscavam eliminar o preconceito quanto à sua<br />
capacidade intelectual, física e mesmo emocional.<br />
c) Estes movimentos alargaram o conceito de cidadania pois estenderam direitos, que antes eram restritos<br />
aos homens, às mulheres, dando a elas direitos e deveres que um cidadão possui.<br />
a) O movimento das operárias, elas reivindicavam a regulamentação do trabalho feminino.<br />
b) A de que a mulher não precisa estar nem acima nem abaixo dos homens e sim somente com o direito de<br />
igualdade aos homens.<br />
Ao promoverem estes movimentos, houve um questionamento quanto ao conceito de cidadania, que necessitava<br />
de um alargamento sim, não ficando restritos a fracções das sociedades por critério algum que usassem.<br />
Na origem do pitoresco há a guerra e a repulsa em compreender o inimigo: na verdade nossas luzes sobre a<br />
Ásia vieram, inicialmente, de missionários irritados e de soldados. Mais tarde chegaram os viajantes –<br />
comerciantes e turistas – que são militares frios: o saque se denomina shopping e as violações são praticadas<br />
honrosamente nas casas especializadas. (...) Criança, eu era vítima do pitoresco: tinham tudo feito para<br />
tornar os chineses apavorantes (...) (Jean-Paul Sartre, Colonialismo e Neocolonialismo, Tempo Brasileiro,<br />
1968, p. 7).<br />
a) Retire do texto dois personagens da colonização européia da Ásia e da África do século XVI ao século XX<br />
e explique qual o seu papel na exploração e dominação colonial.<br />
b) Explique como a Revolução Cultural Chinesa em 1968 se posicionou frente aos valores econômicos e<br />
culturais do Ocidente?<br />
Trata-se de uma pergunta com uma longo recorte temporal por centrar-se na colonização européia da<br />
África e Ásia entre os séculos XVI e XX, tendo por porta de entrada a citação de Sartre, na qual destaca-se<br />
esta repulsa pelo outro estrangeiro.<br />
Recortando personagens que em si tipificaram a ação colonizadora, o candidato nomeava <strong>suas</strong> funções e<br />
assim informava sobre a conquista destas áreas e ação dos europeus.<br />
Em contraposição, o item b fazia o percurso inverso ao exigir do candidato que reconhecesse na Revolução<br />
Cultural Chinesa a repulsa do Ocidente, da Europa e seus valores civilizados e capitalistas.<br />
a)<br />
• missionários: conversão a religião e visão de mundo ocidental; dominação ideológica.<br />
• comerciantes: “saque” da população nativa; introdução do capitalismo.<br />
• turistas: contribuíram para transformar o modo de vida local<br />
• militares: dominação pela força.<br />
• prostituição: desumanização da mulher. (vale 3 pontos, 1 ponto para cada informação correta)<br />
Obs: Só ganha 2 pontos quando explicar o papel do personagem.<br />
b)<br />
• Rejeição de valores da cultura do ocidente que chegaram à China desde o século XVI.<br />
• Não aceitação da sociedade de consumo ocidental e do modelo econômico do capitalismo. (2 pontos)<br />
A pergunta baseada na afirmação de Sartre centrava-se no horror, repulsa e ressentimento que o processo<br />
de colonização porta para o colonizador, colonizado, colono, com diversas conotações. Aqui, tratava-se do<br />
colonizador e o colonizado, contrastando em a e b práticas que motivaram tal ideário.<br />
O recorte temporal permitia uma tal diversidade de personagens no item a que era difícil não respondê-lo<br />
e obter pontuação. A atual situação da China ganha assiduamente espaço da mídia, daí o reconhecimento do<br />
estudante do tema. O item b, contudo, exigia do candidato que conhecesse especificamente a Revolução<br />
Cultural Chinesa para perceber que sua reação negativa e de exclusão, perseguição, dos elementos do Ocidente<br />
reiteravam a repulsa <strong>comenta</strong>da por Sartre. Neste item houve o maior índice de brancos e nulos.<br />
O tema do Imperialismo e do Mercantilismo aparecia aqui recoberto pela experiência colonizadora, marcando<br />
certas semelhanças e dava vazão a uma resposta vinda da China que mantinha o autoritarismo, empregava<br />
também a violência e excluía a diferença.
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
História<br />
a) Os missionários e os soldados. Os missionários vinham para catequizar os povos dominados, impondo a<br />
religião européia. Os soldados são os órgãos opressores que reprimiam a população para conter rebeliões<br />
e revoluções.<br />
b) A revolução Cultural Chinesa era contrária aos princípios capitalistas vindos do Ocidente. Pregava o<br />
socialismo como transição para o comunismo, onde a terra seria um bem comum, não tendo interesses<br />
voltados apenas para a obtenção de lucros, mas, sim, interesses voltados para o bem-estar da sociedade.<br />
a) Os missionários tiveram papel importante na dominação de outros povos, eram eles que se aproximavam<br />
dos povos, a fim de traze-los para a Igreja Católica. Com isso, impunham também valores europeus, que<br />
facilitavam a dominação e escravização.<br />
Os comerciantes finalizaram o processo de dominação: <strong>suas</strong> mercadorias afirmavam a supremacia européia<br />
sobre os povos e tornava-os dependentes de sua economia.<br />
b) A Revolução Cultural Chinesa consistiu no fechamento em todos os aspectos da China aos povos do<br />
Ocidente. Dessa maneira, tornou-se a influência menos violenta. A China criou seu próprio sistema<br />
político, negando o capitalismo, e nela foi proibida e abafada qualquer manifestação da cultura ocidental.<br />
a) Soldado e missionário, exploração do comércio e dominação colonial chineses.<br />
95
Física
QUESTÃO 1<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Física<br />
As questões de Física do Vestibular <strong>Unicamp</strong> versam sobre assuntos variados do programa (que constam<br />
do Manual do Candidato). Elas são formuladas de forma a explorar as ligações entre situações reais<br />
(preferencialmente ligadas à vida cotidiana do candidato) e conceitos básicos da Ciência Física, muitas<br />
vezes percebidos como um conjunto desconexo de equações abstratas e fórmulas inacessíveis. Pelo contrário,<br />
o sucesso de um candidato no tipo de prova apresentado depende diretamente da sua capacidade<br />
de interpretar uma situação proposta e tratá-la com um repertório de conhecimento compatível com um<br />
estudante egresso do ensino médio. A banca elaboradora apresenta inúmeras propostas de questões e as<br />
seleciona tendo em vista o equilíbrio entre as questões fáceis e difíceis, os diversos itens do programa e a<br />
pertinência do fenômeno físico na vida cotidiana do candidato. Após a seleção, as questões são aprimoradas<br />
na descrição dos dados correspondentes à situação ou ao fenômeno físico e na clareza do que é perguntado.<br />
Formuladas as questões, elas são submetidas a um professor revisor. Para ele, as questões são<br />
inteiramente novas e desconhecidas. Sua crítica a elas se fará em termos de clareza dos enunciados, do<br />
tempo para se resolvê-las, da perfeição de linguagem, da adequação ao programa, etc. Um bom trabalho<br />
de revisão às vezes obriga a banca a reformular questões e mesmo a substituí-las. A política da <strong>Comvest</strong>,<br />
que as bancas de Física vêm seguindo reiteradamente, é de não manter bancos de questões. Além disso,<br />
não utilizamos questões de livros ou de qualquer compilação de problemas. Portanto, se alguma questão<br />
se parece com a de algum livro ou compilação é porque o número de questões possíveis numa matéria<br />
como a de Física é finito e coincidências não são impossíveis.<br />
A correção:<br />
A correção é feita de maneira a aproveitar tudo de correto que o candidato escreve. Em geral, erros<br />
de unidade e erros de potência de 10 são penalizados com algum desconto de nota.<br />
“ Erro da NASA pode ter destruído sonda”<br />
(Folha de S. Paulo, 1/10/1999)<br />
Para muita gente, as unidades em problemas de Física representam um mero detalhe sem importância.<br />
No entanto, o descuido ou a confusão com unidades pode ter conseqüências catastróficas, como aconteceu<br />
recentemente com a NASA. A agência espacial americana admitiu que a provável causa da perda de<br />
uma sonda enviada a Marte estaria relacionada com um problema de conversão de unidades. Foi fornecido<br />
ao sistema de navegação da sonda o raio de sua órbita em metros,<br />
quando, na verdade, este valor<br />
5<br />
deveria estar em pés.<br />
O raio de uma órbita circular segura para a sonda seria r = 2,1 x 10 m, mas o sistema<br />
de navegação interpretou esse dado como sendo em pés.<br />
Como o raio da órbita ficou menor, a sonda<br />
desintegrou-se devido ao calor gerado pelo atrito com a atmosfera marciana.<br />
a) Calcule, para essa órbita fatídica, o raio em metros. Considere 1 pé = 0,30 m.<br />
b) Considerando que a velocidade linear da sonda é inversamente proporcional ao raio da órbita, determine<br />
a razão entre as velocidades lineares na órbita fatídica e na órbita segura.<br />
a)<br />
rm<br />
= r<br />
V ft<br />
ft<br />
0,3 m<br />
--------------ft<br />
r m<br />
⇒<br />
5 0,3 m<br />
4<br />
2,1 x 10 ft --------------- = 6,3 x 10 m<br />
ft<br />
2,1 x 10<br />
b) ----- = ---- = = =<br />
Vm rft 5<br />
6,3 x 10 4<br />
70 10<br />
------------------------ ------ ------<br />
21 3<br />
≅ 3,3<br />
(3 pontos)<br />
(2 pontos)<br />
97
Física<br />
QUESTÃO 2<br />
98<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Esse assunto teve grande destaque na mídia nos meses que antecederam o vestibular.<br />
Uma das primeiras aplicações militares da ótica ocorreu no século III a.C. quando Siracusa estava sitiada<br />
pelas forças navais romanas. Na véspera da batalha, Arquimedes ordenou que 60 soldados polissem seus<br />
escudos retangulares de bronze, medindo 0,5 m de largura por 1,0 m de altura. Quando o primeiro navio<br />
romano se encontrava a aproximadamente 30 m da praia para atacar, à luz do sol nascente, foi dada a<br />
ordem para que os soldados se colocassem formando um arco e empunhassem seus escudos, como representado<br />
esquematicamente na figura abaixo. Em poucos minutos as velas do navio estavam ardendo em<br />
chamas. Isso foi repetido para cada navio, e assim não foi dessa vez que Siracusa caiu. Uma forma de<br />
entendermos o que ocorreu consiste em tratar o conjunto de espelhos como um espelho côncavo. Suponha<br />
que os raios do sol cheguem paralelos ao espelho e sejam focalizados na vela do navio.<br />
a) Qual deve ser o raio do espelho côncavo para que a intensidade do sol concentrado seja máxima?<br />
2<br />
b) Considere a intensidade da radiação solar no momento da batalha como 500 W/m . Considere que a<br />
refletividade efetiva do bronze sobre todo o espectro solar é de 0,6, ou seja, 60% da intensidade incidente<br />
é refletida. Estime a potência total incidente na região do foco.<br />
a)<br />
r<br />
= 2f<br />
= 2 ⋅ 30 m = 60 m<br />
30 m<br />
W<br />
2<br />
b) P = 500 ------ ⋅ 30 m ⋅ = 9000 W<br />
60<br />
----------<br />
100<br />
m 2<br />
Sol<br />
(2 pontos)<br />
(3 pontos)<br />
▲
QUESTÃO 3<br />
▲<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Física<br />
Um automóvel trafega com velocidade constante de 12 m/s por uma avenida e se aproxima de um cruzamento<br />
onde há um semáforo com fiscalização eletrônica. Quando o automóvel se encontra a uma distância de 30 m<br />
do cruzamento, o sinal muda de verde para amarelo. O motorista deve decidir entre parar o carro antes de chegar<br />
ao cruzamento ou acelerar o carro e passar pelo cruzamento antes do sinal mudar para vermelho. Este sinal<br />
permanece amarelo por 2,2 s. O tempo de reação do motorista (tempo decorrido entre o momento em que o<br />
motorista vê a mudança de sinal e o momento em que realiza alguma ação) é 0,5 s.<br />
a) Determine a mínima aceleração constante que o carro deve ter para parar antes de atingir o cruzamento<br />
e não ser multado.<br />
b) Calcule a menor aceleração constante que o carro deve ter para passar pelo cruzamento sem ser mul-<br />
2<br />
tado. Aproxime 1,7 ≅ 3,0.<br />
m<br />
a) i. Distância percorrida no tempo de reação: d’ = 12 ------- ⋅ 0,5 s = 6 m<br />
s<br />
ii.<br />
2<br />
v<br />
= + 2ad<br />
a = – ------<br />
2d<br />
⇒<br />
b) i. Tempo para acelerar: t’ =<br />
ii. d =<br />
2<br />
v0 2<br />
v0 v0t’<br />
+<br />
d = 24 m<br />
12<br />
– = – = – = –3,0<br />
2 m 2 s 2<br />
⁄ 144<br />
--------------------------- ----------<br />
2 ⋅ 24 m 48<br />
m<br />
s 2<br />
3 x 48 m<br />
---- ----------------<br />
48 s 2 ----<br />
tamarelo<br />
– tresp<br />
⇒<br />
1 2<br />
1<br />
------ at’ ⇒ 24 = 12 ⋅ 1,7 + ------ a<br />
2<br />
2<br />
2,2 – 0,5 = 1,7 s<br />
2<br />
1,7<br />
⇒<br />
3,6 x 2 m<br />
a = ------------------ = 2,4<br />
3,0 s 2 ----<br />
(1 ponto)<br />
(3 pontos)<br />
(1 ponto)<br />
(1 ponto)<br />
99<br />
▲
Física<br />
QUESTÃO 4<br />
100<br />
▲<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Um canhão de massa M = 300 kg dispara na horizontal uma bala de massa m = 15 kg com uma velocidade<br />
de 60 m/s em relação ao chão.<br />
a) Qual a velocidade de recuo do canhão em relação ao chão?<br />
b) Qual a velocidade de recuo do canhão em relação à bala?<br />
c) Qual a variação da energia cinética no disparo?<br />
a)<br />
b)<br />
c)<br />
pantes<br />
= pdepois<br />
V<br />
canhão<br />
m<br />
= – -------<br />
M<br />
⇒<br />
V<br />
bala<br />
0 =<br />
MVcanhão<br />
+ mVbala<br />
1<br />
2<br />
∆Ec = ∆Efinal – ∆Einicial = ------ M Vcanhão + ------ m Vbala – 0<br />
2<br />
2<br />
∆Ec = 300 kg 3 2 + 15 kg 60 2 1<br />
m<br />
------ ⋅<br />
= (2700 + 54000) =<br />
2<br />
2<br />
s 2<br />
1<br />
m<br />
------ ------ ⋅<br />
2<br />
2<br />
s 2<br />
1<br />
------ ------<br />
2<br />
⇒<br />
15 kg m m<br />
= – ----------------- ⋅ 60 ------- = –3,0 -------<br />
300 kg s<br />
s<br />
m<br />
Vcanhão<br />
– bala = Vcanhão<br />
– terra – Vbala<br />
– terra = 60 ------- – 3 = 63 ou – 63<br />
s<br />
m ⎛– ------- ⎞ m<br />
m-------<br />
-------<br />
⎝ s ⎠ s<br />
s<br />
2 1<br />
(2 pontos)<br />
(1 ponto)<br />
28350 J ≅ 28000 J (2 pontos)<br />
▲
QUESTÃO 5<br />
▲<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Física<br />
Algumas pilhas são vendidas com um testador de carga. O testador é formado por 3 resistores em paralelo<br />
como mostrado esquematicamente na figura abaixo. Com a passagem de corrente, os resistores dissipam<br />
potência e se aquecem. Sobre cada resistor é aplicado um material que muda de cor (“acende”) sempre<br />
que a potência nele dissipada passa de um certo valor, que é o mesmo para os três indicadores. Uma pilha<br />
nova é capaz de fornecer uma diferença de potencial (ddp) de 9,0 V, o que faz os 3 indicadores “acenderem”.<br />
Com uma ddp menor que 9,0 V, o indicador de 300 Ω já não “acende”. A ddp da pilha vai diminuindo<br />
à medida que a pilha vai sendo usada.<br />
ddp 100 Ω 200 Ω 300 Ω<br />
a) Qual a potência total dissipada em um teste com uma pilha nova?<br />
b) Quando o indicador do resistor de 200 Ω deixa de “acender”, a pilha é considerada descarregada. A<br />
partir de qual ddp a pilha é considerada descarregada?<br />
101
Física<br />
102<br />
Resposta<br />
V<br />
esperada a) P = ⇒ P = = 1,485 W ≅ 1,5 W (2 pontos)<br />
2<br />
9,0<br />
-----<br />
R<br />
2<br />
----------<br />
100<br />
9,02<br />
----------<br />
200<br />
9,02<br />
+ + ----------<br />
300<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
81<br />
b) Potência de corte = PC = ---------- = 0,27 W (1 ponto)<br />
300<br />
2<br />
VC 200<br />
---------- = 0,27 ⇒ VC = 54 ≅ 7,5 V (2 pontos)<br />
O item a) pode ser resolvido também calculando explicitamente a resistência equivalente.
QUESTÃO 6<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Física<br />
Na prática, o circuito testador da questão anterior é construído sobre uma folha de plástico, como mostra o diagrama<br />
abaixo. Os condutores (cinza claro) consistem em uma camada metálica de resistência desprezível, e os<br />
resistores (cinza escuro) são feitos de uma camada fina (10 µm de espessura, ou seja, 10 x 10 –6 m) de um polímero<br />
condutor. A resistência R de um resistor está relacionada com a resistividade ρ por R = ρ onde l é o<br />
comprimento e A é a área da seção reta perpendicular à passagem de corrente.<br />
l<br />
------<br />
A<br />
a) Determine o valor da resistividade ρ do polímero a partir da figura. As dimensões (em mm) estão indicadas<br />
no diagrama.<br />
b) O que aconteceria com o valor das resistências se a espessura da camada de polímero fosse reduzida à<br />
metade? Justifique sua resposta.<br />
RA<br />
a) ρ = ------- =<br />
l<br />
ddp<br />
100 Ω 10 x 10<br />
ou 2 Ωmm (basta uma das 3) (3 pontos)<br />
3 –<br />
m 10 x 10 6 – ⋅ ⋅ m<br />
5 x 10 3 – ------------------------------------------------------------------------------------------- 2 x 10<br />
m<br />
3 – = Ωm<br />
200 Ω 10 x 10 3 –<br />
m 10 x 10 6 – ⋅ ⋅ m<br />
10 x 10 3 – ------------------------------------------------------------------------------------------- 2 x 10<br />
m<br />
3 – = Ωm<br />
300 Ω 6 x 10 3 –<br />
m 10 x 10 6 – ⋅ ⋅ m<br />
9 x 10 3 – ---------------------------------------------------------------------------------------- 2 x 10<br />
m<br />
3 – ⎧<br />
⎫<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎨<br />
⎬<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
= Ωm ⎪<br />
⎪<br />
⎪<br />
⎩<br />
⎭<br />
b) R = ρ ----- l = ρ ------ l<br />
A wd<br />
+<br />
–<br />
5 mm<br />
100 Ω 200 Ω 300 Ω<br />
10 mm<br />
10 mm<br />
10 mm<br />
Portanto se d é reduzido à metade, R deve dobrar. (2 pontos)<br />
6 mm<br />
9 mm<br />
103
Física<br />
QUESTÃO 7<br />
104<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Foi muito comum o uso da área dos dispositivos como vistos na figura no lugar da área transversal.<br />
O bíceps é um dos músculos envolvidos no processo de dobrar nossos braços. Esse músculo funciona num sistema<br />
de alavanca como é mostrado na figura abaixo. O simples ato de equilibrarmos um objeto na palma da mão,<br />
estando o braço em posição vertical e o antebraço em posição horizontal, é o resultado de um equilíbrio das<br />
seguintes forças: o peso P do objeto, a força F que o bíceps exerce sobre um dos ossos do antebraço e a força C<br />
que o osso do braço exerce sobre o cotovelo. A distância do cotovelo até a palma da mão é a = 0,30 m e a distância<br />
do cotovelo ao ponto em que o bíceps está ligado a um dos ossos do antebraço é de d = 0, 04 m. O objeto<br />
que a pessoa está segurando tem massa M = 2,0 kg. Despreze o peso do antebraço e da mão.<br />
a) Determine a força F que o bíceps deve exercer no antebraço.<br />
b) Determine a força C que o osso do braço exerce nos ossos do antebraço.<br />
∑<br />
Osso do<br />
braço<br />
Cotovelo<br />
a) = 0<br />
(1 ponto)<br />
τ d<br />
2,0 kg 10 m/s<br />
Fd – Mga = 0 ⇒ F = (2 pontos)<br />
2 ⋅ ⋅ 0,30<br />
---------------------------------------------------------- = 150 N<br />
0,04<br />
b) C + P – F = 0 ⇒<br />
d<br />
Bíceps<br />
a<br />
Ossos do<br />
antebraço<br />
M<br />
C = F – P = 150 N – 20 N = 130 N (2 pontos)<br />
C<br />
d<br />
F<br />
a<br />
P
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 8<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Física<br />
Essa questão permitia várias soluções por caminhos diferentes. Todos os relevantes foram considerados<br />
corretos.<br />
Dois blocos homogêneos estão presos ao teto de um galpão por meio de fios, como mostra a figura abaixo.<br />
Os dois blocos medem 1,0 m de comprimento por 0,4 m de largura por 0,4 m de espessura. As massas<br />
dos blocos A e B são respectivamente iguais a 5,0 kg e 50 kg. Despreze a resistência do ar.<br />
5,0 m<br />
a) Calcule a energia mecânica de cada bloco em relação ao solo.<br />
b) Os três fios são cortados simultaneamente. Determine as velocidades dos blocos imediatamente antes<br />
de tocarem o solo.<br />
c) Determine o tempo de queda de cada bloco.<br />
EpA 5,0 kg 10 m/s<br />
a) Ep = mgh ⇒ (2 pontos)<br />
2 = ⋅ ⋅ 5,5 m = 275 J<br />
EpB 50 kg 10 m/s 2 ⎧<br />
⎨<br />
⎩ = ⋅ ⋅ 5,2 m = 2600 J<br />
b) mv 2 1<br />
------ = mgh’ ⇒ v = 2gh' ⇒<br />
2<br />
A<br />
Teto<br />
fio<br />
Solo<br />
fio<br />
2 10 m/s = = 10 m/s para os dois blocos (2 pontos)<br />
2 ⋅ ⋅ 5,0 m 100 m 2 /s 2<br />
v 10 m/s<br />
c) v = v0 + gt ⇒ t = ----- = = 1,0 s para os dois blocos (1 ponto)<br />
g 10 m/s 2 --------------------<br />
B<br />
105
Física<br />
106<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 9<br />
Uma questão aparentemente simples mas que envolve conceitos mais elaborados como centro de<br />
massa, a definição de energia potencial e queda livre.<br />
Algo muito comum nos filmes de ficção científica é o fato dos personagens não flutuarem no interior das<br />
naves espaciais. Mesmo estando no espaço sideral, na ausência de campos gravitacionais externos, eles<br />
se movem como se existisse uma força que os prendesse ao chão das espaçonaves. Um filme que se preocupa<br />
com esta questão é “2001, uma Odisséia no Espaço”, de Stanley Kubrick. Nesse filme a gravidade é<br />
simulada pela rotação da estação espacial, que cria um peso efetivo agindo sobre o astronauta. A estação<br />
espacial, em forma de cilindro oco, mostrada abaixo, gira com velocidade angular constante de 0,2 rad/s<br />
em torno de um eixo horizontal E perpendicular à página. O raio R da espaçonave é 40 m.<br />
E<br />
a) Calcule a velocidade tangencial do astronauta representado na figura.<br />
b) Determine a força de reação que o chão da espaçonave aplica no astronauta que tem massa m = 80 kg<br />
R
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
QUESTÃO 10<br />
Resposta<br />
esperada<br />
rad<br />
m<br />
a) v = ωR = 0,2 ------- ⋅ 40 m = 8 -------<br />
(2 pontos)<br />
s<br />
s<br />
b) N = mω 2 R = 80 kg 0,2 2 ⋅ --------- ⋅ 40 m = 128 N ≅ 130 N (3 pontos)<br />
Física<br />
Um escritório tem dimensões iguais a 5 m × 5 m × 3 m e possui paredes bem isoladas. Inicialmente a temperatura<br />
no interior do escritório é de 25 °C. Chegam então as 4 pessoas que nele trabalham, e cada uma liga seu<br />
microcomputador. Tanto uma pessoa como um microcomputador dissipam em média 100 W cada na forma de<br />
calor. O aparelho de ar condicionado instalado tem a capacidade de diminuir em 5 °C a temperatura do escritório<br />
em meia hora, com as pessoas presentes e os micros ligados. A eficiência do aparelho é de 50%. Considere<br />
o calor específico do ar igual a 1000 J/kg °C e sua densidade igual a 1,2 kg/m 3 .<br />
a) Determine a potência elétrica consumida pelo aparelho de ar condicionado.<br />
b) O aparelho de ar condicionado é acionado automaticamente quando a temperatura do ambiente atinge 27 °C,<br />
abaixando-a para 25 °C. Quanto tempo depois da chegada das pessoas no escritório o aparelho é acionado?<br />
mC∆T<br />
--------------- + 800 W<br />
t<br />
a) P = ---------------------------------------- =<br />
0,50<br />
rad 2<br />
s 2<br />
1,2 kg/m<br />
= = 2100 W (3 pontos)<br />
3 75 m 3 ⋅ ⋅ 1000 J/kg °C ⋅ 5 °C<br />
---------------------------------------------------------------------------------------------------- + 800 W<br />
30 min ⋅ 60 s/min<br />
250 W + 800 W<br />
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------<br />
0,50<br />
0,50<br />
mC∆T 1,2 kg/m<br />
b) 800 W = --------------- ⇒ t = = 225 s = 3 min 45 s (2 pontos)<br />
t<br />
3 75 m 3 ⋅ ⋅ 1000 J/kg °C ⋅ 2 °C<br />
----------------------------------------------------------------------------------------------------<br />
800 W<br />
107
Física<br />
QUESTÃO 11<br />
108<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Grande parte da tecnologia utilizada em informática e telecomunicações é baseada em dispositivos semicondutores,<br />
que não obedecem à lei de Ohm. Entre eles está o diodo, cujas características ideais são mostradas<br />
no gráfico abaixo.<br />
VD + –<br />
I<br />
I<br />
V D<br />
O gráfico deve ser interpretado da seguinte forma: se for aplicada<br />
uma tensão negativa sobre o diodo (V D < 0), não haverá corrente<br />
(ele funciona como uma chave aberta). Caso contrário (V D > 0), ele<br />
se comporta como uma chave fechada.
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Considere o circuito abaixo:<br />
a) Obtenha as resistências do diodo para U = +5 V e U = –5 V.<br />
b) Determine os valores lidos no voltímetro e no amperímetro para U = +5 V e U = –5 V.<br />
⎧∞<br />
, para U = +5 V<br />
a) R = ⎨<br />
(1 ponto)<br />
⎩0<br />
, para U = –5 V<br />
b)<br />
+5 V<br />
–5 V<br />
3 kΩ<br />
A<br />
A<br />
2 kΩ<br />
2 kΩ<br />
V<br />
V<br />
+<br />
U<br />
–<br />
Diodo<br />
3 kΩ<br />
A<br />
2 kΩ<br />
Amperímetro ideal<br />
V<br />
Voltímetro ideal<br />
U 5 V<br />
U = +5 V ⇒ i = ------------------ = --------------------------- = 1 mA<br />
+ ( 3 + 2)<br />
kΩ<br />
R 1<br />
R 2<br />
V = R2 i = 2 x 10 3 Ω 1 x 10 –3 ⋅ A = 2 V<br />
U = –5 V ⇒ i =<br />
U<br />
-----<br />
R2 – 5 V<br />
= ------------ = – 2,5 mA<br />
2 kΩ<br />
Física<br />
(2 pontos)<br />
V = ddp = –5 V (2 pontos)<br />
109<br />
▲
Física<br />
QUESTÃO 12<br />
110<br />
▲<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Trata-se de um condutor não-ohmico. Todos os elementos necessários para o tratamento dele estão no<br />
texto e nos gráficos.<br />
Uma barra de material condutor de massa igual a 30 g e comprimento 10 cm, suspensa por dois fios rígidos<br />
também de material condutor e de massas desprezíveis, é colocada no interior de um campo magnético,<br />
formando o chamado balanço magnético, representado na figura abaixo.<br />
Ao circular uma corrente i pelo balanço, este se inclina, formando um ângulo θ com a vertical (como indicado<br />
na vista de lado). O ângulo θ depende da intensidade da corrente i. Para i = 2A, temos θ = 45°.<br />
a) Faça o diagrama das forças que agem sobre a barra.<br />
b) Calcule a intensidade da força magnética que atua sobre a barra.<br />
c) Calcule a intensidade da indução magnética B.<br />
a)<br />
i<br />
fio fio<br />
i<br />
i<br />
barra<br />
B B<br />
Vista de frente Vista de lado<br />
T<br />
θ<br />
P<br />
(2 pontos)<br />
m<br />
b) θ = 45° ⇒ FB = mg = 0,030 kg ⋅ 10 ------- = 0,3 N (1 ponto)<br />
s 2<br />
F B<br />
θ<br />
fio<br />
barra<br />
▲
▲<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
c) F B = iLB ⇒<br />
F B<br />
0,3 N<br />
B = ---- = --------------------------- = 1,5 T (2 pontos)<br />
iL 2A ⋅ 0,1 m<br />
Física<br />
111
Geografia
QUESTÃO 13<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Geografia<br />
Na segunda fase, a prova de Geografia examina o conhecimento de conteúdos mais específicos da<br />
disciplina conforme o programa apresentado no Manual do Candidato. Isto é feito através da verificação<br />
das mesmas habilidades já requeridas para a prova de 1ª fase, isto é capacidade de leitura, interpretação<br />
de textos, gráficos, tabelas e cartogramas, devem ser trabalhados agora, de forma a demonstrar que o<br />
candidato dispõe de conhecimentos geográficos suficientes e indispensáveis para uma boa compreensão<br />
do mundo contemporâneo.<br />
(...) a existência de Brasília, (...) sua própria posição geográfica, como local próximo do centro geométrico do<br />
território, mas distante da área nuclear do país (Rio e São Paulo) denota uma política institucional praticada<br />
como administração exercida por um grupo de especialistas que buscam um afastamento dos problemas<br />
sociais mais candentes. (José William Vesentini – A capital da Geopolítica. São Paulo, Ática, 1986)<br />
a) Interprete a charge acima.<br />
b) Com base nessa charge e no texto apresentado, explique a influência exercida pela posição geográfica de<br />
Brasília sobre as possibilidades de participação política da sociedade civil.<br />
A charge de Angeli demonstra com clareza as afirmações feitas no texto de José William Vesentini sobre<br />
Brasília. Fica nítido o isolamento do Poder Central do país, notadamente o Poder Executivo, que se comporta<br />
como uma ilha distante e inacessível diante da onda de movimentos sociais reivindicatórios e contestatórios<br />
à sua volta.<br />
(Esses movimentos pressionam por maior participação social nas decisões político-institucionais centrais,<br />
contra a violência, contra o desemprego, contra pedágios e rodovias intransitáveis, a favor da reforma<br />
agrária, etc. Entretanto, a ilha central “dos caras”, sobre-elevada no centro da multidão, demonstra o descaso<br />
e o afastamento que os especialistas do Governo procuram manter dos problemas sociais, o que transparece<br />
no sentido pejorativo da expressão “ilha dos caras”). (2 pontos)<br />
O texto dá ênfase ao caráter geopolítico da localização estratégica de Brasília (próxima ao centro geométrico,<br />
mas distante da maioria da população, concentrada no eixo Rio-São Paulo) e o que ela representa em<br />
termos de democracia representativa, ou seja, limitação à efetiva participação do cidadão nas decisões<br />
governamentais, as quais não refletem os interesses diretos e imediatos da população. (3 pontos)<br />
a) a charge faz um trocadilho com a ilha de Caras, uma ilha em que são vão os ilustres convidados de uma<br />
revista da sociedade. Colocando Brasília como a “Ilha dos Caras”, o autor mostra seu isolamento geográfico<br />
e também coloca Brasília como um lugar que nem todos têm acesso, apenas uma seleta minoria. A<br />
multidão abaixo da montanha que seria a ilha dos Caras, ou seja Brasília ou seja o palácio do planalto, só<br />
confirma o distanciamento que existe entre quem administra o país e a população.<br />
113
Geografia<br />
114<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 14<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
b) Apesar de toda a poesia de uma integração nacional com a capital do país mudando para o centro<br />
geográfico do Brasil, o que houve, na verdade foi um distanciamento das decisões políticas do centro<br />
econômico, cultural e social do país, que é o eixo Rio-São Paulo. Essa distância estratégica dificulta a<br />
cobrança por parte da sociedade civil para com os seus representantes.<br />
a) A charge mostra como Brasília se posiciona de maneira superior ao resto do país, localizada numa região<br />
que apresenta menos problemas sociais por ser menos povoada.<br />
b) Devido a sua posição, Brasília fica afastada das regiões mais povoadas e problemáticas do país, como<br />
São Paulo e Rio de Janeiro que apresentam grande número de desemprego e de insatisfeito com a<br />
política adotada.<br />
A média da questão foi 2,81 com uma baixíssima porcentagem de notas 0: apenas 1,3% dos candidatos<br />
obteve esta nota. Apesar de não ter sido uma questão difícil, o desempenho dos candidatos não correspondeu<br />
ao esperado. A maior concentração de notas (57%) esteve entre 2,5 e 3,0. Os objetivos desta questão eram<br />
verificar conhecimentos sobre o papel geopolítico de Brasília e avaliar a capacidade de articulação e interpretação<br />
da charge por meio da análise do texto. Os candidatos, via de regra, responderam a questão sem realizar<br />
uma análise mais consistente. O texto e a charge se complementavam e, de certa forma, “dirigiam” a resposta<br />
da questão, isto é, o texto apresentado “reforçava” a idéia presente na charge e o vestibulando deveria então<br />
demonstrar capacidade de articulação dessas idéias analisando o caráter geopolítico da localização da capital<br />
do país frente às possibilidades de participação política da sociedade civil. Nem todos os candidatos souberam<br />
analisar de forma articulada esses dois aspectos da questão. Muitos se limitaram a reproduzir as palavras do<br />
texto apresentado sem trabalhar de forma mais analítica o conceito de geopolítica, de localização estratégica<br />
da capital do país, como fator limitador da participação política da sociedade civil.<br />
Octávio Ianni, em seu livro A sociedade global, assim se refere a certos tipos de organizações internacionais:<br />
Essas organizações e agências internacionais dedicadas a sanear, orientar e dinamizar as economias nacionais<br />
e a economia internacional, nascem da crescente convicção de que os sistemas econômicos nacionais<br />
e internacionais não são auto-reguláveis.<br />
a) Dê dois exemplos dessas organizações.<br />
b) Explique como elas interferem nas políticas econômicas e sociais do Brasil.<br />
a) Fundo Monetário Internacional (FMI); Banco Mundial ou Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento<br />
(BIRD), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). (2 pontos)<br />
b) No caso brasileiro, a atuação do Fundo Monetário Internacional (FMI) tem sido a de administrador das<br />
contas nacionais brasileiras, visando garantir o pagamento da dívida externa, de modo a não causar<br />
prejuízos aos investidores/especuladores estrangeiros. Para garantir esse fluxo de capital, o FMI impõe ao<br />
país uma “cartilha” com várias medidas: controle do déficit público, obrigando o Estado a cortar gastos,<br />
principalmente na área social (Saúde e Educação), diminuição do quadro de servidores, com a dispensa<br />
e a não contratação de novos funcionários, retirada de conquistas sociais, tais como previdência social;<br />
aumento das receitas do Estado com aumento de impostos e venda de empresas estatais. Essas medidas<br />
provocam um quadro de grave recessão no país, aumentando o desemprego e as crises sociais. Entretanto,<br />
são operadas pelos agentes do FMI que ocupam altos cargos no Governo Brasileiro. (3 pontos)<br />
a) O FMI e o Banco Mundial<br />
b) Elas interferem não só no Brasil , como em muito outros países capitalistas ou não. Essas organizações<br />
impõem percentuais e índices a serem cumpridos como inflação, balança comercial, valor do dólar, PIB,<br />
etc. As metas devem ser cumpridas para não haver embargos ou retaliações nem que com isso o país<br />
tenha um custo social como recessão, desemprego.<br />
a) O Mercosul e a Opep<br />
b) Na tentativa do equilíbrio da balança comercial o Mercosul visa a isenção de impostos alfandegários<br />
estimulando as exportações , isso representa mais empregos e aquecimento da economia. A Opep visa<br />
tabelação dos preços de petróleo evitando concorrência.
Comentários<br />
QUESTÃO 15<br />
Geografia<br />
A média dessa questão foi 2,02, podendo, portanto, ser considerada como uma questão relativamente<br />
difícil. Foi a segunda questão da prova com maior porcentagem de notas 0 (24,5%), entretanto, com poucas<br />
respostas em branco – 2,9%. A maior concentração de notas ficou entre 2 e 3 – 41,8%.<br />
Os objetivos desta questão era verificar conhecimentos do candidato sobre:<br />
a) a existência e o modo de operação das agências e organismos internacionais de apoio ou intervenção nos<br />
países com problemas econômicos;<br />
b) os problemas decorrentes do modo de funcionamento destas agências, notadamente os econômicos e<br />
sociais.<br />
Esperava-se que o candidato reconhecesse e nominasse agências e organismos internacionais que atuam<br />
no sentido de intervir nos países com problemas econômicos. Além disso era necessário o candidato explicitar<br />
como essas organizações atuam no caso brasileiro. A intenção era de verificar em que medida os vestibulandos<br />
têm acompanhado o debate acerca da atuação desses organismos em países como o Brasil, e a sua<br />
compreensão do caráter e das consequências das medidas operadas por esses organismos.<br />
O item a da questão solicitava dois exemplos dessas agências ou organizações, porém nem todos os<br />
candidatos nomearam corretamente. O FMI e o BM foram os organismos mais citados. Entretanto não foram<br />
poucos aqueles que citaram o MERCOSUL, a OTAN, o NAFTA errando portanto esse item da questão.<br />
Em geral o candidato que respondia corretamente a primeira parte da questão conseguia também responder<br />
o item b que solicitava uma explicação acerca da atuação desses organismos na economia do país. Os<br />
candidatos demonstraram um certo conhecimento acerca das medidas de ajuste estrutural da economia<br />
brasileira impostas por essas organizações mas nem todos chegaram a analisar os problemas decorrentes<br />
dessas medidas notadamente no âmbito social.<br />
42 %<br />
16 %<br />
35,8 %<br />
Brasil: consumo de energia primária – 1970 e 1994<br />
1970<br />
1994<br />
3 %<br />
5 %<br />
34 %<br />
13,3 %<br />
5,2 %<br />
10,0 %<br />
4,3 %<br />
31,5 %<br />
carvão mineral<br />
produtos de cana-de-açúcar<br />
petróleo<br />
energia hidráulica<br />
lenha<br />
carvão mineral<br />
produtos de cana-de-açúcar<br />
petróleo<br />
energia hidráulica<br />
lenha<br />
outros<br />
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1974 e 1995.<br />
115
Geografia<br />
116<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
Considerando os dados acima:<br />
a) Cite as duas principais alterações ocorridas no consumo de energia primária no Brasil entre 1970 e<br />
1994.<br />
b) Cite alguns dos fatores responsáveis pela alteração.<br />
a) Analisando os gráficos do “consumo de energia primária no Brasil, no período entre 1970 e 1974 (em %),<br />
pode-se notar que o consumo de:<br />
• lenha, em 1970, era de 42% do total, declinando para 13,3% em 1994;<br />
• energia elétrica, proveniente do aproveitamento da energia hidráulica, em 1970 era de 16%, passando<br />
para 35,8% em 1994;<br />
• produtos de cana-de-açúcar (bagaço e álcool combustível), não destacado em 1970, passam a representar<br />
10% do consumo total em 1994;<br />
• carvão mineral aumenta de 3% em 1970, para 5,2% em 1994;<br />
• outras fontes diminuem de 5% (1970), para 4,3% em 1994. (2 pontos)<br />
b) A produção e o consumo de energia primária do país estão diretamente relacionadas com o modelo de<br />
desenvolvimento adotado. Dessa forma, no período ocorreram diversas mudanças na produção e consumo<br />
de energia primária associadas à intensa urbanização e industrialização ocorridas no Brasil no período,<br />
à substituição do tipo de transporte, priorizando o rodoviarismo (com alto consumo de petróleo e<br />
álcool combustível), aos avanços técnico-científicos e aos conflitos/ações internacionais que elevaram o<br />
preço de algumas fontes. Em relação às fontes mencionadas, os fatores da mudança foram:<br />
• energia hidráulica: o consumo aumentou em virtude do maior aproveitamento do potencial hidráulico dos<br />
rios brasileiros, proporcionado pelo desenvolvimento tecnológico e pelo aporte de recursos originados de<br />
fontes externas. Esse tipo de energia veio substituir principalmente alguns derivados de petróleo (óleo<br />
diesel), visando diminuir seu consumo na geração de energia elétrica e no setor industrial;<br />
• produtos de cana-de-açúcar: a produção e o consumo de álcool combustível foi incentivada e intensificada,<br />
principalmente pelo ProÁlcool, para fazer frente à crise do petróleo. No caso do bagaço de cana, este está<br />
sendo utilizado para geração de energia elétrica no próprio local das usinas sucro-alcooleiras. (3 pontos)<br />
a) Nota-se principalmente a elevada porcentagem de energia hidráulica no ano de 1994 e a baixa da<br />
energia fornecida pela lenha.<br />
b) Principalmente a mudança no modo de vida. O crescimento das cidades e da industrialização fez com<br />
que a principal fonte de energia fosse a hidrelétrica. Tem também o fato de ter chegado energia elétrica<br />
nas zonas rurais o que diminuiu o consumo de lenha.<br />
a) Houve diminuição da porcentagem do uso de petróleo pois com o proálcool o uso de produtos de cana de<br />
açúcar foram incentivados.<br />
b) Poálcool, alta do petróleo.<br />
A média de 3,39 demonstra que os vestibulandos não tiveram muita dificuldade em responder a questão.<br />
A porcentagem de 0 foi insignificante ( 0,6%), o que reforça essa afirmação. A maior concentração de notas<br />
ficou entre 3 e 4 – 76,8%. Os objetivos com esta questão eram verificar a capacidade de leitura e interpretação<br />
de representação cartográfica e a capacidade de analisar as transformações na matriz energética brasileira<br />
(produção e consumo), reconhecendo as <strong>suas</strong> causas.<br />
A partir de dois gráficos com dados sobre o consumo de energia primária no Brasil em 1970 e 1994, o<br />
vestibulando deveria inicialmente ler o gráfico e identificar as duas principais alterações ocorridas no consumo<br />
de energia primária no Brasil entre 1970 e 1994. A seguir esperava-se que o candidato relacionasse as<br />
transformações na matriz energética brasileira, em termos de produção e consumo, com o modelo de desenvolvimento<br />
adotado no período em questão.<br />
No item a o candidato deveria qualificar as alterações no padrão de consumo ocorridas no período demonstrado<br />
pelos gráficos para obter os dois pontos relativos a esse item. Foram poucos os candidatos que não<br />
conseguiram ler de forma correta os dados fornecidos. Entretanto o item b que exigia uma análise do modelo<br />
de desenvolvimento adotado no período, o que justificaria as mudanças na produção e no consumo das fontes<br />
de energia, não foi respondido a contento por boa parte dos candidatos.<br />
Uma parcela significativa de candidatos fez uma análise superficial dessas mudanças, respondendo que os<br />
investimentos, em geral, foram deslocados para outras fontes de energia e que a grande disponibilidade de rios<br />
propiciou o aumento da energia hidráulica. As respostas para a diminuição do consumo e da produção de<br />
lenha giraram, em geral, em torno da questão da preservação ambiental. Foram poucos os candidatos que<br />
abordaram o modelo urbano/industrial adotado no período como justificativa para essas mudanças.
QUESTÃO 16<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
Geografia<br />
Devido à falta de oxigênio, à instabilidade do substrato e à ação das correntes, estas espécies apresentam<br />
raízes escoras, ou pneumatóforos, que ampliam a base de suporte e facilitam a troca gasosa com o ambiente.<br />
O emaranhado de raízes reduz a velocidade das correntes, acarretando um depósito extenso de argila e<br />
lodo. (PGC/ZEE/Secretaria do Meio Ambiente)<br />
a) A que formação vegetal se refere o texto?<br />
b) Qual a importância desta formação vegetal para os ecossistemas costeiros?<br />
c) Cite duas atividades sócio-econômicas que estão causando a sua degradação ou mesmo a sua extinção.<br />
a) Manguezal ou vegetação de mangue. (1 ponto)<br />
b) São áreas de reprodução e de desenvolvimento de várias espécies marinhas: viveiro natural ou berçário<br />
das mesmas, servindo como abrigo para os microorganismos. Têm importante papel na deposição de<br />
sedimentos e tendem a ampliar e retificar a zona litorânea, protegendo a costa contra a erosão. Além<br />
disso, atuam como filtro biológico (natural) na purificação das águas. (2 pontos)<br />
c) As atividades a serem consideradas podem ser: a pesca predatória, o desmatamento e a exploração de<br />
madeiras, a construção de aterros para a construção civil, a implantação de complexos industriais, a<br />
própria expansão urbana com o despejo de esgotos urbano e industrial nas áreas de mangue ou a<br />
construção de marinas e de portos. (2 pontos)<br />
a) Manguesais<br />
b) Primeiro ela impede a erosão., geralmente essas formações são deltas de rios. É um verdadeiro “bercário”<br />
onde muitas espécies se reproduzem como: peixes, crustáceos, etc.<br />
c) Exploração imobiliária e pesca predatória<br />
a) ....<br />
b) Esta formação vegetal faz com que não haja acúmulo de argila e lodo nos territórios costeiros<br />
c) Industrialização<br />
A média da questão demonstrou uma relativa facilidade para respondê-la. A maioria das notas ficou entre<br />
2 e 3 (50,4%) e apenas 11% dos candidatos obteve nota 0<br />
Os objetivos relacionavam-se à verificação da capacidade de leitura e interpretação de gráficos e de analisar<br />
a inserção da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho e a questão de sua valorização profissional.<br />
A partir de um fragmento de texto e de uma foto esperava-se que o candidato identificasse no item a o<br />
mangue ou manguezal como formação vegetal aí expressa. No item b a resposta deveria contemplar a importância<br />
dessa formação vegetal para os ecossistemas costeiros, identificando-a como área de reprodução/<br />
desenvolvimento de várias espécies marinhas, como abrigo de microorganismos, como proteção contra a<br />
erosão da costa, entre outras. No último ítem o candidato deveria citar duas atividades sócio-econômicas que<br />
estariam contribuindo para o processo de degradação dessas formações vegetais. Entre elas, a expansão<br />
urbana, o aterro, o desmatamento ,etc.<br />
117
Geografia<br />
QUESTÃO 17<br />
118<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
A resposta do 1º item era essencialmente objetiva: mangue ou maguezal. Entretanto respostas como<br />
tundra, taiga, caatinga, etc. apareceram demonstrando que alguns vestibulando não conseguiram identificar a<br />
formação vegetal solicitada pela questão. Esse tipo equivocado comprometia toda a questão na medida em<br />
que os demais itens estavam relacionados a ele. No item b, em geral as respostas mais freqüentes diziam<br />
respeito à característica do manguezal como área de reprodução de espécies com poucas respostas mais<br />
completas, o que demonstra o pouco conhecimento dos vestibulando em relação às características dessa<br />
formação vegetal. O item c foi melhor respondido evidenciando um melhor preparo do candidato quanto ao<br />
conhecimento das atividades predatórias nessas áreas.<br />
Banco Mundial, 1994.<br />
a) Além da Europa Ocidental e da América Anglo-Saxônica, quais as regiões do mundo onde há maior<br />
expectativa de vida?<br />
b) Explique por que essas regiões são as que apresentam maior expectativa de vida.<br />
a) As regiões do mundo que apresentam maior esperança de vida ao nascer são:<br />
• sul da América do Sul: Chile, Argentina e Uruguai<br />
• Turquia e Israel<br />
• Oceania (Austrália, Nova Zelândia)<br />
• Sudeste asiático (Japão, Hong Kong, Cingapura)<br />
• Cuba e Malásia<br />
b) A esperança de vida ao nascer está diretamente relacionada com as condições econômicas e sociais de<br />
cada país e de seu povo. Nos países ricos, a esperança de vida apresenta índices elevados, em virtude<br />
das condições gerais de renda elevada, atendimento médico, educação, securidade social e infra-estrutura<br />
disponíveis para a população (IDH). Nos países indicados, estes valores também variam internamente,<br />
existindo diferentes índices de esperança de vida por regiões e por setores sociais.<br />
a) Oceania, sul da América do Sul, como a Argentina, Chile e o Uruguai, Japão e alguns Tigres Asiáticos,<br />
alguns países da América Central.<br />
b) Porque são regiões geralmente desenvolvidas e industrializadas, onde não há tanta desigualdade e problemas<br />
sociais quando comparado com regiões subdesenvolvidas. Essas regiões desenvolvidas possuem,<br />
geralmente, baixo crescimento vegetativo e melhores condições de vida, permitindo que a população que<br />
vive nessas áreas desfrute de condições estáveis, porém há também desigualdades sociais nessas regiões,<br />
mas o nível de vida e de condições da população que vive nessas regiões é muito melhor que o nível<br />
de vida das populações que vivem em regiões subdesenvolvidas. A partir dessas condições de vida<br />
estável que estão relacionadas com níveis de industrialização econômica, PIB altos dentre outras coisas<br />
como TM e TN baixas, pouco índice de analfabetismo é que há em decorrência e conseqüência disso<br />
uma maior expectativa de vida nessas regiões.<br />
a) da Europa Ocidental e América Anglo Saxônica, estão num nivel elevado de desenvolvimento econômico<br />
e social isso faz com que a expectativa de vida almente. Já na região da oceania, é uma região pouco<br />
▲
Comentários<br />
QUESTÃO 18<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
▲<br />
Geografia<br />
habitada, onde a preservação natural e dos costumes nativos são o fator contribuinte p/ maior expectativa<br />
de vida. América do norte e América do sul<br />
b) Por causa da localização geográfica, por causa do clima, melhores condições de vida, etc.<br />
Esta questão foi a mais fácil desta prova, com a maior média: 3,69. A simples interpretação do tema<br />
apresentado no mapa, e a localização de alguns países e/ou regiões já garantia ao candidato 3 pontos (item a).<br />
O item b tinha por objetivo uma interpretação mais elaborada. Assim, além de reconhecer as regiões do<br />
mundo onde há maior expectativa de vida, o candidato deveria associar este indicador demográfico às questões<br />
sociais e político-econômicas dos países em questão. Atingindo este objetivo o candidato obtinha os<br />
outros 2 pontos. Tendo em vista que os candidatos não avaliaram as diferenças espaciais, a expectativa inicial<br />
de pontuar as desigualdades sócio-espaciais neste item foi abandonada e substituída pela abordagem políticoeconômica.<br />
Data do século passado a entrada de norte-americanos no Brasil. Eram principalmente confederados fugidos<br />
da Guerra de Secessão dos E.U.A. Entretanto, nada ficou entre nós desse contato, com exceção da<br />
fundação da cidade de Americana, no Estado de São Paulo, e da instituição de ensino Mackenzie, na cidade<br />
de São Paulo. (...) Apesar de poucos imigrantes norte-americanos no Brasil, se comparados com outros<br />
povos, a influência dos E.U.A. na vida brasileira tornou-se marcante através do tempo. (Melhem Adas,<br />
Panorama Geográfico do Brasil)<br />
a) Cite dois exemplos da influência cultural que os EUA exercem na sociedade brasileira.<br />
b) Por que a influência norte-americana no mundo assumiu proporções tão grandes após a Segunda Guerra<br />
Mundial?<br />
a) Existem inúmeros exemplos da influência norte-americana no país. Pode-se citar a influência na linguagem,<br />
que está permeada de termos originários do inglês, utilizados em inúmeros produtos e estabelecimentos<br />
comerciais ou de serviços; o inglês passou a ser língua obrigatória para os que querem se capacitar<br />
a empregos, navegar na Internet, etc; influência no vestuário, com o uso do já tradicional jeans;<br />
influência na música ... (influência econômica, com o dólar sendo a moeda padrão ou referência de valor<br />
da moeda nacional; influência política, com inúmeras decisões locais tomadas para atender diretrizes<br />
externas, tais como o “Consenso de Washington”; etc.)<br />
b) A influência norte-americana assumiu grandes proporções primeiramente em virtude da expansão econômica<br />
e militar dos EUA a partir da Primeira Guerra Mundial e, mais fortemente, depois da Segunda<br />
Guerra Mundial, com a divisão do mundo em dois blocos. O Brasil ficou na área de influência direta dos<br />
EUA, que procuraram impedir o avanço de idéias e forças de esquerda (comunistas) no Brasil, com a<br />
ajuda política e militar de setores da sociedade brasileira. Com o declínio do bloco socialista, os EUA<br />
passaram a atuar como a “polícia do mundo”, intervindo militarmente, direta ou indiretamente, em<br />
inúmeros pontos do planeta. Além do aspecto militar, alicerçado nos mais avançados conhecimentos<br />
tecnológicos e científicos, os EUA detêm o poder econômico, sendo o país mais rico do planeta, sediando<br />
gigantescas corporações transnacionais e abrigando em seu território diversas instituições internacionais.<br />
Em síntese, a influência dos EUA decorre principalmente de seu poderio bélico e econômico. A imposição<br />
da língua inglesa como universal, além de fatores históricos, é decorrência deste poderio.<br />
a) Rock rool na música e na alimentação a criação de sistemas de self-service e lanchonetes como Mac<br />
Donnald’s.<br />
b) Com o fim da 2ª Guerra Mundial, iniciou-se a Guerra Fria, dividindo o mundo em duas esferas de<br />
influência, a dos Estados Unidos e União Soviética. O primeiro defendia o capitalismo e o segundo o<br />
socialismo. Para ampliar <strong>suas</strong> zonas de influência, os Estados Unidos investiram enormes somas de<br />
capitais, com o envio de dólares através de seus bancos, empresas e multinacionais, tanto na América e<br />
Ásia como na África. O plano Marshall é um exemplo desse fato, pois financiou o crescimento da Europa<br />
Ocidental – arrasada após a Grande Guerra. Também seguindo a política do Big Stick, foram promovidas<br />
ditaduras nos países americanos. Simultaneamente, através da publicidade, da mídia, o país do Tio Sam<br />
pregava o ideal de felicidade como sendo o seu, como a compra de automóveis, eletrodomésticos etc.,<br />
financiando e proporcionando o crescimento de <strong>suas</strong> empresas e indústrias. Sem mencionar a Conferência<br />
de Bretton-Woods, na década de quarenta, com a adoção do dólar como moeda padrão mundial.<br />
119
Geografia<br />
120<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 19<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a) Uso de marcas americanas. Costumes alimentícios.<br />
b) Por ter uma grande importância econômica para a maioria dos países do mundo.<br />
A média desta questão foi de 2,81, o que nos permitiu considerá-la como uma questão de nível médio de<br />
dificuldade, juntamente com as questões 13 e 16.<br />
No item a, bastava que o candidato citasse dois exemplos de influências norte-americanas na sociedade<br />
brasileira para obter 2 pontos. Os exemplos mais freqüentes foram a língua, a música e os hábitos de alimentação<br />
e vestimentas. A grande maioria dos candidatos atingiu os dois pontos neste item.<br />
Para explicar as principais razões da influência norte-americana no mundo, o item b exigia do candidato<br />
alguns elementos da história econômica e política do pós-guerra, até o período contemporâneo. Como este<br />
item exigia uma maior elaboração para a confecção da resposta, a banca considerou que seria mais operacional<br />
para a discriminação dos candidatos que este item, por si só, valesse 3 pontos.<br />
Estão reproduzidas abaixo duas gravuras (retiradas de Leonardo Benevolo, História da cidade) que representam<br />
uma cidade cristã em 1440 e em 1840.<br />
a) Identifique as principais alterações ocorridas na paisagem<br />
b) Explique por que essas alterações ocorreram.<br />
a) Trata-se de uma cidade localizada às margens de um rio, como é o caso de inúmeras cidades européias<br />
que se desenvolveram no final da Idade Média. Em 1440, a cidade encontrava-se cercada por uma<br />
muralha e dominada pelas torres de inúmeras igrejas e catedrais em estilo gótico e pelos mosteiros e<br />
conventos na periferia. Em 1840, os espaços vazios e áreas verdes existentes foram ocupados pelas<br />
fábricas e edificações com vários pavimentos (verticalizações). Houve um adensamento habitacional<br />
muito grande. As chaminés das fábricas, dispostas lado a lado com as torres das igrejas, passaram a<br />
expelir gases poluentes, tornando o ambiente da cidade bastante insalubre. Houve um crescimento<br />
demográfico acentuado e o espaço urbano expandiu-se, rompendo os limites da muralha, com o surgimento<br />
de muitos subúrbios, onde se instalaram novas indústrias.<br />
b) O processo de industrialização transformou radicalmente a cidade, imprimindo um rápido crescimento<br />
populacional e modificando a estruturação de seu espaço urbano. Nesse período ocorre um enfraquecimento<br />
do poder da Igreja na sociedade e este fato é fortemente representado na estruturação da paisagem<br />
urbana.
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 20<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Geografia<br />
a) Na primeira figura, há muitas igrejas do estilo gótico, e estas são os pontos mais altos da cidade, junto<br />
com o castelo feudal. Há também uma muralha em torno da cidade. É uma figura típica do feudalismo.<br />
Na segunda, vê-se muitas indústrias, prédios altos, templos de religiões diferentes da católica. As igrejas<br />
feudais perdem espaço para a urbanização e industrialização<br />
b) Entre 1440 e 1840 ocorreram a Reforma Protestante, que diminuiu muito o poderio da Igreja e possibilitou<br />
surgimento de novas religiões, a Revolução Comercial, que acabou com o feudalismo e tirou o poder dos<br />
senhores feudais, e a Revolução Industrial, que trouxe a urbanização e muitas indústrias às principais cidades.<br />
a) Na primeira paisagem as construções eram arquitetônicas. Na segunda indústrias começaram a tomar<br />
espaços e construções mais altas, também surgiram.<br />
b) Essas transformações ocorreram por causa do desenvolvimento de novas técnicas de produção e novas<br />
técnicas arquitetônicas.<br />
A média desta questão foi 3,01, o que nos permitiu situá-la entre as três questões mais fáceis da prova. A<br />
maior média ficou para a área de Humanas: 3,17.<br />
Aparentemente fácil, gerou uma certa dificuldade na correção. A proposta era clara: a apresentação de<br />
duas figuras, representando a cidade em dois períodos, o feudal e o industrial. O item a pedia apenas a<br />
identificação das principais alterações ocorridas na paisagem, tendo como referência os dois períodos (este<br />
item valia 2 pontos). O item b pedia a explicação das alterações ocorridas (este item valia 3 pontos).Muitos<br />
candidatos simplificaram demais a resposta do item a, remetendo às principais transformações mas sintetizando<br />
a resposta em textos pouco elaborados, tais como: “Surgimento de indústrias e residências”. O item b<br />
tinha por objetivo que o candidato apontasse, em linhas gerais, os processos de industrialização, urbanização,<br />
êxodo rural, perda do poder da Igreja em relação ao poder mercantil. A urbanização, o êxodo rural e a industrialização<br />
foram processos evidentes para a maioria dos candidatos, enquanto a perda da centralidade e do<br />
poder da Igreja em relação ao mercantilismo só foi explorada por alguns.<br />
A Venezuela tem sido presença constante na imprensa nos últimos meses. O Governo Hugo Cháves, eleito<br />
por uma frente de coalisão de esquerda, tem encontrado grandes dificuldades para executar o seu programa<br />
de governo baseado, segundo ele, nos ideais de Simon Bolívar. Cháves é crítico ao chamado neoliberalismo<br />
selvagem que vê disseminado por toda a América Latina, numa guinada anti-EUA e pró América Latina,<br />
sendo que o Brasil é prioridade na diplomacia venezuelana.<br />
a) Quais seriam as possíveis conseqüências econômicas para a Venezuela se fosse efetivado um rompimento<br />
com os EUA? Justifique sua resposta.<br />
b) Por que o Brasil é prioridade na diplomacia venezuelana?<br />
a) Como o Governo Hugo Cháves prega uma política anti-EUA e anti-neoliberalismo selvagem na América<br />
Latina, certamente um rompimento com os EUA poderá provocar uma pressão forte da potência para<br />
inviabilizar a política de Cháves. Isso ainda poderia ser agravado pelo fato dos EUA serem um dos<br />
principais compradores de petróleo venezuelano que é comercializado nos EUA através de uma rede de<br />
postos de gasolina venezuelana e o principal fornecedor de produtos manufaturados para a Venezuela.<br />
(3 pontos)<br />
b) Em virtude do papel estratégico que o Brasil possui na América do Sul, e pelo seu amplo mercado<br />
consumidor, poderia constituir uma alternativa comercial para produtos venezuelanos, intensificando o<br />
comércio bilateral, incluindo melhorias no setor de circulação das mercadorias entre os dois países. O<br />
Brasil é também um grande comprador do petróleo venezuelano e principal parceiro da Venezuela na<br />
América Latina. (2 pontos)<br />
a) Assim como os outros países da América Latina, a Venezuela tem uma grande dívida externa e depende<br />
de recursos internacionais e do Fundo Monetário Internacional. Apesar de ser grande produtora de petróleo,<br />
de exportar grande quantidade dele e fazer parte da OPEP (Organização dos Países Exportadores de<br />
Petróleo), a economia da Venezuela enfrenta grave crise. Crise que é agravada com os constantes ataques<br />
de guerrilheiros que desestabilizam mais o governo. Assim, um rompimento com os EUA implicaria em<br />
muitas sansões econômicas por parte dos EUA – o que agravaria a crise. A Venezuela, muito dependente<br />
de produtos importados, poderia até ficar alijada do processo de exportação do Petróleo.<br />
121
Geografia<br />
122<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 21<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
b) Por que o Brasil é o maior país da América Latina, membro de peso no Mercosul e pode ser um aliado de<br />
poder em caso de necessidade política. O Brasil importa ainda mais ou menos 40% do petróleo aqui<br />
consumido e tem na população brasileira um grande mercado consumidor.<br />
a) Um possível rompimento com os EUA traria grave crise econômica à Venezuela, que não teria como<br />
escoar sua produção, já que mantém balanço comercial positiva com os EUA.<br />
b) O Brasil seria uma saída para o escoamento da produção venezuelana caso se efetue o rompimento com<br />
os EUA.<br />
Esta questão apresenta a terceira média mais baixa da prova: 1,97 (superior apenas às das questões 21 e<br />
22). Demandou um conhecimento mais específico do candidato, o que pode explicar as médias relativamente<br />
mais baixas. Muitos candidatos associaram a situação da Venezuela à de Cuba fazendo, a partir desta associação,<br />
uma análise genérica do boicote econômico e político. Apesar disto não ter sido previsto na grade, como<br />
grande parte dos candidatos se utilizaram deste recurso, acabou sendo considerado na avaliação. Devido à<br />
especificidade do tema abordado, a maioria dos candidatos fizeram abordagens genéricas; poucos conseguiram<br />
apresentar todos os itens esperados pela grade: política econômica, boicote comercial, retirada de investimentos,<br />
crise na exportação de petróleo.<br />
No item b, a alusão a uma possível relação comercial entre o Brasil e a Venezuela não foi considerada<br />
correta, tendo em vista a forte relação econômica já existente entre os dois países. Contudo, bastava o candidato<br />
citar a importância econômica e política (estratégica no Cone Sul) para atingir os 2 pontos.<br />
Relações entre as cidades em uma rede urbana<br />
Esquema Clássico Esquema Atual<br />
metrópole nacional<br />
metrópole regional<br />
centro regional<br />
cidade local<br />
vila<br />
metrópole<br />
nacional<br />
a) Explique como funciona o esquema clássico de rede urbana.<br />
b) Como se justificam as novas formas de relações entre as cidades?<br />
metrópole regional<br />
centro regional<br />
cidade local<br />
a) O esquema clássico estabelece uma hierarquia de relações entre as diferentes cidades, segundo a qual as<br />
cidades estabelecem <strong>suas</strong> interações com as cidades imediatamente inferiores ou superiores. Assim, a<br />
cidade local exerce influências e é influenciada pela vila e pelo centro regional. A vila porém, não tem<br />
interações diretas com o centro regional, devendo “passar” primeiramente pela cidade local. O nível mais<br />
elevado nessa hierarquia de rede urbana é a metrópole nacional. (2 pontos)<br />
b) Analisando o esquema atual, pode-se afirmar que as relações concretas entre as cidades contemporâneas<br />
não seguem a hierarquia do modelo clássico de rede urbana. As interações entre as cidades tem sido<br />
alteradas pelo desenvolvimento tecnológico, pela evolução no sistema de transportes e de comunicação<br />
o que permite a quebra na hierarquia urbana e mudanças nas formas das cidades se relacionarem entre<br />
si, permitindo uma maior flexibilidade nas relações entre cidades, através da dessiminação (descentralização<br />
maior) dos fluxos e das relações entre as cidades de diferentes dimensões. (3 pontos)<br />
a) Segundo o modelo clássico de rede urbana, as diferenças entre os lugares é realizada pelo critério de<br />
atuação em outros. Assim, a metrópole nacional (no Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro) influencia todo o<br />
vila<br />
▲
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 22<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
▲<br />
Geografia<br />
país. A metrópole regional atua em outras regiões e recebe influências da metrópole nacional. Como<br />
exemplo temos Belém, Fortaleza e Recife. Os centros regionais (Campinas, Sorocaba) é catalisado pela<br />
metrópole regional, mas exerce influência nas cidades locais que influenciam vilas.<br />
b) Atualmente não há escalas que generalizem a rede urbana. Quaisquer áreas influenciam outras não pelo<br />
tamanho dessa, mas pelos setores político-econômicos e sociais. Mesmo ma pequena cidade pode influenciar<br />
maiores centros urbanísticos, dependendo de seu avanço tecnológico.<br />
a) O sistema clássico funciona como uma hierarquia patriarcal cheia de burocracias e com o caminho<br />
determinado pelo grau de força e grandeza de cada lugar parece uma escada de poder.<br />
b) Hoje se sabe que os problemas têm de serem resolvidos diretamente entre as partes envolvidas diminuindo<br />
a burocracia e agilizando as soluções.<br />
Esta pode ser considerada como uma questão difícil em comparação com as demais desta mesma prova.<br />
Sua média foi de 1.93 e cerca de 62% dos candidatos obtiveram nota 2 ou menos que 2 (por volta de 41%<br />
obtiveram nota2). O objetivo desta questão era o comparar as concepções clássica e moderna de rede urbana<br />
e analisar as transformações nas relações entre as cidades contemporâneas diante do avanço tecnológico e da<br />
globalização da economia. O baixo desempenho dos candidatos pode ser explicado pelo fato de não se trata de<br />
um tema comum nas <strong>provas</strong> de Geografia dos concursos vestibulares, embora seja um tema clássico da<br />
Geografia urbana. Faltou assim conhecimento para a maioria dos candidatos, que têm se deparado nos últimos<br />
anos com questões que exigem interpretações de problemas urbanos específicos e não conhecimento<br />
conceitual a respeito das formas de funcionamento das cidades.<br />
A região dos Bálcãs é uma das mais conflituosas da Terra. As freqüentes intervenções das potências ocidentais<br />
nessa região têm contribuído para aumentar ainda mais a tensão.<br />
a) Cite duas potências ocidentais que se envolveram no conflito ocorrido nessa região no primeiro semestre<br />
de 1999.<br />
b) Por que houve o envolvimento dessas potências?<br />
c) Quais são os interesses conflitantes locais?<br />
a) Estados Unidos da América e Inglaterra, agindo em nome da OTAN. (1 ponto)<br />
b) As nações ocidentais justificaram sua interferência alegando razões humanitárias em função do genocídio<br />
praticado pela Sérvia no Kosovo. A Sérvia tem sido apoiada historicamente pela Rússia (ex-URSS), e<br />
o que se buscava era afirmar a hegemonia americana e mesmo européia, para evitar a imigração maciça<br />
de kozovares para os países europeus. (2 pontos)<br />
c) A região toda vive o conflito entre as repúblicas da antiga Iugoslávia, destacando-se nos conflitos recentes<br />
as rivalidades entre sérvios e albaneses, aparentemente por motivos étnico-religiosos: os albaneses do<br />
Kosovo (em sua maioria islâmicos/muçulmanos) buscam a independência da Sérvia (em sua maioria de<br />
origem eslava e cristã ortodoxa). (2 pontos)<br />
a) Estados Unidos e Inglaterra.<br />
b) Ambas almejavam criar na região mencionada zona de influência de <strong>suas</strong> economias e de seus sistemas<br />
políticos. No entanto, alegam, oficialmente, que <strong>suas</strong> intervenções tem caráter pacífico.<br />
c) Após a morte de Tito, na década de oitenta, ressurgiu na região movimentos separatistas que culminaram<br />
na desagregação e emancipação da Iuguslávia (a qual pertenciam) de alguns países, como a Croácia,<br />
Bósnia-Herzegovina. A Iuguslávia ficou formada então por duas repúblicas: Sérvia e Montenegro. A<br />
Sérvia é formada por duas províncias, sendo uma delas Kosovo. Esta procurava conquistar sua independência,<br />
por ser a maioria albanesa e islâmica. O que era negado pela maioria eslava e católica-ortodoxa<br />
da Iuguslávia, tendo em vista fatores históricos. A ONU, com o voto os Estados Unidos e Inglaterra,<br />
países pertencentes ao Conselho de Segurança e com poder de veto – ordenou à OTAN atacar a região,<br />
com intuitos pró-kosovares.<br />
a) Estados Unidos e União Soviética.<br />
▲<br />
123
Geografia<br />
124<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 23<br />
▲<br />
b) Porque a região dos Bálcãs estavam escondendo armas nucleares, que poderiam colocar em risco a vida<br />
de toda a humanidade.<br />
c) Fazer com que as grandes potências, usem <strong>suas</strong> armas, para assim poderem acabar com as tais.<br />
Esta questão, com 0,84 de média, foi a mais difícil da prova de Geografia. Cerca de 35% dos candidatos<br />
obteve nota zero e 30,6% nota 1.<br />
Esta questão tinha por objetivo caracterizar os conflitos étnicos da Ex-Iugoslávia e analisar os interesses<br />
geopolíticos das potências ocidentais na região dos Bálcãs. Sem saber direito de qual conflito armado se<br />
tratava, e de <strong>suas</strong> causas efetivas, muitos candidatos procuravam responder de acordo com fórmulas antigas,<br />
aprendidas para outros contextos histórico-geográficos. Respondiam, por exemplo, tendo como referência a<br />
Guerra Fria, que se tratava de uma disputa hegemônica entre Estados Unidos e Rússia (ex-URSS). Partindo do<br />
pressuposto errado, respondiam incorretamente também os demais itens, obviamente. Outro modelo de resposta<br />
muito encontrado era o que remetia o conflito às questões de caráter étnico-religioso, porém de acordo<br />
com o modelo usual os católicos ou cristãos (ocidentais) estão contra as etnias de origem árabes (islâmicos ou<br />
muçulmanos). Assim, a Iuguslávia só poderia ser muçulmana e os albaneses católicos, invertendo-se assim a<br />
ordem dos fatos. Outros, ainda, tentando responder a questão, mas sem dispor dos conhecimentos necessários,<br />
tentavam responder pelo óbvio: se é uma guerra, deve ser por território e poder ou por independência<br />
política.<br />
É preciso, portanto, mais atenção para com os problemas contemporâneos, procurando entendê-los de<br />
acordo com os processos históricos concretos que conferem à cada região do planeta ou a cada lugar e a cada<br />
território características peculiares identificadas a situações geográficas específicas e que não podem ser<br />
tratadas de forma genérica.<br />
As figuras abaixo representam o ciclo hidrológico de uma bacia hidrográfica da Grã-Bretanha. A armazenagem,<br />
em cada etapa do ciclo, corresponde à área pontilhada conforme a porcentagem do total de água que<br />
processa. A espessura dos fluxos é proporcional à importância de cada etapa do fluxo da água.<br />
Fluxo para os oceanos<br />
evapotranspiração<br />
(saída)<br />
evaporação<br />
transpiração<br />
precipitação<br />
(entrada)<br />
armazenagem<br />
da superfície<br />
infiltração<br />
armazenagem<br />
do solo<br />
percolação<br />
armazenagem<br />
subterrânea<br />
Armazenagem<br />
Transferência<br />
escoamento<br />
fluxo fluvial<br />
escoamento<br />
descarga<br />
subterrânea<br />
fluxo<br />
fluvial<br />
armazenagem<br />
lacustre<br />
Situação 1<br />
Área sob utilização agrícola<br />
entrada para o rio de outras bacias<br />
evapotranspiração<br />
(saída)<br />
evaporação<br />
transpiração<br />
precipitação<br />
(entrada)<br />
armazenagem<br />
de superfície<br />
infiltração<br />
armazenagem<br />
do solo<br />
percolação<br />
armazenagem<br />
subterrânea<br />
Armazenagem<br />
Transferência<br />
escoamento<br />
fluxo fluvial<br />
escoamento<br />
descarga<br />
subterrânea<br />
fluxo fluvial<br />
armazenagem<br />
lacustre<br />
entrada no rio de outras bacias<br />
fluxo para os oceanos<br />
(saída)<br />
Situação 2<br />
Alterações no ciclo hidrológico após uma<br />
intensiva urbanização na área da bacia<br />
David Drew, Processos interativos homem-meio ambiente. São Paulo, Difel, 1986.
Resposta<br />
esperada<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 24<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a) Compare o armazenamento subterrâneo e o escoamento superficial nas situações 1 e 2.<br />
b) Quais as conseqüências ambientais decorrentes das mudanças observadas?<br />
Geografia<br />
a) Na situação 1, o ciclo hidrológico pode ser descrito pela água que entra e é armazenada na superfície,<br />
fornecendo maior volume para a evaporação e infiltração, que irá abastecer a armazenagem do solo; uma<br />
pequena parcela escoa superficialmente. Da água armazenada no solo (cerca de 75% da água é armazenada<br />
na superfície), praticamente quantidades iguais são transferidas à transpiração, à percolação e ao<br />
escoamento que abastecerá os rios. Da armazenagem subterrânea (cerca de 20% da armazenagem<br />
superficial), ocorre a descarga para o fluxo fluvial. Na situação 2, com a intensa urbanização, e conseqüentemente<br />
grande impermeabilização do solo, ocorre a diminuição drástica da água armazenada no<br />
solo e nenhuma armazenagem subterrânea. Os fluxos para evapotranspiração diminuem, pois o escoamento<br />
superficial é acelerado e muito alto. (2 pontos)<br />
b) As mudanças no ciclo hidrológico, com a supressão de algumas etapas de armazenagem e redução dos<br />
fluxos entre diversas armazenagens, provocam o aumento apenas do fluxo fluvial. Como consequência<br />
pode-se ter a aceleração dos processos erosivos, assoreamento dos cursos de água pelo transporte de<br />
sedimentos. provocando a possibilidade de enchentes, reduzindo a alimentação do lençol freático e<br />
conseqüentemente diminuindo a reserva dos mananciais. (3 pontos)<br />
a) Na área sob utilização agrícola percebemos que há infiltração de água e consequente armazenagem<br />
subterrânea portanto ocorrendo pouco escoamento superficial. Já nas áreas urbanizadas, percebemos<br />
uma “impermeabilização” do solo que resulta na inexistência da armazenagem subterrânea e um índice<br />
avassalador de escoamento superficial.<br />
b) Com a “impermeabilização” do solo, observaremos o empobrecimento do mesmo e um aumento no<br />
número de enchentes (e doenças como a leptospirose) decorrentes da não infiltração das águas na<br />
superfície.<br />
a) Tanto o armazenamento subterrâneo quanto o escoamento são melhores na situação 1 que na 2. O<br />
armazenamento subterrâneo não ocorre na situação 2 e o escoamento é maior também.<br />
b) Essas mudanças geram extinções de espécies, assim como morte de vegetação nativa que não consegue<br />
retirar água do solo.<br />
A média desta questão (2,16) situa-a dentre as questões consideradas difíceis nesta prova. Cerca de 38%<br />
dos candidatos obteve nota entre 1 e 2 e por volta de 35% entre 3 e 4. Esta questão coloca-se dentre aquelas<br />
que podem ser bem respondidas mesmo sem que se tenha conhecimentos específicos sobre o tema. Seus<br />
objetivos eram a leitura e interpretação de representação gráfica e o reconhecimento dos impactos provocados<br />
pelo uso do solo no ciclo hidrológico. Os candidatos melhores preparados, que dominam as habilidades<br />
consideradas indispensáveis para o prosseguimento dos estudos em nível superior, podem conseguir bons<br />
resultados interpretando logicamente o gráfico e deduzindo as conseqüências ambientais advindas dos processos<br />
descritos.<br />
Sobre o aquecimento da Terra e o efeito estufa. Pode-se estar certo de que, apesar do contínuo crescimento<br />
do teor em CO 2 da atmosfera desde os começos da era industrial, o clima não conheceu aquecimento no<br />
século XX. As normais medidas entre 1951 e 1980, em relação às do período 1921-1950 mostram, ao<br />
contrário, uma baixa (não significativa) de – 0,3º. De qualquer modo, a evolução é muito lenta, e dezenas de<br />
anos são necessários para que se registre uma mudança climática. O apocalipse anunciado - fusão de<br />
glaciares, elevação do nível do mar etc. - não é seguramente para amanhã. Se é necessário lutar contra a<br />
poluição, a degradação do meio ambiente, devemos fazê-lo com os olhos abertos, com base em análises<br />
científicas e não nos limitando a gritar: “está pegando fogo!”. (Bernard Kayser, Pour une analyse non<br />
conformiste de notre société, fev. 92, (mimeo) apud Milton Santos, Técnica, Espaço e Tempo)<br />
a) O que é o efeito estufa?<br />
b) Em que se baseia o autor na sua crítica aos que anunciam o apocalipse relacionado às mudanças<br />
climáticas?<br />
a) o efeito estufa é uma explicação científica para o aquecimento do clima na Terra, com elevação média de<br />
0,5 graus no último século. Essa teoria afirma que esse aquecimento é originado do aumento do gás ▲<br />
125
Geografia<br />
126<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Exemplo de nota<br />
abaixo da média<br />
Comentários<br />
▲<br />
carbônico (CO 2) na atmosfera, o qual, junto com outros gases (metano, p.ex.) funcionam como retentores<br />
de parte do calor refletido pela Terra, após receber energia solar. O aumento da concentração de gás<br />
carbônico estaria relacionado com o advento da era industrial, consumo de combustíveis fósseis, desmatamentos<br />
e queimadas das florestas e atividades vulcânicas. (3 pontos)<br />
b) A crítica aos apocalípticos refere-se ao alarmismo que estes provocam na população, apregoando a<br />
mudança climática, e a condenação a priori de algumas fontes de CO 2, como as indústrias e o desmatamento,<br />
como responsáveis pelo aquecimento do planeta, quando ainda não se tem confirmado se estas<br />
são realmente as causas, ou se são intensificadores de causas naturais, astronômicas inclusive. Dado o<br />
período curto de observações climáticas, podemos estar vivendo um novo ciclo de aquecimento geral do<br />
clima no planeta, independentemente da ação antrópica. Além disso, o autor ressalta que o processo de<br />
mudança climática é muito lento e que não há maiores estudos científicos que o comprovem e que<br />
mostrem sua causa. (2 pontos)<br />
a) É o aquecimento global da terra. Os gases poluentes emanados pelas indústrias, carros, queimadas,<br />
ficam acumulados na atmosfera terrestre, impedindo que os raios solares que atingem a terra sejam<br />
refletidos de volta ao espaço. Logo a temperatura tende a aumentar.<br />
b) Na falta de base científica daqueles que se dizem “profetas do apocalipse”. Não basta apenas sair por aí<br />
dizendo que o mundo vai acabar, é preciso fazer uma série de experimentos científicos para se chegar a<br />
uma conclusão lógica e racional.<br />
a) É o derretimento das calotas polares decorrentes da poluição e o aquecimento elevado do globo terrestre<br />
devido a destruição da camada de ozônio.<br />
b) Com o aumento da temperatura global pode haver um derretimento das calotas polares, o que elevaria o<br />
nível do oceano e inundaria os países litorâneos, e com o passar do tempo todos os continentes, o que<br />
significaria o fim do mundo. O autor critica, pois há muito alarme por parte dos ecologistas e na verdade<br />
o que se deveria fazer era oferecer alternativas ao uso de produtos que liberam CO 2.<br />
A média desta questão, 2,26 também permite classificá-la como difícil. 39% dos candidatos obteve nota<br />
entre 2 e 1 e 41% entre 3 e 4, o que permite considerar que, como para a questão anterior, os candidatos mais<br />
preparados, dominando melhor as habilidades necessárias, nesta caso a leitura e a interpretação de textos,<br />
tinham grandes possibilidades de chegar a um bom resultado. Os objetivos aqui eram: definir efeito estufa e<br />
estabelecer sua relação com as atividades antrópicas e analisar e criticar a ação e discurso dos ambientalistas.,<br />
a partir do texto apresentado. Acontece que o texto fazia referência a vários fenômenos: efeito estufa,<br />
fusão de glaciares, elevação do nível do mar (que se sabe relacionada ao derretimentos das calotas polares) o<br />
que levou uma parte significativa dos candidatos a generalizar em demasia, relacionando em inúmeras respostas<br />
de forma incorreta, o efeito estufa (aquecimento provocado pela concentração de CO 2, como o próprio texto<br />
do enunciado menciona) com o aumento do buraco na camada de ozônio, provocado pelo uso do CFC.
Matemática
Matemática<br />
QUESTÃO 1<br />
QUESTÃO 2<br />
128<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
As questões da segunda fase da prova de matemática procuram avaliar os conteúdos usualmente<br />
presentes no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. As primeiras questões envolvem apenas as<br />
noções básicas de matemática além da capacidade de leitura e raciocínio; as questões intermediárias<br />
enfocam, normalmente, os conteúdos de quinta a oitava séries e as últimas dizem respeito ao Ensino<br />
Médio. Em quase todas as questões, mesmo nas mais complexas, um dos itens é uma pergunta simples<br />
cujo objetivo é levar o candidato até o final da prova. Além disso, a maioria das questões envolve, cada<br />
uma delas, diversos tópicos do conteúdo programático.<br />
Um determinado ano da última década do século XX é representado, na base 10, pelo número abba e um<br />
outro, da primeira década do século XXI, é representado, também na base 10, pelo número cddc.<br />
a) Escreva esses dois números.<br />
b) A que século pertencerá o ano representado pela soma abba+cddc ?<br />
a)<br />
abba = 1991 e cddc = 2002<br />
Resposta: Os números pedidos são 1991 e 2002.<br />
(2 pontos)<br />
b) 1991 + 2002 = 3993 (século 40)<br />
Resposta: A soma é igual a 3993, que representa um ano do século XL.<br />
(3 pontos)<br />
Questão simples, cujo objetivo é saber representar um número e reconhecer o século ao qual um dado<br />
ano pertenceu. Muitos candidatos não sabem escrever um número em algarismos romanos – esta forma<br />
ainda é usada em situações específicas. Entretanto, quando o candidato respondeu corretamente, escrevendo<br />
apenas século 40, isto foi considerado satisfatório. A nota média, considerados os candidatos presentes<br />
[13.910], foi de 3,94 na escala [0 – 5].<br />
A soma de dois números positivos é igual ao triplo da diferença entre esses mesmos dois números. Essa<br />
diferença, por sua vez, é igual ao dobro do quociente do maior pelo menor.<br />
a) Encontre esses dois números.<br />
2<br />
b) Escreva uma equação do tipo x + bx + c = 0 cujas raízes são aqueles dois números.<br />
a) Sejam x e y os dois números, e suponhamos que x > y.<br />
A partir do enunciado, podemos escrever o<br />
seguinte sistema linear de duas equações e duas incógnitas:<br />
x + y = 3( x – y)<br />
x – y 2 x<br />
⎧<br />
⎪<br />
⎨<br />
⎪ = -----<br />
⎩<br />
y<br />
Da primeira equação obtemos x = 2y<br />
e, fazendo-se a substituição na segunda equação, tem-se:<br />
2y<br />
2y – y = 2 ----- = 4, ou seja, y = 4 e, portanto, x = 8.<br />
y<br />
Resposta: Os números pedidos são 8 e 4.<br />
(3 pontos)<br />
b) Das relações entre raízes e coeficientes de uma equação do segundo grau com<br />
x + y = 8 + 4 = 12 = – b e xy = 8 ⋅ 4 = 32 = c.<br />
Resposta: A equação do segundo grau é<br />
2<br />
x – 12x<br />
+ 32 = 0<br />
a=1,<br />
podemos escrever:<br />
(2 pontos)<br />
Um dos objetivos dessa questão foi a transcrição em linguagem matemática. O candidato deveria deixar<br />
claro qual dos números, x ou y,<br />
seria tomado como o maior deles, para equacionar corretamente. Um<br />
erro freqüente foi apresentar a resposta como um polinômio e não como equação. A questão foi resolvida<br />
corretamente pela maioria dos candidatos e a média nessa questão foi de 3,04 na escala [0 – 5].
QUESTÃO 3<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 4<br />
Matemática<br />
a) Quantos são os triângulos não congruentes cujas medidas dos lados são números inteiros e cujos perímetros<br />
medem 11 metros ?<br />
b) Quantos dos triângulos considerados no item anterior são eqüiláteros ? E quantos são isósceles ?<br />
a) Sejam a,<br />
b e c as medidas, em metros, de 3 segmentos. Para que esses 3 segmentos formem um triângulo<br />
de perímetro 11, devemos ter:<br />
a + b + c =11; a < b + c; b < a + c e c < a +<br />
Então: 11 = a + b + c < b + c + b + c<br />
b.<br />
= 2 ( b + c).<br />
Como a,<br />
b e c são números naturais e b + c > 5,5, segue-se que b + c ≥ 6. Somando a aos dois membros<br />
dessa última desigualdade, temos:<br />
11 ≥ 6 + a o que implica a ≤ 5.<br />
O mesmo vale para b e c,<br />
ou seja, todos os 3 números são menores ou iguais a 5. Podemos então<br />
construir a seguinte tabela:<br />
Observando que permutações dos mesmos números produzem triângulos congruentes, podemos concluir<br />
que existem apenas os 4 triângulos não congruentes apresentados na tabela acima.<br />
Resposta: Existem apenas 4 triângulos não congruentes cujos lados são números inteiros (positivos) e<br />
cujos perímetros medem 11 metros. São eles: (5, 5, 1), (5, 4, 2), (5, 3, 3) e (4, 4, 3).<br />
(3 pontos)<br />
b) Para que um triângulo de lados<br />
3b<br />
= 3c<br />
= 11.<br />
a b c<br />
5 5 1<br />
5 4 2<br />
5 3 3<br />
4 4 3<br />
a,<br />
b e c seja equilátero é necessário que a = b = c e, portanto, 3a<br />
=<br />
Como 11 não é divisível por 3, segue-se que a,<br />
b e c não podem ser inteiros, ou seja, não existe triângulo<br />
equilátero com lados inteiros e perímetro igual a 11. Esta mesma conclusão pode ser obtida a partir<br />
da resposta (a), observando-se que nenhum dos 4 triângulos possíveis é equilátero. Os triângulos<br />
isósceles são: (5, 5, 1), (4, 4, 3) e (3, 3, 5), totalizando 3 triângulos.<br />
Resposta: Nenhum triângulo é equilátero e três triângulos são isósceles.<br />
(2 pontos)<br />
Esta questão avalia vários conceitos básicos de geometria e aritmética, especialmente as condições<br />
para a existência de triângulos e a noção fundamental de congruência de triângulos. A média foi muito<br />
menor que a da questão anterior, ficando em 1,47 na escala [0 – 5].<br />
Em um certo jogo são usadas fichas de cores e valores diferentes. Duas fichas brancas equivalem a três<br />
fichas amarelas, uma ficha amarela equivale a cinco fichas vermelhas, três fichas vermelhas equivalem a<br />
oito fichas pretas e uma ficha preta vale quinze pontos.<br />
a) Quantos pontos vale cada ficha ?<br />
b) Encontre todas as maneiras possíveis para totalizar 560 pontos, usando, em cada soma, no máximo<br />
cinco fichas de cada cor.<br />
129
Matemática<br />
QUESTÃO 5<br />
130<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
a) Seja a o número de pontos de uma ficha amarela, b o número de pontos de uma ficha branca, v o<br />
número de pontos de uma ficha vermelha e p = 15 o número de pontos de uma ficha preta. Então:<br />
2b<br />
= 3a,<br />
a = 5v,<br />
3v = 8p e p =15.<br />
Logo: v = 40, a = 200 e b = 300.<br />
Resposta: Cada ficha vermelha vale 40 pontos; cada ficha amarela, 200 pontos; cada ficha branca,<br />
300 pontos. (2 pontos)<br />
b) Para totalizar 560 pontos podemos usar, no máximo, 1 ficha branca. Usando uma ficha branca, restam<br />
260 pontos que podem ser obtidos com 1 ficha amarela e 4 pretas ou com 5 vermelhas e 4 pretas. Não<br />
usando ficha branca, podemos usar 2 amarelas e 4 vermelhas. Estas são as únicas respostas possíveis.<br />
Resposta: (i) 1 ficha branca, 1 amarela e 4 pretas. (ii) 1 ficha branca, 5 vermelhas e 4 pretas. (iii) 2<br />
amarelas e 4 vermelhas. (3 pontos)<br />
A solução dessa questão exige uma análise cuidadosa mas nenhum conteúdo matemático mais profundo.<br />
A parte (b) desta questão poderia também ser colocada no contexto de soluções inteiras não negativas<br />
da equação: 15x + 40y + 200z + 300w = 560, onde x, y, z e w são as quantidades de fichas<br />
pretas, que valem 15 pontos, de fichas vermelhas, 40 pontos, fichas amarelas, 200 pontos e fichas brancas,<br />
300 pontos. A maioria dos candidatos foi bem sucedida na resolução dessa questão, o que se refletiu<br />
na média de 3,84 na escala [0 – 5].<br />
As diagonais D e d de um quadrilátero convexo, não necessariamente regular, formam um ângulo agudo.<br />
D⋅d a) Mostre que a área desse quadrilátero é ---------- sen α .<br />
2<br />
b) Calcule a área de um quadrilátero convexo para o qual D = 8 cm, d = 6 cm e α = 30°.<br />
a) No quadrilátero ABCF da figura abaixo:<br />
A<br />
h 1<br />
B<br />
Seja E o ponto de intersecção das diagonais D e d e sejam h1 e h2 as alturas dos triângulos ABC e ACF,<br />
respectivamente. Então temos: h1 = BE ⋅ sen α e h2 = FE ⋅ sen α.<br />
A área S do quadrilátero é igual à soma das áreas dos triângulos ABC e ACF, ou seja:<br />
1<br />
1<br />
1<br />
1<br />
S = ------ ⋅ AC ⋅ h1 + ------ ⋅ AC ⋅ h2 = ------ ⋅ AC ⋅ BE ⋅ sen α + ------ ⋅ AC ⋅ FE ⋅ sen α =<br />
2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
d<br />
E<br />
1<br />
1<br />
= ------ ⋅ AC ⋅ ( BE + FE)<br />
⋅ sen α = ------ D⋅d⋅sen α (3 pontos)<br />
2<br />
2<br />
b) Para calcular a área do quadrilátero para o qual D = 8 cm, d = 6 cm e α = 30°, basta observar que<br />
sen 30° = e substituir na fórmula acima:<br />
S = 8 6 = 12 cm 2<br />
1<br />
------<br />
2<br />
1<br />
------ ⋅ ⋅ ⋅<br />
2<br />
1<br />
------<br />
2<br />
α<br />
Resposta: A área do quadrilátero é de 12 cm 2 . (2 pontos)<br />
F<br />
h 2<br />
D<br />
C
Comentários<br />
QUESTÃO 6<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Matemática<br />
Os candidatos tiveram a oportunidade para “demonstrar” uma fórmula de geometria e, em seguida,<br />
aplicá-la. A decomposição de uma figura plana em triângulos é um procedimento importante e, nesse<br />
caso, muito simples. Convém observar que a parte (b) pode ser resolvida usando a parte (a) mesmo que o<br />
candidato não tenha demonstrado a fórmula e muitos fizeram isso, o que contribuiu para que a nota média<br />
dessa questão se aproximasse de 2, na escala [0 – 5]. Convém também salientar a dificuldade generalizada<br />
com demonstrações – conseqüência do descuido com essa componente importante da matemática, e<br />
não somente da geometria, no ensino médio e no ensino fundamental. Além disso, muitos vestibulandos<br />
particularizaram o quadrilátero, considerando-o um quadrado, ou um losango, um paralelogramo ou até<br />
mesmo um trapézio. Outros consideraram que as diagonais se cortam nos seus pontos médios ou que são<br />
perpendiculares. Na parte (b) a omissão da unidade foi o erro mais freqüente.<br />
Suponha que o número de indivíduos de uma determinada população seja dado pela função: F(t) = a 2 –bt ⋅ ,<br />
onde a variável t é dada em anos e a e b são constantes.<br />
a) Encontre as constantes a e b de modo que a população inicial (t = 0) seja igual a 1024 indivíduos e a<br />
população após 10 anos seja a metade da população inicial.<br />
b) Qual o tempo mínimo para que a população se reduza a 1/8 da população inicial?<br />
c) Esboce o gráfico da função F(t) para t ∈ [0, 40].<br />
a) Fazendo t = 0 na expressão F(t) = a 2 –bt tem-se: F(0) = a 2 –b0 ⇒ a = 1024 = 2 10<br />
⋅ ⋅<br />
De modo que já temos a = 2 10 e, conseqüentemente, F(t) = 2 10 2 –bt ⋅ = 2 10<br />
( ) bt –<br />
Fazendo t = 10, tem-se: F(10) = 2 10 – 10.b = 1024 = 2 10 = 2 9 1<br />
1<br />
------ ⋅ ------ ⋅ , de onde podemos concluir que:<br />
2<br />
2<br />
10 – 10 ⋅ b = 9 e, portanto: b =<br />
Resposta: a = 1024 = 2 10 1<br />
e b = ------<br />
(2 pontos)<br />
10<br />
Observação: Para esta última conclusão estamos usando a “injetividade” da função exponencial y=2 x , isto é:<br />
“Se x1 e x2 são números reais tais que , então x1=x2”. No caso, 2 10 – 10 . b = 2 9 2 implica<br />
10 – 10 b = 9. Esta propriedade (injetividade) não é válida para todas as funções. Por exemplo:<br />
cos(x1) = cos(x2) não implica x1=x2. x 1<br />
2 x 2<br />
=<br />
⋅<br />
b) Vamos encontrar o valor de t para o qual F(t) = 2 10 = 2 7<br />
1<br />
------ ⋅<br />
8<br />
Como a função F(t) = 2 10 – = 7 é decrescente (ou seja, diminui à medida que t aumenta), o valor de<br />
t para o qual F(t) = 2 7 t<br />
------<br />
10<br />
é o tempo mínimo para que a população se reduza a 1/8 da população inicial.<br />
Então, basta resolver a equação: = 2 7 10<br />
, ou seja : 10 – ------ = 7, o que significa t = 30<br />
10<br />
Resposta: O tempo mínimo para que a população se reduza a 1/8 da população inicial é de 30 anos.<br />
(1 ponto)<br />
c) Devemos usar o resultados obtidos em (a) e (b) para escrever a tabela abaixo e depois traçar o gráfico<br />
da função no intervalo [0, 40].<br />
t 0 10 20 30 40<br />
F(t) 2 10<br />
1<br />
------<br />
10<br />
2 10<br />
t<br />
– ------<br />
t<br />
2 9<br />
2 8<br />
2 7<br />
2 6<br />
131<br />
▲
Matemática<br />
QUESTÃO 7<br />
132<br />
▲<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Note que após cada período de 10 anos, F(t) se reduz à metade do valor no início do período.<br />
(2 pontos)<br />
O conhecimento da função exponencial y = a x é indispensável, visto que esta função descreve muitos<br />
fenômenos naturais importantes, como é o caso da variação populacional apresentada nesse exemplo.<br />
Observe que “à medida que t cresce, F(t) decresce”; entretanto, F(t) nunca será igual a zero, ou seja, o<br />
gráfico não deve cortar o eixo horizontal, mesmo que t seja tomado como “arbitrariamente grande”. Seria<br />
interessante analisar o que ocorre com a população descrita por essa função depois de 90 anos! A nota<br />
média dessa questão, foi de 3,39 na escala [0 – 5].<br />
Seja A a matriz formada pelos coeficientes do sistema linear abaixo:<br />
⎧λx<br />
+ y+ z = λ + 2<br />
⎪<br />
⎨x<br />
+ λy+ z = λ + 2<br />
⎪<br />
⎩x+<br />
y+ λz = λ + 2<br />
a) Ache as raízes da equação: det(A)=0.<br />
b) Ache a solução geral desse sistema para= –2.<br />
a) A matriz dos coeficientes do sistema linear dado é:<br />
A =<br />
λ 11<br />
1 λ 1<br />
11λ<br />
Desenvolvendo-se pela primeira linha, temos:<br />
det(A) = λ (λ 2 – 1) – (λ – 1) + (1 – λ) = λ (λ 2 – 1) – 2 (λ – 1) = (λ – 1) [ λ (λ+1) – 2] = (λ – 1) [λ 2 + λ – 2].<br />
As raízes da equação:<br />
população<br />
2 6<br />
2 7<br />
det(A) = (λ – 1) (λ 2 + λ – 2) = 0 são dadas por:<br />
2 10<br />
2 9<br />
2 8<br />
λ – 1 = 0 e λ 2 + λ – 2 = 0, ou seja, λ 1=1, λ 2=1, λ 3= –2.<br />
Resposta: As raízes da equação det(A) = 0 são: λ = 1 (dupla) e λ = –2. (3 pontos)<br />
b) Para λ = –2, o sistema linear é:<br />
⎧–<br />
2x + y+ z = 0<br />
⎪<br />
⎨x<br />
– 2y + z = 0<br />
⎪<br />
⎩x<br />
+ y – 2z = 0<br />
10 20 30 40 anos<br />
▲
QUESTÃO 8<br />
▲<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Matemática<br />
Tal sistema é homogêneo, isto é, os termos constantes são todos iguais a zero, e, por isso, x = y = z = 0, ou<br />
seja (0, 0, 0) é uma solução. Assim sendo, este sistema é possível, isto é, possui pelo menos uma solução.<br />
Como para λ = –2, det(A) = 0, o sistema em questão é indeterminado. Isto quer dizer que o sistema tem<br />
mais de uma solução e, por ser linear, tem na verdade infinitas soluções. Estas soluções podem ser encontradas<br />
por escalonamento, por exemplo. Este método produz o seguinte sistema, equivalente ao inicial:<br />
⎧x<br />
– z = 0<br />
⎨<br />
⎩y<br />
– z = 0<br />
Podemos então concluir que x = z e y = z, ou seja: para cada valor atribuído à variável z, podemos<br />
encontrar os valores correspondentes para x e y. Fazendo então z = α tem-se: x = α e y = α.<br />
Resposta: O conjunto solução do sistema para λ = –2 é {(α, α, α); ∀α ∈ R} (2 pontos)<br />
Esta questão pretende avaliar: (i) O conceito de matriz dos coeficientes de um sistema linear e o cálculo<br />
de seu determinante. (ii) Raízes de uma equação do terceiro grau e raízes múltiplas. (iii) Resolução de<br />
um sistema linear homogêneo indeterminado.<br />
A média obtida pelos candidatos nessa questão foi de 1,25, bem abaixo da média esperada pela Banca.<br />
Sejam A e B os pontos de intersecção da parábola com a circunferência de centro na origem e raio 2 .<br />
a) Quais as coordenadas dos pontos A e B ?<br />
b) Se P é um ponto da circunferência diferente de A e de B, calcule as medidas possíveis para os ângulos AP . ˆ B<br />
a) A equação da circunferência de centro na origem e raio 2 é:<br />
(x – 0) 2 + (y – 0) 2 = , ou seja, x 2 + y 2 ( 2)<br />
= 2.<br />
2<br />
As coordenadas dos pontos de intersecção dessa circunferência com a parábola y = x 2 são as soluções<br />
do sistema não linear:<br />
+ = 2<br />
y x 2<br />
⎧<br />
⎨<br />
⎩ – = 0<br />
x 2<br />
y 2<br />
Substituindo y = x 2 na primeira equação obtemos a equação biquadrada: x 4 + x 2 – 2 = 0, cujas raízes<br />
reais são: x 1 = 1 e x 2 = –1.<br />
Como y = x 2 , temos um único valor correspondente para y, a saber: y = 1.<br />
Resposta: Os pontos de intersecção são: A(1, 1) e B(–1, 1). (2 pontos)<br />
P’’<br />
B<br />
–1<br />
45°<br />
135°<br />
O<br />
P’<br />
1<br />
A<br />
133<br />
▲
Matemática<br />
QUESTÃO 9<br />
134<br />
▲<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
b) Vamos mostrar que o triângulo AOB, onde O é o centro da circunferência x 2 + y 2 = 2 e A e B são os<br />
pontos obtidos anteriormente, é retângulo.<br />
De fato: = (–1 – 1) 2 + (1 – 1) 2 = 4 e + = 4.<br />
AB 2<br />
Assim, + = e pela recíproca do teorema de Pitágoras, o triângulo AOB é retângulo.<br />
AO 2<br />
BO 2<br />
AB 2<br />
Se P’ está no arco correspondente ao ângulo central de 90°, então o arco correspondente ao ângulo<br />
AP’B mede 270° e, portanto, o ângulo AP’B mede 135°.<br />
Se P’’ está no arco correspondente ao ângulo central de 270°, então o arco correspondente ao ângulo<br />
AP”B mede 90° e, portanto, o ângulo AP”B mede 45°.<br />
Resposta: As medidas possíveis para o ângulo APB são 45° e 135°. (3 pontos)<br />
Esta questão procura relacionar conhecimentos de álgebra e geometria. O fato matemático fundamental<br />
é: a medida do ângulo central é o dobro da medida do ângulo cujo vértice está sobre a circunferência,<br />
ambos subentendendo o mesmo arco. A nota média foi muito baixa, talvez refletindo a separação álgebra/<br />
geometria que ainda é muito comum no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.<br />
Os lados de um triângulo têm, como medidas, números inteiros ímpares consecutivos cuja soma é 15.<br />
a) Quais são esses números ?<br />
b) Calcule a medida do maior ângulo desse triângulo.<br />
c) Sendo α e β os outros dois ângulos do referido triângulo, com β > α, mostre que sen 2 β – sen 2 1<br />
α < ------ .<br />
4<br />
a) Sejam a, a + 2 e a + 4 os 3 números ímpares consecutivos que são as medidas dos lados do triângulo.<br />
Então: a+ (a + 2) + (a + 4) = 15 o que implica de imediato a = 3.<br />
Resposta: Os números são: 3, 5 e 7. (1 ponto)<br />
b) Sabendo-se que o maior ângulo é oposto ao maior lado e utilizando a lei dos cosenos, temos:<br />
AO 2<br />
7 2 = 3 2 + 5 2 – 2 ⋅ 3 ⋅ 5 cos θ ⇒ cos θ = .<br />
Resposta: O maior ângulo é θ = 120° (2 pontos)<br />
7 5 3<br />
c) Pela lei dos senos: ---------------------- = ------------- = ------------- de onde concluímos que:<br />
sen 120° sen β sen α<br />
– 1<br />
------<br />
2<br />
sen α = e sen β = uma vez que sen 120° = .<br />
Então: (sen 2 β) – (sen 2 3 3<br />
5 3<br />
3<br />
----------<br />
----------<br />
-------<br />
14<br />
14<br />
2<br />
75 27 48 1<br />
α) = ---------- – ---------- = ---------- < ------<br />
196 196 196 4<br />
Resposta: (sen 2 β) – (sen 2 1<br />
α) < ------<br />
(2 pontos)<br />
4<br />
Esta questão explorou a trigonometria de um triângulo qualquer, em particular as leis do seno e do coseno.<br />
Consideramos importante observar que θ > β > α visto que a omissão desse cuidado produziu erros<br />
– 1<br />
para muitos candidatos. Também é importante observar que o ângulo para o qual cos θ = ------ é θ =120°<br />
2<br />
1<br />
e não θ = 60°. Muitos candidatos chegaram a cos θ = ------ e, conseqüentemente, erraram tudo.<br />
2<br />
A média final dos presentes nessa questão foi de 1,67; observamos que tal média é conseqüência da facilidade<br />
da parte (a) que proporcionou 1 ponto aos candidatos que não desistiram antes de chegar a essa altura da prova.<br />
BO 2
QUESTÃO 10<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
QUESTÃO 11<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Matemática<br />
Para representar um número natural positivo na base 2, escreve-se esse número como soma de potências<br />
de 2. Por exemplo: 13 = 1 2 3 + 1 2 2 + 0 2 1 + 1 2 0 = 1101.<br />
a) Escreva o número 2 6 + 13 na base 2.<br />
b) Quantos números naturais positivos podem ser escritos na base 2 usando-se exatamente cinco algarismos?<br />
c) Escolhendo-se ao acaso um número natural n tal que 1 ≤ n ≤ 2 50 ⋅ ⋅ ⋅ ⋅<br />
, qual a probabilidade de que sejam<br />
usados exatamente quarenta e cinco algarismos para representar o número n na base 2?<br />
a) Devemos escrever o número 2 6 + 13 como soma de potências de 2, isto é:<br />
2 6 + 13 = 1 2 6 + 0 2 5 + 0 2 4 + 1 2 3 + 1 2 2 + 0 2 1 + 1 2 0 ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ = 10011012. Resposta: O número 2 6 + 13 = 77 10 escreve-se na base 2 como 1001101. (1 ponto)<br />
b) Um número que se escreve na base 2 com exatamente 5 algarismos é da forma:<br />
1 2 4 + a 2 3 + b 2 2 + c 2 1 + d 2 0 ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ ⋅ onde a, b, c e d podem assumir valores 0 ou 1.<br />
De modo que temos duas possibilidades para cada uma dessas quatro letras; pelo princípio multiplicativo,<br />
podemos concluir que temos 2 4 possibilidades, ou seja, são exatamente 16 estes números.<br />
Resposta: São 16 os números que se escrevem na base 2 usando exatamente 5 algarismos. (2 pontos)<br />
c) Entre 1 e 2 50 temos 2 50 números naturais.<br />
Representados na base 2 com 45 algarismos existem 2 44 números naturais – para ver isto basta repetir<br />
o raciocínio usado na parte (b). Portanto, a probabilidade pedida é igual a:<br />
2 44<br />
2 50 -------<br />
1<br />
= ----- =<br />
2 6<br />
1<br />
------<br />
64<br />
1<br />
Resposta: A probabilidade é igual a ------ . (2 pontos)<br />
64<br />
Essa questão abordou as noções básicas de contagem, sistema de numeração na base 2 e probabilidade. O<br />
resultado evidencia que esses conceitos fundamentais ainda não são dominados pelos vestibulandos e, como<br />
conseqüência, a média final foi uma das menores da prova de matemática: 0,73 na escala [0 – 5].<br />
2 1<br />
Considere a equação: 2 x .<br />
x<br />
a) Mostre que x = i é raiz dessa equação.<br />
b) Encontre as outras raízes da mesma equação.<br />
2<br />
⎛ + ------ ⎞ 1<br />
+ 7⎛x+ ------ ⎞ + 4 = 0<br />
⎝ ⎠ ⎝ x ⎠<br />
a) Substituindo x = i na equação dada e lembrando que, para esse valor de x, x 2 = –1, tem-se:<br />
2⎛i+ ------ ⎞ 1<br />
+ 7⎛i+ ------ ⎞ + 4 = 0 ⇒ 2⎛ 1<br />
– 1 + ------ ⎞ + 7 ⋅ 0 + 4 = 2 ⋅ (–2) + 4 = 0<br />
⎝ ⎠ ⎝ i ⎠<br />
⎝ – i ⎠<br />
2 1<br />
i 2<br />
Resposta: x = i é raiz da equação dada. (2 pontos)<br />
b) Se x = i é raiz da equação, como os coeficientes são reais, x = –i, que é o conjugado de i, também é<br />
raiz da mesma equação. Além disso:<br />
135<br />
▲
Matemática<br />
QUESTÃO 12<br />
136<br />
▲<br />
Comentários<br />
Resposta<br />
esperada<br />
se, e somente se, 2x 4 + 7x 3 + 4x 2 + 7x + 2 = 0.<br />
⇒<br />
Como x = i e x = –i são raízes dessa equação, segue-se que o polinômio p(x) = 2x 4 + 7x 3 + 4x 2 + 7x + 2 é<br />
divisível por (x – i) (x + i) = x 2 + 1.<br />
Na verdade: 2x 4 + 7x 3 + 4x 2 + 7x + 2 = (x 2 + 1) (2x 2 + 7x + 2).<br />
Resolvendo a equação do segundo grau 2x 2 + 7x + 2 = 0, obteremos as raízes;<br />
– 7 + 33 – 7 – 33<br />
= ------------------------- e x4 = ------------------------ .<br />
2<br />
2<br />
– 7 + 33 – 7 – 33<br />
Resposta: As quatro raízes da equação dada são: i, –i, ------------------------- , ------------------------ . (3 pontos)<br />
2 2<br />
Números complexos e raízes de polinômios são os tópicos envolvidos nessa questão. Estes conteúdos<br />
são, em geral, os últimos no programa do Ensino Médio e, por isso mesmo, nem sempre são tratados adequadamente.<br />
A média final foi de 1,86 pontos na escala de zero a cinco.<br />
Seja P um ponto do espaço eqüidistante dos vértices A, B e C de um triângulo cujos lados medem 8 cm, 8 cm<br />
e 9,6 cm. Sendo d(P, A)=10 cm, calcule:<br />
a) o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC;<br />
b) a altura do tetraedro, não regular, cujo vértice é o ponto P e cuja base é o triângulo ABC.<br />
a)<br />
2⎛x+ ------ ⎞ 1<br />
+ 7⎛x+ ------ ⎞ + 4<br />
⎝ ⎠ ⎝ x ⎠<br />
x 3<br />
2 1<br />
x 2<br />
Sejam O o centro e R o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC; seja ainda M o ponto<br />
médio do lado BC. O triângulo AMC é retângulo, de modo que:<br />
AM 2<br />
+ (4,8) 2 = 64, ou seja, = 40,96 e, portanto, AM = 6,4 cm.<br />
No triângulo OMC, temos: R 2 = + (4,8) 2 .<br />
2x 4 7x 3 4x 2 + + + 7x + 2<br />
x 2<br />
------------------------------------------------------------- = 0<br />
Como OM = AM – R = 6,4 – R, segue-se que:<br />
R 2 = (6,4 – R) 2 + (4,8) 2 de onde tiramos que R = 5 cm.<br />
A<br />
R<br />
8 8<br />
R<br />
O R<br />
M<br />
B C<br />
9,6<br />
AM 2<br />
OM 2<br />
Resposta: O raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC mede 5 cm. (2 pontos)<br />
▲
▲<br />
Comentários<br />
b)<br />
A<br />
Matemática<br />
O ponto H, pé da perpendicular ao plano do triângulo ABC, baixada a partir do ponto P, coincide com o<br />
ponto O.<br />
De fato: como PA = PB = PC , os triângulos retângulos PHA, PHB e PHC são congruentes e, portanto,<br />
o ponto H é eqüidistante de A, B e C ou seja H é o centro da circunferência circunscrita ao triângulo<br />
ABC, isto é, H coincide com O.<br />
Então, a altura PH do tetraedro é dada por: = 10 2 – 5 3 = 75, ou seja, AH = 5 3 cm.<br />
AH 2<br />
P<br />
Resposta: a altura do tetraedro mede 5 3 cm. (3 pontos)<br />
Este é um problema clássico de geometria no espaço e a matemática necessária para resolvê-lo, além da<br />
visão espacial indispensável, se reduz ao uso apropriado do teorema de Pitágoras. A média final de 0,27<br />
nessa questão foi a mais baixa da prova, como tem acontecido nos últimos anos com a questão envolvendo<br />
geometria espacial. Isto que dizer que o entendimento dessa parte da geometria continua deficiente.<br />
H = 0<br />
B<br />
C<br />
137
Língua estrangeira<br />
PROVA DE FRANCÊS<br />
Os interessados na resolução da prova de<br />
francês devem solicitá-la à Comissão de<br />
Vestibulares, que a enviará pelo correio.
QUESTÃO 13<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Inglês<br />
A prova de Inglês do vestibular <strong>Unicamp</strong> do ano 2000 apresentou oito textos para leitura, número<br />
maior que o dos anos anteriores, o que se justifica pelo tamanho e mesmo pela natureza dos próprios<br />
textos escolhidos. Procurou-se, com isso, evitar uma concentração de perguntas em um ou dois textos,<br />
para que ficassem aumentadas as chances de sucesso na leitura e, portanto, na resolução das questões.<br />
Não há textos longos; os textos têm, todos, tamanhos aproximados. Guarda-se, no entanto, a variedade<br />
quanto à diferença de complexidade de língua.<br />
Os textos escolhidos para a prova de 2000 foram dois trechos de histórias, bastante diferentes entre<br />
si, sendo que um deles prima pela presença marcante de diálogos; um trecho de um livro que narra a<br />
história dos Beatles; uma resenha de um livro; uma carta de um leitor para a revista Popular Science; um<br />
trecho de um livro sobre sonhos e pesadelos; o início de um artigo retirado da revista The Economist (que<br />
não trata de economia, mas do tempo) e uma tirinha. Vejamos, texto por texto, questão por questão, as<br />
respostas esperadas, o que era preciso fazer para se chegar a elas, exemplos de soluções e, ainda, de<br />
maneira geral, o que chamou a atenção na solução de cada questão. Por fim, para algumas questões,<br />
exercícios de observação e avaliação de respostas, exercícios que ajudam a preparação para uma prova<br />
como esta.<br />
Lembramos que na transcrição de respostas dadas pelos candidatos mantivemos a maneira exata<br />
como ela veio redigida, incluindo a grafia.<br />
Responda a todas as perguntas em português.<br />
1. Qual é o nome do personagem que aparece na tirinha usando uma coroa? Como se pode chegar a essa<br />
conclusão pela leitura da tirinha?<br />
Dogbert. Pode-se chegar a essa conclusão porque ele diz que, daquele momento em diante, vai se referir<br />
a si mesmo na terceira pessoa, como de fato o faz no segundo quadrinho.<br />
Observa-se imediatamente que há três nomes próprios no material com que o candidato tem que lidar para<br />
resolver a questão 13: Bob, Dogbert e Dilbert. Na conversa entre os personagens que aparecem nos quadrinhos,<br />
no entanto, há apenas dois nomes próprios, Bob e Dogbert. Logo na primeira fala o dinossauro é<br />
chamado de Bob pelo cachorro de óculos e coroa, portanto este é Dogbert. Em outras palavras, o reconhecimento<br />
do vocativo e da pontuação usada em sua introdução – a vírgula depois de Bob – já apontavam uma<br />
solucão para a questão.<br />
A solução envolvia ainda o entendimento da primeira fala, que passa por I, myself e third person e o<br />
reconhecimento dos verbos empregados pelos dois personagens na terceira pessoa do singular (does, thinks)<br />
nas falas seguintes, notadamente na fala do próprio Dogbert, junto com o uso que ele faz de his (sem necessariamente<br />
apontar o caráter majestático que quer imprimir a sua fala). Era preciso entender ainda o fato de<br />
Dogbert dizer o que fará daquele momento em diante (from now on) e o fato de ele o fazer usando um<br />
anafórico (Dogbert does this...), bem como o que era uma boa idéia em Bob thinks that is a good idea.<br />
Responder apenas o nome correto do personagem dava ao candidato 1 ponto. Receberam nota máxima<br />
aquelas respostas que, além de darem o nome correto do personagem, indicaram que Dogbert diz que vai se<br />
referir a si mesmo em terceira pessoa e que faz isso no segundo quadrinho.<br />
139
Inglês<br />
140<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
QUESTÃO 14<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
O nome do personagem é Dogbert. Pode-se chegar a esta conclusão porque ele diz que vai se referir a ele<br />
mesmo na terceira pessoa, o que ele faz no segundo quadrinho, ao pronunciar seu próprio nome.<br />
Leia o trecho seguinte, do livro The Love You Make. An Insider´s Story of The Beatles, de P. Brown e S.<br />
Gaines (trecho em que são mencionados John Lennon, sua mãe Júlia, sua tia Mimi e seu pai Fred) e<br />
responda à questão 14.<br />
(...) But by that summer it had become clear that John wasn’t interested in his<br />
education, or in art, or in his future at all. John’s only interest was the American<br />
craze called “rock and roll”, a derivative form of black rhythm and blues with a<br />
prominent drum beat. (...)<br />
John wanted a guitar more than he had wanted anything before in his life. Surprisingly,<br />
it wasn’t Julia who broke down and bought it for him, it was Mimi who<br />
marched him to a music shop in Whitechapel and bought him his first guitar for<br />
£17. A small, Spanish model with cheap wire strings, he played it continuously until<br />
his fingers bled. Julia taught him some banjo chords she had learned from Fred, and<br />
he started with those. He sat on the bed all day, and when Mimi tried to shoo him<br />
into the sunlight, he’d go out to the support and lean up against the brick wall<br />
practicing his guitar for so long that Mimi thought he’d rub part of the brick away<br />
with his behind. She watched him waste hour after hour, day after day with the<br />
damned thing and regretted having bought it for him. “The guitar’s all very well,<br />
John,” she warned him, “but you’ll never make a living out of it.”<br />
Qual a previsão feita por Mimi a respeito do futuro de John Lennon?<br />
Mimi achava que John jamais ganharia a vida com sua guitarra.<br />
Mimi, já identificada como a tia de John Lennon na introdução ao texto da questão 14, faz uma previsão<br />
sobre o futuro do Beatle, é o que afirma a própria questão ao indagar qual a previsão feita. Dessa forma, o<br />
enunciado da questão dá ao candidato um caminho para a leitura do trecho: ele contém uma previsão feita por<br />
Mimi a respeito do futuro de John.<br />
A previsão aparece de fato na fala da própria Mimi transcrita no final do trecho em questão: The guitar´s<br />
very well, John, she warned him, but you´ll never make a living out of it. Para identificar a fala como sendo<br />
de Mimi, necessariamente deve-se identificar o she, de she warned him, com o she, de she watched him<br />
waste hour after hour (...) e com Mimi que aparece linhas antes, em (...) Mimi thought he´d rub part of the<br />
brick away with his behind, tarefa aparentemente fácil. Algum entendimento de todo o trecho que antecede a<br />
fala de Mimi seria de grande valia aqui. As estruturas lingüísticas são simples e o vocabulário, conhecido<br />
(expressões como broke down, to shoo, sunporch, lean up poderiam ser interpretadas pelo contexto). Por fim,<br />
havia ainda o verbo usado pelo autor para introduzir a fala de Mimi: to warn.<br />
Houve uma distribuição razoavelmente equivalente de notas altas e zeros. Entre os zeros, foi notável a<br />
dificuldade encontrada na leitura da expressão make a living out of (something). Foram aceitas várias maneiras<br />
de se dizer que, na opinião de Mimi, John jamais poderia ganhar a vida com a música, como, por exemplo:<br />
se sustentar, viver de música, se dar bem na vida, ser bem sucedido, garantir a vida, subir, vencer na vida,<br />
manter-se.<br />
1. ‘The guitar’s very well (...) but you’ll never make a living out of it’. Com essa frase pode-se dizer que a tia<br />
de J. Lennon previa que o rapaz nunca iria ser um músico que ganhasse dinheiro o suficiente para viver<br />
somente ‘fazendo’ música.<br />
2. Que Lennon nunca iria viver da música como uma fonte de renda.<br />
A seguir, exemplos de respostas equivocadas que mostram a dificuldade com a expressão em questão:<br />
1. Mimi disse a John que ele tocava muito bem mas nunca faria sua vida fora dali, ou seja, que ele nunca<br />
tocaria em outro lugar a não ser ali.<br />
2. Mimi, tia de J. Lennon, diz que ele nunca iria fazer um show fora de seu quarto, da sua casa.<br />
3. O futuro dele está na guitarra. Ele nunca conseguirá viver a vida fora daquilo.
QUESTÃO 15<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Inglês<br />
Para responder às questões 15 e 16, leia a pergunta feita por um leitor à revista Popular Science (outubro<br />
de 1999), bem como a resposta dada a ele pela revista.<br />
Qual a explicação dada pela revista para a afirmação “(...)we are a bit taller in the morning than we are at<br />
night”?<br />
A posição horizontal em que dormimos reduz a pressão em nossa espinha e a cartilagem que existe entre<br />
nossas vértebras se expande.<br />
Ou:<br />
Os discos de cartilagem que existem entre as vértebras são constituídos de uma razoável percentagem de<br />
água. Quando nos deitamos, diminuímos nosso peso e os discos se expandem. Quando o nosso peso está<br />
sobre eles, eles se comprimem.<br />
Em comparação com as questões anteriores, as questões 15 e 16 (ambas a respeito de uma cartaresposta<br />
de uma revista a uma pergunta colocada por um leitor) eram mais trabalhosas, embora ainda de<br />
dificuldade apenas média. A pergunta feita pelo leitor à revista envolve uma estrutura de comparativo bastante<br />
familiar para o aluno do segundo grau. O mesmo pode ser dito do adjetivo em questão (tall). Tanto o primeiro<br />
quanto o segundo parágrafo da resposta da revista poderiam ser usados para uma resposta para a questão 15.<br />
Optando pelo primeiro parágrafo, era preciso mostrar a recuperação do referente do pronome it, isto é,<br />
mostrar a que este pronome se referia quando usado em It´s because e o entendimento do próprio because,<br />
é claro (assim como o entendimento do so conclusivo no final do parágrafo). O vocabulário que diz respeito à<br />
anatomia humana traz termos que evocam seus correspondentes em português, facilitando a leitura do trecho:<br />
spines, cartilage. Já a expressão throughout poderia ser um obstáculo, mas era possível atribuir-lhe um<br />
significado através do entendimento da pergunta colocada pelo leitor da revista, que supõe uma comparação<br />
entre um estado nosso de manhã e à noite.<br />
Optando por responder com base no segundo parágrafo, surgem, mais uma vez, cognatos: vertebral,<br />
discs. Este trecho, no entanto, é menos transparente. Sua dificuldade, além de estar em fairly, está também no<br />
141
Inglês<br />
142<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
QUESTÃO 16<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
vocabulário empregado na explicação: When you lie down you take the weight bearing off and the discs<br />
expand. When your weight´s on them, they squeeze.<br />
Certamente devido à presença desses cognatos, a questão 15 foi respondida pela maioria dos candidatos<br />
(apenas 3% deixaram de respondê-la). No entanto, se a presença no texto dessas palavras muito parecidas<br />
com palavras em português muitas vezes facilita a leitura, nem sempre ela é suficiente para uma compreensão<br />
pelo menos razoável, que gere uma resposta da qual se possam aproveitar alguns trechos. É o caso dos<br />
exemplos abaixo, que receberam nota zero:<br />
1. A recuperação é melhor de manhã do que a noite.<br />
2. Ao acordarmos depois de ficarmos muito tempo deitados pressionando nossa coluna vertebral a cartilagem<br />
dos discos invertebrais está expandida o que provoca alguns ruídos (até mesmo a sensação de que ainda<br />
é noite (dói as costas).<br />
3. Nós parecemos estar mais velho de manhã do que a noite devido a claridade que mostra as marcas na pele<br />
“amassada” de quando dormimos e por realçar as espinhas.<br />
4. A explicação é que a posição horizontal que as grávidas dormem pressionam as costelas e a coluna<br />
vertebral, devendo mudar tal posição.<br />
5. Se os discos (cartilagem) ficarem ao sol, acontece a desgravação das músicas, se o aparelho estiver no sol.<br />
Agora a noite não acontece isso.<br />
1. A explicação dada pela revista para a afirmação “(...) we are a bit taller in the morning than we are at<br />
night” é a de que por passarmos a noite em posição horizontal, existe um alívio da pressão da gravidade<br />
exercida sobre as cartilagens invertebrais que se descomprimiram. Ao longo do dia, a pressão exercida<br />
volta a comprimir as cartilagens.<br />
2. No texto o autor afirma que somos um pouco mais altos durante a manhã do que somos à noite. Isso se<br />
deve porque a pressão da gravidade sobre nossa espinha é aliviada pela posição horizontal em que<br />
dormimos; assim a macia cartilagem entre nossas 26 vértebras se expandem. Durante o dia, como nos<br />
mexemos na vertical, esses discos de cartilagem são comprimidos pela gravidade.<br />
3. Quando dormimos na posição horizontal, nossas vértebras não fica pressionando os discos de cartilagem<br />
que estão entre eles então eles se expandem e nós ficamos um pouco mais altos ao acordarmos pela<br />
manhã. Durante o dia esses discos são pressionados pelas vertebras, eles se comprimem e ficamos mais<br />
baixos.<br />
O fenômeno em questão se manifesta igualmente em toda a população? Por quê?<br />
Não. O fenômeno é mais notável entre os jovens. À medida que envelhecemos, encolhemos menos ao<br />
longo do dia, porque os tecidos se tornam menos flexíveis, menos elásticos.<br />
A segunda questão a respeito da carta-resposta da revista Popular Science incide sobre um trecho bastante<br />
específico do texto, o último parágrafo. Era fácil localizar o trecho por causa de people, palavra bastante conhecida.<br />
A caracterização young people já direciona a resposta; more pronounced nem merece comentários.<br />
Era preciso entender necessariamente a que diferenças o parágrafo se refere, já que começa com such<br />
differences. O uso de such pode não ser muito familiar ao aluno de segundo grau, mas as diferenças enfocadas<br />
já foram objeto da questão anterior, a 15. A resposta à segunda parte da questão (Por quê?) passa pela<br />
compreensão de as (em As we age...), por todas as estruturas de comparativo aí presentes e, principalmente,<br />
pela atribuição de um significado a shrink. Resilience, palavra certamente menos conhecida, poderia até ser<br />
ignorada (como de fato foi, por uma parte considerável dos candidatos) e a resposta ainda seria obtida com<br />
sucesso, com o apoio em flexibility.<br />
1. O fenômeno da variação de tamanho ocorre com mais ênfase nos jovens, pois nas pessoas mais velhas,<br />
o tecido das vértebras tendem a perder a flexibilidade.<br />
2. Sim, acontece com todos, mas é mais evidente nos jovens, pois estes têm os tecidos mais flexíveis: a<br />
cartilagem se expande e contrai com mais facilidade.
QUESTÃO 17<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Leia, abaixo, a resenha do livro Last Climb e responda à questão 17.<br />
Inglês<br />
Qual a dúvida levantada a respeito dos aventureiros que já escalaram o Monte Everest? Como se justifica<br />
essa dúvida?<br />
Quais foram realmente os primeiros alpinistas a atingir o topo do Everest? ( Ou: teriam sido George<br />
Mallory e Andrew Irvine os primeiros alpinistas a chegar ao topo do Everest e não Sir Edmund Hillary e Tenzig<br />
Norway ?) O corpo de Mallory foi encontrado mas não se sabe se ele estava subindo ou descendo quando<br />
morreu. Se estivesse descendo, ele e seu companheiro teriam atingido o topo trinta anos antes de Sir Edmund<br />
Hillary e Tenzig Norway, tidos como os primeiros a realizar a façanha.<br />
Para a questão 17 foi selecionada a resenha de um livro: Last Climb. Mais uma vez o enunciado da<br />
questão adianta informações contidas no texto em inglês. Em outras palavras, ao perguntar sobre uma dúvida<br />
levantada a respeito dos aventureiros que já escalaram o Monte Everest, informa a existência de tal dúvida. A<br />
tarefa aqui era explicitar essa dúvida e justificar sua razão de ser.<br />
Quando se olha para a resenha do livro, o que chama a atenção, além do título, que vem em letras<br />
garrafais? Uma dúvida, expressa antes mesmo do título, através de uma pergunta: Could it be that Mallory<br />
was the first to reach the top of the world? A explicitação de tal dúvida exige, de fato, a leitura da resenha<br />
toda, já que só se completa no final do segundo parágrafo e não vem enunciada diretamente. (A resposta não<br />
pode ser localizada, digamos assim, e traduzida diretamente do texto, como se pensa muitas vezes ser<br />
possível para todas as questões.) Uma vez entendido o problema, restava, para responder à segunda parte da<br />
pergunta, passando pelas inversões determinadas pelas interrogativas na língua inglesa, redigir o raciocínio<br />
apresentado.<br />
Para uma resposta completa era necessário:<br />
a) que se questionasse se teriam sido George Mallory e Andrew Irvine os primeiros a escalar o pico do<br />
Everest;<br />
b) que fosse mencionado o fato do corpo de George Mallory ter sido encontrado e<br />
c) que fosse dito que não era possível saber se naquele ponto, George Mallory e Andrew Irvine estavam ainda<br />
subindo ou se já haviam alcançado o topo do Everest e, portanto, estavam descendo.<br />
143
Inglês<br />
144<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
QUESTÃO 18<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
1. A dúvida é se George Mallory e Andrew Irvine foram ou não os primeiros humanos a chegar ao topo do<br />
Everest. A dúvida vem do fato do corpo de Mallory ter sido encontrado 2000 pés abaixo do topo, porém<br />
não se sabe se ele estava subindo ou descendo quando, em junho de 1924 ele morreu.<br />
2. A dúvida é se George Mallory estava subindo ou descendo o monte Everest e se ele e seu parceiro Andrew<br />
Irvine foram os primeiros homens a chegar ao topo. Essa dúvida se justifica pois o corpo de George foi<br />
encontrado a 2000 pés do topo.<br />
3. Se George Mallory estava subindo ou descendo o monte Everest quando morreu. Ou seja, se ele e seu<br />
parceiro Andrew Irvine foram os primeiros humanos a chegar ao topo do Everest. A dúvida se justifica<br />
pelo fato de que o corpo de George Mallory foi encontrado a uma distância relativamente próxima ao topo<br />
do Everest: 2000 pés.<br />
Em muitas respostas ficou faltando parte do racicínio exigido para a nota máxima nessa questão (itens a,<br />
b e c, acima). Um bom exercício é ler as respostas abaixo e tentar identificar o que ficou faltando em cada<br />
uma delas:<br />
1. Há dúvida se foi realmente George Mallory e seu parceiro Andrew Irvine os primeiros humanos a escalar e<br />
pesquisar o topo do mundo, uma vez que existe um livro que conta a história de alguns pioneiros que escalaram<br />
trinta anos antes do senhor Edmund Hillary e Tenzig Norway que eram os primeiros a escalar o topo.<br />
2. A dúvida é quem foi ou foram os primeiros a chegarem ao topo do mundo. A descoberta de um corpo<br />
muito bem preservado e identificado levantou a polêmica.<br />
Leia, abaixo, o início do capítulo sobre pesadelos, do livro Dreams and Nightmares, de J. A. Hadfield e<br />
responda às questões 18 e 19.<br />
N I G H T M A R E S<br />
PEOPLE may ignore their dreams, they cannot ignore their nightmares. For<br />
nightmares can be most distressing, casting their shadows throughout the following<br />
day. Hamlet shrank from taking his life because he would have ‘perchance to<br />
dream’. Nightmares are a common cause of sleeplessness, for many people, like the<br />
war-shocked soldier or civilian, dare not sleep because of the horrifying dreams that<br />
await them. One does not lightly submit oneself to the experience of getting blown<br />
up or buried night after night. The night terrors of children are of this type, for not<br />
only are they terrifying in themselves, but their effects persist, filling the day with<br />
apprehension and foreboding. The child who is frightened by a dog during the day<br />
may have a nightmare of the monster, and may continue to be frightened all the next<br />
day. (...) How to define nightmares as distinct from ordinary dreams is a little<br />
difficult: the very origin of the term is obscure.<br />
The distinctive feature of a nightmare in the more restricted sense of the term is<br />
that of a monster, whether animal or subhuman, which visits us during sleep and<br />
produces a sense of dread. Sometimes it is a witch, sometimes a vampire, which is<br />
conceived as a reanimated dead person who returns to suck the blood of living<br />
people during their sleep; or it may be a night hag, an incubus, or a mare. The word<br />
nightmare originally referred to these monstrous creatures themselves and then came<br />
to be used of the dream in which these monsters appeared. (...)<br />
Qual a explicação oferecida pelo autor do texto para o fato de que nós, principalmente as crianças, não<br />
conseguimos esquecer facilmente nossos pesadelos?<br />
Além de serem aterrorizantes em si mesmos, seus efeitos persistem, enchendo o dia seguinte de apreensão<br />
e pressentimento. Uma criança, por exemplo, que é assustada por um cachorro durante o dia, pode ter<br />
pesadelos com ele de noite e continuar aterrorizada durante o dia seguinte.<br />
O importante aqui era o entendimento de que os efeitos dos pesadelos persistem no dia seguinte à noite<br />
em que ocorreram. A questão era considerada difícil, principalmente pelo uso de for (em For nightmares can<br />
be most distressing (...) e em (...) for many people (...) dare not sleep) e pelo vocabulário empregado. Se por<br />
um lado havia essas dificuldades, por outro, a resposta podia ser apreendida em vários lugares através de todo<br />
o primeiro parágrafo. Além disso, havia exemplos para o raciocínio desenvolvido.
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
QUESTÃO 19<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Inglês<br />
Uma boa resposta deveria afirmar que, além de os pesadelos serem aterrorizantes em si mesmos, seus<br />
efeitos persistem, enchendo o dia seguinte de apreensão e pressentimento, ou simplesmente afirmar que os<br />
pesadelos podem ser perturbadores e lançam <strong>suas</strong> sombras por todo o dia seguinte. Para obtenção da nota<br />
máxima exigiu-se ainda a menção ao exemplo dado pelo autor no texto. Como efeitos dos pesadelos aceitouse,<br />
por exemplo, medo, angústia, estresse, desgaste inquietação, mal-estar. Já quanto à caracterização dos<br />
pesadelos, aceitou-se, por exemplo, que estes podem ser perturbadores, assustadores, aterrorizantes, terríveis,<br />
horríveis, chocantes, entre outros adjetivos.<br />
1. Os pesadelos, de acordo com o autor não são somente aterrorizantes, mas o seu efeito persiste, enchendo<br />
o dia com apreensão. O autor fala que uma criança que se apavorou com um cachorro em um dia pode<br />
ter pesadelos com o monstro e continuar amedrontada durante o próximo dia inteiro. Temos medo de<br />
sonhar e ter pesadelos novamente, segundo o autor.<br />
2. A explicação oferecida pelo autor do texto para o fato de que nós, principalmente as crianças não conseguimos<br />
esquecer facilmente nossos pesadelos é que o pesadelo não nos aterroriza apenas por ele mesmo,<br />
apenas enquanto estamos tendo o pesadelo. Os seus efeitos persistem, preenchendo o nosso dia com<br />
sentimento de apreensão, medo. O autor exemplifica dizendo que uma criança que passa um dia com<br />
medo de um cachorro, pode ter pesadelos com esse “monstro” e continuar com medo durante todo o dia<br />
seguinte.<br />
Uma resposta como a seguinte, embora não tenha obviamente recebido nota zero, apresenta-se bastante<br />
incompleta:<br />
“ Porque seus efeitos persistem durante o dia.”<br />
Tomar o exemplo como sendo a explicação em si também não era suficiente para uma boa nota:<br />
“A explicação oferecida é de que se uma criança for assustada por um cachorro durante o dia, poderá ter<br />
um pesadelo com um monstro a noite e assim continuará assustada no dia seguinte.”<br />
Como no exercício proposto para a questão anterior, tente identificar, a partir do que foi exposto a respeito<br />
das soluções para a questão 18, o que ficou faltando na resposta abaixo:<br />
“Porque os pesadelos refletem experiências trágicas que acontecem na vida normal. A criança que é<br />
assustada por um cão, por exemplo, pode sonhar com um monstro e continuará assustada no dia seguinte.”<br />
Qual é, segundo o autor, a origem do termo nightmare?<br />
Originalmente o termo se referia a criaturas monstruosas, como bruxas, vampiros, lobisomens; depois<br />
passou a designar o sonho em que esses monstros aparecem.<br />
Se prestarmos atenção à ordem das duas perguntas colocadas a respeito do texto Nightmares, notamos<br />
que ela corresponde à ordem em que os argumentos sobre os quais as perguntas incidem vêm apresentados<br />
no texto: no primeiro parágrafo, logo no início, vem a afirmação de que as pessoas podem ignorar seus sonhos,<br />
mas não podem ignorar seus pesadelos. Em seguida, vêm explicitadas as razões disso. No final, lê-se: (...) the<br />
very origin of the term is obscure. O segundo parágrafo mostra a que a palavra nightmare se referia originalmente.<br />
Assim, não seria suficiente como resposta para a questão 19 dizer que a origem do termo é obscura. A<br />
resposta se completa com o final do segundo parágrafo – The word nightmare originally referred to these<br />
monstruous creatures themselves and then came to be used of the dream in which these monsters appeared<br />
– em que era necessário determinar a que este these se referia, reconhecer themselves e concluir com o que<br />
o termo passou a designar. Atribuir um significado aí para came to be used poderia ser problemático, mas<br />
havia o apoio do próprio used e de these.<br />
Em resumo, foram consideradas boas respostas aquelas que:<br />
a) mencionavam que a origem do termo é obscura;<br />
b) apontavam para o fato de o termo provir da denominação dada a monstros;<br />
c) apontavam ainda para o fato de que, com o passar do tempo, a palavra passou a denominar o sonho em<br />
que estes monstros apareciam.<br />
A origem do termo é obscura. A palavra nightmare referia-se originalmente aos monstros e criaturas,<br />
depois começou a ser usada para sonhos em que essas criaturas apareciam. Ou seja, no início nightmare era<br />
referência para falarmos de monstros, subhumanos, bruxas, vampiros, mortos-vivos.<br />
145
Inglês<br />
QUESTÃO 20<br />
146<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
Que elementos faltam em cada uma das respostas abaixo para que se tornem respostas completas?<br />
1. Nightmare é um termo originalmente usado para descrever criaturas monstruosas.<br />
2. O autor afirma que a origem do termo nightmare é obscura. O termo refere-se às criaturas monstruosas<br />
(bruxas, vampiros, monstros, animais) que aparecem nos sonhos pessoais, durante o sono.<br />
3. O termo nightmare se origina da referência a criaturas monstruosas e é usado para identificar sonhos em<br />
que essas criaturas como: bruxas, vampiros e zumbis aparecem.<br />
Segue-se um trecho de uma história retirada de The Victorian Fairy-Tale Book. Leia-o e responda às questões<br />
20 e 21.<br />
A great fear came over the poor boy. Lonely as his life had been, he<br />
had never known what it was to be absolutely alone. A kind of despair<br />
seized him – no violent anger or terror, but a sort of patient desolation.<br />
“What in the world am I to do?” thought he, and sat down in the<br />
middle of the floor, half inclined to believe that it would be better to<br />
give up entirely, lay himself down, and die.<br />
This feeling, however, did not last long, for he was young and<br />
strong, and, I said before, by nature a very courageous boy. There<br />
came into his head, somehow or other, a proverb that his nurse had<br />
taught him – the people of Nomansland were very fond of proverbs –<br />
For every evil under the sun<br />
There is a remedy, or there’s none;<br />
If there is one, try to find it-<br />
If there isn’t, never mind it.<br />
“I wonder – is there a remedy now, and could I find it?” cried the<br />
Prince, jumping up and looking out of the window.<br />
Em que situação se encontrava o protagonista da história e o que ele pensava em fazer inicialmente?<br />
Ele estava completamente desanimado, desolado, sozinho, sem esperanças, sem saber o que fazer,<br />
sentado no chão, um pouco inclinado a achar que talvez fosse melhor desistir de tudo, deitar-se e morrer.<br />
As questões 20 e 21 diziam respeito a um trecho de uma história chamada O Pequeno Príncipe Coxo e<br />
seu Capote de Viagem, de um livro de contos de fadas. O trecho era de leitura difícil, não pelas palavras, pelo<br />
vocabulário envolvido, mas pelas estruturas sintáticas presentes nele, como inversões típicas da língua inglesa.<br />
No primeiro parágrafo, havia várias palavras que poderiam caracterizar a situação em que se encontrava o<br />
protagonista da história, objeto da questão 20: fear, lonely, alone, despair, violent anger, terror, patient<br />
desolation, umas mais transparentes, outras menos. Restava, pela leitura, separar as que caracterizam positivamente<br />
tal situação e as que eram apresentadas como não sendo características da situação, mas que<br />
também serviam para explicitá-la, é claro. A pergunta exigia ainda que a resposta incluísse a leitura do<br />
segundo parágrafo, que trata do que o protagonista pensava fazer inicialmente. O fato de que ele estava<br />
inclinado a tomar uma atitude, mas mudou de idéia, vem dado em Português no enunciado das duas questões<br />
a respeito do trecho: (...) o que ele pensava fazer inicialmente? (questão 20); (...) como ele chega a mudar de<br />
idéia? (questão 21).<br />
Duas frases introduziam a resposta: What in the world am I to do? e Thought he. Talvez (...) it would be<br />
better to give up entirely, lay himself down não fosse de compreensão óbvia, mas die, como se esperava,<br />
favoreceu bastante a resposta, dando sua direção.<br />
Em poucas palavras, a resposta deveria conter informações em duas partes: a situaçao do protagonista e<br />
o que ele pensava fazer inicialmente. Assim, receberam nota cinco respostas como as listadas abaixo.<br />
1. Estava sozinho, desolado e pensava em morrer.<br />
2. O protagonista da história se encontrava inicialmente sozinho, sentindo um certo desespero, desolado,<br />
sem saber o que fazer no mundo. Ele pensa em desistir da vida e se deixar morrer.<br />
Foram relativamente freqüentes respostas como as seguintes, com sua origem em patient (em patient<br />
desolation), nurse, remedy e mesmo em jumping up and looking out of the window. (Não receberam nota<br />
zero, já que em todas elas, como se pode notar, há pelo menos parte da leitura que deveria ser feita.)
QUESTÃO 21<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplo de nota<br />
acima da média<br />
Inglês<br />
1. Se sentindo absolutamente sozinho e desolado e pensando em saltar do prédio no qual ele estava e<br />
morrer.<br />
2. Ele estava se sentindo solitário e pensava em se matar.<br />
3. O protagonista da história estava sozinho desolado e doente.<br />
Poor boy, que aparece na primeira linha, gerou respostas como:<br />
Estava muito triste, muito abatido, por causa de sua situação de pobreza. Queria se matar.<br />
Explique como ele chega a mudar de idéia.<br />
Além de ser jovem, forte e corajoso ele se lembra de um provérbio que dizia que para todo o mal há um<br />
remédio e que, se há um remédio, deve-se tentar achá-lo, se não há, melhor deixar pra lá.<br />
This feeling, however, did not last long – assim começa o terceiro parágrafo. O sentimento, retomado por<br />
this feeling, estava contido na resposta à questão anterior, como vimos. O however marca o contraponto<br />
apontado pelas questões 20 e 21 entre o que ele pensava fazer inicialmente e como ele chega a mudar de<br />
idéia. O entendimento da caracterização do principezinho – jovem, forte e corajoso – era importante para a<br />
direção da resposta. Era necessário também identificar this feeling com o sentimento identificado para a<br />
resposta da questão anterior. A palavra proverb, embora semelhante ao português, surge em um trecho<br />
bastante complexo. No entanto, a animação (pode-se até dizer assim, dada a presença de cried e jumping up)<br />
que toma o protagonista no final do trecho pode elucidar o sentido do provérbio. Isso sem mencionar remedy,<br />
que pode evocar o provérbio em português: O que não tem remédio, remediado está.<br />
Essa era uma das questões mais difíceis da prova de 2000 e, no entanto, houve uma distribuição bastante<br />
uniforme de todas as notas (de zero a cinco) o que indica que houve de fato tentativas diversas de resposta por<br />
parte dos candidatos. Uma das dificuldades mais freqüentes acabou sendo o entendimento do provérbio e o<br />
estabelecimento de sua relação com a mudança de atitude do personagem.<br />
Receberam nota máxima aquelas respostas que:<br />
a) estabeleciam uma vinculação da mudança de idéia do principezinho com a lembrança do provérbio;<br />
b) mostravam o entendimento de que as características do principezinho apontadas pelo narrador (jovem,<br />
forte e corajoso) tinham uma relação com o provérbio, o que resultou em sua mudança de atitude e<br />
c) explicitavam ou apresentavam de alguma forma o provérbio.<br />
O garoto era corajoso e forte, e veio a sua cabeça, de um jeito ou de outro, um provérbio dos povos<br />
nórdicos, que sua enfermeira havia lhe ensinado.<br />
O provérbio dizia que para cada mal, haveria uma cura ou não. Se houvesse cura, deveria ser procurada,<br />
se não houvesse, que se esquecesse isso.<br />
O garoto muda de idéia, a partir do momento em que ele se lembra do provérbio e descobre que para o<br />
seu mal, pode haver uma cura.<br />
As questões 22 e 23 referem-se ao texto abaixo:<br />
“The rain it rained every day”. But<br />
more at the weekend than on the other<br />
days. That, according to Randall Cerveny<br />
and Robert Balling, of Arizona State<br />
University, is not mere paranoia – at least if<br />
you happen to live on the east coast of<br />
North America. For their report in this<br />
week’s Nature suggests what many, in their<br />
heart of hearts, have secretly believed for a<br />
long time – that Saturday is the wettest day<br />
of the week. On the other hand, it also<br />
suggests that if you are suffering a<br />
hurricane, the wind will be least blustery on<br />
that day.<br />
SATURDAY-NIGHT SHOWERS<br />
The link between these two new<br />
bits of weather lore seems to be that the end<br />
of the week brings worse air pollution than<br />
the beginning, and that something in the<br />
pollution is affecting the local climate. This<br />
idea has been suggested in the past, but Dr.<br />
Cerveny and Dr. Balling confirmed it was<br />
true by looking at the air quality on Sable<br />
Island – an isolated dot in the ocean some<br />
180 kilometers (110 miles) off the coast of<br />
Nova Scotia. (...)<br />
(The Economist August 8 th 1988)<br />
147
Inglês<br />
QUESTÃO 22<br />
148<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
QUESTÃO 23<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
Segundo Randal Cerveny e Robert Balling, que crença não pode ser considerada uma mera paranóia?<br />
Segundo os autores, não é mera paranóia a idéia de que chove mais no fim de semana do que nos outros<br />
dias.<br />
Duas questões foram formuladas a respeito de Saturday-Night Showers. A primeira diz respeito ao tema<br />
mesmo do artigo, dado inclusive por seu título. A palavra paranóia, presente na pergunta e no texto, localizava<br />
a resposta. (...) more at the weekend than on the other days era um trecho bastante claro. Recuperar o<br />
referente de that em that (..) is not mere paranoia também não deve ter sido encarado como um grande<br />
problema. O que era difícil aí, então, era separar o que serve como resposta e aquilo que vem como amparo<br />
para a argumentação (como the rain it rained every day, que inicia o texto e o que vem depois de at least). A<br />
resposta também pode ser depreendida da seqüência do parágrafo ((...) many (...) have secretly believed for<br />
a long time – that Saturday is the wettest day of the week), seqüência que, uma vez bem entendida, já<br />
encaminhava a resposta da questão seguinte.<br />
Fora as notas zero, geradas pelo fato do texto ser um dos mais difíceis da prova, é interessante olharmos<br />
aqui para duas outras notas bastante comuns, as notas 5 e 3. Atribuímos os sucessos na resposta principalmente<br />
à presença da palavra paranoia, que certamente foi reconhecida. As notas 3 surgiram de descontos de<br />
pontos a cada inadequação ou impropriedade no entendimento do fenômeno em questão – chover mais nos<br />
fins de semana – como, por exemplo:<br />
• respostas que diziam que choveu mais no fim de semana;<br />
• respostas que diziam que as chuvas são piores, ou que há tempestades nos finais de semana;<br />
• respostas que restringiam a crença de que chove mais nos finais de semana exclusivamente à costa leste<br />
da América do Norte.<br />
1. A crença que costuma chover mais nos finais de semana que durante a semana.<br />
2. O fato do sábado ser o dia mais chuvoso da semana.<br />
3. Que chove mais aos sábados.<br />
Tente identificar, nas respostas abaixo, o que não está exatamente de acordo com a resposta esperada:<br />
1. de que há mais tempestades nos finais de semana de nos outros dias.<br />
2. Choveu todos os dias e choveu mais no fim de semana do que nos outros dias.<br />
O que aconteceria, segundo esses mesmos cientistas, com os furacões aos sábados?<br />
Ficam mais fracos.<br />
Trata-se aqui da atribuição de um significado para blustery, principalmente. Uma questão como essa, em<br />
que se pede significado para uma palavra, deve incidir necessariamente sobre palavras que não sejam conhecidas<br />
entre os alunos do segundo grau, de modo que a resposta venha de um trabalho com o texto, venha<br />
necessariamente pela leitura. A questão era difícil e, de fato, muitos ou deixaram de responder ou não conseguiram<br />
chegar a uma resposta minimamente satisfatória, ficando com nota zero. Mesmo assim, houve um<br />
número muito grande de respostas com nota máxima.<br />
A resposta estava relacionada ao entendimento exigido para a resposta à questão anterior, relação dada<br />
pelo on the other hand e completada pelo least. Além disso, mais uma vez era indispensável ler that day como<br />
referente a sábado (tarefa facílima aqui, mesmo porque sábado é o único dia mencionado). Não se pergunta<br />
nada diretamente sobre o segundo parágrafo, que discorre sobre a causa de ambos os fenômenos – chuvas e<br />
furacões. Portanto, esperava-se que os candidatos não incluíssem as informações que pudessem obter aí,<br />
mostrando perfeito entendimento das questões (que, lembramos, são apresentadas em português!) e mostrando<br />
ainda que entendem pelo menos que o segundo parágrafo não diz respeito ao que se pergunta. Uma vez<br />
incluídas as informações do segundo parágrafo, para serem consideradas, elas não deveriam apresentar qualquer<br />
problema de compreensão.<br />
Receberam nota 5 respostas em que se afirmava que os furacões nos finais de semana seriam:<br />
• mais fracos;<br />
• menos violentos;<br />
• menos destruidores;
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
QUESTÃO 24<br />
Resposta<br />
esperada<br />
Comentários<br />
• menos perigosos;<br />
• menos rigorosos;<br />
• mais amenos;<br />
• menos fortes ou, ainda,<br />
• mais calmos.<br />
Inglês<br />
1. Segundo os cientistas, os ventos gerados por um furacão aos sábados é bem menos veloz e conseqüentemente<br />
destruidor do que um furacão gerado durante os dias úteis da semana, fato este também explicado<br />
pela maior concentração de ar poluído nos finais de semana, o que acaba por alterar o miniclima da<br />
região e conseqüentemente a intensidade dos fenômenos da natureza.<br />
2. Segundo esses mesmos cientistas, aos sábados os ventos dos furacões são menos destrutivos. Observação:<br />
pelo contexto, sobretudo pela expressão “on the other hand”, essa mesma população que sofre com<br />
as chuvas aos sábados não sofrerá tanto com os ventos dos furacões. “The wind will be least blustery on<br />
that day”.<br />
3. O vento dos furacões aos sábados seriam menos “blustery”. → Senhor corretor, pelo contexto acho que<br />
esse termo quer dizer violentos, mas desconheço o real significado dessa palavra.<br />
Leia a conversa entre Jack (The Pumpkinhead) e o espantalho (The Scarecrow), retirada de O Mágico de Oz,<br />
de L.F. Baum (1856-1919) e responda à questão 24.<br />
The King was the first to speak. After regarding Jack for some minutes he said, in a tone of wonder:<br />
“Where on earth did you come from, and how do you happen to be alive?”<br />
“I beg your Majesty’s pardon,” returned the Pumpkinhead; “but I do not understand you.”<br />
“What don’t you understand?” asked the Scarecrow.<br />
“Why, I don’t understand your language. You see, I came from the Country of the Gillikins,<br />
so that I am a foreigner.”<br />
“Ah, to be sure!” exclaimed the Scarecrow. “I myself speak the language of the Munchkins,<br />
which is also the language of the Emerald City. But you, I suppose, speak the language of the<br />
Pumpkinheads?”<br />
“Exactly so, your Majesty,” replied the other, bowing; “so it will be impossible for us to<br />
understand one another.”<br />
“That is unfortunate, certainly,” said the Scarecrow, thoughtfully. “We must have an<br />
interpreter.”<br />
“What is an interpreter?” asked Jack.<br />
“A person who understands both my language and your own. When I say anything, the<br />
interpreter can tell you what I mean; and when you say anything the interpreter can tell me what<br />
you mean. For the interpreter can speak both languages as well as understand them.”<br />
“That is certainly clever,” said Jack, greatly pleased at finding so simple a way out of the<br />
difficulty.<br />
So the Scarecrow commanded the Soldier with the Green Whiskers to search among his<br />
people until he found one who understood the language of the Gillikins as well as the language of<br />
the Emerald City, and to bring that person to him at once.<br />
O que há de estranho no diálogo entre os dois personagens da passagem acima?<br />
O que é estranho é eles dizerem que precisam de um intérprete quando é possível perceber que se<br />
entendem perfeitamente bem.<br />
O que é estranho é The Pumpkinhead e The Scarecrow, O Cabeça de Abóbora e O Espantalho, dizerem<br />
que precisam de um intérprete, quando mostram, através de sua conversa, que se entendem perfeitamente<br />
bem. Exige-se aqui mais a compreensão do texto como um todo e menos a compreensão de trechos específicos<br />
que envolvam determinadas estruturas características da língua inglesa, ou mesmo a atribuição de significado<br />
a alguns itens lexicais determinados.<br />
Particularmente neste trecho, há muitos nomes que entrecortam a leitura (The King, The Pumpkinhead,<br />
The Country of Gillikins, The Scarecrow, The Soldier with the green whiskers, e ainda Jack, Munchkins,<br />
Emerald City) além da forma de tratamento Your Majesty, o que poderia dar um certo trabalho logo à primeira<br />
149
Inglês<br />
150<br />
Exemplos de nota<br />
acima da média<br />
Últimas palavras<br />
vista. Inicialmente, é possível que o leitor se sentisse perdido diante de tantos nomes. Entretanto, a questão<br />
incidia exatamente sobre a outra dificuldade de leitura do trecho: o fato de os personagens enunciarem a<br />
necessidade de um intérprete, quando na verdade não precisam de nenhum, dado que mostram se entender<br />
mutuamente perfeitamente bem. Desnecessário dizer que a recorrência da estranheza dá-se na recorrência de<br />
understand (“I do not understand you”, “what don´t you understand”, “why, I don´t understand your<br />
language”, etc), language, foreigner e interpreter. Os candidatos bem-sucedidos certamente fizeram uso do<br />
texto como um todo para obter a resposta.<br />
1. O estranho é que os dois se comunicam no diálogo afirmando que não falam a mesma língua e que ainda<br />
precisam de tradutor.<br />
2. O fato de estarem conversando, “se entendendo” e mesmo assim procuram um intérprete.<br />
3. Jack diz que não entende o que o espantalho diz pois fala outra língua e este aceita a justificativa. Porém<br />
ambos conversam normalmente sem precisar de intérprete.<br />
Quanto aos mal sucedidos, de modo geral, o que se notou é que se iludiram pela presença de understand,<br />
palavra certamente bastante conhecida do aluno do segundo grau, além de terem se apoiado em foreigner e<br />
em interpreter, o que acabou determinando a conclusão de que os personagens não se entendiam... Ou<br />
ainda, que se entendiam, mas falavam línguas diferentes. Veja os exemplos abaixo:<br />
1. Que embora falem línguas diferentes, eles se entendem.<br />
2. Cada personagem do texto acima, fala uma língua diferente tornando-se impossível a comunicação.<br />
Se você seguiu o raciocínio exposto aqui para a correção de cada uma das questões, percebeu que, embora<br />
todas elas sejam questões de avaliação de seu desempenho na leitura de textos em inglês, são de nível de<br />
exigência bastante variado. As questões não avaliam, lembre-se, outras coisas, como por exemplo sua capacidade<br />
de escrever em inglês ou mesmo seus conhecimentos explícitos da gramática dessa língua. Mas, se por<br />
um lado, nem sempre a proficiência em uma língua estrangeira é suficiente para a leitura de um texto nessa<br />
língua, por outro, muitas questões aproveitam propositalmente conhecimentos de língua, gramaticais muitas<br />
vezes, que você possa ter.<br />
Em contrapartida, há vários lugares na prova dedicados à discriminação e, portanto, à classificação de<br />
candidatos que eventualmente, por razões diversas, conheçam pouco a língua inglesa, já que, mesmo assim,<br />
podem empreender um trabalho de leitura a partir desse pouco. É bom lembrar também que as notas atribuídas<br />
a cada questão variam de zero a cinco; só não é possível mostrá-las todas aqui.
Provas de aptidão
Provas de aptidão<br />
QUESTÃO 1<br />
QUESTÃO 2<br />
152<br />
Para os candidatos aos cursos de Educação Artística, Arquitetura e Urbanismo e Odontologia, além<br />
das <strong>provas</strong> comuns da 1ª e 2ª Fase, são ainda exigidas <strong>provas</strong> de aptidão. Apresentamos a seguir as<br />
<strong>provas</strong> do Vestibular 2000 para que você possa conhecer melhor o que é esperado dos candidatos em<br />
cada uma das <strong>provas</strong> de aptidão da <strong>Unicamp</strong>.<br />
Arquitetura e Urbanismo<br />
As informações pertinentes à questão (anexo I) são duas:<br />
• A primeira delas é o projeto esquemático do traje com o título de “NEW LOOK p. VERÃO - 2 PEÇAS”<br />
produzido pelo arquiteto e artista Flávio de Carvalho em 1956, que corresponde, em nossa prova, a uma<br />
informação gráfica.<br />
• A segunda, a foto do autor vestindo o traje e caminhando pelas ruas de São Paulo (1956), sendo<br />
acompanhado pelos transeuntes e pela imprensa, corresponde a uma informação fotográfica do evento.<br />
Anexo I<br />
In Flávio de Carvalho 100 anos de um revolucionário<br />
romântico/curadoria Denise Mattar, 1999, Rio de Janeiro.<br />
In Flávio de Carvalho e A Volúpia da Forma, Luiz Carlos Daher, 1984, São Paulo.<br />
A partir destas informações e exclusivamente com a técnica de grafite série B, o candidato deverá realizar<br />
sua composição gráfica no papel recebido, relacionando as duas informações fornecidas.<br />
Observação: A composição do candidato deverá estar baseada unicamente nas informações dadas. Não<br />
serão considerados outros trabalhos ou conhecimentos do candidato sobre a obra de Flávio de Carvalho que<br />
não estejam contidos na prova.<br />
Breve Histórico:<br />
O concurso internacional para o “Farol de Colombo” (1928), teve a participação de mais de 1.400 arquitetos.<br />
“Esse concurso foi realizado em duas etapas (eliminatórias em 1928 e final em 1931) e nele Flávio de<br />
Carvalho obteve menção honrosa.”... “O projeto de Flávio para esse Concurso, que homenageava o descobridor<br />
da América, era notável. Compunha-se de duas plataformas gigantescas, travadas por 2 ...“templos<br />
egípcios”... que também lembravam a primeira letra do alfabeto! Em seu centro, o patamar superior recebia<br />
um aglomerado de edifícios prismáticos, simetricamente dispostos; ao meio, emergia a grandiosa torre do<br />
Farol, com 160 metros de altura. Percebe-se, na elevação frontal e na perspectiva, certa ambigüidade<br />
futurista: a composição assemelha-se ora a um transatlântico, ora a um brinquedo de armar; a cortina de
Provas de aptidão<br />
arcos, desta vez completa, por vezes lembra um apoio centopéico, desproporcionalmente frágil, de um<br />
imenso bicho mecânico”.<br />
Texto de Luiz Carlos Daher, “Flávio de Carvalho: arquitetura e expressionismo”;<br />
Projeto Editores; São Paulo, 1982; pp. 38-39.<br />
Anexo II<br />
A partir dos elementos arquitetônicos fornecidos pelo “Projeto do Farol de Colombo” de autoria de Flávio de<br />
Carvalho (anexo II), pede-se ao candidato (após a identificação dos principais sólidos geométricos, como<br />
também de sua estruturação no espaço, ou seja, as relações espaciais entre eles) executar, graficamente no<br />
papel recebido, usando as técnicas de perspectiva e lápis de cor, exclusivamente, uma composição volumétrica<br />
de sua autoria, a partir dos sólidos geométricos mencionados acima.<br />
Educação Artística<br />
PROVA DE HISTÓRIA DA ARTE<br />
In Flávio de Carvalho e A Volúpia da Forma, Luiz Carlos Daher, 1984, São Paulo.<br />
Escolha TRÊS das cinco questões que seguem:<br />
1. Em conferência pronunciada em abril de 1942 sobre o Movimento Modernista, Mário de Andrade declarou<br />
que “a convulsão profundíssima da realidade brasileira” ocorrida após a realização da Semana de<br />
Arte Moderna foi conseqüência da fusão, no movimento em questão, de três princípios fundamentais: “o<br />
direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização<br />
de uma consciência criadora nacional”. Comente tal afirmação relacionando-a à obra de três dos<br />
maiores pintores brasileiros desse período: Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari.<br />
2. Escreva sobre Flávio de Carvalho.<br />
3. “Monet era apenas um olho, mas que olho!”, afirmou o pintor Cézanne sobre seu amigo Claude Monet.<br />
Em que sentido essa afirmação ilustra as diferentes visões desses dois pintores sobre a arte? Comente<br />
ainda as principais características do Movimento Impressionista.<br />
4. “A visão de Guernica é a visão da morte em ação; o pintor não assiste ao fato com terror e piedade, mas<br />
está dentro do fato, não celebra nem se compadece das vítimas, mas está entre as vítimas. Com ele<br />
morre a arte, a civilização ‘clássica’, a arte e a civilização cuja meta era o conhecimento, a compreensão<br />
plena da natureza e da história. (...) Com Les demoiselles d’Avignon, Picasso detonava, desintegrava a<br />
linguagem tradicional da pintura; com Guernica, detonava a linguagem cubista (...)”. Comente essa<br />
afirmação do crítico e historiador da arte Giulio Carlo Argan, comparando Guernica, realizada em 1937,<br />
com o trabalho anterior de Pablo Picasso.<br />
5. O que sabe sobre os diversos tipos de Abstracionismo surgidos na arte européia no imediato pós-guerra,<br />
e dos seus desdobramentos entre fins dos anos 1940 e os anos 1970 na arte brasileira?<br />
153
Provas de aptidão<br />
PROVA DE DESENHO<br />
154<br />
Primeira parte:<br />
Com os sólidos recebidos (um cubo, três prismas e uma lâmina retangular flexível), realize uma composição<br />
espacial através de qualquer combinação entre todos eles.<br />
Segunda parte:<br />
Execute, na folha de canson fornecida (A3, 180 g) e utilizando grafite (da série B), um desenho de observação<br />
da composição realizada na primeira parte, desenho esse em que sejam trabalhados efeitos de luz e<br />
sombra.<br />
OBSERVAÇÕES:<br />
• Será avaliada a capacidade do candidato na criação tridimensional, quanto à composição, à representação<br />
gráfica e ao emprego dos efeitos de luz, sombra e perspectiva.<br />
PROVA DE EXPRESSÃO GRÁFICA, FORMAS E CORES<br />
A PROVA DE APTIDÃO<br />
Utilizando uma, duas ou as três figuras geométricas das faces dos sólidos recebidos (triângulo, quadrado e<br />
retângulo), crie, no interior da circunferência já traçada na folha de papel canson (A3, 180 g), uma composição<br />
cromática que expresse valores de equilíbrio, contraste e policromia. Nessa composição as figuras<br />
poderão ser inteiras ou seccionadas e estar presentes na quantidade, no tamanho e na proporção desejadas.<br />
Tal trabalho deverá ser executado com os lápis de cor fornecidos, podendo ser realizado com instrumentos<br />
de desenho (esquadros, régua etc.) ou à mão livre.<br />
OBSERVAÇÕES:<br />
• Será avaliada a capacidade do candidato para a utilização cromática de tons (valores) e matizes (nuanças),<br />
bem como o equilíbrio gráfico das formas na composição.<br />
• Ao final, deixe sobre a mesa os seus trabalhos, bem como os sólidos e a caixa de lápis de cor.<br />
Odontologia<br />
INSTRUÇÕES<br />
1. Você está recebendo um bloco de cera especial para escultura (Fig.1);<br />
2. Utilize, em todos os passos, a régua milimetrada e a ponta da espátula, para delimitar os contornos e<br />
medidas propostas;<br />
3. Com auxílio da espátula alise as faces do bloco até reduzir seu tamanho. (Fig. 2);<br />
4. Marque na face lisa as 2 porções que compõem o bloco, nas medidas de 20mm cada, respectivamente,<br />
(Fig. 2);<br />
5. Em seguida, desenhe em uma das faces lisa os contornos da peça a ser esculpida (Fig. 2);<br />
6. Comece então a esculpir (Fig. 3);<br />
7. As figuras 04, 05, 06 e 07 representam a escultura em linguagem técnica, que poderão ajudá-lo;<br />
8. Se desejar empregar outra técnica, você poderá usá-la.<br />
9. A duração desta prova é de 02 (duas) horas.
Desempenho<br />
dos candidatos
Desempenho dos candidatos<br />
156<br />
Tabela 1 –<br />
Tabela 2 –<br />
Tabela 3 –<br />
Totais e Porcentagens de Provas e Anulações por Tema de Redação – Segundo as Áreas<br />
Exatas<br />
Área<br />
Humanas<br />
Artes<br />
TEMA<br />
A B C Branco<br />
Total (Área)<br />
N (1)<br />
Anul. N (1)<br />
Anul. N (1)<br />
Anul. N (1)<br />
Anul. N (1)<br />
Anul.<br />
(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)<br />
12.265 43 1.763 83 2.266 85 103 103 16.757 314<br />
73,19 0,26 10,52 0,50 13,52 0,51 0,61 0,61 100,00 1,87<br />
4.298 22 603 28 845 28 46 46 5.792 124<br />
74,21 0,38 10,41 0,48 14,59 0,48 0,79 0,79 100,00 2,14<br />
854 4 200 7 126 8 9 9 1.189 28,00<br />
71,83 0,34 16,82 0,59 10,60 0,67 0,76 0,76 100,00 2,35<br />
Biológicas<br />
14.252<br />
78,03<br />
47<br />
0,26<br />
1.466<br />
8,03<br />
62<br />
0,34<br />
2.473<br />
13,54<br />
76<br />
0,42<br />
73<br />
0,40<br />
73<br />
0,40<br />
18.264<br />
100,00<br />
258<br />
1,41<br />
Total 32.029 116 4.032 180 5.710 197 231 231 42.002 724<br />
(Tema) 76,26 0,28 9,60 0,43 13,59 0,47 0,55 0,55 100,00 1,72<br />
N (1) = número de candidatos presentes.<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) da Prova de Redação Por Tema e Área – Fase I (Escala: [0–100])<br />
Área<br />
TEMA<br />
(1) A B C<br />
(N)<br />
N (1)<br />
Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. N (1)<br />
Média D.P.<br />
Exatas<br />
(16.757)<br />
12.582 47,72 7,92 1.680 48,32 8,68 2.181 51,48 8,20<br />
Humanas<br />
(5.792)<br />
4.276 49,20 7,84 575 51,16 8,84 817 53,24 7,44<br />
Artes<br />
(1.189)<br />
850 47,16 8,16 193 49,84 7,88 118 50,56 8,48<br />
Biológicas<br />
(18.264)<br />
14.205 49,48 7,88 1.404 48,88 9,20 2.397 53,00 8,28<br />
Total<br />
(42.002)<br />
31.913 48,68 7,96 3.852 49,00 8,92 5.513 52,40 8,16<br />
N (1) = número de candidatos presentes, excluindo as <strong>provas</strong> em branco (231).<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Questões da Fase I – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 16.757 N (1) = 5.792 N (1) = 1.189 N (1) = 18.264 N (1) = 42.002<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
01 (Bio) 1,64 1,24 1,44 1,24 1,23 1,18 1,99 1,32 1,75 1,29<br />
02 (Bio) 1,26 1,17 1,04 1,10 0,91 1,03 1,73 1,36 1,42 1,28<br />
03 (Quí) 1,58 1,43 1,08 1,21 0,86 5,00 1,88 1,57 1,62 1,48<br />
04 (Quí) 0,63 0,80 0,42 0,65 0,29 0,54 0,80 0,81 0,66 0,79<br />
05 (Geo) 1,99 1,26 2,09 1,33 1,70 1,18 2,25 1,33 2,11 1,31<br />
06 (Geo) 2,17 1,24 2,25 1,25 1,96 1,19 2,29 1,23 2,23 1,24<br />
07 (Fís) 1,14 1,37 0,62 1,04 0,43 0,81 1,20 1,37 1,07 1,34<br />
08 (Fís) 1,26 1,46 0,70 1,15 0,41 0,86 1,32 1,46 1,19 1,43<br />
09 (His) 2,11 1,62 2,27 1,71 1,96 1,68 2,44 1,67 2,27 1,66<br />
10 (His) 0,56 0,97 0,62 1,03 0,50 0,88 0,59 0,98 0,58 0,98<br />
11 (Mat) 1,70 2,14 1,02 1,80 0,66 1,48 1,51 2,06 1,49 2,06<br />
12 (Mat) 3,30 1,68 2,65 1,77 2,51 1,76 3,22 1,72 3,15 1,73<br />
N (1) = número de candidatos presentes
Tabela 4 –<br />
Tabela 5 –<br />
Tabela 6 –<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Provas da Fase I – Por Área (Escala: [0–100])<br />
Desempenho dos candidatos<br />
Exatas Humanas Artes Biológicas Geral<br />
Prova N (1) = 16.757 N (1) = 5.792 N (1) = 1.189 N (1) = 18.264 N (1) = 42.002<br />
Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
Redação 47,40 10,40 48,92 10,76 46,80 10,92 49,20 10,00 48,36 10,32<br />
Questões 32,23 16,65 27,00 15,72 22,40 12,68 35,35 18,18 32,58 17,42<br />
Fase I 43,41 13,34 40,81 13,25 37,07 11,82 46,22 13,78 44,09 13,67<br />
N (1) = número de candidatos presentes.<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II<br />
Prova de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.645 N (1) = 1.915 N (1) = 393 N (1) = 5.150 N (1) = 14.103<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
01 2,90 1,33 2,89 1,31 2,83 1,35 3,07 1,32 2,96 1,32<br />
02 3,05 1,02 3,22 0,98 3,06 1,10 3,19 0,95 3,13 0,99<br />
03 3,10 1,34 3,24 1,33 3,14 1,38 3,24 1,34 3,17 1,34<br />
04 3,65 1,09 3,79 1,04 3,57 1,09 3,83 1,06 3,73 1,08<br />
05 2,75 1,20 2,84 1,19 2,85 1,15 2,93 1,16 2,83 1,19<br />
06 3,32 0,99 3,39 0,95 3,31 1,01 3,47 0,96 3,38 0,98<br />
07 1,47 1,64 1,87 1,79 1,50 1,64 2,29 1,85 1,82 1,78<br />
08 1,09 1,60 1,43 1,74 1,05 1,60 1,91 1,84 1,43 1,75<br />
09 1,19 1,12 1,41 1,16 1,09 1,17 1,69 1,16 1,40 1,17<br />
10 1,20 1,43 1,31 1,48 1,05 1,34 1,73 1,57 1,40 1,51<br />
11 0,61 1,00 0,76 1,09 0,54 0,94 0,99 1,26 0,77 1,13<br />
12 1,89 0,87 2,03 0,83 1,87 0,84 2,11 0,93 1,99 0,89<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II<br />
Prova de Ciências Biológicas – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.645 N (1) = 1.915 N (1) = 393 N (1) = 5.150 N (1) = 14.103<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
13 3,65 1,33 3,49 1,36 2,87 1,39 4,42 0,83 3,89 1,25<br />
14 2,03 1,01 1,99 0,98 1,68 1,05 2,54 0,97 2,20 1,03<br />
15 2,47 1,23 2,29 1,19 2,09 1,14 3,34 1,00 2,75 1,23<br />
16 0,78 1,16 0,59 1,04 0,35 0,84 2,15 1,48 1,24 1,44<br />
17 2,18 1,20 2,04 1,16 1,85 1,15 2,58 1,20 2,30 1,21<br />
18 3,02 1,15 2,85 1,13 2,44 1,17 3,58 0,97 3,19 1,13<br />
19 1,26 1,34 1,00 1,21 0,61 1,00 2,65 1,52 1,72 1,56<br />
20 0,82 1,01 0,71 0,93 0,52 0,83 1,59 1,31 1,08 1,18<br />
21 2,00 1,47 1,59 1,37 1,27 1,37 3,10 1,37 2,33 1,54<br />
22 1,06 1,36 0,73 1,17 0,41 0,91 2,00 1,47 1,34 1,46<br />
23 1,39 0,97 1,22 0,95 1,03 0,85 1,87 1,15 1,53 1,07<br />
24 2,57 1,62 2,26 1,61 1,78 1,58 3,78 1,28 2,95 1,63<br />
N (1) = número de candidatos presentes<br />
157
Desempenho dos candidatos<br />
158<br />
Tabela 7 –<br />
Tabela 8 –<br />
Tabela 9 –<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Química – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.600 N (1) = 1.895 N (1) = 389 N (1) = 5.125 N (1) = 14.009<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
01 1,25 1,42 0,57 1,06 0,32 0,78 2,07 1,57 1,43 1,52<br />
02 1,18 1,29 0,69 0,92 0,49 0,72 1,64 1,47 1,26 1,35<br />
03 0,89 1,28 0,46 0,91 0,31 0,68 1,43 1,53 1,01 1,37<br />
04 2,12 1,10 1,89 1,10 1,63 1,08 2,27 1,12 2,13 1,11<br />
05 1,85 1,37 1,18 1,25 0,78 1,10 2,41 1,41 1,93 1,44<br />
06 2,98 1,40 2,46 1,39 2,17 1,38 3,43 1,25 3,05 1,39<br />
07 0,86 1,29 0,42 0,94 0,29 0,75 1,41 1,54 0,99 1,39<br />
08 1,22 1,49 1,25 1,50 1,31 1,52 1,43 1,52 1,30 1,51<br />
09 1,02 1,08 0,72 0,76 0,59 0,62 1,48 1,36 1,13 1,18<br />
10 1,72 1,77 0,78 1,29 0,42 0,98 2,44 1,87 1,82 1,83<br />
11 1,40 1,30 0,76 0,98 0,55 0,79 1,75 1,35 1,42 1,32<br />
12 1,32 1,50 0,63 1,05 0,40 0,78 2,11 1,76 1,49 1,63<br />
N (1) = número de candidatos presentes<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de História – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.600 N (1) = 1.895 N (1) = 389 N (1) = 5.125 N (1) = 14.009<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
13 3,25 1,68 3,58 1,54 2,88 1,76 3,65 1,48 3,43 1,61<br />
14 1,28 1,27 1,72 1,51 1,04 1,06 1,62 1,42 1,46 1,37<br />
15 3,12 1,36 3,46 1,25 2,89 1,51 3,45 1,23 3,28 1,31<br />
16 2,1 1,32 2,49 1,29 2,04 1,34 2,47 1,26 2,29 1,31<br />
17 3,21 1,16 3,46 1,04 2,93 1,15 3,64 1,02 3,40 1,12<br />
18 3,23 1,24 3,51 1,10 3,24 1,26 3,45 1,15 3,35 1,20<br />
19 1,81 1,06 2,14 1,11 1,64 1,03 2,20 1,07 1,99 1,09<br />
20 1,84 1,45 1,89 1,49 1,63 1,48 2,02 1,50 1,91 1,48<br />
21 0,64 0,84 0,87 0,93 0,46 0,68 0,91 0,96 0,77 0,90<br />
22 1,45 1,08 1,79 1,21 1,28 0,99 1,80 1,20 1,62 1,16<br />
23 1,58 1,33 2,00 1,37 1,70 1,42 2,02 1,38 1,80 1,37<br />
24 2,19 1,43 2,54 1,37 2,04 1,42 2,50 1,36 2,34 1,41<br />
N (1) = número de candidatos presentes<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Física – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.574 N (1) = 1.886 N (1) = 386 N (1) = 5.100 N (1) = 13.946<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
01 3,85 1,52 3,25 1,73 2,77 1,78 4,13 1,29 3,84 1,52<br />
02 2,89 2,03 1,50 1,88 1,15 1,68 3,18 1,95 2,76 2,06<br />
03 2,09 1,71 1,23 1,47 0,79 1,20 2,21 1,60 1,98 1,67<br />
04 2,98 1,81 1,84 1,79 1,22 1,54 3,34 1,65 2,91 1,83<br />
05 1,64 1,39 0,96 1,05 0,62 0,86 1,87 1,34 1,61 1,36<br />
06 1,62 1,84 0,70 1,24 0,42 0,97 1,58 1,77 1,45 1,76<br />
07 2,41 2,29 1,12 1,89 0,62 1,48 2,97 2,24 2,39 2,30<br />
08 2,2 1,32 1,43 1,37 1,03 1,28 2,37 1,19 2,12 1,33<br />
09 2,23 1,98 1,16 1,67 0,61 1,29 2,46 1,86 2,12 1,94<br />
10 0,97 1,28 0,32 0,81 0,14 0,53 1,08 1,24 0,90 1,23<br />
11 1,35 1,63 0,50 1,04 0,35 0,87 1,28 1,45 1,18 1,51<br />
12 1,1 1,56 0,32 0,87 0,18 0,57 1,26 1,59 1,03 1,51<br />
N (1) = número de candidatos presentes
Tabela 10 –<br />
Tabela 11 –<br />
Tabela 12 –<br />
Desempenho dos candidatos<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Geografia – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.574 N (1) = 1.886 N (1) = 386 N (1) = 5.100 N (1) = 13.946<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
13 2,68 0,85 2,94 0,85 2,69 0,99 2,94 0,78 2,81 0,84<br />
14 1,90 1,39 2,33 1,52 1,56 1,44 2,10 1,46 2,02 1,45<br />
15 3,30 0,85 3,45 0,80 3,17 0,89 3,51 0,80 3,39 0,84<br />
16 2,35 1,30 2,44 1,32 2,13 1,31 2,89 1,15 2,55 1,28<br />
17 3,58 0,95 3,74 0,92 3,43 1,02 3,84 0,82 3,69 0,91<br />
18 2,66 0,88 2,96 0,86 2,68 0,89 2,96 0,83 2,81 0,87<br />
19 2,86 0,82 3,17 0,78 2,95 0,79 3,15 0,76 3,01 0,80<br />
20 1,81 0,83 2,10 0,89 1,69 0,87 2,15 0,87 1,97 0,87<br />
21 1,75 0,98 1,98 0,95 1,77 0,93 2,16 0,95 1,93 0,98<br />
22 0,70 0,76 0,97 0,98 0,61 0,77 0,99 0,92 0,84 0,86<br />
23 1,97 1,48 2,35 1,49 1,56 1,41 2,39 1,41 2,16 1,47<br />
24 2,11 1,09 2,28 1,11 2,00 1,20 2,46 0,97 2,26 1,07<br />
N (1) = número de candidatos presentes<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Matemática – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.554 N (1) = 1.883 N (1) = 384 N (1) = 5.089 N (1) = 13.910<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
01 4,00 1,75 3,70 1,95 3,12 2,18 4,03 1,70 3,94 1,78<br />
02 3,06 2,17 2,37 2,16 1,66 1,92 3,38 2,08 3,04 2,17<br />
03 1,52 1,79 1,12 1,60 0,81 1,42 1,59 1,77 1,47 1,76<br />
04 3,87 1,41 3,62 1,45 3,24 1,51 3,92 1,36 3,84 1,41<br />
05 2,00 1,32 1,49 1,12 1,18 0,93 2,20 1,26 1,98 1,29<br />
06 3,46 1,81 2,43 1,95 1,67 1,74 3,79 1,60 3,39 1,83<br />
07 1,27 1,51 0,69 1,17 0,35 0,79 1,50 1,60 1,25 1,52<br />
08 1,04 1,49 0,47 1,05 0,15 0,60 1,11 1,48 0,96 1,44<br />
09 1,67 1,29 1,28 1,01 0,99 0,66 1,87 1,35 1,67 1,28<br />
10 0,82 1,09 0,47 0,79 0,30 0,64 0,73 1,00 0,73 1,02<br />
11 1,91 1,78 1,13 1,53 0,57 1,20 2,17 1,71 1,86 1,75<br />
12 0,30 0,93 0,10 0,48 0,01 0,15 0,32 0,93 0,27 0,87<br />
N (1) = número de candidatos presentes.<br />
Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Questões da Fase II – Prova de Inglês – Por Área (Escala: [0–5])<br />
Área<br />
Exatas<br />
N<br />
Humanas Artes Biológicas Geral<br />
(1) = 6.523 N (1) = 1.857 N (1) = 380 N (1) = 5.075 N (1) = 13.835<br />
Questão Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P. Média D.P.<br />
13 3,06 1,87 3,12 1,86 3,08 1,82 3,48 1,76 3,23 1,84<br />
14 2,49 2,29 2,68 2,29 2,36 2,32 2,88 2,26 2,66 2,29<br />
15 3,09 1,70 3,03 1,63 3,06 1,75 3,59 1,48 3,26 1,64<br />
16 3,29 1,63 3,36 1,52 3,15 1,63 3,79 1,37 3,48 1,55<br />
17 2,81 1,64 2,91 1,66 2,79 1,63 3,19 1,50 2,96 1,61<br />
18 0,99 1,12 1,18 1,24 0,99 1,19 1,39 1,25 1,16 1,20<br />
19 2,18 1,57 2,27 1,54 1,99 1,42 2,63 1,61 2,35 1,59<br />
20 3,20 1,68 3,31 1,62 3,04 1,71 3,66 1,46 3,38 1,61<br />
21 2,02 1,51 2,19 1,55 2,05 1,66 2,48 1,48 2,21 1,52<br />
22 3,15 2,18 3,24 2,10 2,94 2,22 3,62 1,93 3,33 2,10<br />
23 1,74 2,32 1,74 2,31 1,03 1,93 2,15 2,39 1,87 2,35<br />
24 2,85 1,96 3,18 1,88 3,17 1,93 3,43 1,75 3,12 1,89<br />
N (1) = número de candidatos presentes.<br />
159
Desempenho dos candidatos<br />
Tabela 13 – Média e Desvio-Padrão (D.P.) das Notas das Provas da Fase II – Por Grupo (Escala: [0–100])<br />
160<br />
Grupo: Ciências Exatas e Tecnológicas<br />
2 Estatística 278 35,35 10,20 23,78 11,18 272 15,60 10,15 33,12 11,70 270 18,75 15,10 36,97 10,82 267 26,52 14,07 267 38,57 25,17<br />
8 Eng. Agríc. 196 37,40 10,13 31,42 11,78 194 19,90 10,52 37,30 11,88 193 25,62 16,55 41,20 10,10 191 29,85 13,75 190 37,65 23,75<br />
10 Eng. Mec. 375 43,82 10,63 43,18 11,87 373 35,10 13,40 45,17 10,57 371 53,35 16,38 49,23 8,53 370 49,00 14,27 370 54,62 20,52<br />
12 Eng. Civil 214 43,95 10,78 40,07 11,93 214 31,47 13,12 44,53 10,50 213 48,48 16,08 48,13 8,43 213 47,42 13,47 213 54,08 21,33<br />
13 Eng. Alim. (D) 414 48,55 10,80 46,37 11,20 412 34,45 12,57 46,53 10,77 411 44,12 15,88 48,05 8,28 411 46,43 13,33 408 59,72 18,95<br />
29 Mat. Lic. (N) 137 37,17 10,27 22,57 12,85 133 14,60 8,82 32,00 11,00 134 19,90 17,05 35,98 8,57 133 27,63 14,48 132 25,77 21,07<br />
34 Eng. Comput. (D) 878 46,60 11,10 44,28 12,67 878 35,75 14,78 46,70 11,62 873 54,75 18,83 48,77 8,85 870 49,50 14,78 868 61,50 18,72<br />
40 Física (N) 91 41,50 9,32 36,35 12,03 89 26,85 12,27 42,38 11,27 90 44,62 17,70 44,90 8,60 90 36,45 13,33 90 43,15 24,48<br />
42 C. Comput. (N) 593 46,40 11,38 42,13 12,88 589 31,93 14,10 44,75 12,10 589 48,63 19,55 48,02 9,27 587 47,13 14,65 587 60,43 19,25<br />
43 Eng. Alim. (N) 99 51,92 12,40 44,10 12,85 99 33,32 13,23 47,40 10,75 98 38,65 17,22 49,10 7,43 98 41,18 11,75 98 53,40 18,95<br />
49 Eng.Cont Aut (N) 458 44,28 10,58 43,40 13,03 453 36,53 14,45 45,00 11,00 451 55,67 18,23 48,55 8,92 450 50,82 15,33 447 56,72 20,88<br />
51 Fís./Mat./MAC(D) 424 42,10 11,80 34,72 13,60 423 24,63 12,58 39,72 12,47 421 40,12 21,13 43,70 9,85 421 39,57 16,02 417 44,00 25,15<br />
Grupo: Engenharia Elétrica<br />
11 Eng. Elétrica (D) 610 46,53 11,28 44,77 12,50 610 38,00 14,35 46,05 11,38 608 58,98 18,33 48,87 8,78 608 52,68 15,35 606 57,77 20,73<br />
41 Eng. Elétrica (N) 115 47,25 12,27 39,67 12,43 115 30,22 11,83 45,12 11,53 115 57,62 18,77 47,45 8,28 115 48,18 13,50 115 51,68 21,28<br />
Grupo: Engenharia Química<br />
9 Eng. Química (D) 360 47,67 10,93 45,53 12,60 359 39,08 14,15 45,20 11,27 358 46,78 17,65 48,03 8,87 358 47,55 14,50 358 57,00 20,08<br />
39 Eng. Química (N) 92 49,08 11,88 41,58 14,18 91 36,48 11,67 45,20 10,52 91 37,75 18,33 49,78 7,80 91 39,70 12,58 90 44,73 19,08<br />
Grupo: Tecnologias<br />
31 Tec. Sanitária (N) 292 30,28 10,52 17,72 12,07 289 10,90 7,72 28,00 13,50 286 7,63 9,82 33,75 12,30 286 14,97 10,75 284 26,75 24,10<br />
36 Tec. Cons. Civil (N) 148 28,07 11,00 14,27 10,33 146 9,33 6,65 23,38 12,48 146 8,07 12,38 29,32 12,23 147 14,72 11,60 145 20,58 24,43<br />
37 Tec. Inform. (N) 130 38,37 9,22 28,63 11,75 129 16,28 9,52 38,15 12,57 129 20,05 16,22 46,43 8,50 129 26,45 13,82 129 40,22 22,95<br />
Grupo: Química<br />
5 Química (D) 206 44,92 10,63 43,52 12,10 205 32,08 12,65 42,30 11,62 203 33,35 16,92 47,63 9,02 202 34,63 13,57 201 49,77 21,65<br />
Grupo: Química Tecnológica<br />
50 Quím. Tec. (N) 87 46,10 10,88 35,27 10,97 84 32,07 12,68 41,13 9,98 83 23,42 12,67 44,67 7,73 83 27,62 11,53 80 43,73 21,73<br />
Grupo: Ciências da Terra<br />
52 Geol/Geog Bac (D) 89 41,88 11,78 33,80 11,45 89 16,93 9,12 46,65 10,70 89 19,30 14,62 52,15 8,13 89 24,45 12,85 86 45,85 23,77<br />
55 Geog. Lic. Bac. (N) 111 37,45 9,95 23,83 11,42 109 10,18 6,50 42,13 11,12 109 10,25 10,83 47,25 8,67 105 16,70 9,72 105 36,15 23,80<br />
Grupo: Arquitetura e Urbanismo<br />
48 Arq. Urban. (N) 248 48,88 9,93 42,22 10,98 245 25,63 10,52 51,82 10,27 243 41,58 15,35 49,72 8,77 240 39,73 13,55 237 61,78 19,38<br />
Grupo: Ciências Humanas<br />
16 C. Sociais (D) 143 50,63 10,87 36,15 11,52 142 20,38 11,53 53,12 11,03 142 23,23 15,27 56,80 10,15 142 31,08 11,65 142 64,28 18,78<br />
44 C. Sociais (N) 143 47,53 11,03 29,63 11,30 143 14,33 7,90 49,12 10,05 143 14,58 12,82 53,58 10,17 143 21,60 10,93 140 46,33 23,27<br />
19 História 109 48,82 10,43 40,58 11,37 108 20,27 10,22 56,53 10,58 106 23,70 14,65 55,33 9,15 106 29,72 13,62 106 56,60 19,13<br />
57 Letras Lic. (N) 84 49,92 12,23 26,47 10,15 83 13,32 7,43 47,22 11,63 83 11,67 11,05 47,57 9,27 83 20,23 10,70 82 51,78 23,80<br />
07 Letras Lic. Bach. (D) 84 55,03 11,33 37,93 12,52 81 19,43 9,32 51,37 9,02 80 18,97 11,65 51,43 8,45 80 27,27 9,83 76 65,50 17,42<br />
18 Lingüística Bach (D) 69 44,15 12,25 23,58 10,50 68 11,98 6,10 42,63 13,15 67 9,73 11,72 44,18 10,00 67 20,42 11,43 64 57,60 22,37<br />
20 Pedagogia (D) 138 43,27 11,53 25,68 11,45 137 13,50 6,48 41,63 11,12 136 10,80 8,27 39,88 9,43 136 18,98 10,02 134 38,93 21,42<br />
38 Pedagogia (N) 135 44,27 10,85 20,70 9,22 135 10,23 5,00 40,13 11,38 134 6,87 6,37 39,65 9,03 134 16,65 8,38 131 32,60 21,90<br />
Português Biologia Química História Física Geografia Matemática Inglês<br />
Média D.P. Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. N (1)<br />
Média D.P.<br />
N (1)<br />
Cód Cursos<br />
▲
▲<br />
Português Biologia Química História Física Geografia Matemática Inglês<br />
Média D.P. Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. Média D.P. N (1)<br />
Média D.P. N (1)<br />
Média D.P.<br />
Grupo: Filosofia<br />
30 Filosofia 93 43,42 12,48 25,20 12,15 90 13,65 9,05 43,10 12,70 89 14,60 16,62 29,25 7,02 89 23,32 11,92 85 52,60 25,92<br />
Grupo: Ciências Econômicas<br />
17 C. Econ. (D) 591 48,27 11,63 43,00 11,65 588 25,70 11,93 54,05 10,75 587 35,78 16,75 55,80 8,53 587 43,30 13,45 585 61,80 19,87<br />
47 C. Econ. (N) 202 47,90 11,05 39,42 11,58 199 22,65 9,95 52,43 10,93 197 30,82 15,53 55,50 9,28 195 39,88 13,45 193 53,48 21,60<br />
Grupo: Licenciatura Integrada Química/Física<br />
56 Lic.Quím/Fís (N) 124 36,60 9,98 27,12 11,90 121 21,73 13,02 34,60 12,42 122 26,48 22,40 41,90 10,27 121 27,02 14,75 119 40,20 24,10<br />
Grupo: Artes Cênicas<br />
26 Artes Cênicas 62 50,65 9,47 33,20 11,18 62 18,88 8,92 48,78 10,80 61 21,63 16,25 51,42 9,05 61 28,95 13,43 61 53,53 19,38<br />
Grupo: Dança<br />
23 Dança 74 44,20 12,77 26,68 12,97 73 14,43 8,35 36,98 12,27 73 12,95 10,48 40,13 9,28 73 21,90 11,70 73 46,13 23,82<br />
Grupo: Educação Artística<br />
25 Ed Artística 71 46,53 10,87 30,70 13,27 69 15,35 10,30 44,25 11,87 68 16,23 13,35 46,62 9,08 67 23,90 10,80 64 54,22 23,17<br />
Grupo: Música Erudita - Composição<br />
22 Música - Comp. 29 36,32 10,98 24,73 16,02 29 11,40 7,23 31,87 14,23 29 12,78 13,92 39,43 9,68 29 18,70 12,35 29 45,72 26,40<br />
Grupo: Música Erudita - Regência<br />
22 Música - Reg. 33 37,78 11,48 23,37 12,27 33 11,33 6,20 33,53 13,13 33 10,87 13,00 38,25 10,42 33 17,58 10,80 32 38,67 25,22<br />
Grupo: Música Erudita - Instrumento<br />
22 Música - Instr. 63 37,72 13,18 23,43 12,30 63 13,13 8,40 32,57 14,23 63 13,83 13,68 38,17 11,02 63 20,48 11,98 63 4,35 2,42<br />
Grupo: Música Popular<br />
22 Música Pop. 61 41,92 8,63 31,10 10,88 60 19,58 9,75 42,45 11,72 59 23,82 14,25 47,95 9,68 58 27,80 11,55 58 58,07 18,80<br />
Grupo: Ciências Biológicas Diurno<br />
6 C. Biológicas (D) 674 47,52 11,07 53,07 11,78 672 33,88 14,03 46,85 11,45 668 36,32 17,20 51,00 9,20 666 38,30 13,48 664 60,92 19,80<br />
Grupo: Ciências Biológicas Noturno<br />
46 C. Biol. Lic. (N) 151 46,67 10,25 48,10 11,13 151 26,58 10,68 44,25 10,42 150 26,17 14,55 48,65 8,62 150 31,48 12,28 148 54,42 20,53<br />
Grupo: Educação Física<br />
27 Ed. Física (D) 142 40,38 10,00 37,37 11,00 142 21,08 10,10 40,47 11,27 141 24,35 14,25 44,80 8,32 141 30,78 11,53 141 49,03 21,12<br />
45 Ed. Física (N) 162 40,02 9,90 35,28 12,53 161 18,18 10,10 38,37 11,60 159 20,48 14,05 44,22 9,23 159 24,77 12,03 159 40,60 23,08<br />
Grupo: Enfermagem<br />
21 Enfermagem UNICAMP 117 46,00 10,82 45,95 12,57 117 26,72 9,93 41,87 11,75 116 24,00 13,35 46,23 8,20 116 29,85 11,08 116 47,47 20,28<br />
81 Enfermagem FAMERP 178 34,63 9,90 29,50 12,23 177 14,35 9,15 31,32 11,25 177 11,90 11,57 34,85 8,97 177 16,53 10,48 174 22,48 16,63<br />
Grupo: Medicina<br />
15 Medicina UNICAMP 2.612 55,62 11,70 63,42 10,30 2.597 49,05 13,73 55,02 10,10 2.587 58,25 15,60 56,83 8,30 2.583 53,20 13,48 2.579 68,43 16,53<br />
75 Medicina FAMERP 671 48,25 11,38 52,63 11,90 666 35,33 13,47 46,82 11,02 660 41,53 16,70 50,97 8,98 656 39,90 13,07 656 53,53 20,22<br />
Grupo: Odontologia<br />
14 Odontologia 443 47,02 10,12 30,60 6,61 442 32,95 11,58 44,15 9,67 442 40,18 16,32 48,03 8,02 441 39,08 12,50 438 54,90 18,97<br />
N (1)<br />
Cód Cursos<br />
Desempenho dos candidatos<br />
N (1) = número de candidatos presentes.<br />
161
162
Caderno de respostas<br />
NOME<br />
PROVA<br />
SEQ. LOTE<br />
PROVA<br />
EMPC<br />
QUIMIC<br />
Modelo<br />
Questões<br />
ORDEM INSCRIÇÃO<br />
Instruções<br />
1 • Verifique se o seu nome e número de inscrição estão corretos.<br />
2 • A prova deve ser feita com caneta azul ou preta.<br />
3 • A resolução de cada questão deve ser apresentada no espaço<br />
correspondente a cada questão.<br />
4 • O rascunho poderá ser feito no espaço indicado e não será<br />
considerado na correção.<br />
ASSINATURA DO CANDIDATO<br />
ATEN O: Os rascunhos n o ser o considerados para<br />
efeito de corre o, em hip tese alguma.<br />
LUGAR NA SALA<br />
RASCUNHO<br />
1<br />
2<br />
3<br />
4<br />
5<br />
6<br />
7<br />
8<br />
9<br />
10<br />
11<br />
12<br />
QUEST O 1:<br />
QUEST O 2:<br />
Instruções<br />
1 • Verifique se o seu nome e número de inscrição estão corretos.<br />
2 • A prova deve ser feita com caneta azul ou preta.<br />
3 • A resolução de cada questão deve ser apresentada no espaço<br />
correspondente a cada questão.<br />
4 • O rascunho poderá ser feito no espaço indicado e não será<br />
considerado na correção.<br />
1<br />
2<br />
1<br />
2