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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS<br />

CIÊNCIAS ECONÔMICAS<br />

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS<br />

FÁBIO BAGATINI<br />

ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DE MICRO E<br />

PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR DA MODA<br />

São Leopol<strong>do</strong><br />

2007


UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS<br />

CIÊNCIAS ECONÔMICAS<br />

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS<br />

FÁBIO BAGATINI<br />

ADMINISTRAÇÃO DE SERVIÇOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DE MICRO E<br />

PEQUENAS EMPRESAS DO SETOR DA MODA<br />

Trabalho apresenta<strong>do</strong> para obtenção de título<br />

de Bacharel em Administração de Empresas na<br />

Universidade <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong>s Sinos -<br />

UNISINOS<br />

Prof. Orienta<strong>do</strong>r: Dr. Cláudio Reis Gonçalo<br />

São Leopol<strong>do</strong><br />

2007


São Leopol<strong>do</strong>, 12 de novembro de 2007.<br />

Consideran<strong>do</strong> que o Trabalho de Conclusão de Curso <strong>do</strong> aluno Fábio Bagatini encontra-se<br />

em condições de ser avalia<strong>do</strong>, recomen<strong>do</strong> sua apresentação oral e escrita para avaliação da Banca<br />

Examina<strong>do</strong>ra, a ser constituída pela coordenação <strong>do</strong> Curso de Administração de Empresas.<br />

________________________________________<br />

Dr.Cláudio Reis Gonçalo<br />

Professor Orienta<strong>do</strong>r


DEDICATÓRIA<br />

A minha namorada Grazi que me apoiou muito na realização<br />

deste trabalho e ao meu grande amor; meu “Porto Seguro”;<br />

Agradeço os meus amigos que entenderam a minha ausência,<br />

em especial à Gustavo Krause que contribuiu para a<br />

realização deste trabalho e a minha irmã Claudia por um<br />

nobre gesto, digno de irmã. E a to<strong>do</strong>s que de uma forma ou<br />

outra nunca deixaram eu desistir.<br />

4


RESUMO<br />

A busca por uma vantagem competitiva dura<strong>do</strong>ura é o desafio a ser conquista<strong>do</strong><br />

atualmente pelas micro e pequenas empresas brasileiras. A administração de serviços representa<br />

um ponto estratégico determinante para as organizações que buscam uma vantagem competitiva<br />

no merca<strong>do</strong>. Assim, esta pesquisa se propõe a diagnosticar em quatro MPEs, <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong>s<br />

Sinos e região que comercializam moda; quais estratégias estão sen<strong>do</strong> utilizadas para atrair e reter<br />

os clientes. Para tanto, foi utiliza<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> de pesquisa qualitativa de múltiplos casos, que<br />

buscou identificar e reconhecer as formas como as MPEs atraem e retém seus clientes por meio<br />

da administração de serviços. Para a coleta de da<strong>do</strong>s foi aplica<strong>do</strong> aos gestores das empresas um<br />

questioná<strong>rio</strong> estrutura<strong>do</strong>. A compreensão <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s se deu através da análise de conteú<strong>do</strong>,<br />

baseada nas respostas obtidas nas entrevistas. Os resulta<strong>do</strong>s apontaram que as empresas precisam<br />

investir constantemente no aperfeiçoamento <strong>do</strong>s serviços, fornecen<strong>do</strong> aos seus funcioná<strong>rio</strong>s<br />

informações sobre os produtos e sobre as tendências da moda vigente. Os empresá<strong>rio</strong>s devem<br />

investir pe<strong>rio</strong>dicamente também na reformulação <strong>do</strong>s espaços físicos para que as lojas se<br />

mostrem sempre atraentes para seus clientes. Conclui-se que, a concentração de esforços mútuos,<br />

entre gestor e funcioná<strong>rio</strong>s, na busca da inovação, é fundamental para a sustentabilidade de uma<br />

empresa que comercializa moda.<br />

Palavras-chave: (Empreede<strong>do</strong>rismo. Administração de Serviços. Comércio. Moda)<br />

5


LISTA DE TABELAS/GRÁFICOS/FIGURAS<br />

Tabela 1- Características <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r ................................................................24<br />

Gráfico 1 – Números de estabelecimentos por porte ..................................................27<br />

Tabela 2 – Taxa de mortalidade de MPEs ..................................................................29<br />

Gráfico 2 – Estabelecimentos de MPEs, por setor de atividade .................................31<br />

Figura 1 – Expectativa <strong>do</strong> Cliente...............................................................................43<br />

Figura 2 - Forma tradicional <strong>do</strong> CPV..........................................................................45<br />

Tabela 3 – MPEs <strong>do</strong> comércio por setor de atividade.................................................48<br />

Tabela 3 - Objetivos da pesquisa exploratória ............................................................55<br />

Tabela 4 - Dimensões relacionadas com a escolha da estratégia de pesquisa ............57<br />

Tabela 5 – Perfil <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r .............................................................................67<br />

Tabela 6 – Dimensões Competitivas de Serviços .......................................................72<br />

6


SUMÁRIO<br />

1. TEMA......................................................................................................................9<br />

2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................12<br />

3. OBJETIVOS..........................................................................................................15<br />

3.1. Objetivo Geral ..............................................................................................15<br />

3.2. Objetivos Específicos ...................................................................................15<br />

4. JUSTIFICATIVA ..................................................................................................16<br />

5. REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................19<br />

5.1. Empreende<strong>do</strong>rismo.......................................................................................19<br />

5.1.1. O perfil <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r....................................................................19<br />

5.1.2. Oportunidades de negócios..................................................................24<br />

5.1.3. Índices e fatores de mortalidade das Pequenas Empresas ...................28<br />

5.2. Administração de Serviços ...........................................................................30<br />

5.2.1. Fatores Estratégicos em Serviços e Competitividade..........................30<br />

5.2.2. O comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e o consumo da moda ...................40<br />

5.2.3. Ciclo de vida <strong>do</strong>s produtos no merca<strong>do</strong>...............................................44<br />

5.3. O Negócio da Moda......................................................................................46<br />

5.3.1. A Moda como um processo histórico..................................................46<br />

5.3.2. Participação no merca<strong>do</strong>......................................................................47<br />

5.3.3. O merca<strong>do</strong> da Moda ............................................................................49<br />

5.4. O empreende<strong>do</strong>rismo na moda.....................................................................50<br />

6. SÍNTESE DA ESTRUTURA DA PESQUISA.....................................................52<br />

7. MÉTODO ..............................................................................................................54<br />

7.1. Delineamento da Pesquisa............................................................................54<br />

7.2. Coleta de da<strong>do</strong>s.............................................................................................58<br />

7.3. Unidades de Análise .....................................................................................59<br />

7.4. Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s ........................................................................................60


7.5. Limitações ....................................................................................................61<br />

8. CARACTERIZAÇÃO E PERFIL DAS EMPRESAS PESQUISADAS ..............62<br />

9. ANÁLISE DA PESQUISA ...................................................................................66<br />

9.1. Análise <strong>do</strong> perfil empreende<strong>do</strong>r ...................................................................67<br />

9.2. Análise das dimensões competitivas ............................................................72<br />

9.3. Análise <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da moda........................................................................78<br />

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................84<br />

11. REFERÊNCIAS ....................................................................................................89<br />

12. ANEXO I...............................................................................................................93<br />

8


1. TEMA<br />

Nos últimos vinte anos, o Brasil cresceu muito pouco economicamente, fator que o<br />

obriga, a partir de agora, a se firmar de maneira sólida no grupo de países em desenvolvimento<br />

(BARROS, 2005). De 1995 a 2005, o Brasil, compara<strong>do</strong> com outras nações em desenvolvimento,<br />

tais como China, Índia e Chile, apresentou crescimento em patamar bastante infe<strong>rio</strong>r ao destes<br />

países, totalizan<strong>do</strong> apenas 2,4% em seu PIB, contra os 9,2%, 6,4% e 4,9% verifica<strong>do</strong>s,<br />

respectivamente, nos menciona<strong>do</strong>s paises (MPOG, 2007).<br />

A deficiência da infra-estrutura existente no Brasil, aliada à falta de leis mais<br />

protecionistas para os produtos daqui, restringe a ascensão e a qualificação <strong>do</strong>s pequenos<br />

empresá<strong>rio</strong>s brasileiros, engessan<strong>do</strong> ainda mais o processo de desenvolvimento <strong>do</strong> país.<br />

O objetivo governamental de desenvolver mecanismos visan<strong>do</strong> estreitar a relação entre as<br />

Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e as empresas gera<strong>do</strong>ras de conhecimento e tecnologia, para<br />

o atendimento das necessidades produtivas, gerenciais, marketing e de comercialização, esbarra,<br />

muitas vezes, na capacidade de entendimento <strong>do</strong>s próp<strong>rio</strong>s proprietá<strong>rio</strong>s destas empresas. A<br />

propósito, <strong>vale</strong> destacar que a maior parte destes empreendimentos (44%), é gerida por<br />

proprietá<strong>rio</strong>s que possuem apenas curso de ensino médio, contra 37% que apresentam diploma de<br />

nível supe<strong>rio</strong>r e 19% curso técnico (SEBRAEc, 2007).


Na lenta evolução da profissionalização da gestão, percebe-se que pequenos empresá<strong>rio</strong>s,<br />

foca<strong>do</strong>s no rápi<strong>do</strong> retorno <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong>, descartam ou se quer percebem<br />

oportunidades de nichos de merca<strong>do</strong>s ou de segmentação de seus negócios.<br />

O empreende<strong>do</strong>r moderno precisa necessariamente ter visão sistêmica e visionária como<br />

suporte de gerenciamento de seu negócio (BARROS, 2005). A disponível vastidão de conteú<strong>do</strong>s<br />

que abordam estratégias de negócios limita o assunto, tratan<strong>do</strong>-o de mo<strong>do</strong> generaliza<strong>do</strong> ou<br />

direciona<strong>do</strong> para práticas geridas nas grandes corporações (PORTER, 1998). Ignora-se, assim, o<br />

que se pode chamar de “mola” propulsora <strong>do</strong> nosso país, constituída neste caso, pelas Micro e<br />

Pequenas Empresas (BARROS, 2005).<br />

Neste cená<strong>rio</strong>, o desenvolvimento da Cadeia Têxtil e de Vestuá<strong>rio</strong> brasileira,<br />

concomitantemente à revolução tecnológica e à consolidação de um ambiente de negócios<br />

globaliza<strong>do</strong>s, faz da moda uma atividade que requer, acima de tu<strong>do</strong>, qualificação profissional<br />

(SOUZA, 2004).<br />

Impulsionada pela força da população através das “Diretas Já”, a desmilitarização <strong>do</strong> país<br />

nos anos 80 foi o acontecimento de maior impacto e propulsor da moda. Uma vastidão de ofertas<br />

e tendências, provindas da cultura da música e <strong>do</strong> cinema, passaram a gerar um consumo<br />

contínuo e de escala crescente neste perío<strong>do</strong>, a toda indústria têxtil brasileira, impulsionan<strong>do</strong><br />

também estilos inova<strong>do</strong>res basea<strong>do</strong>s no surgimento de novos materiais e acessó<strong>rio</strong>s para a<br />

confecção de roupas.<br />

10


Para Lipovetzki (2001) assim como no cinema e na música, em que a “paixonite” cultural<br />

atinge o coração da grande massa da população, com um álbum <strong>do</strong> Michael Jackson ou <strong>do</strong><br />

Prince, a moda se traduz pela mesma amplitude deste verdadeiro sentimento, pelo sucesso de<br />

massa, visível nos discos, livros, filmes e propagandas de TV.<br />

A preocupação com a administração de serviços no merca<strong>do</strong> da moda vem aumentan<strong>do</strong>,<br />

face ao surgimento de cursos especializa<strong>do</strong>s em administrar este segmento de negócio em to<strong>do</strong><br />

país. Para atuar neste setor, o pequeno empresá<strong>rio</strong> precisa ter a exata dimensão das perspectivas<br />

que o seu negócio deseja alcançar e qual cená<strong>rio</strong> pode ser provisiona<strong>do</strong> a médio e longo prazo,<br />

para que a sua empresa assuma uma postura estratégica dentro <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> em que atua.<br />

Atualmente, o setor da moda no Brasil produz 5,6 bilhões de peças (vestuá<strong>rio</strong> e<br />

acessó<strong>rio</strong>s) e consome 1 milhão de toneladas de teci<strong>do</strong>, geran<strong>do</strong> US$ 15,9 bilhões e 1,1 milhão de<br />

empregos (PRADO, 2007). Neste contexto, gerenciar uma empresa que atua no merca<strong>do</strong> da moda<br />

exige <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s, além de conhecimentos de tendências e estilos, conhecimentos nos<br />

processos produtivos e de gestão administrativa, alia<strong>do</strong>s à visão de merca<strong>do</strong>.<br />

11


2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA<br />

A conquista de uma vantagem competitiva dura<strong>do</strong>ura e sustentável pode ser considerada<br />

um <strong>do</strong>s grandes desafios para qualquer tipo de empresa que se encontra inserida num ambiente de<br />

concorrência. Neste senti<strong>do</strong>, o correto desenvolvimento de uma estratégia de serviços envolve um<br />

processo de decisão significativamente complexo.<br />

O consumi<strong>do</strong>r brasileiro ainda está de certa forma acostuma<strong>do</strong> e/ou conforma<strong>do</strong> com a<br />

baixa qualidade <strong>do</strong>s serviços presta<strong>do</strong>s, tanto no setor público como no setor priva<strong>do</strong>. A<br />

recorrente má qualidade de serviços, sob o ponto de vista <strong>do</strong> cliente, significa: irritação,<br />

indignação e sensação de impotência perante o mau atendimento. Para o presta<strong>do</strong>r de serviços<br />

atento ao merca<strong>do</strong>, por sua vez, reclamações <strong>do</strong>s clientes são oportunidades em potencial de<br />

gerenciar serviços e de diferenciar-se da concorrência em termos de qualidade <strong>do</strong> serviço<br />

presta<strong>do</strong> (GIANESI, 1994).<br />

Conforme Gianesi (1994) é notó<strong>rio</strong> que o perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r vem mudan<strong>do</strong><br />

gradativamente - o que deve ser leva<strong>do</strong> em consideração pelos empresá<strong>rio</strong>s. O cliente atual passa<br />

a exigir mais, por ter acesso a varia<strong>do</strong>s tipos de produtos e em qualquer lugar. Efeito<br />

proporciona<strong>do</strong> pela múltipla conectividade com o merca<strong>do</strong>, o consumi<strong>do</strong>r moderno busca além<br />

<strong>do</strong> bom relacionamento e <strong>do</strong> bom atendimento, produtos de qualidade. Segun<strong>do</strong> Fitzsimmons<br />

(2005), os pilares que sustentam o setor de serviços em relação à satisfação <strong>do</strong> cliente, com base


nas suas intenções de compra, são representa<strong>do</strong>s pela empatia, rapidez, confiabilidade,<br />

responsabilidade, além de outros recursos (funcioná<strong>rio</strong>s e equipamentos).<br />

A atividade empreende<strong>do</strong>ra no segmento da moda tem as suas especificidades, embora se<br />

circunscreva às características gerais <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>rismo. Neste senti<strong>do</strong>, surgem questões<br />

como: quais são as carreiras disponíveis na moda? Que funções são exercidas pelos profissionais<br />

que atuam neste segmento? Onde buscar qualificação profissional neste segmento de varejo?<br />

Assim a moda é entendida como fenômeno que influencia não apenas a maneira das<br />

pessoas se vestirem, mas o seu próp<strong>rio</strong> comportamento. A roupa, que a princípio era determinada<br />

apenas pelos recursos disponíveis em tecnologia, hoje passa a variar em estilos conforme a época<br />

(TREPTOW, 2003).<br />

De outro la<strong>do</strong>, é preciso entender que fatores como o aprimoramento e a especialização da<br />

mão-de-obra contribuirão, em muito, para que a indústria brasileira da moda fique em sintonia<br />

com os padrões técnicos exigi<strong>do</strong>s pelo merca<strong>do</strong> e ganhe competitividade em relação a seus<br />

concorrentes internacionais, equilibran<strong>do</strong> gastos e lucros, preços e qualidade. Neste contexto, a<br />

importância da profissionalização na moda é um objetivo relevante. A movimentação de recursos<br />

e a intensa concorrência que envolve este segmento de varejo mostram o quão requisita<strong>do</strong> é para<br />

os pequenos empresá<strong>rio</strong>s obter um diferencial através da qualidade nos serviços neste setor.<br />

A concorrência formada pelos grandes magazines e pelas lojas de franchising que se<br />

estabelecem a partir de marcas já consolidadas no merca<strong>do</strong> torna o setor muito disputa<strong>do</strong> na<br />

busca de clientes. Para Las Casas (2005, p.98) “Obter clientes novos é dispendioso, envolve<br />

13


custos com propaganda, de promoção e de vendas, assim como despesas operacionais iniciais.<br />

Conquistar clientes de outras empresas também é uma opção cara”.<br />

As dificuldades encontradas pelos empresá<strong>rio</strong>s em administrar uma micro ou pequena<br />

empresa para promovê-la dentro <strong>do</strong> setor em que atua, requer <strong>do</strong> gestor ações constantes de<br />

investimento e aprimoramento <strong>do</strong>s serviços. Para Fitzsimmons (2005), clientes satisfeitos falam<br />

bem da empresa, o que leva a atrair novos clientes e, então, a uma participação maior de<br />

merca<strong>do</strong>. E que anunciar a qualidade nos serviços sem qualidade suficiente para sustentar a<br />

comunicação, não aumentará a fatia de merca<strong>do</strong>.<br />

Entender o processo de consumo da moda através da administração de serviços, liga<strong>do</strong> às<br />

necessidades particulares <strong>do</strong>s clientes, torna-se desafiante e apropria<strong>do</strong>, para se descobrir como<br />

atrair e retê-los.<br />

Portanto, a questão que se propõe neste estu<strong>do</strong> é: Como MPEs podem atrair e reter<br />

clientes no merca<strong>do</strong> da moda através administração de seus serviços?<br />

14


3. OBJETIVOS<br />

3.1. Objetivo Geral<br />

Identificar quais as estratégias são utilizadas para atrair e reter clientes nas pequenas<br />

empresas <strong>do</strong> setor varejista de vestuá<strong>rio</strong>, através da administração de serviços.<br />

3.2. Objetivos Específicos<br />

* Identificar quais os principais aspectos que envolvem a administração deste serviço no<br />

segmento <strong>do</strong> varejo de vestuá<strong>rio</strong>.<br />

prestam.<br />

reter clientes.<br />

* Reconhecer a percepção <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s sobre a administração <strong>do</strong>s serviços que eles<br />

* Identificar os aspetos que estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s nas empresas pesquisadas para atrair e


4. JUSTIFICATIVA<br />

A justificativa para a realização deste trabalho deve-se à importância da Administração de<br />

Serviços para o alcance <strong>do</strong>s objetivos organizacionais em MPEs. O estu<strong>do</strong> volta<strong>do</strong> à retenção de<br />

clientes nas empresas que trabalham com a moda é indiscutivelmente relevante, pois num<br />

ambiente competitivo e dinâmico, a pesquisa neste campo ganha importância tanto para<br />

acadêmicos quanto para administra<strong>do</strong>res. O alto índice de mortalidade de micro e pequenas<br />

empresas está diretamente vincula<strong>do</strong> a baixas vendas, demora no retorno <strong>do</strong> capital investi<strong>do</strong> e<br />

pouco giro financeiro e pouca qualidade <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s.<br />

Conforme Sabbadini 1 , atualmente no Brasil, existem 4,6 milhões de empresas formais,<br />

sen<strong>do</strong> que 99,2% são micro ou de pequeno porte, responsáveis por 57,2% da mão-de-obra<br />

empregada com carteira assinada. O país acumula mais de trezentos decretos, leis e portarias que<br />

fazem a abertura de uma empresa em territó<strong>rio</strong> nacional demorar até 152 dias, sen<strong>do</strong> que a média<br />

mundial é de 57 dias. Além disso, a carga tributária, que reúne 74 diferentes impostos, taxas e<br />

contribuições diversas, consome 36,8% <strong>do</strong> Produto Interno Bruto (PIB) ou o total das riquezas<br />

1 Flávio Sabbadini é Presidente <strong>do</strong> Conselho Deliberativo <strong>do</strong> Serviço e Apoio à Micro e Pequena Empresa<br />

no Rio Grande <strong>do</strong> Sul (Sebrae/RS)<br />

16


geradas pelo país no perío<strong>do</strong> de 12 meses. Segun<strong>do</strong> esse autor, "Esses fatores são um entrave para<br />

o desenvolvimento no Brasil, ressaltan<strong>do</strong> que a burocracia e a alta carga tributária também levam<br />

às micro e pequenas empresas a um alto índice de mortalidade, pois 50% delas fecham suas<br />

portas antes de completar <strong>do</strong>is anos”.<br />

17<br />

A literatura até então, sobre a formulação de estratégias para grandes<br />

empresas e corporações é abundante e sólida, principalmente no que se<br />

refere ao processo formal de planejamento destas organizações. No<br />

entanto, não se pode dizer o mesmo quan<strong>do</strong> se trata de pequenas<br />

empresas. Neste caso, a literatura está espalhada basicamente em artigos<br />

de revistas especializadas estrangeiras que, em geral trazem resulta<strong>do</strong>s de<br />

pesquisas locais e nacionais (CANCELIER; Everton 2001, p.14).<br />

Outro fator relevante deve-se à diversidade de abordagens e burocracias que revela o quão<br />

complexa é a realidade das micro e pequenas empresas brasileiras, bem como a dificuldade de se<br />

criar um modelo geral e abrangente volta<strong>do</strong> para a solução de seus problemas estratégicos, como,<br />

no caso, a fidelização de clientes. Tal constatação é mais um reforço no senti<strong>do</strong> de se aprofundar<br />

os estu<strong>do</strong>s e pesquisas nesta área que contempla a administração.<br />

Para Cohen (2004, p.12), “Para um negócio vingar de fato, necessita de planejamento,<br />

gerenciamento, visão de futuro, conhecimento da clientela e concorrência. Precisa, em outras<br />

palavras, de gestão com profissionalismo”. A relativa facilidade que as pessoas que vêem em<br />

constituir um negócio próp<strong>rio</strong>, esconde os riscos para aqueles que decidem empreender.<br />

Dentro da proposta de apresentação e de estrutura que esse trabalho exige, <strong>vale</strong> destacar<br />

alguns pontos: oportunidade de aprimorar os conceitos ministra<strong>do</strong>s durante o curso, avaliar o<br />

merca<strong>do</strong> de trabalho e ainda vivenciar rotinas administrativas e operacionais dentro das<br />

organizações.


Destaca-se também outra justificativa, essa em caráter particular, que é a realização de um<br />

estu<strong>do</strong> que busque auxiliar o pequeno empreende<strong>do</strong>r inseri<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> da moda a manter a<br />

sustentabilidade no seu negócio, através de elementos da administração de serviços que privilegie<br />

a qualidade <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s.<br />

A grande quantidade de empresas que atuam com moda é um fator que favorece a<br />

elaboração e a proposta deste trabalho. O grande interesse de publicações sobre a administração<br />

de serviços disponível, também pode ser considerada uma vantagem para realizar este trabalho. E<br />

por fim, desmistificar a complexidade sobre o processo de formulação de estratégias para MPEs<br />

que comercializam artigos de vestuá<strong>rio</strong> da moda.<br />

18


5. REVISÃO DA LITERATURA<br />

5.1. Empreende<strong>do</strong>rismo<br />

5.1.1. O perfil <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r<br />

“O empreende<strong>do</strong>r é aquele que destrói a ordem econômica existente pela<br />

introdução de novos produtos ou serviços, pela criação de novas formas<br />

de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”<br />

(JOSEPH SHUMPETER, 1949 apud DORNELAS, 2001).<br />

“O empreende<strong>do</strong>r é aquele que cria o equilíb<strong>rio</strong>, encontran<strong>do</strong> uma<br />

posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja,<br />

identifica oportunidades na ordem presente” (KIRZNER, 1973 apud<br />

DORNELAS, 2001).<br />

O papel e a relevância <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r são atualmente reconheci<strong>do</strong>s pelas <strong>ciências</strong> que<br />

atuam no desenvolvimento humano e social. O surgimento de programas públicos, a exemplo<br />

daqueles associa<strong>do</strong>s à formação de cooperativas e de micro-crédito, atestam o reconhecimento<br />

<strong>do</strong>s governos à importância <strong>do</strong>s pequenos negócios para o desenvolvimento local no Brasil.<br />

Segun<strong>do</strong> Korunka et al. (2003), dentro de um cená<strong>rio</strong> que propicie a criação de novos<br />

negócios impulsiona<strong>do</strong>s pelo “espírito empreende<strong>do</strong>r”, algumas variáveis importantes devem ser<br />

consideradas. Entre elas, o autor destaca: as características ligadas à personalidade, aos recursos<br />

pessoais, ao ambiente e às atividades organizacionais. A partir desta interação de fatores,<br />

entende-se melhor a constituição <strong>do</strong> processo empreende<strong>do</strong>r gera<strong>do</strong> na formação de novos<br />

negócios, e não apenas sob prisma usual de características pessoais daqueles que se aventuram<br />

num novo negócio.


Segun<strong>do</strong> Schimid (2004) o modelo de lojas próprias é muito comum na área de varejo de<br />

moda que muitas vezes é forma<strong>do</strong> por sócios de áreas distintas que gostam de moda, como<br />

administra<strong>do</strong>res, estilistas, entre outros. Outro grupo que a<strong>do</strong>ta este estilo são as empresas<br />

familiares. Seguin<strong>do</strong> este modelo a empresa poderá estruturar filiais, conquistan<strong>do</strong> assim uma<br />

boa fatia <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> com estratégias de merca<strong>do</strong> diferenciadas junto aos concorrentes.<br />

Segun<strong>do</strong> SEBRAEa (2007), a motivação para empreender está representada por <strong>do</strong>is<br />

grandes grupos: os que se tornam empreende<strong>do</strong>res porque queriam “ter seu próp<strong>rio</strong> negócio”<br />

(38,5%) e os que “já trabalhavam no ramo” (35,2%). Representan<strong>do</strong> as proporções menores estão<br />

os que desejam “manter negócios da família” (10,4%), os que têm “necessidade financeira ou<br />

precisavam aumentar a renda” (9,4%) e por fim os empreende<strong>do</strong>res que tiveram "falta de opção<br />

de trabalho ou estavam desemprega<strong>do</strong>s” (7,3%). O cená<strong>rio</strong> nacional atual mostra que de maneira<br />

majoritária a vontade particular <strong>do</strong>s brasileiros em ser autônomo ainda é substancialmente vista<br />

como a maneira mais objetiva de se obter sucesso no merca<strong>do</strong> de trabalho. Ao contrá<strong>rio</strong> <strong>do</strong> que se<br />

poderia pensar, - o eminente risco de desemprego que assola o trabalha<strong>do</strong>r brasileiro e a<br />

dificuldade que este encontrada para se recolocar no merca<strong>do</strong> trabalho pela falta de qualificação<br />

profissional, não são os fatores mais aponta<strong>do</strong>s no que se refere à motivação para empreender.<br />

O mun<strong>do</strong> coorporativo costuma comparar suas funções e cargos com a de outras áreas.<br />

Especificamente, no que diz com a figura <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r, Las Casas (2005, p.28), compara o<br />

executivo (o ser estrategista), a um general, em que o perfil pessoal precisa necessariamente ter as<br />

seguintes características:<br />

20


Paciência: Não se trata de incoerência falar em paciência quan<strong>do</strong> se percebe o dinamismo<br />

altamente necessá<strong>rio</strong> que a função gerencial exige. No entanto, o autor menciona que os<br />

estrategistas devem ter paciência para ter resulta<strong>do</strong>s a longo prazo. Pois como diz o dita<strong>do</strong>:<br />

“Pode-se perder a batalha, mas não a guerra”.<br />

Agressividade: usar iniciativa, inovar, criar e investir acertadamente.<br />

Imaginação: criar no marketing. Ser criativo não necessariamente no que respeita à<br />

propaganda tática, mas ser criativo na estratégia que irá compor o marketing.<br />

Sensibilidade: Para poder perceber as alterações no merca<strong>do</strong> e saber quan<strong>do</strong> os planos<br />

devem ser muda<strong>do</strong>s para a obtenção de bons resulta<strong>do</strong>s comerciais.<br />

Vontade inte<strong>rio</strong>r: fazer com vontade as atividades de marketing. Acreditar naquilo que<br />

faz e procurar sempre fazer o melhor que puder para que os clientes fiquem satisfeitos.<br />

Ramos (2005) 2 observa que os empreende<strong>do</strong>res de sucesso são naturalmente otimistas e<br />

<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de extraordinária capacidade de realização. Começam e terminam seus empreendimentos<br />

e não se dão por satisfeitos, tornan<strong>do</strong> novos projetos parte de suas aspirações.<br />

Para Dornelas (2001) os empreende<strong>do</strong>res de sucesso caracterizam-se por ser:<br />

• Visioná<strong>rio</strong>s: eles têm a visão <strong>do</strong> futuro para o seu negócio e a sua vida<br />

(implementam sonhos);<br />

2 Fernan<strong>do</strong> Henrique Ramos é Engenheiro Civil, Administra<strong>do</strong>r de Empresas, mestre em administração,<br />

sócio da FR Consulting e autor <strong>do</strong> livro Empreende<strong>do</strong>res Histórias de Sucesso, Editora Saraiva - 2005.<br />

21


• Sabem tomar decisões: não se sentem inseguros nem nos momentos de<br />

adversidades;<br />

• São indivíduos que fazem a diferença: transformam algo difícil em definição,<br />

uma idéia abstrata em concreta;<br />

• Sabem explorar ao máximo as oportunidades: conseguem ter boas idéias daquilo<br />

que to<strong>do</strong>s conseguem ver, mas não identificaram algo prático;<br />

• São determina<strong>do</strong>s e dinâmicos: implementam as suas ações com total<br />

comprometimento. Atropelam adversidades, ultrapassan<strong>do</strong> obstáculos com uma<br />

vontade ímpar de “fazer acontecer”;<br />

• São dedica<strong>do</strong>s: incansáveis e totalmente dedica<strong>do</strong>s ao trabalho;<br />

• São otimistas e apaixona<strong>do</strong>s pelo que fazem: o amor pelo que fazem é o<br />

combustível para a autodeterminação;<br />

• São independentes e constroem o próp<strong>rio</strong> destino: querem ser <strong>do</strong>nos <strong>do</strong> próp<strong>rio</strong><br />

destino, ser independentes;<br />

• Ficam ricos: acreditam que o dinheiro é a recompensa pelo seu sucesso;<br />

• São líderes e forma<strong>do</strong>res de equipes: são respeita<strong>do</strong>s e a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>s pelos seus<br />

funcioná<strong>rio</strong>s, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e recompensá-los;<br />

• São bem relaciona<strong>do</strong>s (networking): criam uma rede de relacionamentos que os<br />

auxiliam no ambiente externo da empresa; são organiza<strong>do</strong>s: sabem alocar os<br />

recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros de forma racional,<br />

visan<strong>do</strong> o melhor desempenho <strong>do</strong> negócio;<br />

• Planejam: tornam o planejamento a essência <strong>do</strong> seu negócio;<br />

22


• Assumem riscos calcula<strong>do</strong>s: a principal característica <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r talvez<br />

seja assumir riscos, transforman<strong>do</strong> mais estimulante ainda a sua rotina de<br />

trabalho;<br />

• Criam valor para a sociedade: geran<strong>do</strong> empregos, dinamizan<strong>do</strong> a economia e<br />

inovan<strong>do</strong>, visan<strong>do</strong> sempre o bem comum <strong>do</strong>s seus colabora<strong>do</strong>res.<br />

O conjunto de características de um empreende<strong>do</strong>r, citadas por Dornelas, revela<br />

principalmente o perfil de um profissional avesso ao coman<strong>do</strong> de um supe<strong>rio</strong>r e ao comodismo de<br />

quem ocupa um emprego convencional.<br />

Além <strong>do</strong>s aspectos humanos, geográficos e culturais que compõem o perfil de um<br />

empreende<strong>do</strong>r de sucesso, é preciso, segun<strong>do</strong> Cohen (2004), estar atento à conjuntura, monitorar<br />

as finanças, administrar to<strong>do</strong>s os procedimentos de vendas e produção, tu<strong>do</strong> para que estas ações<br />

sejam perenes e consolidem o negócio a médio prazo.<br />

Para Lezana (2002) a inovação é o instrumento específico <strong>do</strong>s empreende<strong>do</strong>res, meio<br />

pelo qual exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. A<br />

inovação pode ser apresentada como uma disciplina, a ser aprendida e praticada. Para o autor, os<br />

empreende<strong>do</strong>res precisam buscar, com propósito delibera<strong>do</strong>, as fontes de inovação, as mudanças<br />

e seus sintomas que indicam oportunidades para que uma inovação tenha êxito. Conclui ele: os<br />

empreende<strong>do</strong>res criam o novo, o diferente; eles mudam ou transformam valores.<br />

De acor<strong>do</strong> com Las Casas (2005) o administra<strong>do</strong>r moderno deve adaptar-se ao novo<br />

estilo, conduzin<strong>do</strong> seus negócios na nova estrutura administrativa, conforme tabela abaixo:<br />

23


Tabela 1- Características <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r<br />

ATUAL FUTURO<br />

A performace é a ferramenta de coman<strong>do</strong><br />

É cu<strong>rio</strong>so<br />

É independente<br />

Gera mudanças<br />

É coopera<strong>do</strong>r<br />

O salá<strong>rio</strong> é conquista<strong>do</strong> pela importância de<br />

seu trabalho<br />

O seu conhecimento é fruto da aplicação<br />

prática da teoria<br />

Fonte: LAS CASAS, 2005. p.53.<br />

As realizações da equipe são as ferramentas<br />

<strong>do</strong> sucesso<br />

É estudioso<br />

Tem uma visão global<br />

Lidera mudanças<br />

É facilita<strong>do</strong>r<br />

O salá<strong>rio</strong> é conquista<strong>do</strong> pelo resulta<strong>do</strong> da<br />

equipe<br />

O seu conhecimento é fruto <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong><br />

contínuo<br />

O que transparece nesta breve discussão é a importância das características, providências<br />

e ações que visam conduzir ao alcance de bons resulta<strong>do</strong>s pelos empreende<strong>do</strong>res, como base para<br />

o sucesso na prática. Dentro deste espírito e visan<strong>do</strong> atender aos objetivos propostos, a revisão<br />

prossegue abordan<strong>do</strong> alguns temas diretamente liga<strong>do</strong>s à trajetória <strong>do</strong>s empreendimentos.<br />

5.1.2. Oportunidades de negócios<br />

As fontes de idéias para novos negócios que surgem das mais diversas formas dentro <strong>do</strong><br />

merca<strong>do</strong> possibilitam uma análise pragmática no que se refere a sua atratividade de implantação.<br />

É fato que o merca<strong>do</strong> de oportunidades é vasto, porém o que hoje pode ser um nicho de merca<strong>do</strong><br />

atrativo, amanhã pode não ser mais.<br />

24


Segun<strong>do</strong> Dornelas (2001), a idéia não é sinônimo de oportunidade de negócio. Uma idéia<br />

pode ser considerada, segun<strong>do</strong> o autor, apenas o primeiro passo em direção à construção de um<br />

empreendimento, e existem inúmeras idéias surgin<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias. Mas haverá criação de valor<br />

apenas se ela for transformada em oportunidade, ou seja, se da<strong>do</strong>s concretos sobre quem são os<br />

clientes potenciais, qual é a situação de merca<strong>do</strong>, quais são os concorrentes, e assim por diante,<br />

forem identifica<strong>do</strong>s para esta idéia de negócio ou produto. Identifica<strong>do</strong>s estes fatores, haverá<br />

legitimidade e justificativas suficientes para se obter sucesso.<br />

Reforçan<strong>do</strong> os conceitos de Dornelas, Tilkian (2004) 3 observa que o caminho para uma<br />

empresa colocar um novo produto no merca<strong>do</strong> não é tão curto quanto se pode imaginar; é<br />

necessá<strong>rio</strong> saber o que será produzi<strong>do</strong>, como produzir e quem será o público alvo. Para o autor, as<br />

empresas precisam <strong>vale</strong>r-se da utilização de pesquisas de merca<strong>do</strong> para definir que matéria-prima<br />

irá compor o seu produto, que design ele terá, qual embalagem será a mais apropriada e<br />

expositiva para ele, e quais serão os canais de distribuição e de comunicação estratégicos que a<br />

empresa pretende a<strong>do</strong>tar.<br />

Em contrapartida, Kathalian (2004) observa que os altos custos fixos e a relevante<br />

envergadura que as grandes corporações precisam ter, desaconselham estas empresas à atuar em<br />

nichos de merca<strong>do</strong>, pois elas se sobrecarregam com uma massa crítica de clientes que, salvo<br />

3 Carlos Tilkian, é forma<strong>do</strong> em Administração de Empresas pela FGV de São Paulo e, em 1995 tornou-se presidente<br />

da Manufatura de Brinque<strong>do</strong>s Estrela, depois de ocupar a vice-presidência executiva por <strong>do</strong>is anos.<br />

25


algumas exceções, não justificam suas operações. Neste senti<strong>do</strong>, abrem-se novos merca<strong>do</strong>s para<br />

empresas dispostas a atender clientes que compõem algum nicho de merca<strong>do</strong>.<br />

Segun<strong>do</strong> Barros (2006) é oportuno destacar alguns exemplos atuais de oportunidades de<br />

nichos de merca<strong>do</strong> que podem ser melhor atendi<strong>do</strong>s por pequenos empreendimentos:<br />

• merca<strong>do</strong> de alimentação integral e orgânica;<br />

• merca<strong>do</strong> volta<strong>do</strong> para a estética (relaxamento, corte de cabelo, hidromassagens,<br />

bronzeamento, ofurô, etc);<br />

• merca<strong>do</strong> especializa<strong>do</strong> na configuração de ambientes de lazer;<br />

• merca<strong>do</strong> de serviços com pessoal especializa<strong>do</strong> na organização de eventos<br />

esportivos (juízes, técnicos, pessoal de apoio, etc.);<br />

• leilão reverso: portal de internet que o compra<strong>do</strong>r diz o que quer comprar e<br />

quanto quer pagar pelo produto;<br />

• merca<strong>do</strong> de softwares (softwares de gestão para pequenas empresas ou negócios<br />

alternativos);<br />

• varejo de peças com prestação de serviços (novos eletro<strong>do</strong>mésticos, instalação<br />

de equipamentos e layout de ambientes);<br />

• prestação de serviços para nichos de merca<strong>do</strong>, como por exemplo, serviços de<br />

hotelaria, recreação, cultura, organização de estoques dentro de empresas,<br />

consultoria para agências de propagandas, etc.<br />

Estar em sintonia e prepara<strong>do</strong> às oportunidades de merca<strong>do</strong> independentemente da região<br />

que surgirem pode ser decisivo na obtenção <strong>do</strong> sucesso de um empreende<strong>do</strong>r. As extensas<br />

26


dimensões geográficas <strong>do</strong> Brasil sugerem as inúmeras oportunidades para empreender nos mais<br />

diversos nichos de merca<strong>do</strong>.<br />

Em 2004, no Brasil, havia 5.110.285 estabelecimentos no setor priva<strong>do</strong> (Gráfico 1). Desse<br />

total, 5.028.318 estabelecimentos eram de MPEs (ou 98% <strong>do</strong> total de estabelecimentos) e 81.967<br />

estabelecimentos de médias e grandes empresas (2% <strong>do</strong>s estabelecimentos).<br />

Gráfico 1 – Números de estabelecimentos por porte<br />

(Total de 5.110.285 estabelecimentos de to<strong>do</strong>s os portes)<br />

Fonte: RAIS / MTE (2004). Elaboração: Observató<strong>rio</strong> das MPEs/ SEBRAE - SP<br />

A classificação das empresas, por porte, segun<strong>do</strong> o Sebraed (2007):<br />

• Microempresa: na indústria, até 19 pessoas ocupadas; no comércio e serviços,<br />

até 09 pessoas ocupadas;<br />

• Pequena empresa: na indústria, de 20 a 99 pessoas ocupadas; no comércio e<br />

serviços, de 10 a 49 pessoas ocupadas;<br />

• Média empresa: na indústria, de 100 a 499 pessoas ocupadas; no comércio e<br />

serviços, de 50 a 99 pessoas ocupadas;<br />

27


• Grande empresa: na indústria, acima de 499 pessoas ocupadas; no comércio e<br />

serviços, acima de 99 pessoas ocupadas.<br />

Segun<strong>do</strong> pesquisas realizadas pelo SEBRAEc (2007), um da<strong>do</strong> cu<strong>rio</strong>so é que a Internet é<br />

uma ferramenta relativamente pouco utilizada no dia-a-dia das micro e pequenas empresas<br />

nascentes, quan<strong>do</strong> se observa que menos da metade <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s (45%) possui endereço de<br />

correio eletrônico (e-mail). Confirma-se, neste caso, a precária realidade <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r<br />

brasileiro frente ao mun<strong>do</strong> globaliza<strong>do</strong> de negócios e da tecnologia. Observa-se que a Internet<br />

não deveria ser vista apenas como uma ferramenta para transações de negócios on-line, mas<br />

também como um instrumento capaz de estreitar caminhos na orientação administrativa. Dentre<br />

outras possibilidades, esta ferramenta pode permitir o acesso aos mais diversos sites – inclusive<br />

governamentais –, a realização de pesquisas sobre tendências <strong>do</strong> segmento de merca<strong>do</strong> no qual a<br />

empresa atua, a formação de um canal de comunicação on-line com os clientes, o<br />

estabelecimento de parcerias, além permitir a redução <strong>do</strong>s custos de comunicação da empresa.<br />

5.1.3. Índices e fatores de mortalidade das Pequenas Empresas<br />

Segun<strong>do</strong> pesquisa realizada pelo Sebrae em 2004, as taxas de mortalidade de empresas no<br />

Brasil, a partir de da<strong>do</strong>s de amostras de empresas constituídas e registradas nas Juntas Comerciais<br />

Estaduais nos anos de 2000, 2001 e 2002, são muito elevadas (ver Tabela 2):<br />

28


Tabela 2 – Taxa de mortalidade de MPEs<br />

Este levantamento revela que 49,4% das empresas encerraram as atividades com até 2<br />

(<strong>do</strong>is) anos de existência, 56,4% com até 3 anos e 59,9% com até 4 anos. Dentre to<strong>do</strong>s os fatores<br />

que colaboram para estes eleva<strong>do</strong>s números de falências, a qualidade <strong>do</strong>s produtos, <strong>do</strong>s processos<br />

produtivos e <strong>do</strong>s serviços, são elementos-chave para a perda de competitividade para as novas<br />

empresas (SEBRAEc, 2007). Outro fator que tem dificulta<strong>do</strong> o processo de estabilização das<br />

novas empresas é o comércio informal.<br />

Para Lezana (2002), o alto índice de falências nos primeiros <strong>do</strong>is anos, não significa que o<br />

ato de empreender seja arrisca<strong>do</strong>. Torna-se arrisca<strong>do</strong> porque a maioria <strong>do</strong>s empreende<strong>do</strong>res<br />

ignoram a essência da vida empresarial violan<strong>do</strong> regras elementares. Para esse autor, o caminho<br />

para o sucesso é adquirir um conhecimento mínimo <strong>do</strong> negócio e desenvolver as habilidades<br />

necessárias para operá-lo, ten<strong>do</strong> em vista o contínuo processo de aperfeiçoamento que a<br />

sociedade atual vem impon<strong>do</strong> as empresas. Neste contexto, Lezana conclui que as empresas<br />

tendem a diferenciarem-se pelo caráter inova<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s seus produtos, processos de produção,<br />

formas de comercialização, estratégias de marketing, entre outros procedimentos administrativos.<br />

29


Percebe-se, no entanto, que a real capacidade de movimentação de recursos pelas<br />

empresas é vista pelo governo apenas para fins arrecadação de impostos, e não como uma<br />

maneira sólida de geração de empregos e de desenvolvimento <strong>do</strong> país. Mesmo no processo de<br />

constituição formal de uma nova empresa, existe um emaranha<strong>do</strong> de órgãos públicos que exigem<br />

uma série de <strong>do</strong>cumentos e taxas tais como: alvarás, serviços de conta<strong>do</strong>r para abertura da<br />

empresa e honorá<strong>rio</strong>s, pagamento de taxa para registro na Junta Comercial, registro na Prefeitura<br />

da cidade em que a empresa será estabelecida, registro na Previdência Social (INSS) e máquinas<br />

registra<strong>do</strong>ras fiscais credenciadas junto ao fisco.<br />

Assim como para o ser humano, os primeiros anos de vida de uma micro ou pequena<br />

empresa são fundamentais para o desenvolvimento e a afirmação de quem almeja ter sucesso na<br />

vida. A baixa rentabilidade das empresas ocasionada pela concorrência informal na porta <strong>do</strong> seu<br />

estabelecimento, gera efeitos concatena<strong>do</strong>s como falta investimento em aspectos fundamentais de<br />

uma empresa, como na qualidade <strong>do</strong>s produtos, investimento de infra-estrutura e principalmente<br />

nos serviços. Para Fitzsimmons (2005), alguns executivos não se posicionam sobre o<br />

investimento em serviços, esperan<strong>do</strong> evidencias mais sólidas desse retorno.<br />

5.2. Administração de Serviços<br />

5.2.1. Fatores Estratégicos em Serviços e Competitividade<br />

A diversidade de merca<strong>do</strong>rias e serviços que movimentam o comércio <strong>do</strong> país, para<br />

atender as necessidades das mais diversas ordens, quer sejam básicas ou emocionais, torna o setor<br />

de comércio que envolve serviços o de maior atividade. Então, pode-se dizer que a atividade<br />

30


varejista ocorre a to<strong>do</strong> instante, em to<strong>do</strong> lugar, a partir da comercialização de produtos e serviços<br />

que visam satisfazer as necessidades e desejos <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

No Brasil, cerca de 56% das MPEs encontram-se no comércio, 30% nos serviços e 14%<br />

na indústria (Gráfico 2).<br />

Gráfico 2 – Estabelecimentos de MPEs, por setor de atividade<br />

Fonte: RAIS / MTE (2004). Elaboração: Observató<strong>rio</strong> das MPEs/ SEBRAE – SP<br />

Disponível em: http: www.portal.sebrae.com.br/customiza<strong>do</strong>/estu<strong>do</strong>s-e-pesquisas/bia-97-crite<strong>rio</strong>s-para-classificacao-<br />

<strong>do</strong>-porte-de-empresas/BIA_97/integra_bia. Acessa<strong>do</strong> em: 31/03/2007.<br />

Wilson e Jarzabkowski (2004) observam que o processo de pensar estrategicamente, para<br />

colocar as decisões em ação, deve contemplar primeiramente o mapeamento de idéias complexas<br />

de forma que elas possam ser entendidas, debatidas, trocadas e comunicadas de maneira simples,<br />

onde o movimento por ela provoca<strong>do</strong> deve ser no senti<strong>do</strong> de mobilizar os recursos existentes<br />

dentro da empresa. Tal processo denomina-se “Agin<strong>do</strong> Estrategicamente”.<br />

31


Porter (1998), alerta que o desenvolvimento de estratégia num setor emergente ou numa<br />

empresa que esteja passan<strong>do</strong> por mudanças tecnológicas revolucionárias é uma proposta<br />

assusta<strong>do</strong>ra, pois nestes casos os gestores enfrentam um alto nível de incerteza sobre a<br />

necessidade <strong>do</strong>s clientes, sobre os produtos e serviços mais desejáveis.<br />

Para Simon (2003), o entendimento de um merca<strong>do</strong> pode apresentar várias dimensões: o<br />

produto, a tecnologia e as necessidades <strong>do</strong> cliente. A oferta de vantagens, o atendimento às<br />

necessidades e aos desejos <strong>do</strong>s clientes é, sem dúvida, a melhor maneira de conquistá-los e de<br />

fidelizá-los. As vantagens podem ser oferecidas por meio da qualidade, <strong>do</strong> atendimento, da<br />

rapidez, de preços menores, da limpeza, da atenção, <strong>do</strong> agra<strong>do</strong>, <strong>do</strong> respeito, entre outros aspectos.<br />

Whittington (1996) reforça esta visão e demonstra que o campo da estratégia é fértil e<br />

amplo no que diz respeito às três abordagens <strong>do</strong>minantes nesta área de estu<strong>do</strong>: a que envolve o<br />

desenvolvimento de ferramentas que auxiliam a tomada de decisão, a relativa à análise de<br />

oportunidades e retorno de diferentes direções estratégicas e a referente aos estu<strong>do</strong>s da percepção<br />

e implantação de mudanças organizacionais estratégicas. Em contrapartida, o autor aponta a<br />

importância e a necessidade de observar a estratégia como uma prática social, ou seja, de que<br />

forma os gerentes-estrategistas constroem estratégias coerentes com problemas específicos das<br />

organizações em que trabalham.<br />

32


Mandic (2003) 4 observa que é importante a empresa se instalar nos melhores pontos<br />

comerciais da cidade, mas se isso não ocorrer, a Internet é uma alternativa bastante importante,<br />

pois to<strong>do</strong>s os pontos são bem localiza<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong>-se abrir uma “loja” (virtual) até mesmo de<br />

graça. Neste universo, uma pequena empresa, com um site elabora<strong>do</strong> adequadamente,<br />

apresentan<strong>do</strong>-se de forma funcional e rápida, consegue ter a mesma presença de merca<strong>do</strong> que<br />

uma grande corporação. Conforme o autor é indispensável não abrir mão desta ferramenta. A<br />

partir disso, a empresa passa a ter as portas abertas para o mun<strong>do</strong> inteiro, sem os custos de montar<br />

e manter instalações.<br />

Em contrapartida, Mandic (2003) adverte que o empresá<strong>rio</strong> não pode se iludir, pois os<br />

processos de trabalho estão sempre além <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r, e cabe à empresa entregar o produto,<br />

cobrar e aceitar devoluções. Os custos deste serviço vão desde a criação e manutenção <strong>do</strong> site,<br />

passan<strong>do</strong> pela hospedagem num servi<strong>do</strong>r confiável, até o registro de <strong>do</strong>mínio próp<strong>rio</strong> e fácil de<br />

memorizar. É preciso também responder rapidamente às mensagens, dúvidas e pedi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

clientes, pois a ansiedade de quem compra pela Internet é muito maior <strong>do</strong> que aquela de quem vai<br />

à loja, vê o produto, paga por ele e o leva para casa.<br />

De outro la<strong>do</strong>, Lacerda (2003) 5 alerta que, nos últimos anos, tem-se fala<strong>do</strong> muito de como<br />

as pequenas empresas poderiam usar a Internet para rever suas desvantagens competitivas e<br />

alcançar merca<strong>do</strong>s antes só acessíveis às grandes empresas. Ao contrá<strong>rio</strong> <strong>do</strong> que se acreditava, a<br />

4 Aleksandar Mandic, é empresá<strong>rio</strong> e técnico em eletrônica, <strong>do</strong>no <strong>do</strong> Portal Mandic.com. Foi vice presidente<br />

<strong>do</strong> iG e um <strong>do</strong>s principais executivos responsáveis pela introdução <strong>do</strong> sistema de BBS no Brasil, em 1990.<br />

5 Marcelo Lacerda, 43, c<strong>rio</strong>u o prove<strong>do</strong>r ZAZ e foi vice-presidente de marketing para a América Latina e<br />

Espanha <strong>do</strong> portal Terra. Atualmente, está em perío<strong>do</strong> sabático.<br />

33


previsão não se concretizou, já que elas encontram as mesmas dificuldades <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real para<br />

fazer negócios no ambiente virtual. Neste senti<strong>do</strong>, o autor destaca que a criação e a manutenção<br />

de sites para pequenas empresas têm-se mostra<strong>do</strong> complexa e cara. E, sem um investimento<br />

publicitá<strong>rio</strong> de peso em grandes portais, o site, mesmo que bem estrutura<strong>do</strong>, corre o risco de ficar<br />

perdi<strong>do</strong> na imensidão da Internet.<br />

Para Lacerda (2003), outro aspecto relevante refere-se à entrega de produtos, em que os<br />

custos que envolvem uma entrega só se justificam para volumes de vendas significativos, o que<br />

pode dificultar o gerenciamento da distribuição. O autor conclui, destacan<strong>do</strong> que venda pela<br />

Internet não é coisa para a pequena empresa, ao menos não sozinha, pois os casos de sucesso<br />

ocorreram através de parcerias com grandes portais, que disponibilizaram o conteú<strong>do</strong>, a entrega e<br />

os meios de pagamento de forma integrada.<br />

34<br />

O sucesso de um empreendimento tem sempre a presença de pessoas<br />

empreende<strong>do</strong>ras, independentemente de serem emprega<strong>do</strong>s ou<br />

emprega<strong>do</strong>res. Dificilmente uma empresa poderá obter sucesso se não<br />

constarem em seu quadro funcional pessoas que acreditam na empresa e<br />

que procuram fazer o melhor para que a empresa possa oferecer aos seus<br />

clientes um diferencial tanto na qualidade de seus produtos como no<br />

atendimento ofereci<strong>do</strong> aos seus clientes (CARREIRA, Suely da Silva,<br />

2001, p.79).<br />

Bhide (1994) identifica que pequenos empreende<strong>do</strong>res costumam usar abordagens rápidas<br />

e baratas, que representam um meio termo entre a total ausência de planejamento e o<br />

desenvolvimento de planos amplos e minuciosos. Cancelier (2001) ressalta que por não<br />

comportarem os custos e as exigências de um planejamento extenso e analítico, os dirigentes de<br />

pequenas empresas tendem a agir relativamente adaptan<strong>do</strong>-se às novas condições oferecidas pelo<br />

ambiente.


Para Angelim apud Cohen (2004), algumas dicas podem fazer a diferença na rotina de<br />

trabalho <strong>do</strong> pequeno empresá<strong>rio</strong>:<br />

• Manter-se motiva<strong>do</strong>, freqüentan<strong>do</strong> feiras, cursos, palestras e treinamentos;<br />

• Cultivar a disciplina, lembran<strong>do</strong> que ninguém vai lhe cobrar resulta<strong>do</strong>s;<br />

• Reservar parte <strong>do</strong> seu tempo para contatar e visitar clientes;<br />

• Estabelecer objetivos pe<strong>rio</strong>dicamente;<br />

• Confeccionar cartões de visita e material de divulgação arroja<strong>do</strong> para passar uma<br />

idéia de profissionalismo;<br />

• Estabelecer parcerias com fornece<strong>do</strong>res cujos serviços não são essenciais ao<br />

negócio, como gráficas, assessoria contábil e suporte técnico de informática.<br />

Simon (2003) ressalta que as empresas caracterizadas como superespecialistas em nichos,<br />

até certo grau, não vêem os merca<strong>do</strong>s como algo defini<strong>do</strong> por forças externas ou competitivas,<br />

mas como parâmetros que podem controlar. Estas empresas focam sua atenção numa<br />

característica estratégica muito importante: a amplitude versus profundidade de uma linha de<br />

produto ou de um negócio em geral. Complementan<strong>do</strong> a idéia <strong>do</strong> autor, Kathalian (2004) afirma<br />

que o nicho de merca<strong>do</strong> continua sen<strong>do</strong> a estratégia mais aplicada das pequenas empresas.<br />

Para Zeithaml (2003, p.402), “Muitos gerentes ainda vêem os serviços e sua qualidade<br />

como custo, em vez de contribuição para lucros, ten<strong>do</strong> em vista a dificuldade envolvida em<br />

rastrear o vínculo entre o serviço e os retornos financeiros”. Para se ter o equilíb<strong>rio</strong> entre o<br />

controle de custos e o investimento nos serviços, é preciso que se estabeleça um indica<strong>do</strong>r de<br />

desempenho e de satisfação pelos clientes pelos serviços presta<strong>do</strong>s pela empresa. A condição que<br />

35


avalia a aplicação desta ferramenta são as empresas que atingem o melhor nível de excelência nos<br />

serviços que presta.<br />

Para Bitner (2003, p.402) “Quan<strong>do</strong> o serviço é bom, uma empresa obtém uma reputação<br />

positiva e, através desta, uma fatia maior de merca<strong>do</strong> e a capacidade de poder cobrar mais <strong>do</strong> que<br />

os seus concorrentes pelo serviço”. O retorno positivo geralmente é difundi<strong>do</strong> através <strong>do</strong> popular<br />

boca-a-boca entre os clientes que freqüentam um determina<strong>do</strong> estabelecimento. Segun<strong>do</strong> Gianesi<br />

(1994, p.82), “Quatro fatores podem influenciar as expectativas <strong>do</strong>s clientes: comunicação boca-<br />

a-boca, necessidades pessoais, experiência ante<strong>rio</strong>r (conhecimento prévio <strong>do</strong> serviço) e<br />

comunicação externa (proveniente <strong>do</strong> próp<strong>rio</strong> fornece<strong>do</strong>r)”. Percebe-se que, investir no marketing<br />

interno é uma alternativa barata para o empresá<strong>rio</strong> preocupa<strong>do</strong> com os serviços ofereci<strong>do</strong>s pela<br />

sua empresa.<br />

Rojo (1998) observa que uma das principais características que define as empresas que<br />

aplicam estratégias é que elas são obcecadas pelos consumi<strong>do</strong>res, ou seja, conhecem o seu<br />

público alvo e suas necessidades. Desenvolvem estratégias para atender a essas necessidades,<br />

conquistan<strong>do</strong> a lealdade <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

Para Las Casas (2005), o desenvolvimento de um plano de marketing para uma pequena<br />

empresa sugere uma meto<strong>do</strong>logia simplificada que pode ser adaptada e usada por qualquer<br />

empresa de pequeno porte. Esta meto<strong>do</strong>logia compreende:<br />

• Da<strong>do</strong>s externos: determinação de situações favoráveis e desfavoráveis;<br />

36


• Da<strong>do</strong>s internos e externos da empresa e concorrência: pontos fortes e fracos;<br />

• Determinação de pressuposições – o que poderá acontecer;<br />

• Objetivos e metas;<br />

• Estratégias de marketing e orçamento;<br />

• Projeções de lucros e perdas;<br />

• Controle e monitoramento das execuções.<br />

Barros (2006) observa que a pequena empresa precisa ter foco de merca<strong>do</strong> e não de<br />

produto. Para o autor, existe muita confusão a respeito <strong>do</strong> que é foco no conceito de marketing.<br />

Foco significa merca<strong>do</strong>, nicho, segmento, mas não <strong>do</strong> ponto de vista de produto ou serviço.<br />

Constata-se, a partir disso, que a p<strong>rio</strong>ridade em qualquer foco é manter o cliente.<br />

Satisfazer as necessidades e desejos <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res é o grande desafio de todas as<br />

empresas, não apenas daquelas que atuam no varejo. A estas, todavia, cabe a responsabilidade de<br />

ser o canal de intermediação entre o produtor e o consumi<strong>do</strong>r final. Em um merca<strong>do</strong> cada vez<br />

mais competitivo, não é suficiente atribuir o sucesso das vendas apenas ao produto, mas sim a um<br />

conjunto de fatores que fazem a diferença para o cliente, conduzin<strong>do</strong>-o a efetivar uma compra.<br />

Este conjunto, segun<strong>do</strong> Gianesi (1994) é chama<strong>do</strong> de composto de varejo ou marketing<br />

mix, a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no meio acadêmico e empresarial como os 4 “pês” – produt (produto), place<br />

(localização), price (preço) e promotion (promoção). Para o varejo agregou-se mais 2 “pês” –<br />

presentation (apresentação de loja) e people (atendimento), portanto, estes 6 “pês” devem ser<br />

contempla<strong>do</strong>s na elaboração da estratégia nas empresas. Como conceito, tem-se o composto de<br />

37


varejo como um conjunto de variáveis controláveis que a empresa pode utilizar para satisfazer as<br />

necessidades <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res e influenciar suas decisões de compra (BARROS, 2005).<br />

No entanto, o varejo também atua com variáveis incontroláveis, como por exemplo, a<br />

suscetibilidade às mudanças na política econômica que recentemente, com a liberação das<br />

importações e o aumento da concorrência interna, causaram grande impacto no setor. A partir da<br />

entrada de concorrentes externos que detinham melhores condições de gestão e operações, houve<br />

a necessidade de profundas transformações para a grande maioria das empresas brasileiras. A<br />

estabilização econômica também tem impulsiona<strong>do</strong> o setor varejista a buscar maior eficiência e<br />

melhor posicionamento no merca<strong>do</strong>.<br />

De mo<strong>do</strong> geral, podemos observar que, mesmo em momentos distintos e com problemas<br />

específicos, empresas representativas <strong>do</strong> setor vêm implementan<strong>do</strong> processos de reestruturação<br />

que têm apresenta<strong>do</strong> algumas características comuns, tais como: troca de controle nas principais<br />

redes de varejo, fechamento de lojas menos rentáveis e reformas em estabelecimentos existentes,<br />

redução <strong>do</strong> número de funcioná<strong>rio</strong>s e de níveis hierárquicos, adequação <strong>do</strong> perfil <strong>do</strong>s clientes para<br />

concessão de crédito, profissionalização <strong>do</strong>s administra<strong>do</strong>res, utilização de automação comercial<br />

e de recursos de informática, melhoria <strong>do</strong>s instrumentos de planejamento e controle de custos,<br />

clara definição <strong>do</strong> segmento de atuação e público alvo e, aperfeiçoamento <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong><br />

cliente através das ferramentas de marketing.<br />

Segun<strong>do</strong> Gonçalo et al (2003), as Dimensões Competitivas podem ser consolidadas em<br />

dez diferentes categorias:<br />

38


• Conformidade: grau em que o projeto e as características operacionais de um<br />

produto estão de acor<strong>do</strong> com padrões preestabeleci<strong>do</strong>s. Adequação das<br />

especificações;<br />

• Entrega: trata das condições de entrega <strong>do</strong>s produtos/serviços finais ou<br />

intermediá<strong>rio</strong>s da empresa, tais como, prazo de entrega, quantidades corretas,<br />

locais determina<strong>do</strong>s;<br />

• Flexibilidade: capacidade e disponibilidade para a alteração de pedi<strong>do</strong>s quanto a<br />

datas, volumes e outros;<br />

• Segurança: a segurança ou <strong>do</strong>mínio que os funcioná<strong>rio</strong>s de uma empresa<br />

demonstram quanto ao conhecimento <strong>do</strong> serviço/produto e entendimento <strong>do</strong><br />

cliente;<br />

• Atendimento: a forma como o cliente é atendi<strong>do</strong>, envolven<strong>do</strong> questões ligadas<br />

principalmente ao relacionamento <strong>do</strong> cliente-empresa;<br />

• Aparência: nos casos em que se aplica, a aparência das instalações e pessoas que<br />

representam a empresa;<br />

• Imagem: a forma como a empresa explora a sua imagem, sua história, suas<br />

marcas;<br />

• Acesso: como a empresa trata seus canais de acesso e comunicação com o<br />

cliente;<br />

• Inovação: como a empresa explora a inovação e o lançamento de novos<br />

produtos;<br />

• Custos: a forma como a empresa gerencia os aspectos relaciona<strong>do</strong>s ao custo<br />

(real e percebi<strong>do</strong>).<br />

39


As Dimensões Competitivas podem ser entendidas como a forma pela qual as<br />

organizações realmente implementam a estratégia.<br />

Porter (1998) comenta que a vantagem competitiva tem sua origem nos vá<strong>rio</strong>s setores da<br />

empresa, tais como: projetos, produção, marketing, entrega e no suporte de produtos. Cada um<br />

desses setores pode contribuir para que a empresa tenha uma posição de competitividade, pois<br />

to<strong>do</strong>s eles podem aumentar ou diminuir custos, além de criar uma base para a diferenciação.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, ao analisar a moda sob o prisma de negócio, observa-se que a etapa de<br />

comercialização é tão importante quanto àquelas de concepção, desenvolvimento e fabricação<br />

<strong>do</strong>s produtos. Por isso, o lojista precisa preocupar-se em fornecer uma ampla variedade de<br />

produtos e serviços com a conveniência de tempo e lugar. Um produto bem concebi<strong>do</strong> pode não<br />

sair das prateleiras. Outro aspecto importante refere-se ao gerenciamento eficaz das compras e <strong>do</strong><br />

estoque, pois, devi<strong>do</strong> à sazonalidade que caracteriza o merca<strong>do</strong> da moda, oferecer um produto<br />

diferencia<strong>do</strong> ao cliente também implica que este seja apresenta<strong>do</strong> no “tempo certo”. Portanto,<br />

estar atento e perceber as mudanças que ocorrem no perfil <strong>do</strong> cliente tornam a empresa mais<br />

competitiva, favorecen<strong>do</strong> a obtenção de lucros.<br />

5.2.2. O comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e o consumo da moda<br />

Muitos fatores psicológicos ajudam a explicar por que as pessoas são motivadas a estar na<br />

moda, tais como conformidade social, busca da variedade, criatividade pessoal e atração sexual.<br />

40


Estes consumi<strong>do</strong>res têm necessidade de ser únicos, querem ser diferentes, mas não tão diferentes<br />

a ponto de perder a sua identidade social (SOLOMON, 2002).<br />

Conforme Treptow (2003), a moda desempenha uma função social sistêmica, que<br />

promove através de marcas uma personalidade, proporcionan<strong>do</strong> destaque nesta sociedade que,<br />

acima de tu<strong>do</strong>, valoriza o ser.<br />

Miranda (2003, p.4) observa que “O indivíduo possui uma tendência psicológica à<br />

imitação, esta proporcionada a satisfação de estar sozinho em suas ações. Ao imitar não só<br />

transfere a atividade criativa, mas também a responsabilidade sobre a ação dele para o outro”.<br />

Diferente de outros segmentos de comércio, como por exemplo, aquele liga<strong>do</strong> à<br />

alimentação, o merca<strong>do</strong> da moda revela que a motivação para a compra está diretamente<br />

relacionada ao comportamento, e geralmente associada à aceitação <strong>do</strong>s outros indivíduos.<br />

Treptow (2003, p.26) “Moda é um fenômeno social de caráter temporá<strong>rio</strong> que descreve a<br />

aceitação e disseminação de um padrão ou estilo, pelo merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, até a sua<br />

massificação e conseqüentemente sua obsolescência como diferencia<strong>do</strong>r social”. Ressalta o autor<br />

que em virtude destas características, a moda passa pelas seguintes fases: lançamento, aceitação,<br />

cópia e desgaste. Por outro la<strong>do</strong> ninguém faz moda sozinho. Ela precisa de consenso; pessoas que<br />

acreditem, concordem e consumam esta ou aquela idéia para que vire moda.<br />

Consoante observa Schimid (2004), fidelização é muito mais <strong>do</strong> que um painel indican<strong>do</strong><br />

a satisfação <strong>do</strong> cliente. Os programas para fidelizar os consumi<strong>do</strong>res devem ser constituí<strong>do</strong>s com<br />

41


ase no módulo de relacionamento que a empresa deseja manter com seus clientes,<br />

desenvolven<strong>do</strong> uma comunicação integrada para gerar um relacionamento continua<strong>do</strong>, dura<strong>do</strong>uro<br />

e gratificante com seu consumi<strong>do</strong>r.<br />

Para Treptow (2003, p.49), “O perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r da moda divide-se em três categorias:<br />

Feminino, Masculino e Infantil. Representan<strong>do</strong> respectivamente 57% <strong>do</strong>s negócios realiza<strong>do</strong>s,<br />

24% e 19%.” Entende-se que to<strong>do</strong> nicho de merca<strong>do</strong> é uma subdivisão de um grande segmento,<br />

geralmente cria<strong>do</strong> para atender para atender a necessidades específicas de um grupo de<br />

consumi<strong>do</strong>res.<br />

O estilo <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r segun<strong>do</strong> Treptow:<br />

• Tradicional 60% - acomoda<strong>do</strong>, gosta de ler, indiferente a propaganda, a não ser<br />

quan<strong>do</strong> salienta conforto, durabilidade, preço baixo e garantia. Indiferente a<br />

moda, motiva<strong>do</strong> pela necessidade e não gosta de chamar a atenção.<br />

• Fashion 30% - público adepto à moda, sen<strong>do</strong> aquele que mais consome.<br />

Valoriza as marcas consagradas; é socialmente ativo, julga-se sexy e atraente;<br />

aceita novidades com facilidade; procura estar em forma. Aprecia o design de<br />

roupas e sua modelagem com estilo contemporâneo e coordena<strong>do</strong>.<br />

• Vanguarda 10% - é rebelde, particular, inespera<strong>do</strong>, inova<strong>do</strong>r, sofistica<strong>do</strong>,<br />

desliga<strong>do</strong> da família, gosta de informações e de sentir-se diferente. A<strong>do</strong>ta moda<br />

própria, valoriza estilos e novidades, peças coordenáveis de forma insólida. Não<br />

é fiel a etiquetas. São pessoas altamente criativas e sem me<strong>do</strong> de críticas.<br />

42


É notó<strong>rio</strong> que a sociedade em que estamos inseri<strong>do</strong>s é uma sociedade de consumo. Não só<br />

precisamos consumir para repor os pertences que estão desgasta<strong>do</strong>s ou obsoletos, mas também<br />

para que esse consumo movimente toda a indústria e o comércio gera<strong>do</strong>r de empregos. Para<br />

Solomon (2002), comprar é uma forma de adquirir produtos ou serviços necessá<strong>rio</strong>s. Assim,<br />

comprar é uma atividade que pode ser desempenhada tanto por razões utilitárias (funcionais ou<br />

tangíveis), quanto por razões hedônicas (prazerosas ou intangíveis).<br />

Figura 1 – Expectativa <strong>do</strong> Cliente<br />

Comunicação<br />

boca-a-boca<br />

Necessidades<br />

pessoais<br />

Fonte: GIANESI, 1994. p.189.<br />

Experiência ante<strong>rio</strong>r Comunicações<br />

externas<br />

Expectativa <strong>do</strong> Cliente<br />

Para Gianesi (1994), os fatores culturais referem-se, principalmente, ao conjunto de<br />

valores aos quais uma pessoa está exposta desde a infância e que são incorpora<strong>do</strong>s, dependen<strong>do</strong><br />

também da subcultura, influenciada pela nacionalidade, grupo racial, religioso, e região<br />

geográfica. Já os fatores sociais referem-se aos grupos de referência <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, ou seja,<br />

grupos que direta ou indiretamente influenciam o comportamento e as atitudes <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res.<br />

43


Dorfles (1988) destaca que estar ciente <strong>do</strong>s valores e <strong>do</strong>s limites da moda é fundamental<br />

também para o homem. O homem não deve procurar imitar a mulher na procura de frivolidades<br />

que não lhe dizem respeito, mas que deverá adaptar o seu vestuá<strong>rio</strong> àquilo que é de seu caráter, à<br />

sua condição social, à sua profissão. E, poderá até - com um pouco de agilidade mental e astúcia -<br />

ser capaz de servir-se <strong>do</strong> vestuá<strong>rio</strong> para criar um eficaz símbolo de posição social, de acor<strong>do</strong> com<br />

as diferentes situações em que se encontra.<br />

A forma como cada um de nós a<strong>do</strong>ta um estilo está diretamente associada à personalidade<br />

e à necessidade de estar vesti<strong>do</strong> de acor<strong>do</strong> com o que o ambiente sugere ou até mesmo exige. Em<br />

vista disto, o estilo de vestimenta, dependen<strong>do</strong> da situação, pode oportunizar alguma vantagem,<br />

como, por exemplo, uma promoção profissional ou a conquista afetiva da pessoa desejada.<br />

5.2.3. Ciclo de vida <strong>do</strong>s produtos no merca<strong>do</strong><br />

Por ser um segmento de comércio bastante dinâmico, para quem trabalha com moda é<br />

fundamental estar atento ao ciclo de vida <strong>do</strong>s produtos. Evidentemente que existem algumas<br />

peças que nunca saem de moda, tais como o jeans e a camiseta. O jeans básico nunca sairá de<br />

moda; ele faz parte da essência da vestimenta e transita <strong>do</strong> supermerca<strong>do</strong> à festa (PASCOLATO,<br />

1999). Em contrapartida, determinadas peças estilizadas com brilhos e cores, produzidas com<br />

teci<strong>do</strong>s diferentes, específicos de uma coleção, possuem “prazo de validade”.<br />

Para La Casas (2005), o ciclo de vida <strong>do</strong>s produtos ocorre da seguinte forma:<br />

Introdução: quan<strong>do</strong> o produto é lança<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong>. A marca ainda não é conhecida,<br />

portanto o produto ainda está na fase de divulgação.<br />

44


Crescimento: As vendas começam a se desenvolver de forma acelerada. O produto é<br />

reconheci<strong>do</strong> e passa a ter aceitação.<br />

Maturidade: estagnação e acomodação <strong>do</strong> produto no merca<strong>do</strong>. As estratégias de<br />

merca<strong>do</strong>s estagna<strong>do</strong>s e concorri<strong>do</strong>s são fortemente dirigidas ao esforço promocional.<br />

Declínio: Nesse estágio, o produto que não é mais rentável é elimina<strong>do</strong> da<br />

comercialização por estar satura<strong>do</strong> ou obsoleto.<br />

Figura 2 - Forma tradicional <strong>do</strong> CPV<br />

Fonte: GIANESI, 1994. p.171.<br />

Estar atento ao ciclo de vida <strong>do</strong>s produtos é uma tarefa muito importante para quem<br />

administra uma loja que comercializa moda. É preciso que se faça um acompanhamento <strong>do</strong><br />

tempo que determina<strong>do</strong>s produtos permanecem no estoque; antes disto, é preciso saber o produto<br />

e a quantidade certa que deve ser comprada, evitan<strong>do</strong> que algumas peças fiquem démodé antes de<br />

serem vendidas.<br />

T<br />

45


Atuar num segmento extremamente competitivo como é a moda, demanda estar conecta<strong>do</strong><br />

com as tendências <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, sem esquecer <strong>do</strong>s produtos que você tem em estoque. A linha<br />

entre o lucro e o prejuízo é tênue; para isso é preciso entender melhor como se comporta o<br />

merca<strong>do</strong> da moda.<br />

5.3. O Negócio da Moda<br />

“Moda é como óleo e não como vinho: envelhecen<strong>do</strong> não melhora e sim só piora”<br />

(DORFLES, 1988, p.11)<br />

5.3.1. A Moda como um processo histórico<br />

As modificações na estrutura <strong>do</strong> vestuá<strong>rio</strong> masculino e feminino que se impuseram a<br />

partir <strong>do</strong> ano de 1350, revelam que ante o seu comportamento a moda mu<strong>do</strong>u as pessoas. O amor<br />

contribuiu provocan<strong>do</strong> lirismo, boas maneiras e enobrecimento da língua, e o homem passou<br />

então a agradar mais a mulher, através de artifícios antes usa<strong>do</strong>s apenas na feminilidade. O traje<br />

marca, a partir de então, uma diferença radical entre masculino e feminino, sexualiza como nunca<br />

a aparência (LIPOVETSKI, 2001).<br />

Para Dorfles (1988), aquilo que hoje se define como símbolo de posição social, sempre<br />

existiu - quer se tratasse das plumas e tatuagens de um chefe tribal, ou num <strong>do</strong>s uniformes com<br />

penachos de um general.<br />

46


As teorias que definem o percurso <strong>do</strong> nascimento da moda ainda são contraditórias, pois<br />

há aqueles que defendem que a moda é provinda <strong>do</strong>s “altos” personagens da história e feitas por<br />

grandes estilistas, chamada “moda da elite”. Moda que apenas num segun<strong>do</strong> momento “desce” ao<br />

nível das massas, sen<strong>do</strong> copiada e imitada. Outros autores defendem que as tendências provêm<br />

<strong>do</strong>s jovens e os estilistas apenas as processam e sintetizam para as grandes indústrias de<br />

vestuá<strong>rio</strong>. (DORFLES, 1988)<br />

Surpreende a forma como historicamente a moda esteve presente no desenvolvimento<br />

humano. A maneira como pensamos nas situações que vivenciaremos ao longo <strong>do</strong> dia e nas<br />

pessoas que encontraremos é decisiva na escolha das roupas que vamos vestir. Calor ou f<strong>rio</strong>,<br />

nossa imagem precisa funcionar, precisa estar adequada. Roupas e acessó<strong>rio</strong>s fazem parte da<br />

postura de alguém que, por exemplo, foi convida<strong>do</strong> para um jantar de negócios, para uma<br />

entrevista de emprego, ou para visitar um cliente. Antes de sair de casa, é preciso que se faça uma<br />

avaliação estética sobre nós mesmos, no senti<strong>do</strong> de não destoar <strong>do</strong> ambiente ou mesmo das<br />

pessoas com quem estaremos nos encontran<strong>do</strong>. (TREPTOW, 2003)<br />

5.3.2. Participação no merca<strong>do</strong><br />

47


Tabela 3 – MPEs <strong>do</strong> comércio por setor de atividade<br />

Fonte: RAIS / MTE (2004). Elaboração: Observató<strong>rio</strong> das MPEs/ SEBRAE – SP<br />

O comércio de vestuá<strong>rio</strong> é o segun<strong>do</strong> maior em participação de merca<strong>do</strong> com 11%,<br />

perden<strong>do</strong> apenas para o comércio de Minimerca<strong>do</strong>s e Mercearias (305.522 Minimerca<strong>do</strong>s, contra<br />

303.235 estabelecimentos que comercializam vestuá<strong>rio</strong>).<br />

Vale lembrar que pelo fato de o Brasil ser ainda um país intimamente liga<strong>do</strong> às culturas<br />

regionais, não se pode afirmar que exista um consenso sobre moda, ou seja, uma moda<br />

legitimamente brasileira, única. Todavia, paralelamente às influências regionais, o grande público<br />

tem acesso direto a moda através das novelas televisivas ou pelas revistas de fofocas de artistas, o<br />

que, de alguma forma, contribui para a disseminação de padrões nacionais. Falta ainda muita<br />

48


informação não apenas histórica da moda, mas também de tendências e conjugações de peças.<br />

(TREPTOW, 2003)<br />

5.3.3. O merca<strong>do</strong> da Moda<br />

49<br />

“La moda è il fattore psicológico che provoca I’interesse per um nuovo<br />

tipo di pro<strong>do</strong>tto e la decadenza del vecchio”. (CAPPELLIERI, 2007, p.23)<br />

(“A moda é um fator psicológico que provoca interesse por um novo tipo<br />

de produto e a decadência <strong>do</strong> velho”)(Tradução nossa).<br />

Cada coleção que é lançada no merca<strong>do</strong> funciona como um instrumento propulsor para o<br />

setor. Lançadas as novidades, forma<strong>do</strong>res de opinião com grande destaque na mídia disseminam<br />

os parâmetros e as tendências da temporada, direcionan<strong>do</strong> a demanda no merca<strong>do</strong><br />

(LIPOVETSKI, 2001). Se por um la<strong>do</strong> a moda contemporânea distingue grupos, muitas vezes<br />

geran<strong>do</strong> a exclusão social, por outro ela também proporciona a inclusão. Uma vez que as<br />

tendências se massificam, produtos de moda são comercializa<strong>do</strong>s nos grandes magazines,<br />

democratizan<strong>do</strong> o conceito da moda (DORFLES, 1988).<br />

Para Joffly apud Souza (2004), a moda como fenômeno social ou cultural, ou de caráter<br />

coercitivo, consiste na mudança periódica de estilo, cuja vitalidade provém da necessidade de<br />

conquistar ou manter uma determinada posição social.<br />

Para Lipovetski (2001, p.77), “Os esportes contribuíram de maneira crucial para mudar as<br />

linhas <strong>do</strong> vestuá<strong>rio</strong> feminino em geral, crian<strong>do</strong> um novo ideal estético de feminilidade. Neste<br />

senti<strong>do</strong>, impô-se o protótipo da mulher esguia, esbelta e moderna, por oposição a mulher<br />

vaporosa, sedentária e entravada”. O culto ao corpo, seja na busca da boa forma física, seja na


usca de um estilo de vida saudável, gerou uma vasta cadeia de produtos desenvolvi<strong>do</strong>s para<br />

prática esportiva.<br />

5.4. O empreende<strong>do</strong>rismo na moda<br />

No desenvolvimento de seus projetos, o empreende<strong>do</strong>r da moda considera as<br />

características <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res e de seu contexto sócio-econômico cultural, bem como o perfil,<br />

potencialidades e limitações econômicas e tecnológicas das unidades produtivas onde os sistemas<br />

de informação e objetos de uso serão fabrica<strong>do</strong>s. Para isso, Treptow (2003) apresenta os<br />

seguintes requisitos:<br />

Capacidade criativa - deve ser capaz de propor soluções inova<strong>do</strong>ras pelo <strong>do</strong>mínio de<br />

técnicas e processos de criação;<br />

Domínio de linguagem - deve ser capaz de expressar os conceitos e soluções de seus<br />

projetos, tanto à mão livre, como pelo uso de instrumentos, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> as técnicas de expressão e<br />

reprodução visual;<br />

Trânsito interdisciplinar - deve ser capaz de saber dialogar com especialistas de outras<br />

áreas de mo<strong>do</strong> a utilizar conhecimentos diversos e atuar em equipes interdisciplinares na<br />

elaboração e execução de pesquisas e projetos;<br />

Capacidade de conceituar o projeto - deve ter uma visão sistêmica <strong>do</strong> projeto pela<br />

combinação adequada de diversos componentes, materiais, processos de fabricação, aspectos<br />

ergonômicos, psicológicos e sociológicos <strong>do</strong> produto;<br />

Conhecimento de aspectos de meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> projeto - deve <strong>do</strong>minar as etapas de<br />

desenvolvimento de projeto, a saber: definição de objetos, técnica de coleta, tratamento e análise<br />

50


de da<strong>do</strong>s, geração e avaliação de alternativas, configuração de solução e comunicação de<br />

resulta<strong>do</strong>s;<br />

Visão setorial - deve ter conhecimento <strong>do</strong> setor produtivo de sua especialização<br />

(calça<strong>do</strong>s, jóias e bijuterias...), no que tange ao merca<strong>do</strong>, materiais, processos produtivos e<br />

tecnologias empregadas, além das potencialidades de seu desenvolvimento, principalmente no<br />

contexto regional;<br />

Aspecto gerencial - deve ter noções de gerência de produção, incluin<strong>do</strong> qualidade,<br />

produtividade, arranjo físico de fábrica, estoques, custos e investimentos, além da administração<br />

de recursos humanos para a produção;<br />

Aspectos socioeconômicos - deve ter visão histórica e prospectiva, bem como<br />

consciência das implicações econômicas, sociais, antropológicas, ambientais e éticas de sua<br />

atividade.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, é preciso reconhecer que este segmento de comércio tem as suas<br />

particularidades e, portanto, para alguém que deseja investir em uma loja de moda é importante<br />

que fique atento a estes aspectos.<br />

51


6. SÍNTESE DA ESTRUTURA DA PESQUISA<br />

FOCO DA<br />

PESQUISA<br />

EMPREENDEDORISMO<br />

ADMINISTRAÇÃO DE<br />

SERVIÇOS NA MODA<br />

DIMENSÕES CATEGORIAS DE<br />

INVESTIGAÇÃO<br />

- Perfil Empreende<strong>do</strong>r<br />

- Dimensões competitivas<br />

-Motivação Emprende<strong>do</strong>ra<br />

-Poder visioná<strong>rio</strong><br />

-Dinamismo<br />

-Liderança<br />

-Estuda o merca<strong>do</strong><br />

-Imaginação<br />

-Gera mudanças<br />

-Produtos X Serviços<br />

-Imagem<br />

-Atendimento<br />

-Acesso<br />

-Custos<br />

-Perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r no<br />

entendimento <strong>do</strong>s<br />

empresá<strong>rio</strong>s<br />

-Marketing<br />

-Aspectos psicológicos X<br />

Moda<br />

BASE TEÓRICA<br />

Bhidé, A. (1994)<br />

Dornelas, J.C. (2001)<br />

Sebrae (2004)<br />

Fitzsimmons, J. (2005)<br />

Gianesi, I. (1994)<br />

Las Casas, A. (2005)<br />

-Treptow, D. (2003)<br />

-Lipovetsky, G. 2005)<br />

-Gillo (1988)


O quadro acima apresenta os objetivos macros da pesquisa (Empreende<strong>do</strong>rismo,<br />

Estratégia de Serviços e Moda) que servirá de referência para a investigação pretendida.<br />

Obedecen<strong>do</strong> a uma série de estruturação focal, as categorias se ramificam destacan<strong>do</strong> a literatura<br />

utilizada como suporte que irá determinar o teor e a envergadura deste trabalho.<br />

O processo de descrição da análise de conteú<strong>do</strong> das entrevistas realizadas corresponderá<br />

também ao esquema que determina o quadro acima. Para tal, frases argumentativas relevantes<br />

obtidas na entrevista serão pinçadas para melhor compor a estrutura da análise deste trabalho de<br />

pesquisa.<br />

Desta forma este estu<strong>do</strong> visa entender através da mescla de características pessoais <strong>do</strong>s<br />

empresá<strong>rio</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, com as suas experiências no setor; quais os aspectos determinantes<br />

para a sustentabilidade de uma loja que comercializa roupas de moda.


7. MÉTODO<br />

Neste capítulo, será aborda<strong>do</strong> o tipo de pesquisa a ser elaborada, a escolha <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

mais apropria<strong>do</strong>, além da escolha das unidades de análise e <strong>do</strong>s procedimentos de campo que<br />

serão efetua<strong>do</strong>s.<br />

“Nenhum méto<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> pelo homem pode eliminar inteiramente a<br />

incerteza. Porém, o méto<strong>do</strong> científico, mais <strong>do</strong> que qualquer outro<br />

processo, pode diminuir os elementos de incerteza que resultam da falta<br />

de informação. Assim fazen<strong>do</strong>, reduz-se o perigo de uma escolha errada<br />

entre várias alternativas” (BOYD e WESTFALL, 1971, p.55).<br />

Solomon (2002) afirma que “a pesquisa exploratória é realizada para prover da<strong>do</strong>s sobre<br />

questões ainda insipientes; gerar idéias para futuros estu<strong>do</strong>s mais rigorosos; ou testar um palpite<br />

<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r sobre determina<strong>do</strong> fenômeno que ainda não está bem defini<strong>do</strong>”.<br />

7.1. Delineamento da Pesquisa<br />

O planejamento da pesquisa é fundamental para o bom desenvolvimento <strong>do</strong> projeto, pois<br />

ele serve como ligação entre os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em relação ao objetivo principal.


Consideran<strong>do</strong> os tipos de estu<strong>do</strong> para cada situação e, verifican<strong>do</strong> que o conhecimento<br />

sobre o assunto ainda é escasso, julga-se apropria<strong>do</strong> a elaboração de uma pesquisa exploratória.<br />

De acor<strong>do</strong> com Roesch (1996), a pesquisa exploratória tem por objetivo fornecer ao<br />

pesquisa<strong>do</strong>r informações sobre assuntos ou áreas nas quais não se tenha desenvolvi<strong>do</strong><br />

suficientemente o conhecimento. Para Mattar (1993, p.84), “a pesquisa exploratória visa prover o<br />

pesquisa<strong>do</strong>r de um maior conhecimento sobre o tema ou o problema de pesquisa em perspectiva”.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, este tipo de estu<strong>do</strong> auxilia o pesquisa<strong>do</strong>r a conhecer mais profundamente o assunto<br />

de seu interesse, além de permitir que sejam formuladas hipóteses sobre o mesmo.<br />

(1993):<br />

O quadro seguinte sintetiza os objetivos das pesquisas exploratórias, segun<strong>do</strong> Mattar<br />

Tabela 3 - Objetivos da pesquisa exploratória<br />

Familiarizar e elevar o conhecimento e a compreensão de um problema de pesquisa em<br />

perspectiva;<br />

Auxiliar e desenvolver a formulação mais precisa <strong>do</strong> problema de pesquisa;<br />

Acumular a p<strong>rio</strong>ri informações disponíveis relacionadas e um problema de pesquisa<br />

conclusiva a ser efetuada ou em andamento;<br />

Ajudar no desenvolvimento ou criação de hipóteses explicativas de fatos a serem<br />

verifica<strong>do</strong>s numa pesquisa causal;<br />

Ajudar no desenvolvimento ou criação de questões de pesquisa relevantes para o objeto<br />

pretendi<strong>do</strong>;<br />

Auxiliar na determinação de variáveis relevantes a serem consideradas num problema<br />

de pesquisa;<br />

Clarificar conceitos;<br />

55


Ajudar no delineamento <strong>do</strong> projeto final de pesquisa;<br />

Verificar se pesquisas semelhantes já foram realizadas, quais os méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s e<br />

quais os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s;<br />

Estabelecer p<strong>rio</strong>ridades para futuras pesquisas.<br />

Fonte: Mattar, 1993, p.76<br />

Yin (2001) discorre sobre a escolha correta da estratégia de pesquisa e sua visão mais<br />

apropriada, seja ela explanatória, exploratória ou descritiva. Para o autor, a primeira e mais<br />

importante condição para se diferenciar as várias estratégias de pesquisa é identificar nela o tipo<br />

de questão que está sen<strong>do</strong> apresentada.<br />

A utilização da estratégia adequada depende <strong>do</strong> tipo de questão proposta, da extensão <strong>do</strong><br />

controle que o autor tem sobre eventos comportamentais efetivos e <strong>do</strong> grau de enfoque em<br />

acontecimentos contemporâneos. O quadro 4 sintetiza a idéia <strong>do</strong> autor no que diz com os elos<br />

existentes entre as dimensões ante<strong>rio</strong>rmente citadas e a escolha da estratégia adequada ao projeto<br />

de pesquisa:<br />

56


Tabela 4 - Dimensões relacionadas com a escolha da estratégia de pesquisa<br />

Estratégia Forma da questão<br />

de pesquisa<br />

Exige controle sobre<br />

eventos<br />

experimentais<br />

Experimento Como, por que? Sim Sim<br />

Levantamento Quem, o que, onde,<br />

quantos, quanto?<br />

Análise de arquivos Quem, o que, onde,<br />

quantos, quanto?<br />

Não Sim<br />

Focaliza<br />

acontecimentos<br />

Não Sim/não<br />

Pesquisa histórica Como, por que? Não Não<br />

Estu<strong>do</strong> de Caso Como, por que? Não Sim<br />

Fonte: Yin, 2001, p.24<br />

contemporâneos<br />

Observan<strong>do</strong> o quadro acima, proposto por Yin (2001), verifica-se que a questão principal<br />

deste estu<strong>do</strong> procura basicamente atender às perguntas <strong>do</strong> tipo como e por quê. Estas questões<br />

caracterizam três estratégias distintas de pesquisa: o experimento, a pesquisa histórica e o estu<strong>do</strong><br />

de caso.<br />

O foco da pesquisa está intimamente relaciona<strong>do</strong> a eventos contemporâneos sobre os<br />

quais não existe necessidade de controle de comportamentos, e os quais também não requerem<br />

experimentos com maior profundidade. Portanto, a estratégia escolhida recai sobre o estu<strong>do</strong> de<br />

caso múltiplo. Para esclarecer o conceito de estu<strong>do</strong> de caso, usa-se o conceito de Yin (2001),<br />

segun<strong>do</strong> o qual:<br />

57


“O estu<strong>do</strong> de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno<br />

contemporâneo dentro de seu contexto na vida real, especialmente quan<strong>do</strong> os limites entre o<br />

fenômeno e o contexto não estão claramente defini<strong>do</strong>s.” (YIN, 2001, p.32).<br />

7.2. Coleta de da<strong>do</strong>s<br />

A captação de da<strong>do</strong>s para compor o presente trabalho será extraída de uma amostra de<br />

pequenas empresas que atuam no setor varejista de vestuá<strong>rio</strong>, estabelecidas no Vale <strong>do</strong>s Sinos. A<br />

coleta de informações foi realizada no segun<strong>do</strong> semestre de 2007, obedecen<strong>do</strong> ao seguinte<br />

roteiro:<br />

Passo 1: Escolha das empresas para pesquisa<br />

Passo 2: (realiza<strong>do</strong> na empresa). Aplicação <strong>do</strong> Pré-Teste.<br />

Passo 3: (realiza<strong>do</strong> na empresa). Entrevista com os empresá<strong>rio</strong>s, buscan<strong>do</strong> identificar,<br />

através de respostas espontâneas, suas estratégias administrativas como diferencial em seus<br />

negócios. Questionou-se o "porquê" da definição de tais estratégias.<br />

Passo 4: (realiza<strong>do</strong> na empresa). Discussão <strong>do</strong>s conceitos existentes sobre o assunto com<br />

enfoque nas percepções <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s.<br />

Passo 5: análise <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong>.<br />

A coleta de da<strong>do</strong>s foi realizada por meio de entrevista em profundidade, que segun<strong>do</strong><br />

Roesch (1996) é a técnica fundamental da pesquisa qualitativa, que proporciona idéias e<br />

compreensão <strong>do</strong> problema.<br />

58


Para complementar, Malhotra (2001) define o questioná<strong>rio</strong> como uma técnica estruturada<br />

para coleta de da<strong>do</strong>s, baseada em perguntas escritas ou verbais, que deverão ser respondidas<br />

pelos entrevista<strong>do</strong>s.<br />

7.3. Unidades de Análise<br />

Para Yin (2001), as evidências resultantes de casos múltiplos são consideradas mais<br />

convincentes, e o estu<strong>do</strong> global é visto, por conseguinte, como algo mais robusto. Tais vantagens,<br />

proporcionadas pelo estu<strong>do</strong> de múltiplos casos, tornam a pesquisa apropriada e conveniente, na<br />

medida em que o estu<strong>do</strong> deve seguir a lógica de replicação, e não a de amostragem.<br />

As empresas definidas para este trabalho estão localizadas em cidades com mais de<br />

sessenta mil habitantes, no Vale <strong>do</strong>s Sinos e uma em suas proximidades, no caso a empresa<br />

Tybeto’s, situada em Sapucaia <strong>do</strong> Sul. As demais – Lista Negra em Novo Hamburgo, Dispa em<br />

Sapiranga e Sapê em São Leopol<strong>do</strong>. Estas empresas foram escolhidas como representativas por<br />

atuarem a mais de quinze anos no merca<strong>do</strong> da moda em suas cidades.<br />

A intenção deste trabalho é realizar um estu<strong>do</strong> específico em “lojas de rua”, ou seja, o<br />

comércio tradicional que atua nos centros das cidades e que, apesar de to<strong>do</strong> o marketing apelativo<br />

<strong>do</strong>s shopping centers, sustenta-se por vá<strong>rio</strong>s anos.<br />

As lojas escolhidas são especializadas no comércio de artigos de vestuá<strong>rio</strong> masculino e<br />

feminino, obedecen<strong>do</strong> a um estilo de moda atual e moderno. Revendem roupas de marcas de<br />

59


epresentação nacional e internacional, como Fórum, Colcci, Individual, Carmim, Ca<strong>vale</strong>ra,<br />

Puma, Ecko, Volcon, MCD, Ockley, Everlast, Doc Dog, Zapping, Coca-Cola, Nike e Adidas.<br />

As entrevistas foram realizadas com os proprietá<strong>rio</strong>s/gestores <strong>do</strong>s negócios estuda<strong>do</strong>s.<br />

Para o presente estu<strong>do</strong>, as unidades de análise escolhidas serão: Tybeto’s (Sapucaia <strong>do</strong> Sul), Lista<br />

Negra (Novo Hamburgo), Dispa (Sapiranga) e Sapê (São Leopol<strong>do</strong>).<br />

7.4. Análise <strong>do</strong>s Da<strong>do</strong>s<br />

Conforme Roesch (1996), na pesquisa de caráter qualitativo, a quantidade de da<strong>do</strong>s<br />

gera<strong>do</strong>s depois da pesquisa é grande. Neste senti<strong>do</strong>, a interpretação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s foi feita<br />

por meio da técnica de análise de conteú<strong>do</strong>. Esta técnica usa uma série de procedimentos para<br />

levantar interferências válidas a partir de um texto.<br />

Entende-se desta forma que a aplicação de um pré-teste aju<strong>do</strong>u a qualificar o questioná<strong>rio</strong>,<br />

e assim, solidificar o resulta<strong>do</strong> da pesquisa exploratória como “um to<strong>do</strong>” no final <strong>do</strong> trabalho. O<br />

pré-teste aplica<strong>do</strong> serviu para ajustar algumas perguntas e para direcionar mais o questioná<strong>rio</strong> no<br />

foco da pesquisa. Referi<strong>do</strong> pré-teste foi realiza<strong>do</strong> na loja Lista Negra de Novo Hamburgo.<br />

Segun<strong>do</strong> Yin (2005), “O fundamento lógico para projetos de casos múltiplos deriva-se<br />

diretamente da compreensão que você tem de replicações teóricas e literais”. E, a partir disso, o<br />

pesquisa<strong>do</strong>r interpreta os resulta<strong>do</strong>s.<br />

60


7.5. Limitações<br />

Durante o trabalho de coleta de da<strong>do</strong>s, alguns entrevista<strong>do</strong>s não puderam atender o<br />

entrevista<strong>do</strong>r nos dias e horá<strong>rio</strong>s previamente marca<strong>do</strong>s, o que gerou atraso no cumprimento <strong>do</strong><br />

cronograma estipula<strong>do</strong> para realização das etapas <strong>do</strong> trabalho.<br />

Outro fator ocorri<strong>do</strong> foi que alguns <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s não quiseram responder perguntas<br />

relacionadas a aspectos financeiros de suas empresas, dentre os quais faturamento bruto, valores<br />

aplica<strong>do</strong>s em investimentos de reformas, valores de compras por coleção, percentual de lucro<br />

sobre preços de vendas e prejuízos.<br />

61


8. CARACTERIZAÇÃO E PERFIL DAS EMPRESAS PESQUISADAS<br />

Loja 01 - Loja Lista Negra<br />

A loja Lista Negra, de Novo Hamburgo, comercializa desde 1989 roupas femininas e<br />

masculinas para jovens e adultos que buscam estar na moda com as últimas tendências de cada<br />

coleção. A partir da afirmação da Lista Negra no merca<strong>do</strong> da moda, ocorri<strong>do</strong> no início da década<br />

de noventa, a loja passou a oferecer também roupas <strong>do</strong> estilo social esporte. Localizada no centro<br />

da cidade, atualmente emprega 06 funcionárias, sen<strong>do</strong> 05 vende<strong>do</strong>ras e uma arrumadeira. Sua<br />

administração fica a cargo <strong>do</strong> proprietá<strong>rio</strong> Gerson Rosa, que foi entrevista<strong>do</strong>. O faturamento<br />

mensal da loja Lista Negra gira em torno de R$ 90.000,00 e sua meta é aumentar este número em<br />

15% até o ano de 2009.<br />

Loja Lista Negra – Novo Hamburgo, 2007.


Loja 02 - Loja Dispa<br />

Localizada no centro da cidade, e atuan<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> da moda desde 1987, a Loja Dispa<br />

de Sapiranga, comercializa roupas masculinas e femininas no estilo Fashion e de Surf Wear. Está<br />

instalada em um prédio com <strong>do</strong>is pisos, com mais de quatrocentos metros quadra<strong>do</strong>s de área,<br />

contan<strong>do</strong> com quinze funcioná<strong>rio</strong>s, entre vende<strong>do</strong>res, crediaristas, arrumadeiras e gerente. Seu<br />

faturamento médio gira em torno de R$ 190.000,00 mensais e dentro <strong>do</strong> planejamento sua<br />

perspectiva é que este número chegue no próximo ano em R$ 220.000,00 mensais. Os<br />

entrevista<strong>do</strong>s na empresa foram os proprietá<strong>rio</strong>s Flávio e sua esposa Lisete.<br />

Loja Dispa – Sapiranga, 2007.<br />

63


Loja 03 - Loja Tybeto’s<br />

A loja Tibeto`s está localizada no centro de Sapucaia <strong>do</strong> Sul, no mesmo ponto comercial<br />

no centro da cidade, desde 1977. Atualmente a loja dispõe de três funcionárias e de 80 metros<br />

quadra<strong>do</strong>s de loja. A pessoa entrevistada na empresa foi a proprietária e gerente Eliane Nedel,<br />

que atualmente divide as atividades da gerência da loja com a filha Roberta. Seu faturamento<br />

mensal gira em torno de R$ 70.000,00 e sua estimativa para o próximo ano é que este número<br />

alcance os R$ 80.000,00 mensais.<br />

Loja Tybeto’s – Sapucaia <strong>do</strong> Sul, 2007.<br />

64


Loja 04 - Loja Sapê<br />

Localizada no centro da cidade de São Leopol<strong>do</strong> e com mais de duzentos metros<br />

quadra<strong>do</strong>s de loja, a Sapê atua no comércio de roupas fashion desde 1984. Atualmente a Sapê<br />

possui dez funcioná<strong>rio</strong>s gerencia<strong>do</strong>s pela proprietária Bernardete, entrevistada nesta pesquisa.<br />

Loja Sapê – São Leopol<strong>do</strong>, 2007.<br />

65


9. ANÁLISE DA PESQUISA<br />

A partir da amostra selecionada de quatro empresas que comercializam moda feminina e<br />

masculina a mais de quinze anos, o presente capítulo apresenta a análise <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

através da aplicação da pesquisa descrita no capítulo ante<strong>rio</strong>r.<br />

Através <strong>do</strong> questioná<strong>rio</strong> aplica<strong>do</strong> (ANEXO I), elabora<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> a estrutura da pesquisa<br />

a<strong>do</strong>tada, procurou-se identificar os fatores de sucesso de uma empresa que comercializa moda.<br />

Mais pontualmente, a pesquisa buscou apontar quais foram os fatores determinantes para a<br />

atração e retenção <strong>do</strong>s clientes, segun<strong>do</strong> a percepção <strong>do</strong>s gestores das empresas selecionadas. Em<br />

busca disto, nas entrevistas procurou-se a apurar quais eram as aptidões empreende<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>s seus<br />

gestores, quais as estratégias de serviços a<strong>do</strong>tadas por eles (Dimensões Competitivas), bem como<br />

as características <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da moda atual na região em que atuam.<br />

A fim de clarificar e dimensionar as respostas <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s estabeleceu-se o crité<strong>rio</strong><br />

quantitativo de Fraco, Médio e Forte. Fraco quan<strong>do</strong> a resposta não teve incidência no assunto.<br />

Médio quan<strong>do</strong> a resposta atendeu em parte o tópico aborda<strong>do</strong>, e Forte quan<strong>do</strong> a resposta atendeu<br />

precisamente o que caracteriza o tema.


9.1. Análise <strong>do</strong> perfil empreende<strong>do</strong>r<br />

Tabela 5 – Perfil <strong>do</strong> empreende<strong>do</strong>r<br />

CARACTERÍSTICAS<br />

LOJAS<br />

01-Lista Negra 02-Dispa 03-Tybeto’s 04-Sapê<br />

Motivação Empreende<strong>do</strong>ra Forte Forte Médio Médio<br />

Poder visioná<strong>rio</strong> Médio Médio Fraco Fraco<br />

Paciência Forte Forte Forte Forte<br />

Agressividade Médio Forte Fraco Médio<br />

Imaginação Médio Médio Médio Forte<br />

Liderança Forte Forte Forte Médio<br />

Networking Fraco Médio Fraco Médio<br />

Gera mudanças Médio Forte Fraco Médio<br />

Estuda o merca<strong>do</strong> Fraco Médio Fraco Fraco<br />

No quesito motivação empreende<strong>do</strong>ra pode-se inferir que 50% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s<br />

caracterizaram-se com grau Forte e os outros 50% atingiram o grau Médio no mesmo quesito.<br />

Segun<strong>do</strong> as respostas fornecidas, nenhum <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s tinha conhecimento prévio sobre a<br />

atuação no segmento da moda. To<strong>do</strong>s eles arriscaram seus recursos, enfrentan<strong>do</strong> os desafios<br />

naturais de quem deixa de um emprego fixo para tentar obter sucesso numa outra atividade<br />

profissional.<br />

“...nunca teve nenhum empreende<strong>do</strong>r ou empresá<strong>rio</strong> na minha família,<br />

to<strong>do</strong>s meus familiares eram emprega<strong>do</strong>s – eu, por exemplo, trabalhei onze<br />

anos num banco e a Lisete minha esposa trabalhava numa indústria.”<br />

(Empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

“...antes eu trabalhava numa concessionária de automóveis, mas por<br />

força <strong>do</strong> meu pai que me incentivava a ter uma loja própria, decidi<br />

naquele momento sair <strong>do</strong> meu emprego e para realizar o sonho dele e o<br />

meu...” (Empresá<strong>rio</strong> 04)<br />

67


Segun<strong>do</strong> Schimid (2004), o modelo de lojas próprias é muito comum na área de varejo de<br />

moda, forma<strong>do</strong>, em muitos casos, por sócios de áreas distintas que gostam de moda, como<br />

administra<strong>do</strong>res, estilistas, entre outros. Outro grupo que a<strong>do</strong>ta este estilo são as empresas<br />

familiares. Seguin<strong>do</strong> este modelo, a empresa poderá estruturar filiais, conquistan<strong>do</strong> assim uma<br />

boa fatia <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> com estratégias de merca<strong>do</strong> diferenciadas <strong>do</strong>s seus concorrentes.<br />

Conforme Korunka et al. (2003), as características ligadas à personalidade, aos recursos<br />

pessoais, ao ambiente e às atividades organizacionais proporcionam a criação de novos negócios,<br />

impulsiona<strong>do</strong>s pelo “espírito empreende<strong>do</strong>r”.<br />

A sustentabilidade por vá<strong>rio</strong>s anos das empresas pesquisadas é a recompensa pela<br />

persistência <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s entrevista<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> Cohen (2004), grande parte das MPEs que<br />

encerram suas atividades antes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos fecham suas portas por falta de paciência e<br />

persistência <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s. Foca<strong>do</strong>s no rápi<strong>do</strong> retorno <strong>do</strong> investimento realiza<strong>do</strong> no<br />

empreendimento, desistem de seguir operan<strong>do</strong> em função <strong>do</strong> risco de um prejuízo maior em<br />

continuar atuan<strong>do</strong>. Complementan<strong>do</strong> o cita<strong>do</strong> autor, Las Casas (2005) afirma que os estrategistas<br />

devem ter paciência para obter resulta<strong>do</strong>s a longo prazo.<br />

Reconhecen<strong>do</strong> a diversidade de estilos e marcas de roupas atualmente disponíveis no<br />

merca<strong>do</strong> da moda, é possível entender por que o varejo de vestuá<strong>rio</strong> tem cresci<strong>do</strong> tanto,<br />

perden<strong>do</strong> apenas para o varejo de alimentação. Como já referi<strong>do</strong> ante<strong>rio</strong>rmente, havia no Brasil,<br />

em 2004, 305.522 estabelecimentos <strong>do</strong> ramo de minimerca<strong>do</strong>s e mercearias, contra 303.522<br />

68


estabelecimentos de varejo de vestuá<strong>rio</strong>. Ou seja, uma diferença bastante diminuta, já que ambos<br />

os setores figuravam com 11% da participação total no merca<strong>do</strong> nacional.<br />

Em vista disso, a agressividade identificada nas empresas 01, 02 e 04 demonstra que os<br />

estabelecimentos em questão reconhecem a importância de investir constantemente em seu<br />

negócio, inovan<strong>do</strong> suas lojas e procuran<strong>do</strong> criar e desenvolver possibilidades para atrair clientes.<br />

Na loja 03, a entrevistada minimizou a importância de constantemente investir em marketing, não<br />

partilhan<strong>do</strong> da inquietude de alguns de seus concorrentes em ser agressivos para chamar a<br />

atenção <strong>do</strong>s clientes. Para Las Casas (2005), ter agressividade é usar a iniciativa, inovar e criar<br />

ambientes competitivos.<br />

Em contrapartida, a imaginação em desenvolver um canal de comunicação com os<br />

clientes realmente novo e diferente <strong>do</strong>s habituais, ficou a cargo da empresa 04 que estabeleceu<br />

um programa que envolve a definição de um tema que irá nortear as demais atividades de<br />

divulgação da loja durante o ano.<br />

“Cada ano defino um tema de uma campanha que vai atingir o nosso<br />

cliente de uma forma diferente. Este ano o tema que vai nortear nossas<br />

ações de marketing é a preservação da natureza. Desenvolvemos brindes<br />

como bloquinhos de anotação com papel recicla<strong>do</strong> e um folheto<br />

explicativo de o que fazer para poluir menos a natureza. No outro ano o<br />

tema foi ação social, então realizamos diversas atividades com escolas<br />

públicas, distribuin<strong>do</strong> material escolar produzi<strong>do</strong> com outros materiais<br />

recicla<strong>do</strong>s. Tivemos um retorno bastante positivo que foi a aprovação<br />

unânime <strong>do</strong>s nossos clientes. Hoje nossos clientes sabem que compran<strong>do</strong><br />

na Sapê estará indiretamente ajudan<strong>do</strong> alguém ou para melhorar<br />

algo”.(Empresá<strong>rio</strong> 04)<br />

A liderança exercida pelos gestores pesquisa<strong>do</strong>s é notoriamente objetiva. Segun<strong>do</strong><br />

Dornelas (2001), os líderes são forma<strong>do</strong>res de equipes porque são respeita<strong>do</strong>s pelos seus<br />

69


funcioná<strong>rio</strong>s e sabem valorizá-los e recompensá-los. A rotatividade entre funcioná<strong>rio</strong>s é baixa e<br />

as demissões são realizadas com base em crité<strong>rio</strong>s claros e éticos. De forma unânime, os<br />

entrevista<strong>do</strong>s citaram que a valorização dada aos funcioná<strong>rio</strong>s torna-se um diferencial na<br />

obtenção <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e na coesão <strong>do</strong> grupo.<br />

Gosto muito das minhas funcionárias,como pessoa que são e como<br />

profissionais. Procuro trata-las com muito respeito, pois numa loja de<br />

roupas nada deve ser formal, até porque não é a proposta da nossa loja,<br />

então o ambiente de trabalho tem que ser leve e tranqüilo. E assim que eu<br />

consigo extrair o melhor delas.”(Empresária 03)<br />

O fator respeito pelo funcioná<strong>rio</strong> tem-se mostra<strong>do</strong> unânime entre to<strong>do</strong>s os entrevista<strong>do</strong>s.<br />

Percebe-se também que o líder exerce sobre o grupo uma liderança informal e próxima, o que<br />

favorece a clareza da comunicação entre eles.<br />

Pode-se dizer que pelo fato <strong>do</strong> gestor gerar mudanças constantes em seu ambiente de<br />

trabalho ele está demonstran<strong>do</strong> sempre ter agressividade ou inconformidade com a situação da<br />

empresa no merca<strong>do</strong>.<br />

“Tem uma coisa que eu procuro estar atento, que é nunca deixar o nome<br />

da loja “cair”, o visual da loja “cair”, eu tenho como regra pessoal,<br />

modernizar a loja no máximo a cada quatro anos”. (Empresá<strong>rio</strong> 01)<br />

“Para reter clientes é preciso inovar constantemente, ou seja, trazer<br />

novas idéias. Não podemos ficar nos perguntan<strong>do</strong> se é o momento para<br />

fazer uma reestruturação física na loja”. (Empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

“O merca<strong>do</strong> da moda é bastante dinâmico, então eu preciso ficar atenta a<br />

todas as mudanças seja na moda ou de conceito” (Empresá<strong>rio</strong> 04)<br />

No que concerne à atenção <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s quanto ao comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, os<br />

empresá<strong>rio</strong>s das lojas 02 e 04 optam por trabalhar com agências de publicidade que, segun<strong>do</strong><br />

eles, ajudam a monitorar o comportamento <strong>do</strong>s clientes, recomendan<strong>do</strong> as abordagens mais<br />

70


condizentes a cada momento. No entendimento <strong>do</strong>s gestores ouvi<strong>do</strong>s, os aspectos que alteram o<br />

comportamento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> são motiva<strong>do</strong>s principalmente pelos consumi<strong>do</strong>res da moda, pois<br />

nem to<strong>do</strong>s os estilos são bem recebi<strong>do</strong>s pelos clientes. Para isso, como sugere a gestora da<br />

empresa 04, é preciso fazer testes.<br />

“Em se tratan<strong>do</strong> de moda, nem toda tendência “pega” como a gente<br />

imagina. Quan<strong>do</strong> uma coleção nova é lançada, estilizadas num material<br />

diferente, com algum outro detalhe ou mesmo outro tom de cor. Procuro<br />

ser cautelosa compran<strong>do</strong> apenas algumas peças para ver a aceitação <strong>do</strong><br />

público. Como por exemplo, nesta época <strong>do</strong> ano, as revistas<br />

especializadas estão falan<strong>do</strong> que as cores cítricas como o verde mais<br />

clarinho e o laranja tomarão conta da coleção primavera/verão. As peças<br />

que comprei nestas cores até agora não tiveram saída, e sei que nem<br />

sempre os especialistas acertam.” (Empresaria 04)<br />

É necessá<strong>rio</strong> que o gestor fique muito atento ao ciclo de vida <strong>do</strong>s produtos, notadamente<br />

em se tratan<strong>do</strong> de artigos de moda. Comprar grandes quantidades de um determina<strong>do</strong> produto<br />

pode comprometer o capital de giro e a margem de contribuição da empresa, caso tal produto não<br />

seja vendi<strong>do</strong>.<br />

71


9.2. Análise das dimensões competitivas<br />

Tabela 6 – Dimensões Competitivas de Serviços<br />

DIMENSÕES<br />

LOJAS<br />

COMPETITIVAS 01-Lista Negra 02-Dispa 03-Tybeto’s 04-Sapê<br />

Dinamismo Forte Forte Forte Forte<br />

Segurança/Treinamento Forte Forte Médio Forte<br />

Atendimento Forte Forte Forte Forte<br />

Entrega Forte Forte Forte Forte<br />

Custos Fraco Fraco Fraco Fraco<br />

Aparência Forte Forte Médio Forte<br />

Acesso Fraco Médio Fraco Fraco<br />

Inovação Forte Forte Forte Forte<br />

Remuneração variável Forte Forte Forte Forte<br />

Imagem Médio Médio Médio Médio<br />

A partir da coleta de da<strong>do</strong>s, observa-se que os adjetivos inovação e dinamismo são<br />

seguidamente cita<strong>do</strong>s pelos entrevista<strong>do</strong>s, ilustran<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o discurso que envolve o necessá<strong>rio</strong><br />

para a manutenção <strong>do</strong> sucesso neste merca<strong>do</strong>. Ou melhor, percebe-se que não só pela moda estar<br />

diretamente associada ao moderno e ao novo, mas também pela disseminação de canais de<br />

comunicação como a Internet, o consumo por parte <strong>do</strong>s clientes pelo que é inova<strong>do</strong>r torna-se<br />

ainda mais acelera<strong>do</strong>.<br />

“Hoje o cliente entra no site de uma marca mundialmente conhecida, e<br />

vem pra loja com a referência já pra comprar o produto. Então a grande<br />

diferença está aí, onde antes nós o lojista apresentava o novo, agora o<br />

cliente vem pra loja só pra buscar o produto”. (Empresá<strong>rio</strong> da loja 02)<br />

72


Para Lezana (2002), a inovação é o instrumento específico <strong>do</strong>s empreende<strong>do</strong>res, meio<br />

pelo qual exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. E<br />

pelo fato de um empreende<strong>do</strong>r criar algo novo ou algo diferente, transforma e muda o valor <strong>do</strong>s<br />

produtos.<br />

Analisan<strong>do</strong> o conteú<strong>do</strong> da pesquisa sob o prisma das Dimensões Competitivas de um<br />

negócio, percebe-se que os empresá<strong>rio</strong>s dedicam atenção especial aos quesitos Atendimento,<br />

Segurança e Entrega. Verifica-se, também, que eles estão preocupa<strong>do</strong>s com os aspectos como a<br />

qualidade da informação ao cliente sobre os produtos que comercializam, bem como com a<br />

entrega imediata <strong>do</strong> produto numa embalagem estilizada e bonita. A disseminação das<br />

informações sobre cada nova coleção não se caracteriza por ser apenas cíclica, mas sim, cada<br />

nova coleção tem seus produtos e suas especificidades.<br />

A cada início de coleção a gente promove entre os funcioná<strong>rio</strong>s um<br />

Workshop de apresentação da coleção. Que consiste no seguinte: os<br />

funcioná<strong>rio</strong>s se dividem em grupos de duas ou três pessoas para coletar<br />

mais informações a respeito da nova coleção. Disponibilizamos internet,<br />

revistas especializadas e informações de fornece<strong>do</strong>res para que eles<br />

preparem a apresentação. Esta atividade visa disseminar o conhecimento<br />

entre to<strong>do</strong>s e também padronizar a linguagem de venda entre os<br />

vende<strong>do</strong>res. (Empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

O empresá<strong>rio</strong> 01 reforça a idéia de que estabelecer uma linguagem única através <strong>do</strong> visual<br />

da loja favorece o estabelecimento de uma comunicação clara entre o vende<strong>do</strong>r e o cliente.<br />

“O uniforme das funcionárias tem que ser básico porque na verdade eu<br />

tenho vá<strong>rio</strong>s tipos de clientes, então tem que ser muito neutro para que<br />

não comprometa em nada o processo de venda. As roupas que tem que<br />

chamar a atenção tem que ser as que estão no cabide para venda e não as<br />

roupas das vende<strong>do</strong>ras”. (Empresá<strong>rio</strong> 01)<br />

Incentivar os funcioná<strong>rio</strong>s a participar de cursos e palestras sobre qualidade no<br />

atendimento e abordagens de vendas, em agremiações municipais como o Câmara de Dirigentes<br />

73


Lojistas (CDL) e a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACIS), também faz parte <strong>do</strong><br />

processo de aprimoramento <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s aos funcioná<strong>rio</strong>s das lojas estudadas. O fato<br />

de os empresá<strong>rio</strong>s incentivarem seus vende<strong>do</strong>res a buscar informações em revistas especializadas<br />

e internet sobre as coleções revela que há uma carência no merca<strong>do</strong> de treinamentos específicos<br />

sobre comercialização de moda.<br />

Na categoria de pesquisa Aparência, percebe-se que todas as lojas estão preocupadas e<br />

investem em layout em média a cada <strong>do</strong>is anos, ou seja, entendem que proporcionar<br />

pe<strong>rio</strong>dicamente um ambiente remodela<strong>do</strong> e novo para seus clientes é fundamental para<br />

manterem-se atualizadas e modernas. Conforme cita<strong>do</strong> nas entrevistas <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s 01, 02 e<br />

04:<br />

Então percebo que os detalhes na estilização da loja são muito<br />

importantes por que fazem com que a gente transmita para os clientes um<br />

conceito moderno de estilo e de moda. (Empresá<strong>rio</strong> loja 04)<br />

Eu procuro estar atento, para nunca deixar o nome da loja ‘cair’, o visual<br />

da loja ‘cair’ eu tenho como regra pessoal, modernizar a loja totalmente<br />

no máximo a cada <strong>do</strong>is/três anos. (Empresá<strong>rio</strong> loja 01)<br />

Apenas a empresária da loja 03 disse que a reformulação <strong>do</strong>s espaços da loja, embora<br />

importante, não representa aspecto tão determinantes quanto o demonstra<strong>do</strong> pelos demais<br />

empresá<strong>rio</strong>s.<br />

Ultimamente procuro investir menos em reformas na loja, houve tempos<br />

que eu me preocupava muito com o visual da loja, hoje prezo mais pela<br />

organização e pelo valor <strong>do</strong> investimento que vou ter que fazer antes de<br />

fazer uma reforma. Então sou mais cautelosa hoje.(Empresá<strong>rio</strong> 03)<br />

74


Portanto, há evidências de que a inovação, caracterizada neste caso pela reestruturação<br />

<strong>do</strong>s seus espaços físicos, é um fator determinante e que merece atenção especial na administração<br />

de uma loja de vestuá<strong>rio</strong> que busca atrair e reter novos clientes.<br />

Simon (2003) explica que o entendimento de um merca<strong>do</strong> pode apresentar várias<br />

dimensões: o produto, a tecnologia e as necessidades <strong>do</strong> cliente. A oferta de vantagens, o<br />

atendimento às necessidades e aos desejos <strong>do</strong>s clientes é, sem dúvida, a melhor maneira de<br />

conquistá-los e de fidelizá-los. As vantagens podem ser oferecidas por meio da qualidade, <strong>do</strong><br />

atendimento, da rapidez, de preços menores, da limpeza, da atenção, <strong>do</strong> agra<strong>do</strong>, <strong>do</strong> respeito, entre<br />

outros aspectos.<br />

A flexibilidade é um aspecto que compõe as Dimensões Competitivas de negócio. Por se<br />

tratar de prestação de serviços e comércio de produtos, pode-se dizer que é mais fácil ou um<br />

pouco menos complexo se compara<strong>do</strong> a um sistema produtivo. O nível de maleabilidade ou<br />

flexibilidade que a empresa terá é uma decisão <strong>do</strong> seu gestor. A flexibilidade, no entanto, deve<br />

ser aplicada e/ou limitada a procedimentos que não comprometam os objetivos financeiros da<br />

empresa. Um exemplo prático de situações que podem comprometer o capital de giro da empresa<br />

ocorre quan<strong>do</strong> o cliente quer fazer uma troca de produtos que estão em promoção da coleção<br />

antiga, por produtos da nova coleção.<br />

“Se eu faço liquidação de inverno é porque eu quero me desfazer <strong>do</strong><br />

estoque que eu tenho e fazer ‘caixa’ para comprar produtos da próxima<br />

estação. Aí um cliente chega e leva uma roupa de inverno destas que<br />

estava na liquidação. Passa uma semana, o clima dá uma esquentadinha,<br />

e aí vem sempre uns dez clientes queren<strong>do</strong> trocar por roupas da nova da<br />

coleção de verão. Se eu não vender estas roupas agora, só vou vendê-las<br />

no próximo ano, e isto é muito ruim pra mim, porque preciso fazer capital<br />

de giro. Minha loja vende roupas e não troca roupas. Não é justo se eu<br />

75


fizer isto, preciso me preservar como empresá<strong>rio</strong>. Tenho um cartaz e aviso<br />

quan<strong>do</strong> a pessoa leva a roupa desta condição de não trocar roupas que<br />

estão na liquidação”. (Empresá<strong>rio</strong> 01)<br />

O dinamismo foi cita<strong>do</strong> pelos entrevista<strong>do</strong>s como um fator fundamental para a geração<br />

de sustentabilidade para quem trabalha com moda. Foi um ponto aborda<strong>do</strong> unanimemente pelos<br />

empresá<strong>rio</strong>s quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre “o que era fundamental para se obter bons faturamentos<br />

neste segmento de negócio”.<br />

“O merca<strong>do</strong> da moda é bastante dinâmico, então o dinamismo neste<br />

segmento é fundamental. Por exemplo: passou um tempo, já não é mais<br />

aquela cor, aquele detalhe ou aquele material, então se você não tiver o<br />

time certo, você tem que ‘torrar’ aquela roupa, e com isso você reduz<br />

muito a sua lucratividade”. (empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

“Você precisa ser muito ágil, devi<strong>do</strong> a grande concorrência se você não<br />

tiver o produto que ele veio na sua loja pra comprar, ele vai e compra na<br />

loja ao la<strong>do</strong>. Neste senti<strong>do</strong>, fica muito difícil fidelizar cliente hoje em dia”<br />

(Empresá<strong>rio</strong> 03).<br />

Voltadas para atrair e reter clientes, as lojas estudadas investem pe<strong>rio</strong>dicamente em<br />

layout. Segun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s entrevista<strong>do</strong>s, para vender roupas estilizadas é importante<br />

demonstrar também um conceito moderno de ambiente. Por este fator, há fortes evidências de<br />

que a reformulação periódica de espaços contribui para atrair e reter clientes.<br />

Segun<strong>do</strong> Cappellieri (2007, p36), “Hoje a velocidade na moda é um aspecto que mais se<br />

deve refletir. Não é possível manter um conceito novo (uma nova coleção) por um tempo<br />

supe<strong>rio</strong>r a trinta dias com exclusividade. Tu<strong>do</strong> evolui rapidamente e logo é copia<strong>do</strong>”.<br />

76


Quan<strong>do</strong> questiona<strong>do</strong>s sobre os custos, to<strong>do</strong>s os empresá<strong>rio</strong>s declararam não dedicar a<br />

atenção necessária para um ajuste preventivo no controle de suas finanças. O fato de não haver<br />

atenção específica com relação aos custos operacionais denota um certo descaso para com um<br />

fator tão importante <strong>do</strong> planejamento estratégico nestas empresas.<br />

Bhide (1994) identifica que pequenos empreende<strong>do</strong>res costumam usar abordagens rápidas<br />

e baratas, que representem um meio termo entre a total ausência de planejamento e o<br />

desenvolvimento de planos amplos e minuciosos. Cancelier (2001) ressalta que por não<br />

comportarem os custos e as exigências de um planejamento extenso e analítico, os dirigentes de<br />

pequenas empresas tendem a agir relativamente adaptan<strong>do</strong>-se às novas condições oferecidas pelo<br />

ambiente.<br />

A aparência percebida na loja 03 difere da aparência presenciada nos demais<br />

estabelecimentos, uma vez que a disposição de expositores, iluminação e espaço não condiz com<br />

o ambiente moderno menciona<strong>do</strong> pelo entrevista<strong>do</strong>. Nas empresas 01, 02 e 04, o quesito<br />

aparência demonstra ser agradável, compatibilizan<strong>do</strong>-se perfeitamente com a proposta <strong>do</strong><br />

estabelecimento.<br />

O acesso, que se refere à forma de comunicação que é praticada entre o cliente e a loja, é<br />

um fator pouco utiliza<strong>do</strong> pelas empresas entrevistadas. Na ótica <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s das lojas 01, 03<br />

e 04, a falta de tempo para atender os clientes atraves buscar és de e-mails e até mesmo a baixa<br />

procura por parte <strong>do</strong>s deles por este tipo de canal de comunicação para os seus clientes. O<br />

77


empresá<strong>rio</strong> da loja 02 disse que além de possuir um mural de sugestões e reclamações no seu site,<br />

ele mantém uma página de divulgação no Orkut.<br />

“...temos uma comunidade no Orkut, onde o pessoal que se conhece e<br />

compra na loja troca idéias sobre moda (muito mais as mulheres)”.<br />

Temos um site, que tem um mural de reca<strong>do</strong>s e promovemos ali a<br />

interação entre os clientes e a loja (reclamações e sugestões) (Empresá<strong>rio</strong><br />

02).<br />

Dentre todas as empresas estudadas, nenhum <strong>do</strong>s gestores afirma que impõe algum tipo de<br />

quota ou meta de vendas para seus vende<strong>do</strong>res. Porém, to<strong>do</strong>s concedem uma remuneração<br />

variável sobre o salá<strong>rio</strong> fixo, pela quantidade de vendas de cada vende<strong>do</strong>r.<br />

9.3. Análise <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da moda<br />

Segun<strong>do</strong> a bibliografia consultada na elaboração deste trabalho, verifica-se que o merca<strong>do</strong><br />

da moda apresenta especificidades que o diferenciam de outros segmentos merca<strong>do</strong>lógicos.<br />

Outrossim, mesmo tratan<strong>do</strong>-se de um setor com extrema concorrência, observa-se na percepção<br />

<strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s que ainda é possível obter bons resulta<strong>do</strong>s por meio da prestação de serviços de<br />

qualidade neste segmento de comércio.<br />

As preferências pessoais de quem trabalha com moda ou até mesmo a frivolidade de quem<br />

consome moda contrapõem-se, de certa forma, à expressão definida por Pascolato (1999), para<br />

quem a roupa deve ser tratada como sen<strong>do</strong> “O produto com Alma”. Independentemente <strong>do</strong> tipo<br />

de roupa (saia, sapato, calça, camisa, etc.), ao comprar é preciso escolher com mais informação e<br />

menos ansiedade. Comprar um original ao invés de várias cópias. Buscar distinção, versatilidade,<br />

vida longa: é esta a alma <strong>do</strong> produto.<br />

78


Com base na pesquisas <strong>do</strong> perfil de consumi<strong>do</strong>r, realizadas por agências de propagandas<br />

contratadas pelas lojas 02 e 04, percebe-se que o cliente que consome moda nos estabeleci<strong>do</strong>s<br />

estuda<strong>do</strong>s é geralmente jovem. Os homens têm idade entre 18 e 30 anos, ao passo que as<br />

mulheres situam-se na faixa etária compreendida entre 16 e 35 anos. Os jovens são mais atentos e<br />

geralmente possuem mais acesso a informações sobre moda. Isso sem contar que normalmente<br />

dispõem de mais tempo para debater sobre aspectos liga<strong>do</strong>s a moda, estilo e inovações,<br />

conferin<strong>do</strong> bastante relevância a estes temas. Basta, a propósito, lembrar que o jovem<br />

normalmente repara naquilo que outros jovens estão vestin<strong>do</strong>.<br />

Outro aspecto observa<strong>do</strong> a partir da pesquisa efetuada diz respeito à captação de clientes,<br />

que não se sustenta apenas por promoções ou por facilidades no pagamento <strong>do</strong>s produtos. A<br />

empresária da loja 04, por exemplo, disponibiliza sucos, chás e balas para os clientes que estão<br />

cansa<strong>do</strong>s de caminhar pelo centro cidade, a fim de que se sintam bem e não tenham pressa de<br />

comprar ou ir embora.<br />

Como a minha loja é na rua grande as pessoas geralmente estacionam o<br />

carro num lugar, as vezes longe. Então por exemplo, sába<strong>do</strong>, comprei<br />

bastante água, faço suco, compro pirulito, bala, balão para que to<strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> que venha na loja não sinta aquela vontade inconsciente de ir<br />

embora. Minha loja foi uma das primeiras a ter ar-condiciona<strong>do</strong>, por<br />

quê? Desde muito tempo precisamos competir com as lojas <strong>do</strong>s<br />

shoppings. (Empresá<strong>rio</strong> 04)<br />

A imagem externa e, principalmente, interna da loja também é item que demanda atenção<br />

especial por parte <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s, uma vez que imagem tem tu<strong>do</strong> a ver com moda. De fato, um<br />

ambiente agradável e estiliza<strong>do</strong> dentro de um padrão de modernidade, não só atrai o cliente para<br />

dentro da loja, como também cria um verdadeiro conceito sobre ela.<br />

79


Para reter o nosso cliente é preciso inovar constantemente, ou seja, trazer<br />

novas idéias. Porque botar uma TV de plasma dentro da loja? Para que o<br />

cliente se inspire no moderno, num novo conceito e se sinta bem. Se for<br />

moderno tenho certeza que os nossos clientes vão gostar e pra mim dá<br />

uma certa garantia de estar atualiza<strong>do</strong> (Empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

Também é preciso considerar que o fácil acesso <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res a informações acerca<br />

<strong>do</strong>s produtos comercializa<strong>do</strong>s – muitos deles de marcas consagradas e, portanto, já bastante<br />

conheci<strong>do</strong>s da população em geral – poderia, num primeiro momento, dar a impressão de que não<br />

haveria espaço para a prestação de serviços diferença<strong>do</strong>s no comércio de vestuá<strong>rio</strong>. Não é isso,<br />

contu<strong>do</strong>, o que revelaram os empresá<strong>rio</strong>s das lojas 01, 02 e 04.<br />

A gente comenta muito com os nossos vende<strong>do</strong>res que eles não vendem<br />

roupas e sim vendem sonhos. Por que os clientes que entram na minha<br />

loja para apenas comprar mais uma roupa. Eles querem estar na moda,<br />

estiliza<strong>do</strong>s e modernos. (Empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

É preciso demonstrar credibilidade no momento da venda, costumo dizer<br />

que nós não temos vende<strong>do</strong>res e sim consultores de venda, por isso<br />

capacitamos nossos funcioná<strong>rio</strong>s para conjugar as peças que o cliente<br />

está compran<strong>do</strong> da melhor maneira. (Empresá<strong>rio</strong> 02)<br />

Portanto, não basta ter produtos de qualidade e ítens diferencia<strong>do</strong>s. O empresá<strong>rio</strong> precisa<br />

reconhecer que não comercializa apenas roupas, mas sim, artigos de moda; produtos que recaem<br />

e influenciam diretamente o comportamento humano. Seus serviços, assim, podem abranger além<br />

da simples comercialização de ítens de vestuá<strong>rio</strong>, orientação aos clientes, auxilian<strong>do</strong>-os, por<br />

exemplo, a compor da melhor forma as peças que foram adquiridas.<br />

No decorrer da pesquisa, a categoria pesquisada qualidade no atendimento mostrou-se<br />

determinante para o sucesso das empresas investigadas, segun<strong>do</strong> a percepção <strong>do</strong>s gestores, pois<br />

to<strong>do</strong>s afirmaram que desde o início de suas atividades sempre foram rigorosos em relação à<br />

80


qualidade <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s aos clientes. Consideram que a satisfação <strong>do</strong>s clientes quanto à<br />

qualidade <strong>do</strong>s serviços é o principal fator que conduziu à consolidação <strong>do</strong> sucesso das suas<br />

empresas. Muitos investem no senti<strong>do</strong> de conhecer o grau desta satisfação em relação à qualidade<br />

<strong>do</strong>s produtos e <strong>do</strong>s serviços. Outro fator identifica<strong>do</strong> é que as empresas associam a qualidade <strong>do</strong>s<br />

seus serviços com a quantidade de trocas que precisam realizar num determina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>. Este<br />

re-trabalho é visto como uma forma indireta de redução de custos de pessoal.<br />

Em relação à preocupação com as estratégias de marketing estabelecidas pelos<br />

concorrentes, todas afirmaram que procuram realizar seus investimentos basea<strong>do</strong>s em si mesmos<br />

como forma de serem forçadas a fazer investimentos seguidamente.<br />

Ao invés de gastar dinheiro com anúncio de rádio ou de televisão, invisto<br />

em qualidade de atendimento dentro da minha loja, por exemplo, <strong>do</strong>u um<br />

CD ou um chinelinho, este tipo de coisas que eu acho mais vantajoso para<br />

o cliente. E assim atinjo diretamente o meu cliente. (Empresá<strong>rio</strong> 04)<br />

Eventualmente contrato um carro de som ou faço anúncio em jornal da<br />

região para divulgar alguma promoção ou liquidação, mas nada de<br />

periódico. Procuro mais investir no atendimento para que no boca-boca<br />

<strong>do</strong>s nossos clientes as pessoas venham até a minha loja. (Empresá<strong>rio</strong> 03).<br />

Cada empresa estudada utiliza uma forma diferente de divulgar a sua loja ou suas<br />

promoções. O empresá<strong>rio</strong> 01 procura principalmente investir na vitrine e nas suas sacolas,<br />

afirman<strong>do</strong>:<br />

Procuro sempre ter uma sacola legal, porque ninguém põe fora uma<br />

sacola depois que compra uma roupa se a sacola for bonita. Então eu<br />

acompanho bem de perto o processo de elaboração das sacolas novas.<br />

Aliás, procuro ter sacolas de tamanhos diferencia<strong>do</strong>s que só eu tenho.<br />

Procuro fazer anúncios eventualmente em jornal e/ou revista local e<br />

vitrine. (Empresá<strong>rio</strong> 01)<br />

81


O empresá<strong>rio</strong> 02 diversifica as suas ações de marketing pois trabalha com uma agência<br />

que organiza tais estratégias.<br />

Trabalhamos com uma agência de marketing. Investimos em embalagens<br />

através das nossas sacolas. Trabalha-se muito com marketing interno, ou<br />

seja, atenden<strong>do</strong> bem as pessoas que vem na loja. Eventualmente<br />

patrocinamos shows, como no início deste ano que Dispa aju<strong>do</strong>u a trazer<br />

a banda O Rappa, temos um front lite na BR-116, temos um site bem<br />

bacana com o qual a gente faz sorteios de peças para os nossos clientes. E<br />

também temos uma comunidade no Orkut, onde o pessoal que se conhece<br />

e compra na loja troca idéias sobre moda. Temos um site, que tem um<br />

mural e promove a interação entre os clientes e a loja.<br />

A empresária da loja 03 utiliza mais carros de som e o “boca-a-boca”, pois, segun<strong>do</strong> ela,<br />

esta é a maneira mais barata e instantânea de promover a loja. Na sua opinião, especialmente em<br />

função <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s custos, outras formas de propaganda, tais como anúncios em rádio, acabam<br />

não geran<strong>do</strong> o retorno espera<strong>do</strong>.<br />

Não possuo uma agência específica para fazer as campanhas<br />

promocionais e também não utilizo nenhum mecanismo medi<strong>do</strong>r para<br />

avaliar em que momento preciso realizar uma campanha de marketing.<br />

Contrato um carro de som e eventualmente faço anuncio em jornal da<br />

região para divulgar alguma promoção ou liquidação, mas nada de<br />

periódico. Procuro mais investir no atendimento para que no ‘boca-boca’<br />

<strong>do</strong>s nossos clientes as pessoas venha até a minha loja.<br />

A empresária da loja 04 prefere atingir o seu público pontualmente, oferecen<strong>do</strong> serviços<br />

de lanches e presentean<strong>do</strong> os clientes que compram na loja com um CD ou chinelo, ou seja, com<br />

ítens volta<strong>do</strong>s para o lazer e a satisfação <strong>do</strong> cliente.<br />

Não anuncio em jornal nem em rádio, porque se você compra na minha<br />

loja e num determina<strong>do</strong> dia que sai o anúncio no jornal você não vai ler<br />

por algum motivo, não vai fazer senti<strong>do</strong> eu ter anuncia<strong>do</strong>. Com o dinheiro<br />

que eu gastaria fazen<strong>do</strong> este tipo de anúncio de rádio ou de televisão, eu<br />

invisto em qualidade <strong>do</strong>s serviços dentro da minha loja, por exemplo, <strong>do</strong>u<br />

um CD, teve uns tempos atrás no inverno que eu dei um chinelinho, este<br />

tipo de coisas que eu acho mais vantajoso para o cliente. E assim atinjo<br />

diretamente que é meu cliente.<br />

82


Bhide (1994) identifica que pequenos empreende<strong>do</strong>res costumam usar abordagens rápidas<br />

e baratas, que representam um meio termo entre a total ausência de planejamento e o<br />

desenvolvimento de planos amplos e minuciosos. Cancelier (2001) ressalta que por não<br />

comportarem os custos e as exigências de um planejamento extenso e analítico, os dirigentes de<br />

pequenas empresas tendem a agir relativamente adaptan<strong>do</strong>-se às novas condições oferecidas pelo<br />

ambiente.<br />

83


10. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A idéia central da pesquisa foi verificar como empresá<strong>rio</strong>s que comercializam moda<br />

administram os serviços presta<strong>do</strong>s em seus estabelecimentos. Procedeu-se, assim, a um estu<strong>do</strong> de<br />

casos múltiplos, por meio de uma pesquisa exploratória, a fim de identificar como os gestores das<br />

lojas Lista Negra, Dispa, Tybeto’s e Sapê atuam para atrair e reter clientes.<br />

A partir da definição <strong>do</strong> problema e <strong>do</strong>s objetivos propostos para este estu<strong>do</strong>, basean<strong>do</strong>-se<br />

no referencial teórico apresenta<strong>do</strong>, chegou-se a um conjunto de conclusões com suporte na<br />

pesquisa exploratória, realizada com os empresá<strong>rio</strong>s das lojas acima referidas.<br />

O objetivo geral de identificar quais as estratégias utilizadas para atrair e reter clientes nas<br />

micro e pequenas empresas que comercializam moda foi alcança<strong>do</strong>. Investir pe<strong>rio</strong>dicamente no<br />

layout da loja mostran<strong>do</strong>-se modernas para seus clientes e também nos serviços ofereci<strong>do</strong>s pelos<br />

seus funcioná<strong>rio</strong>s, para os entrevista<strong>do</strong>s é a melhor maneira de atrair e reter os seus clientes. Da<br />

mesma forma, os objetivos específicos deste trabalho de identificar quais os principais aspectos<br />

que envolvem a administração <strong>do</strong>s serviços das empresas que comercializam moda; apontar qual<br />

a percepção <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s sobre os serviços que oferecem e; diagnosticar os procedimentos<br />

administrativos a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s para qualificar os serviços ofereci<strong>do</strong>s - também foram atingi<strong>do</strong>s. Estar<br />

sempre atento às tendências de estilos pode ser decisivo para a perseverança de uma empresa.


Mostrar-se atrativa para os seus clientes é um desafio constante, a distinção visual aliada à<br />

conjugação de peças de roupas é reflete o moderno. A qualidade <strong>do</strong>s serviços pode ser<br />

mensurada pelo volume <strong>do</strong> faturamento de um estabelecimento. Para tanto, investir<br />

constantemente no treinamento de seus funcioná<strong>rio</strong>s, e também disponibilizan<strong>do</strong> a maior<br />

quantidade possível de material sobre o assunto para os mesmos, favorece o seu aperfeiçoamento.<br />

Sobre a administração <strong>do</strong>s serviços, pôde-se constatar que muito embora as empresas<br />

estudadas tenham adquiri<strong>do</strong> um reconhecimento respeitável dentro <strong>do</strong>s cená<strong>rio</strong>s de comércio em<br />

que atuam, ainda necessitam padronizar e organizar melhor a forma pela qual vem gerin<strong>do</strong> os<br />

seus serviços. Justificam os empresá<strong>rio</strong>s entrevista<strong>do</strong>s que o merca<strong>do</strong> não oferece cursos e<br />

treinamentos específicos para o comércio da moda, mas apenas cursos gerais, volta<strong>do</strong>s para a<br />

comercialização de to<strong>do</strong> tipo de produto, o que dificultaria o aperfeiçoamento <strong>do</strong>s seus serviços.<br />

Todavia, to<strong>do</strong>s os gestores pesquisa<strong>do</strong>s mostraram-se preocupa<strong>do</strong>s em qualificar e aprimorar os<br />

serviços que oferecem, visan<strong>do</strong> aumentar suas vendas.<br />

O conhecimento sobre os estilos e as tendências de cada coleção é dissemina<strong>do</strong> entre os<br />

vende<strong>do</strong>res das lojas 02 e 04 de forma bastante criativa. Estas empresas organizam grupos de<br />

vende<strong>do</strong>res a fim buscar informações e coletar da<strong>do</strong>s sobre lançamentos na área da moda. Num<br />

segun<strong>do</strong> momento, os vende<strong>do</strong>res discutem entre si, nos diversos grupos, quais as conjugações de<br />

peças e cores que formam a tendência da nova coleção. Este exercício serve também para<br />

disseminar conceitos relativos à adequação de roupas para cada cliente segun<strong>do</strong> o seu biotipo<br />

(gor<strong>do</strong>, magro, alto, baixo, conforme os diferentes tipos de cabelo, de pele, etc.). Esta forma de<br />

compartilhamento de informações fez com que empresá<strong>rio</strong>s e vende<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s<br />

85


estabelecimentos (lojas 02 e 04) refletissem sobre os serviços que estão sen<strong>do</strong> presta<strong>do</strong>s e<br />

também sobre a melhor maneira de aprimorá-los. Constatou-se, de outro la<strong>do</strong>, que os gestores das<br />

lojas 01 e 03 não percebem claramente – ou melhor, de forma tão precisa - a forma como<br />

oferecem os seus serviços, concordan<strong>do</strong>, todavia, que podem buscar alternativas dentro da<br />

própria empresa para qualificar a sua atuação.<br />

Neste estu<strong>do</strong>, observou-se, ainda, que juntamente com o crescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de<br />

varejo de moda, vem ocorren<strong>do</strong> um movimento comportamental de parte <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, que,<br />

a cada dia, se tornam mais exigentes na escolha de produtos e serviços. Esta mudança de atitude é<br />

fruto de diversos fatores relaciona<strong>do</strong>s à globalização, ao processo de estabilização da economia<br />

nacional e ao crescimento substancial da variedade de produtos e serviços que o merca<strong>do</strong> oferece<br />

atualmente.<br />

Constatou-se também que o consumi<strong>do</strong>r da moda está cada vez mais informa<strong>do</strong> sobre<br />

produtos e tendências e, com isso, tem passa<strong>do</strong> a exigir não só mais qualidade, mas também mais<br />

variedade e diversidade de opções.<br />

Corroboran<strong>do</strong> esta idéia, observa-se que o cliente atual vasculha sites de marcas<br />

consagradas e espera que aqueles produtos consulta<strong>do</strong>s no “mun<strong>do</strong> virtual” estejam disponíveis<br />

na loja perto da sua casa. Isto, porém, nem sempre é possível para o empresá<strong>rio</strong> – em particular<br />

para os micro e pequenos -, devi<strong>do</strong> a fatores como escassez de recursos financeiros para<br />

investimentos em toda uma linha nova e mesmo limitações físicas em seu estabelecimento.<br />

Segun<strong>do</strong> Gianesi (1994), o perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r vem mudan<strong>do</strong> gradativamente - o que deve ser<br />

86


leva<strong>do</strong> em consideração pelos empresá<strong>rio</strong>s. O cliente atual passa a exigir mais, por ter acesso a<br />

varia<strong>do</strong>s tipos de produtos e em qualquer lugar. Efeito proporciona<strong>do</strong> pela múltipla conectividade<br />

com o merca<strong>do</strong>, o consumi<strong>do</strong>r moderno busca além <strong>do</strong> bom relacionamento e <strong>do</strong> bom<br />

atendimento, produtos de qualidade. Torna-se, assim, praticamente impossível adquirir to<strong>do</strong>s os<br />

produtos das mais diferentes linhas, uma vez que as lojas estudadas trabalham com no mínimo<br />

dez marcas diferentes.<br />

Em contrapartida, os entrevista<strong>do</strong>s citaram que apenas um produto diferencia<strong>do</strong> e de<br />

qualidade não garante boas vendas. Avalian<strong>do</strong> este contexto, o presente estu<strong>do</strong> abor<strong>do</strong>u este<br />

fenômeno comportamental <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, que demanda <strong>do</strong>s empresá<strong>rio</strong>s um posicionamento<br />

estratégico qualifica<strong>do</strong> e o desenvolvimento de ações direcionadas neste setor.<br />

A continuidade no processo evolutivo <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> varejista de moda revela que os<br />

empresá<strong>rio</strong>s precisam estreitar a comunicação com seus clientes. Conhecen<strong>do</strong> melhor o seu<br />

público-alvo, as empresas certamente obterão mais lucros, reduzin<strong>do</strong>, consideravelmente, a<br />

necessidade de liquidar produtos “encalha<strong>do</strong>s” em suas prateleiras. A propósito, <strong>vale</strong> lembrar que<br />

a moda, cada vez mais, impõe “prazo de validade” aos produtos, e o que era tendência inova<strong>do</strong>ra<br />

hoje, amanhã já estará ultrapassa<strong>do</strong> (démodé). Portanto, exercer uma gestão qualificada, com<br />

foco no consumi<strong>do</strong>r, é fundamental para que as lojas vendam o máximo de produtos sem<br />

necessitar fazer promoções ou liquidações, reduzin<strong>do</strong> sua margem de lucro.<br />

87


Portanto, pode-se concluir que a concentração de esforços mútuos, entre gestor e<br />

funcioná<strong>rio</strong>s, no aprimoramento <strong>do</strong>s serviços ofereci<strong>do</strong>s, é fundamental para a sustentabilidade de<br />

uma empresa que comercializa moda.<br />

É indiscutível que as empresas têm dedica<strong>do</strong> mais atenção à qualidade de seus serviços,<br />

na medida em que bons serviços as ajudam a promover e agregar valor a seus produtos. Não<br />

basta oferecer produtos de qualidade ou estiliza<strong>do</strong>s pelo que dita a última moda se o atendimento<br />

presta<strong>do</strong> pela loja não tem qualidade. Oferecer um bom atendimento ao cliente o convence de que<br />

ele não está realizan<strong>do</strong> uma simples compra, mas sim, um verdadeiro investimento em si mesmo.<br />

Neste contexto, a administração <strong>do</strong>s serviços assume papel de destaque para as<br />

organizações, especialmente àquelas inseridas num merca<strong>do</strong> com forte concorrência como ocorre<br />

com o comércio varejista de vestuá<strong>rio</strong>. Isto porque prestar serviços de qualidade é retorno em<br />

lucro na certa para a empresa.<br />

Finalmente, pode-se assegurar que o presente estu<strong>do</strong>, longe de pretender esgotar o tema,<br />

procurou identificar alguns aspectos liga<strong>do</strong>s à administração de serviços na área <strong>do</strong> comércio<br />

varejista da moda, foca<strong>do</strong> na atuação de micro e pequenas empresas. O trabalho elabora<strong>do</strong> serviu<br />

para contribuir que, certamente, poderão ser objeto de futuras investigações – mais profundas e<br />

detalhadas -, acerca desse interessante tema liga<strong>do</strong> à administração de serviços. Recomenda-se<br />

outros estu<strong>do</strong>s na área como: desenvolver um plano de negócio volta<strong>do</strong> para o treinamento de<br />

profissionais que comercializam moda e; desenvolver um estu<strong>do</strong> que privilegie estruturação de<br />

cargos e suas funções numa MPE que comercializa moda.<br />

88


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91


SEBRAEd - Classificação das Empresas por Porte. Disponível em: http:<br />

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SIMON, H. As campeãs Ocultas. Porto Alegre: Brookman, 2003, 262p.<br />

SOLOMON, M.R.; O Comportamento <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. 5ª Ed São Paulo: Bookmann,<br />

2002.446p.<br />

SOUZA, Clarice Ferreira. Competência Empreende<strong>do</strong>ra <strong>do</strong>s Gestores de Negócios de Moda.<br />

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TREPTOW, Doris. Inventan<strong>do</strong> Moda. 2ª ed. Brusque-SC. 2003. 209p.<br />

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2004.<br />

92


12. ANEXO I<br />

01- Como surgiu a idéia da abertura da empresa? Qual foi a proposta original <strong>do</strong> negócio?<br />

02- Como empreende<strong>do</strong>r, quais as suas principais características individuais?<br />

03- Administrar uma loja de vestuá<strong>rio</strong> é uma tarefa que envolve aspectos distintos. É preciso<br />

eficiência na prestação de serviços e inovação constante de produtos. No seu entendimento, o que<br />

uma loja de roupas precisa para alcançar o sucesso?<br />

04- De que forma você investe no aperfeiçoamento <strong>do</strong>s serviços de atendimento ofereci<strong>do</strong>s na<br />

sua loja?<br />

05- Para uma loja que comercializa roupas de moda, o que você acha mais importante: oferecer<br />

serviços diferencia<strong>do</strong>s ou produtos diferencia<strong>do</strong>s? Por quê?<br />

06- Você utiliza alguma ferramenta para auxiliá-lo(la) na gestão da loja? Qual? De que forma?<br />

07- Qual o perfil <strong>do</strong> seu cliente?<br />

08- Quais estratégias de marketing são utilizadas pela sua loja? Por quê?


09- De acor<strong>do</strong> com Solomon, em seu livro Comportamento <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r (2002), “Muitos<br />

fatores psicológicos ajudam a explicar porque as pessoas são motivadas a estar na moda, tais<br />

como conformidade social, busca de variedade, criatividade pessoal e atração sexual. Os<br />

consumi<strong>do</strong>res têm a necessidade de serem únicos” A sua loja utiliza estes argumentos<br />

psicológicos para favorecer as vendas? Por quê? Como?<br />

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