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A Unicamp comenta suas provas - Comvest - Unicamp

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Comentários<br />

Exemplo de<br />

redação<br />

▲<br />

Redação 1ª fase<br />

desconfiar que por trás dessa decisão, há relações políticas ou algum interesse financeiro pressionando o<br />

senhor.<br />

Se o senhor quer projeção política, imagine o marketing que o senhor não teria se ajudasse e desse idéia<br />

a esse projeto de controlar e inspecionar o uso da água, a qual terá grande problema de escassez se nada for<br />

feito nesse sentido de controle.<br />

Como idéia, o senhor poderia propor não a taxação, mas a conscientização da população para não<br />

desperdiçá-la, o que seria muito mais eficiente, uma vez que cobrar água num país de maioria pobre e que<br />

em algumas áreas a população nem tem acesso a ela é inviável, além de que, informar e conscientizar é uma<br />

medida que servirá não só para a preservação da água, mas para qualquer outro recurso ambiental e ecológico.<br />

O senhor seria visto com muito mais respeito, aderindo-se à esse projeto, e estaria assim respondendo à<br />

duas ambições <strong>suas</strong>; a de se ver bem quisto pelas pessoas e a de atender à sua consciência que, tenho<br />

certeza, quer um mundo melhor para seus descendentes e que se preocupa com o destino desse bem vital<br />

que é a água.<br />

Desculpe pela minha franqueza, mas é que eu me preocupo muito com os recursos ambientais e sei da<br />

sua importância para a manutenção da vida.<br />

Respeitosamente,<br />

J.G.J.N.<br />

O candidato que escreveu essa redação sabia muito bem que estava escrevendo uma carta a um congressista.<br />

Daí ter “criado” um deputado – Sílvio Golveia – e ter construído uma imagem de um político envolvido<br />

em interesses financeiros e buscando projeção política. Na opinião do candidato, seriam essas as prováveis<br />

justificativas pelas quais o deputado seria contrário à criação da ANA. Veja que a primeira parte da construção<br />

de uma carta argumentativa foi feita corretamente pelo candidato. Vejamos, então, se ele conseguiu explorar<br />

bem essa imagem do deputado e quais foram os argumentos por ele utilizados para convencer Sílvio Golveia<br />

a mudar de idéia com relação à criação da ANA, já que a tarefa pedida não é somente uma carta, mas uma<br />

carta argumentativa!<br />

Primeiramente, a ANA poderia evitar problemas ambientais no futuro, se fosse implantada (1º parágrafo).<br />

Tendo em mente a projeção política almejada pelo deputado, o candidato aponta o marketing que poderia<br />

alcançar se apoiasse o projeto de controlar e inspecionar o uso e a poluição da água (3º parágrafo). Em<br />

seguida, sugere que seria melhor propor a conscientização da população do que a cobrança de taxas para<br />

evitar o desperdício da água (4º parágrafo). E conclui que, fazendo isso, o deputado será visto com muito mais<br />

respeito.<br />

Perceba que, embora o candidato não tenha apresentado nenhuma informação errada a respeito do supervisionamento<br />

da água, sua carta não tem força argumentativa, na medida em que os argumentos utilizados<br />

são ingênuos; observe que até mesmo no único momento do texto em que ele efetivamente sugere pontos para<br />

o programa da ANA, momento que exige argumentos extremamente consistentes, ele é ingênuo: ao justificar<br />

a conscientização e não a taxação (cobrança pelo uso da água) com base no fato de o Brasil ser um país de<br />

maioria pobre, o candidato desconsidera o fato de que, em grande parte, é a minoria – rica – que mais utiliza<br />

água e, muitas vezes, a desperdiça e a polui, com <strong>suas</strong> indústrias, por exemplo e que poderia haver cobrança<br />

de acordo com a quantidade de água utilizada.<br />

Outro momento de ingenuidade ocorre quando, diante da imagem do político que deseja projeção política,<br />

o candidato apresenta o marketing político como tentativa de convencimento, não especificando, porém,<br />

como tal projeto colaboraria na formação de uma imagem mais positiva do deputado.<br />

Não estamos querendo dizer que isso seja uma razão para penalizar a redação: trata-se de um desempenho<br />

apenas razoável. O candidato cumpriu a tarefa: escreveu a um congressista; procurou argumentar no<br />

sentido de convencê-lo a mudar de idéia e propôs algumas atividades a serem executadas pela ANA. O que<br />

questionamos é se o deputado ficaria convencido com esse tipo de argumentação, baseada no senso comum<br />

e, até certo ponto, um pouco apelativa. Se ele tivesse fundamentado melhor sua argumentação, ou se tivesse<br />

escolhido outros argumentos não tão próximos do senso comum, ou ainda, se tivesse explorado a imagem que<br />

fez de seu interlocutor, provavelmente sua redação teria um desempenho melhor.<br />

São Paulo, 28 de novembro de 1999.<br />

Senhor deputado Cézar Campos,<br />

Soube, por meio de jornais e revistas, que o senhor é contrário à criação da ANA (Agência Nacional de<br />

Água), alegando que seria mais um dos “onerosos e espalhafatosos órgãos do governo”. Como cidadã, concordo<br />

com o senhor: há inúmeros órgãos governamentais ineficientes e burocráticos. Porém, como Engenheira<br />

Sanitária, vejo a necessidade de intensificar as políticas de proteção ambiental de todas as maneiras possíveis.<br />

23<br />

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