18.04.2013 Views

A Crise dos paradigmas, rigor científico e novos desafios ... - Unisinos

A Crise dos paradigmas, rigor científico e novos desafios ... - Unisinos

A Crise dos paradigmas, rigor científico e novos desafios ... - Unisinos

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A <strong>Crise</strong> <strong>dos</strong> <strong>paradigmas</strong>, <strong>rigor</strong> <strong>científico</strong> e <strong>novos</strong> <strong>desafios</strong> (Milton Greco)<br />

A saga do Dr. Oswaldo e os mitocrôndrios<br />

Era dia de grande alegria na casa <strong>dos</strong> Esteves. Oswaldinho entrara na faculdade. O sonho da mãe em<br />

ter um filho médico e os planos do pai em fazê-lo realizador das pesquisas com que ele sempre sonhara<br />

pareciam tornar-se realidade. Oswaldinho na faculdade. Depois de tanto esforço, de tantas horas de<br />

estudo e dedicação. Era a coroação <strong>dos</strong> esforços conjuntos daquela família de classe média.<br />

Psicólogo behaviourista <strong>dos</strong> mais radicais, o pai gabava-se da educação que dera ao filho e, sobretudo,<br />

da longa preparação para aquele vestibular. Desde o momento em que fora escolher uma escola de<br />

segundo grau para o garoto, fizera a exigência.<br />

- Nada dessas escolas humanistas, arcaicas, cheias de ranço filosófico e religioso. Nada desses<br />

sociologismos e conscientizações políticas desses padres comunistas. Ele precisa de uma escola que<br />

ensine a resolver problemas. Afinal a vida não é, quase sempre, uma questão de múltipla escolha? Não<br />

importa que não desenvolva muito esse negócio de redação, letras, filosofia ou história. Quem resolve<br />

problemas avança, tem sucesso e, se necessário, paga alguém para cuidar dessas amenidades. O que<br />

vale hoje é aquele que sabe ir direto ao assunto.<br />

Assim, a formação e, principalmente a preparação de Oswaldinho para o vestibular, fora feita em clima<br />

de muita objetividade, de direcionamento para o fim a ser alcançado: entrar na faculdade. Por isso era<br />

dia de grande alegria na casa <strong>dos</strong> Esteves. Dia de alegria e de festa. Dia de visita de parentes e de<br />

amigos para se congratularem com o novo calouro e com o seu principal artífice: o orgulhoso pai. Este<br />

não perdia a oportunidade para dividir com o filho os louros da vitória. Afinal fora sua visão positivista,<br />

objetiva, comportamentalista mesmo, que direcionara àquele resultado tão magnífico. Mais do que a<br />

vitória do filho, comemorava ele a vitória da técnica, da objetividade, da estratégia na modelagem do<br />

espírito humano.<br />

Assim, irmana<strong>dos</strong> pelo mesmo ideal e desfrutando da mesma euforia, Oswaldinho e Esteves dividiram<br />

aquela festa de comemoração.<br />

- Então vou ter um filho médico, brindou Dona Luísa, a mãe, não muito afeita a aspectos culturais e<br />

educacionais. Era mais coração do que razão. Por isso deixava essas coisas para o pai: psicólogo,<br />

intelectual pesquisador, "um verdadeiro sábio nem sempre bem reconhecido". - Um filho médico, meu<br />

grande sonho, repetia quase à exaustão.<br />

- Vou ser pediatra, setenciou objetiva e deterministicamente Oswaldinho para espanto <strong>dos</strong> presentes.<br />

- Mas você já escolheu a especialidade mesmo antes de começar o curso?, espantou-se um tio que era<br />

professor secundário.<br />

- É claro, respondeu Oswaldinho. A gente precisa saber bem o que quer na vida. Saber, estabelecer<br />

objetivos e persegui-los com tenacidade, continuou o rapaz, para orgulho do pai.<br />

E Oswaldinho foi para a faculdade para ser médico, isto é, pediatra.<br />

Oswaldo era efetivamente um aluno excelente e determinado, quase obstinado. Poderia não ser o<br />

melhor, mas estava invariavelmente entre os melhores da sua turma. Se às vezes deixava em segundo<br />

plano uma disciplina era porque nela não via muita relação com a pediatria. Mas naquelas em que<br />

sentia a relação direta ninguém o batia. Era sempre o melhor, o primeiro, o mais dedicado, quase<br />

fanático.<br />

Tendo feito um curso quase brilhante, a formatura do Dr. Oswaldo foi o corolário natural de uma carreira<br />

acadêmica bem sucedida e, sobretudo, bem direcionada.<br />

- Enfim temos um pediatra na família, exclamou a mãe orgulhosa ao abraçá-lo no dia da formatura.<br />

- Vou ser neonatologista, anunciou triunfalmente o novo médico. Consegui vaga na residência.<br />

- Neo...o quê?, espantou-se o tio, agora já professor aposentado.<br />

- É uma especialidade nova, explicou Dr. Oswaldo. É o médico de berçário. Aquele que atende o recémnascido.<br />

Que cuida das crianças nos primeiros 30 dias de vida.<br />

- Mas precisa um médico só para isso?, espantou-se o velho e secundário mestre.<br />

- É claro tio. É o progresso da ciência médica, da tecnologia, da especialização, setenciou o jovem. A<br />

medicina tem de seguir o caudal do progresso. Vou para essa Segunda etapa da minha vida acadêmica<br />

com a mesma determinação com que venci a primeira, entusiasmou-se Oswaldo diante da estupefação<br />

do tio.


E o Dr. Oswaldo tinha razão. Sua residência foi pontilhada de episódios engrandecedores. De horas e<br />

horas de dedicação plena junto ao berço de recém-nasci<strong>dos</strong>, deles cuidando com o desvelo que só os<br />

predestina<strong>dos</strong> têm. Tanta dedicação, tanto esforço, tanto estudo, teriam de ser premia<strong>dos</strong>,<br />

reconheci<strong>dos</strong> e direciona<strong>dos</strong> para a pesquisa. Tão logo o Dr. Oswaldo conclui sua residência foi<br />

convidado para fazer mestrado.<br />

Intrigava-o, principalmente, o aparelho digestivo <strong>dos</strong> recém-nasci<strong>dos</strong>. Quantas vezes apresentavam<br />

disfunções diarréicas que não raramente traziam conseqüências futuras muito graves, até com evolução<br />

para o óbito. O mestrado iria propiciar-lhe a oportunidade de fazer essa pesquisa. E, noites a fio,<br />

dedicou-se à pesquisa seguindo fielmente as determinações do seu orientador. Tão fielmente que<br />

nunca se furtou em dividir com ele to<strong>dos</strong> os artigos que publicara em revistas médicas, embora todo o<br />

trabalho fosse exclusivamente seu. Seu empenho era tão grande no estudo e na pesquisa da tal<br />

síndrome diarréica, que acabou se tornando um neo-nato-gastro-enterologista. Não mais tratava de<br />

outra coisa. Afinal, suas pesquisas estavam direcionadas para aquela área, para aquele campo, para<br />

aquela especialidade.<br />

Sua dissertação de mestrado foi absolutamente brilhante. O dez com louvor que recebeu da banca<br />

examinadora foi pouco perto da recomendação explícita para que continuasse na pesquisa, pois seu<br />

trabalho demonstrava que ele estava no caminho certo. A dissertação abria perspectivas para um<br />

efetivo avanço da neo-nato-gastro-enterologia.<br />

O doutorado foi uma conseqüência lógica na carreira brilhante do agora Mestre Oswaldo. Suas<br />

pesquisas prosseguiam cada vez com mais especificidade, agora dirigidas para as células do intestino<br />

grosso do recém-nascido. "Lá deve estar a chave do mistério", pensava ele dia e noite, inteiramente<br />

absorvido pela sua pesquisa de doutorado.<br />

Um dia tomou uma decisão. Não atenderia mais no berçário, nem no ambulatório. Iria se concentrar em<br />

pesquisas de laboratório. Examinaria minuciosamente no mais sofisticado microscópio, e com o auxílio<br />

da mais alta tecnologia, a estrutura celular do intestino grosso <strong>dos</strong> portadores da indigitada síndrome.<br />

Isso possibilitou-lhe a extraordinária tese doutoral sobre a relação entre a estrutura celular do intestino<br />

grosso do recém-nascido e a tal síndrome diarréica, tese que, aliás como já era hábito, foi saudada com<br />

os mais encomiásticos elogios, a nota máxima e o encorajamento para novas pesquisas sobre o mesmo<br />

e intrigante assunto.<br />

O Prof. Dr. Oswaldo Esteves tornara-se um verdadeiro homem de ciência, vivendo dela e para ela. É<br />

claro que isso custou-lhe algum preço. Afastamento da família após prolongada crise conjugal, uma<br />

certa limitação financeira, uma certa excentricidade de idéias e de atitudes e, o pior, um quase total<br />

isolamento. Não tinha amigos, apenas colegas de universidade, com os quais ficava cada vez mais<br />

difícil conversar, pois quase nunca se interessavam pelo seu trabalho, pelas suas pesquisas e, quando<br />

o faziam, mostravam tal ignorância no assunto que tornava quase impossível o diálogo. Aliás, o fato se<br />

invertia quando os outros pesquisadores tentavam em vão mostrar-lhe suas "desinteressantes<br />

descobertas".<br />

"A solidão talvez seja o preço da sabedoria|", setenciava para si mesmo em suas elucubrações<br />

solitárias em seu apartamento de descasado, rodeado de pilhas de livros e de estranhos aparelhos, de<br />

utensílios domésticos e de lâminas de pesquisa, essas sim cuidadas com o mais absoluto cuidado.<br />

Foi em sua tese de livre-docência que relacionou a tal síndrome do mitocôndrio das células periféricas<br />

do intestino grosso do recém-nascido. Foi o grande salto qualitativo que o notabilizou, que o tornou<br />

internacional, figura obrigatória nas revistas especializadas. Até foi contemplado com uma menção no<br />

programa de Domingo da Rede Globo, Fantástico, embora com aparição de apenas 35 segun<strong>dos</strong>. Isso<br />

o tornou mais conhecido mas não aplacou sua solidão. Enfim, quem entenderia de mitocôndrios de<br />

células periféricas do intestino grosso de recém-nasci<strong>dos</strong> portadores da diarréia crônica? E quem se<br />

interessaria em conversar sobre tão relevante assunto em momentos de tamanha crise econômica?<br />

Mas o que era uma passageira questão econômica face a uma descoberta científica de tal magnitude?<br />

"Será que esses idiotas não percebem?", pensava ele meio desolado, quando a solidão era mais<br />

aguda.<br />

Oswaldo estava tão absorto por suas pesquisas que chegava a dialogar com os mitocôndrios, como se<br />

deles esperasse uma resposta para o grande enigma diarréico. Nem o grande confisco determinado<br />

pelo governo, e que atingiu em cheio sua magra poupança de tantos anos, chegou a abalá-lo. Pior seria<br />

se lhe tivessem tirado as verbas para a pesquisa, ou lhe tivessem impedido de ir ao Congresso de<br />

Pediatria de Madrid, onde se inscrevera para apresentar seu trabalho.


Esse congresso era para Oswaldo de extrema importância, pois lá estariam as duas únicas pessoas no<br />

mundo que também tinham pesquisa no mesmo campo e que, enfim, poderiam com ele conversar de<br />

igual para igual. E ambas haviam confirmado sua presença no congresso, o russo Dr. Antoniov e a<br />

italiana Profa. Brunelli. O fato de entre eles existir uma mulher, e italiana, chegou a despertar-lhe<br />

pensamentos para além do âmbito <strong>científico</strong>, acordando a libido que havia sido adormecida pelos<br />

mitocôndrios.<br />

O congresso foi de grande valia para o livre-docente Dr. Oswaldo Esteves. Sua apresentação foi muito<br />

elogiada. Embora não tivesse ainda resolvido o problema da estranha síndrome, havia dado, com seu<br />

relatório de pesquisa, uma contribuição inestimável para que, no futuro, novas conquistas fossem<br />

realizadas. Os trabalhos de Antoniov e Brunelli também foram de grande importância para ele, a ponto<br />

de lhe despertar sensações quase orgásticas durante o intercâmbio de informações científicas no<br />

simpósio sobre o assunto. Pena que o lado humano do congresso não tivesse sido consentâneo com as<br />

expectativas feitas anteriormente por Oswaldo. Fora das reuniões científicas pouco pôde ser<br />

estabelecido em termos de relacionamento com as duas únicas pessoas com quem poderia enfim<br />

dialogar de igual para igual, pois o russo não falava inglês e Oswaldo não falava russo. E assim não<br />

puderam se comunicar através de intérpretes. A Profa Brunelli, por sua vez, havia enviado um brilhante<br />

trabalho, mas não pudera estar presente, pois estava internada em uma clínica de repouso para<br />

moléstias nervosas.<br />

A volta de Oswaldo, guardadas as decepções da falta de relacionamento humano no congresso, foi<br />

triunfal. Definitivamente consagrado e reconhecido como uma autoridade internacional. Isso aumentou<br />

sua obstinação pela pesquisa. Praticamente mudara-se para o laboratório onde varava semanas e<br />

semanas debruçado sobre seus estu<strong>dos</strong>, prisioneiro deles e quase isolado do resto do mundo.<br />

Construíra um universo a partir do seu campo de pesquisa e nele vivia como um habitante solitário e<br />

obcecado. Só não era considerado anormal pois, na universidade onde trabalhava, alguém daquela<br />

jeito até que não era difícil de se encontrar. Estabelecendo-se algumas características diferenciadoras,<br />

principalmente relacionadas com a área de pesquisa de cada um, pessoas como ele eram até quase<br />

comuns naquele lugar, cada uma com sua excentricidade, cada uma com sua "sapiência", cada uma<br />

com sua onipotente auto-suficiência. E todas impregnadas de uma incomensurável solidão. Mesmo os<br />

poucos contatos com alunos, na obrigatoriedade das aulas, só servia para mais diferenciar os dois<br />

mun<strong>dos</strong>: o <strong>dos</strong> cientistas e o <strong>dos</strong> pobres coita<strong>dos</strong> entreti<strong>dos</strong> com as insignificâncias do dia-a-dia.<br />

Oswaldo chegava a sentir-se protegido em seu laboratório. Era como um intestino, ou melhor, um útero<br />

materno, terno e aconchegante, familiar, hospitaleiro e compreensível. Chegava por vezes,<br />

inconscientemente, a desejar que não se encontrasse a solução para a estranha doença. Já imaginara<br />

o que seria dele sem ela? Sem sua razão de viver?<br />

Mas quando era assolado por tão infames e anti-<strong>científico</strong>s pensamentos, logo os afastava como num<br />

ato de exorcismo ou de descarrego, e deles se penitenciava através de longas horas de dedicação<br />

estóica à pesquisa no admirável mundo <strong>dos</strong> mitocôndrios.<br />

Numa tarde, quando maior era sua absorção pela pesquisa, ouviu baterem à porta.<br />

- Pode entrar, respondeu mecanicamente Oswaldo.<br />

- Com licença, professor. Era Zequinha, um faxineiro novato do departamento, que com ar meio<br />

macambúzio se aproximava do grande mestre.<br />

- Entre, Zequinha. Se veio me avisar da hora, pode deixar. Se quiser, pode ir pra casa que eu mesmo<br />

cuido de tudo. Preciso ainda corar algumas lâminas e vou levar bem mais de duas horas.<br />

- Não. Não é isso não, doutor, respondeu o humilde faxineiro. É que eu estou como uma bruta diarréia<br />

faz três dias. E com o senhor é médico e entendido dessas coisas eu vim ver se o senhor pode me dar<br />

um jeito.<br />

A reação do Dr. Oswaldo foi absolutamente paralisante. Ficou estupefato diante de Zequinha. O rosto<br />

tornou-se lívido, as mãos encheram-se de suor, os olhos se esbugalharam e ficaram fixos no pobre e<br />

diarréico faxineiro. E, como se estivesse em transe, caminhou lentamente em direção a Zequinha, que<br />

àquela altura se estava mais assustado ou borrado. Encarou-o frontalmente e em tom apocalíptico<br />

ordenou:<br />

- Suspenda imediatamente as mamadeiras de leite artificial. Só tome peito. Compre soro Hidrax e tome<br />

uma colher das de chá a cada meia hora. Não deixe as fraldas ficarem encharcadas. Vá lá pra casa<br />

fazer o que eu mandei e, amanhã de manhã, traga uma fralda descartável suja de cocô para eu fazer<br />

uma lâmina e examinar os miticôndrios. Mas que seja descart´vel, senão os mitocôndrios não


aparecem. Não coma nada a não ser leite de peito e Hidrax. Nem chá, ouviu? Entendeu bem? Agora vá<br />

e só me apareça amanhã com a fralda, para eu examinar os seus mitocôndrios.<br />

- Para examinar os meus o quê?<br />

- Mitocôndrios, seu idiota.<br />

Zequinha retirou-se meio estupefato e, de posse de violentas cólicas, dirigiu-se ao banheiro. Na saída,<br />

encontrou Rosa, a faxineira mais antiga do departamento e tentou relatar-lhe o diálogo de minutos<br />

antes.<br />

Rosa ouviu atentamente, pensou, pensou.<br />

- Só não entendo uma coisa, inquiriu Rosa. Mito o quê?<br />

- Mitocôndrios, foi o que ele falou, respondeu o pobre Zequinha.<br />

- Mitocôndrio, mitocond...ah, já sei, respondeu a velha. É uma doença que dá nas pessoas que estudam<br />

muito. Ficam com mania. Aprendi isso quando trabalhei no departamento de Psicologia.<br />

- Mania do quê?, interrogou o Zequinha curioso.<br />

- Sei lá do quê, respondeu a faxineira. Só sei que o professor Oswaldo está MITOCONDRÍACO!<br />

- Mitocondríaco?, assustou-se Zequinha. E isso tem cura?<br />

- Sei lá se tem, respondeu Rosa. Mas isso não te interessa. Vê se vai pra casa e faz uma papa bem<br />

grossa de água de maizena que você fica logo bom.<br />

(...)a integração do conhecimento humano é inerente ao processo mental humano. E mais, é<br />

natural. A perda dessa capacidade se deu pela exercitação mental conduzida por um processo<br />

tecnicista e mecanicista. Logo, o caminho inverso só pode ser feito pela via oposta, usando-se<br />

o próprio ser humano como veículo de aprendizagem e de vivência do novo paradigma e da<br />

explicação do seu produto: o saber plural.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!