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A Unicamp comenta suas provas - Comvest - Unicamp

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Redação 1ª fase<br />

24<br />

Comentários<br />

▲<br />

Certamente o senhor sabe da importância da água dentro de uma sociedade, não apenas para a saúde da<br />

população, mas também em termos econômicos. E, certamente, o senhor não é contrário à punição de quem<br />

faz mal uso desse bem, tais como indústrias pesadas e poluidoras. Há também grandes usuários que,<br />

mesmo sem poluir a água, fazem largo uso dela – e isso, estando certo ou não, é uma grave agressão ao meio<br />

ambiente, e que, portanto, merece também uma “punição” (taxas e tributos maiores do que os pagos por<br />

cidadãos comuns). Pois bem, a Lei já dá conta desse tipo de regulamentação, cobrando inclusives pesadas<br />

multas de quem polui e, em alguns casos, determinando a prisão em até cinco anos.<br />

Contudo, senhor Campos, sabemos que a lei é raramente cumprida, mesmo em se tratando de uma<br />

questão de vital importância e prioridade. Os órgãos governamentais tradicionais, quer por corrupção, quer<br />

por ineficiência, já não dão conta da fiscalização sequer – quem dirá da punição. É por razões como essas<br />

que a criação da ANA se faz urgente e necessária.<br />

A prioridade da ANA seria a fiscalização e punição, portanto. Funcionaria como uma espécie de “órgão de<br />

defesa da água”, estando subordinada diretamente ao Ministério do Meio Ambiente. A agência teria poder de<br />

ação tanto sobre a esfera pública quanto sobre a privada, podendo multar, inclusive, programas governamentais<br />

que se mostrassem prejudiciais ao Meio Ambiente. Seus processos jurídicos deveriam ter prioridade em<br />

tribunais, ou então seriam julgados por juízes especiais, designados apenas para essa função, haja vista a<br />

importância da água como bem econômico, social e geopolítico – o Brasil ainda não tem problemas com<br />

países vizinhos por conta de recursos hídricos, mas essa situação pode vir a ocorrer um dia.<br />

Por isso, é preciso que haja desde já conscientização. O governo não pode, tal como representante<br />

legítimo da sociedade, fechar os olhos aos abusos que vêm sendo cometidos em relação à “água brasileira”.<br />

Outro ponto importante da criação da ANA, e aparentemente o que mais causa a sua rechação à criação<br />

da agência, é a ineficiência das empresas estatais. Para burlar esse fato, a ANA deveria ser um órgão misto,<br />

do qual participariam governo, ONG’s e representantes diretos de vários setores da sociedade.<br />

No caso da poluição dos mananciais, por exemplo, seriam feitas auditorias entre a ANA, ONG’s e representantes<br />

da população que habita a região. Além disso, haveria ouvidorias para a denúncia de órgãos que<br />

estivessem utilizando mal os recursos hídricos. Essa me parece ser a maneira mais democrática e honesta<br />

para que a ANA possa realmente dar certo, sem se tornar “onerosa e espalhafatosa”.<br />

Contudo, isso não basta para que a ANA dê certo. É necessário, antes de qualquer coisa, a conscientização<br />

da população acerca da importância – e da limitação – dos recursos hídricos. E o governo é o órgão mais<br />

indicado para esse projeto de reeducação ambiental.<br />

Nós, cidadãos conscientes, esperamos uma resposta séria de vocês, governantes e representantes da<br />

sociedade.<br />

Atenciosamente,<br />

C.B.M.<br />

Decisão inteligente a desta candidata: criou um deputado, Cézar Campos – não há nenhum deputado com<br />

esse nome na lista da Câmara – e um contexto (jornais e revistas) por meio do qual teria tomado conhecimento<br />

da posição do deputado com relação à criação da Agência Nacional da Água e a justificativa para tal posicionamento:<br />

a criação de uma agência nacional seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”,<br />

tendo em vista os inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos existentes.<br />

Trata-se de uma boa justificativa e muito verossímil – diga-se de passagem –, especialmente porque é do<br />

conhecimento geral que tais órgãos não são eficientes como deveriam, e a candidata, como cidadã consciente,<br />

concorda com tal preocupação do deputado.<br />

E o que ela faz, então? Assumindo uma máscara de Engenheira Sanitária 3 , apresenta a importância da<br />

existência de um gerenciamento da água, tendo em vista os vários setores da sociedade, e tira da coletânea os<br />

argumentos e dados relacionados à questão que corroboram sua opinião.<br />

O que gostaríamos de destacar é a estratégia utilizada pela candidata para rebater a posição contrária do<br />

deputado. Veja que, para persuadir seu interlocutor, ela procura construir uma argumentação baseada em<br />

informações que poderiam ser comuns aos dois, estratégia de alguém que respeita o interlocutor, apesar de<br />

não concordar com ele e, em todo o texto, estabelece explicitamente a interlocução: no 1 o parágrafo, concorda<br />

que inúmeros órgãos governamentais são ineficientes e burocráticos; no 2 o parágrafo, aponta alguns aspectos<br />

relacionados à utilização da água que seriam consensuais; no 3 o parágrafo, concorda que as leis raramente<br />

são cumpridas, o que a faz argumentar no sentido de que a ANA também se encarregaria da punição; no 4 o<br />

parágrafo, caracteriza a ANA como uma agência que teria prioridade nos tribunais e como portadora de um<br />

poder até mesmo sobre programas governamentais. Veja que, neste parágrafo, ela já está procurando rebater<br />

a idéia da ineficiência e da burocracia caracterizadoras dos grandes órgãos governamentais, para, em seguida,<br />

propor que a agência seja uma organização “mista”, da qual participariam governo, ONG’s e representantes<br />

3 Entende-se por máscara a utilização de um remetente fictício cuja caracterização possa auxiliar o desenvolvimento argumentativo do texto. No caso desta redação,<br />

a máscara de Engenharia Sanitária estaria funcionando como a representação de alguém que tem conhecimento ou autoridade sobre a questão abordada.

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