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Química da vida: Cicloalcanos

Química da vida: Cicloalcanos

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DISCIPLINA<br />

<strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

<strong>Cicloalcanos</strong><br />

Autores<br />

Carlos Roberto Oliveira Souto<br />

Humberto Conrado Duarte<br />

aula<br />

03


Governo Federal<br />

Presidente <strong>da</strong> República<br />

Luiz Inácio Lula <strong>da</strong> Silva<br />

Ministro <strong>da</strong> Educação<br />

Fernando Had<strong>da</strong>d<br />

Secretário de Educação a Distância – SEED<br />

Ronaldo Motta<br />

Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande do Norte<br />

Reitor<br />

José Ivonildo do Rêgo<br />

Vice-Reitor<br />

Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho<br />

Secretária de Educação a Distância<br />

Vera Lúcia do Amaral<br />

Secretaria de Educação a Distância- SEDIS<br />

Coordenadora <strong>da</strong> Produção dos Materiais<br />

Célia Maria de Araújo<br />

Coordenador de Edição<br />

Ary Sergio Braga Olinisky<br />

Projeto Gráfico<br />

Ivana Lima<br />

Revisores de Estrutura e Linguagem<br />

Eugenio Tavares Borges<br />

Marcos Aurélio Felipe<br />

Revisora <strong>da</strong>s Normas <strong>da</strong> ABNT<br />

Verônica Pinheiro <strong>da</strong> Silva<br />

Souto, Carlos Roberto Oliveira.<br />

Divisão de Serviços Técnicos<br />

Catalogação <strong>da</strong> publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”<br />

Revisoras de Língua Portuguesa<br />

Janaina Tomaz Capistrano<br />

Sandra Cristinne Xavier <strong>da</strong> Câmara<br />

Revisora Tipográfica<br />

Nouraide Queiroz<br />

Ilustradora<br />

Carolina Costa<br />

Editoração de Imagens<br />

A<strong>da</strong>uto Harley<br />

Carolina Costa<br />

Diagramadores<br />

Bruno de Souza Melo<br />

Ivana Lima<br />

A<strong>da</strong>ptação para Módulo Matemático<br />

Thaisa Maria Simplício Lemos<br />

Pedro Gustavo Dias Diógenes<br />

Imagens Utiliza<strong>da</strong>s<br />

Banco de Imagens Sedis<br />

(Secretaria de Educação a Distância) - UFRN<br />

Fotografias - A<strong>da</strong>uto Harley<br />

Stock.XCHG - www.sxc.hu<br />

<strong>Química</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> / Carlos Roberto Oliveira Souto, Humberto Conrado Duarte.<br />

– Natal, RN, : EDUFRN, 2006.<br />

372p. : il<br />

1. <strong>Química</strong> orgânica. 2. <strong>Química</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. 3. Compostos de carbono. I. Duarte, Humberto Conrado.<br />

II. Título.<br />

ISBN 978-85-7273-332-8 CDU 547<br />

RN/UF/BCZM 2006/84 CDD 661.8<br />

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utiliza<strong>da</strong> ou reproduzi<strong>da</strong> sem a autorização expressa <strong>da</strong> UFRN -<br />

Universi<strong>da</strong>de Federal do Rio Grande do Norte.


1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

Apresentação<br />

Alcanos cíclicos ou cicloalcanos são hidrocarbonetos com átomos de carbono unidos<br />

por ligações simples em arranjos anelares. Compostos orgânicos naturais, em sua<br />

grande maioria, possuem estruturas cíclicas, conjuntamente com a presença de<br />

grupos funcionais nesses anéis. Ocorrem em abundância na natureza, vegetal e animal, tais<br />

como as macromoléculas deriva<strong>da</strong>s de açúcares, como exemplos os amidos e as celuloses;<br />

também os macrolídeos e esteróides compõem apenas alguns dos numerosos exemplos.<br />

Para melhor compreensão dos compostos que contêm estruturas cíclicas, nesta<br />

aula você estu<strong>da</strong>rá o comportamento de estruturas cíclicas simples, principalmente o<br />

cicloexano, suas conformações e as tensões envolvi<strong>da</strong>s deriva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> presença de átomos<br />

ou grupos a ele ligados.<br />

Objetivos<br />

Estu<strong>da</strong>r as conformações de estruturas cíclicas.<br />

Estu<strong>da</strong>r os fatores energéticos envolvidos nessas<br />

conformações.<br />

Compreender as tensões angulares e torsionais<br />

envolvi<strong>da</strong>s nessas conformações.<br />

Representar e visualizar espacialmente as estruturas.<br />

Aprender as proprie<strong>da</strong>des físicas e a nomenclatura.<br />

Macromoléculas<br />

Molécula de alta massa<br />

molar relativa, composta<br />

essencialmente de derivados<br />

de múltiplas uni<strong>da</strong>des<br />

repeti<strong>da</strong>s de moléculas<br />

de baixa massa molar.<br />

Geralmente, o termo é restrito<br />

a moléculas com mais de<br />

100 átomos, em particular,<br />

polímeros. São numerosos os<br />

exemplos biológicos, incluem<br />

proteínas, amidos, lipídeos e<br />

ácidos nucléicos, por vezes,<br />

denominados “biomoléculas”<br />

ou biopolímeros.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 1


2<br />

H 3 C<br />

CH 2<br />

Metileno<br />

Grupamento — CH —, 2<br />

uni<strong>da</strong>de de repetição dos<br />

alcanos lineares.<br />

CH 2<br />

CH 2<br />

n-Pentano<br />

Ebulição +36ºC<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

Isomeria<br />

Antes de prosseguir os estudos <strong>da</strong> classe dos alcanos, vamos discorrer sobre o<br />

fenômeno <strong>da</strong> isomeria, que é bastante presente nos sistemas cíclicos como também nos<br />

acíclicos. Tal fenômeno ocorre nos compostos que, embora tenham a mesma fórmula<br />

molecular, têm estruturas distintas e, conseqüentemente, são substâncias diferentes.<br />

O primeiro tipo, os isômeros constitucionais, são compostos com mesma fórmula<br />

molecular, porém, diferente ordem de conectivi<strong>da</strong>de dos átomos. Essa diferença na estrutura<br />

origina proprie<strong>da</strong>des físicas e químicas distintas. Outra subdivisão dos isômeros, os<br />

estereisômeros, são compostos com mesma conectivi<strong>da</strong>de, porém distinto arranjo espacial,<br />

são exemplos os isômeros geométricos nas ligações duplas, nos compostos cíclicos. Outras<br />

subdivisões serão estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s mais adiante.<br />

Veja o exemplo de isomeria constitucional do etanol e dimetiléter, do pentano e<br />

isopentano nas estruturas representa<strong>da</strong>s a seguir.<br />

CH 3<br />

H 3 C<br />

CH 2<br />

CH CH 3<br />

CH 3<br />

Isopentano<br />

Ebulição +30ºC<br />

Etanol<br />

Ebulição +78,5ºC<br />

Dimetiléter<br />

Ebulição +23ºC<br />

Uma determina<strong>da</strong> fórmula molecular pode apresentar várias possibili<strong>da</strong>des de estruturas<br />

isoméricas, podemos observar na Tabela 1 a relação do número de átomos de carbono,<br />

numa molécula orgânica, com o número de carbonos <strong>da</strong> estrutura.<br />

Tabela 1 – Isômeros possíveis com aumento de número de carbonos n para C n H 2n+2<br />

n 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11<br />

isômeros 1 1 1 2 3 5 9 18 35 75 4.347<br />

Estrutura e proprie<strong>da</strong>des físicas<br />

<strong>Cicloalcanos</strong> mais simples são anéis formados por uni<strong>da</strong>des repeti<strong>da</strong>s do grupamento<br />

metileno (—CH —) e fórmula geral C H . O carbono, como nos alcanos lineares, usa<br />

2 n 2n<br />

seus orbitais hibridizados sp3 para ligar-se a outro átomo de carbono e ao hidrogênio.<br />

Na representação a seguir, mostramos estruturas de moléculas orgânicas cíclicas.<br />

H 3 C<br />

CH 2<br />

OH<br />

H 3 C<br />

O<br />

CH 3


H H<br />

H<br />

C<br />

H<br />

H<br />

C C<br />

H<br />

ou<br />

ciclopropano<br />

C 3 H 6<br />

H<br />

H<br />

H<br />

C<br />

C<br />

H<br />

H<br />

C<br />

C<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

C<br />

C C<br />

C C<br />

H H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

ou ou ou ou<br />

H H H<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

H H<br />

H H<br />

C<br />

H C C H<br />

H<br />

H<br />

C C<br />

H<br />

H<br />

C C<br />

H H<br />

H H<br />

ciclobutano<br />

C 4 H 8<br />

ciclopentano<br />

C 5 H 10<br />

cicloexano<br />

C 6 H 12<br />

cicloeptano<br />

C 7 H 14<br />

As proprie<strong>da</strong>des físicas dos derivados cíclicos assemelham-se àquelas dos alcanos de<br />

cadeia aberta, são apolares e com densi<strong>da</strong>de, temperatura de fusão e ebulição dependente<br />

<strong>da</strong> massa molecular e <strong>da</strong> maior ou menor interação <strong>da</strong>s atrações intermoleculares, em que<br />

atuam principalmente as forças de London (ver aula 2 – Alcanos acíclicos).<br />

Algumas moléculas cíclicas pouco comuns são resultados de síntese orgânica e<br />

estudos dos limites <strong>da</strong> tensão anelar. Nesses poliedros, to<strong>da</strong>s as faces são compostas por<br />

anéis de mesmo tamanho, ciclopropano, ciclobutano e ciclopentano, respectivamente,<br />

os quais têm como característica comum a tensão anelar. Exemplos dessas estruturas<br />

exóticas são: o biciclo-butano, que tem energia de tensão igual a 66,5 kcal/mol; o tetrakis<br />

(1,1-dimetil-etil)-tetraedrano, sintetizado no ano de 1978, que apesar <strong>da</strong> tensão de 129,0<br />

kcal /mol é um composto estável com ponto de fusão de 135°C; o hexaedro cubano,<br />

sintetizado em 1964, com tensão de 166,0 kcal / mol, é maior que a de seis ciclobutanos<br />

isolados; o dodecaedrano, sintetizado no ano de 1982, com ponto de fusão de 430°C, alto<br />

para um hidrocarboneto (o que se deve a sua grande simetria), tem tensão anelar de 66,0<br />

kcal/mol, bem menor que seus homólogos, mas esperado, se considerarmos a tensão de<br />

anel de cinco membros. A seguir, representamos algumas dessas estruturas.<br />

Cubano Dodecaedrano Biciclobutano Tetrakis (1,1- Dimetil-etil)<br />

Tetraedrano<br />

Para citar brevemente exemplos de compostos cíclicos importantes, destacamos os<br />

esteróides, produtos naturais tetracíclicos com ativi<strong>da</strong>de biológica, sendo a estrutura cíclica<br />

fun<strong>da</strong>mental para esse tipo de ativi<strong>da</strong>de. Em sua estrutura básica, os quatro anéis são rotulados<br />

como A,B,C,D e os átomos de carbono numerados de acordo com um esquema específico<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 3


4<br />

Anabolizante<br />

Anabólico: ana- do grego,<br />

crescer, para cima;<br />

contrário de metabólico.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

para esteróides; três anéis de cicloexano são fundidos, as junções de anéis geralmente são<br />

trans, como na trans-decalina; e o quarto anel é um ciclopentano, resultando na estrutura<br />

tetracíclica característica. Muitos estreróides têm grupo substituinte metila ligado em C10<br />

e C13 e átomos de oxigênio em C3 e C17. Além disso, pode haver cadeias laterais longas<br />

liga<strong>da</strong>s a C17. A fusão trans dos anéis leva a uma estrutura cadeira com menos tensão, em<br />

que a metila e os hidrogênios nas junções ocupam posições axiais.<br />

Podemos citar como exemplo o colesterol presente em quase todos os tecidos humanos<br />

e animais, responsável por muitas doenças de origem circulatória, como a arteriosclerose, e<br />

doenças cardíacas. Um outro exemplo é a testosterona, principal hormônio sexual masculino.<br />

Análogos sintéticos desse hormônio (anabolizantes) são usados medicinalmente para<br />

promover o crescimento de músculos e tecidos. A sua utilização abusiva e ilegal é feita por<br />

fisiculturistas e atletas que ignoram os riscos para a saúde, que incluem câncer de fígado,<br />

doenças coronarianas e esterili<strong>da</strong>de. Mais um exemplo é o estradiol, principal hormônio<br />

sexual feminino, e a progesterona, responsável pela preparação do útero para implantação<br />

do óvulo fecun<strong>da</strong>do. A semelhança estrutural dos hormônios esteróides é marcante se<br />

considerarmos o quanto suas ativi<strong>da</strong>des são diferentes. Os ingredientes ativos <strong>da</strong> pílula<br />

anticoncepcional são esteróides e funcionam como agentes infertilizantes de controle do<br />

ciclo menstrual feminino e <strong>da</strong> ovulação, constituindo-se na principal forma de contracepção<br />

hoje em dia. A seguir, mostramos representações estruturais desses compostos.<br />

HO<br />

HO<br />

3<br />

O<br />

2<br />

4<br />

CH 3<br />

1<br />

H<br />

H<br />

CH3 11 H 12<br />

10 9<br />

8<br />

5<br />

H<br />

CH 3<br />

6<br />

H<br />

CH 3<br />

H<br />

H<br />

7<br />

Testosterona<br />

H<br />

Colesterol<br />

CH 3<br />

H<br />

CH 3 OH<br />

CH3 13<br />

14 15<br />

17<br />

O<br />

16<br />

HO<br />

H<br />

CH3 C<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

D<br />

O<br />

A B<br />

Estrutura<br />

O<br />

HO<br />

CH 3<br />

H<br />

H<br />

H<br />

Estradiol<br />

CH 3<br />

Progesterona<br />

básica dos<br />

esteróides<br />

CH 3<br />

H H<br />

CH 3<br />

H<br />

O<br />

OH


Ativi<strong>da</strong>de 1<br />

Escreva estruturas bicíclicas, conforme descrito a seguir, para anéis fundidos<br />

de moléculas orgânicas contendo apenas carbono e hidrogênio:<br />

a) um anel de quatro com um de seis membros;<br />

b) dois anéis de cinco membros;<br />

c) um anel de cinco com um de seis membros.<br />

Nomenclatura de cicloalcanos<br />

A representação <strong>da</strong>s estruturas por notação de linhas é a menos trabalhosa e mais<br />

adequa<strong>da</strong> para os alcanos cíclicos. A nomenclatura desses compostos é uma extensão <strong>da</strong>s<br />

regras para os alcanos lineares, as quais estão descritas a seguir.<br />

Regra 1 – Relacionar o nome <strong>da</strong> cadeia cíclica com a <strong>da</strong> cadeia acíclica, nomeando o cicloalcano.<br />

Regra 2 – Numerar os substituintes.<br />

Iniciar a numeração dos grupos com priori<strong>da</strong>de alfabética e seguir ao redor do anel na direção<br />

em que o segundo substituinte tenha o menor número possível ou, ain<strong>da</strong>, a menor seqüência de<br />

números para mais de dois substituintes. Veja os exemplos na representação a seguir.<br />

Metilciclo<br />

propano<br />

1-etil-1-metilciclo<br />

propano<br />

ciclobuticiclo<br />

exano<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 5


6<br />

Grupo cicloalquila<br />

Análogo ao grupo alquila,<br />

sendo agora cíclico,<br />

exemplos: ciclobutil,<br />

ciclopropil etc.<br />

Derivado cíclico cis<br />

Indicam dois grupos<br />

substituintes iguais ou<br />

diferentes apontando para<br />

mesma face de um anel ou<br />

dupla ligação.<br />

Derivado cíclico<br />

trans<br />

Indicam dois grupos<br />

substituintes iguais ou<br />

diferentes apontando para<br />

faces opostas de um anel<br />

ou dupla lilgação.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

Somente é necessário numerar os átomos se houver dois ou mais substituintes. Quando<br />

duas seqüências são possíveis, a ordem alfabética dos substituintes dá a precedência.<br />

Um ciclo alcano quando é substituinte torna-se um grupo cicloalquila e os cicloalcanos<br />

substituídos são nomeados como derivados de cicloalquila. Em geral, a menor uni<strong>da</strong>de é<br />

trata<strong>da</strong> como um substituinte <strong>da</strong> maior uni<strong>da</strong>de, por exemplo, diz-se propilciclopentano (e<br />

não ciclopentilpropano) e cicloexiloctano (e não octilcicloexano).<br />

Ativi<strong>da</strong>de 2<br />

Represente a estrutura <strong>da</strong>s seguintes moléculas orgânicas cíclicas:<br />

a) 1,1-Dimetilciclopentano;<br />

b) 1-Etil-3-metil-cicloexano;<br />

c) 1-ciclopropil-3-Etilcicloexano.<br />

Estereoisomeria em cicloalcanos<br />

Os cicloalcanos com presença de dois substituintes em carbonos distintos podem ser<br />

visualizados imaginando um plano de referência. Se dois substituintes, um em ca<strong>da</strong><br />

carbono, apontam para a mesma face desse plano, teremos um derivado cíclico cis, ao<br />

contrário, se apontam para faces distintas, o derivado é trans. Essa denominação é incorpora<strong>da</strong> a<br />

sua nomenclatura, como mostra o exemplo a seguir. Esses estereoisômeros, também chamados<br />

isômeros geométricos, não podem ser interconvertidos sem que haja a quebra e a reforma <strong>da</strong><br />

ligação, como mostra a representação a seguir dos isômeros cis e trans do ciclo propano.<br />

H 3 C CH 3<br />

H<br />

H<br />

cis - 1,2<br />

dimetilciclopropano<br />

H 3 C<br />

H<br />

H<br />

CH 3<br />

trans - 1,2<br />

dimetdimetil ciclopropano


Ativi<strong>da</strong>de 3<br />

Represente a estrutura para as moléculas orgânicas cíclicas:<br />

a) cis-1-cloro-2-metilciclopentano;<br />

b) trans-1-t-butil-3-metilciclohexano.<br />

Estabili<strong>da</strong>de dos cicloalcanos<br />

Quando observamos a estrutura dos primeiros cicloalcanos, vemos que os ângulos<br />

internos dos polígonos regulares correspondentes são teoricamente bastante<br />

desviados do ângulo de 109,5°, do tetraedro regular, para o ciclopropano, com<br />

60°, e para o ciclobutano, com 90°. Ao se analisar os calores de combustão para os<br />

derivados cicloalcanos, observa-se diferenças significativas para alguns anéis em relação<br />

ao correspondente de cadeia linear, sendo encontrados valores maiores. Essa diferença é<br />

atribuí<strong>da</strong> à tensão anelar, que é a tensão adicional em relação aos análogos cíclicos, devido<br />

à tensão angular, resultante <strong>da</strong> compressão teórica para um ângulo inferior ao ângulo<br />

normal do tetraedro regular; e à tensão torcional, devido às conformações eclipsa<strong>da</strong>s (em<br />

coincidência) dos átomos ou grupos ligados ao anel.<br />

Na Figura 1, mostra<strong>da</strong> a seguir, podemos ver, na estrutura do ciclopropano, os hidrogênios<br />

todos na conformação em coincidência, resultando em tensão torcional. A estrutura do<br />

ciclopropano é plana e rígi<strong>da</strong>, o que impede a rotação <strong>da</strong>s ligações C-C, aliviando essa tensão.<br />

Podemos observar também que os ângulos internos C-C-C do ciclo propano impõem<br />

ângulos de 60°, o que é um desvio significativo do ângulo do tetraedro regular de 109,5°.<br />

Cálculos matemáticos sugerem uma combinação curva entre os orbitais atômicos na formação<br />

<strong>da</strong> ligação C-C, permitindo uma melhor acomo<strong>da</strong>ção ao ângulo imposto pela hibridização do<br />

carbono. Isso leva à menor sobreposição dos orbitais e conseqüentemente à formação de<br />

uma ligação C-C mais fraca. Os ângulos de ligação C-C-C não são 60° tampouco 109,5°,<br />

mas sim próximos àquele originado pelas linhas traceja<strong>da</strong>s na direção dos orbitais atômicos<br />

que não se superpõem frontalmente (veja a Figura 1, estrutura (a)). A ligação “curva” aju<strong>da</strong> a<br />

entender como anéis tão tensionados são formados. Essa menor sobreposição proporciona<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 7


8<br />

H<br />

H<br />

c<br />

H<br />

c<br />

H H<br />

H<br />

(a)<br />

H<br />

H<br />

H<br />

c<br />

H<br />

H<br />

cis<br />

H<br />

H<br />

c<br />

H<br />

H<br />

c<br />

1.089<br />

(b)<br />

1.510<br />

H<br />

c 115º<br />

88º<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

ângulos próximos a 104°, como pode ser visto na figura a seguir. A menor estabili<strong>da</strong>de<br />

de certos compostos cíclicos, atribuí<strong>da</strong> à tensão angular, deve-se efetivamente à menor<br />

sobreposição dos orbitais atômicos. A energia oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> distorção do ângulo tetraédrico<br />

nos anéis ciclo alcano é denonima<strong>da</strong> tensão angular.<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

(c)<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

CH 2<br />

Figura 1 – Representações do ciclo propano<br />

A Figura 2 mostra o ciclobutano, com sua geometria planar impondo ângulos internos<br />

de 90° e conformação em coincidência para todos os átomos. Para reduzir essa tensão<br />

torcional, o ciclobutano assume uma forma ligeiramente dobra<strong>da</strong> forçando a um ângulo<br />

ligeiramente menor. Esse aumento de tensão angular parece ser então compensado pela<br />

diminuição <strong>da</strong> tensão torcional, sendo ain<strong>da</strong> necessário pensar no modelo de ligação curva,<br />

como também no ciclopropano, para justificar o desvio do ângulo tetraédrico.<br />

Para o ciclopentano, caso fosse de geometria planar, teria ângulos internos de 108°,<br />

portanto, muito próximos do valor do ângulo do tetraedro. Essa conformação planar, porém,<br />

teria dez interações H-H em coincidência. A molécula adota então a conformação dobra<strong>da</strong> e<br />

meia cadeira como forma de diminuir a tensão torcional, mesmo em função do aumento <strong>da</strong><br />

tensão angular, entretanto, com tensões menores que o ciclopropano e ciclobutano.<br />

Figura 2 – Representações do ciclobutano e ciclopentano<br />

H<br />

H<br />

(d)


Cicloexano<br />

Ativi<strong>da</strong>de 4<br />

O ciclo butano pode dobrar-se para cima ou para baixo, dependendo dos<br />

substituintes presentes. Desenhe os seguintes ciclobutanos nas duas<br />

conformações dobra<strong>da</strong>s que se interconvertem. Indique a conformação mais<br />

estável, se houver, e os tipos de tensões envolvi<strong>da</strong>s.<br />

a) cis-1,2-dimetilciclobutano;<br />

b) trans-1,2-dimetilciclobutano.<br />

Ocicloexano é uma <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des estruturais mais importantes na <strong>Química</strong> Orgânica e não<br />

tem tensão angular ou torcional dentro do erro experimental. Se fosse planar, provocaria<br />

tensão torcional devido às 12 interações H-H e tensão angular (ângulo do hexagono<br />

regular é 120°). Para minimizar as interações origina<strong>da</strong>s por uma conformação em coincidência,<br />

a molécula adota uma estrutura não planar, dobrando-se por meio do afastamento do plano,<br />

formado pelos carbonos 1 e 4 em sentidos opostos, resultando na conformação cadeira<br />

(observe a semelhança com o objeto de mesmo nome). Nesse arranjo, não há coincidência entre<br />

os hidrogênios vizinhos, e os ângulos internos do anel tornam-se muito próximos ao ângulo do<br />

tetraedro regular, estruturas (a,b) e a conformação de Newman (c) <strong>da</strong> Figura 3.<br />

Outro arranjo pode resultar <strong>da</strong> “dobra” <strong>da</strong> molécula, um deles é a forma bote, que<br />

ocorre quando na dobra <strong>da</strong> estrutura os carbono 1 e 4 se afastam do plano no mesmo<br />

sentido. Tal forma é 6,9 kcal/mol menos estável do que conformação cadeira, o que se deve<br />

à tensão resultante <strong>da</strong> coincidência dos átomos de hidrogênio na base <strong>da</strong> forma bote. Outro<br />

efeito desestabilizador desse arranjo é a tensão estérica deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> aproximação entre os<br />

dois hidrogênios internos <strong>da</strong> forma bote. Essa tensão, quando aparece entre elementos do<br />

mesmo anel, é chama<strong>da</strong> de tensão transanular (latim, trans, através, e anulus, anel), como<br />

é o caso <strong>da</strong>s estruturas (g) <strong>da</strong> Figura 3.<br />

A conformação bote do cicloexano é relativamente flexível. A torção de uma <strong>da</strong>s ligações<br />

C-C, em relação à outra, resulta na conformação bote torcido e, dessa forma, miniminiza<br />

a interação transanular <strong>da</strong> conformação anterior, produzindo estabilização em 1,4 kcal/mol,<br />

como pode ser visto nas estruturas (h), (i) <strong>da</strong> Figura 3. Essas conformações têm conseqüência<br />

importante no que diz respeito às posições dos substituintes no anel do cicloexano.<br />

Tensão estérica<br />

Tensão origina<strong>da</strong> quando<br />

dois grupos de átomos<br />

volumosos se aproximam<br />

tanto, que suas nuvens<br />

eletrônicas começam a<br />

sofrer forte repulsão.<br />

Tensão transanular<br />

É a tensão estérica entre<br />

grupos de átomos, no<br />

mesmo anel.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 9


10<br />

H<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

H<br />

H<br />

H<br />

H H H H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

HH H H<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

H H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

CH 2<br />

CH 2<br />

H H<br />

a b c<br />

d e f<br />

CH2 CH2 H<br />

HH HH<br />

(g)<br />

g h i<br />

Figura 3 – Representação de conformações do cicloexano<br />

As conformações têm um estado de energia associado a elas, como está mostrado na<br />

Figura 4, em que a conformação cadeira é a mais estável, seguido do bote torcido e <strong>da</strong> forma<br />

bote. Para essas interconversões, a molécula deve passar pela conformação meia cadeira,<br />

menos estável. A maioria <strong>da</strong>s moléculas do cicloexano e derivados mais simples prefere<br />

conformação cadeira. A barreira de energia é suficientemente baixa de forma a permitir<br />

muitas conversões a ca<strong>da</strong> segundo.<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H


Energia<br />

4<br />

cadeira<br />

5<br />

3<br />

6<br />

2<br />

1<br />

4<br />

5<br />

6<br />

1<br />

3 2<br />

2<br />

3<br />

Meia cadeira Meia cadeira<br />

Bote<br />

torcido<br />

Bote<br />

4,1 Kcal / mol 5,5 Kcal / mol<br />

4<br />

Bote<br />

torcido<br />

Figura 4 – Energias relativas <strong>da</strong>s conformações cadeira do cicloexano<br />

Posições axiais e equatoriais do cicloexano<br />

5<br />

6<br />

1<br />

10,8 Kcal / mol<br />

Na conformação cadeira do cicloexano, observa-se a ocorrência de dois tipos de<br />

conformação para o hidrogênio. Os seis hidrogênios <strong>da</strong>s ligações C-H paralelas entre si e, ao<br />

eixo principal, são denominados hidrogênios axiais, os outros seis, quase perpendiculares<br />

ao eixo principal, são hidrogênios equatoriais.<br />

Na representação <strong>da</strong>s estruturas a seguir, mostramos como as conformações podem<br />

ser interconverti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> forma cadeira (a); ao dobrarmos a extremi<strong>da</strong>de mais à<br />

esquer<strong>da</strong> (C ), convertemos para a conformação bote; e, a partir desta, dobrando agora<br />

1<br />

a extremi<strong>da</strong>de mais à direita (C ) no sentido contrário à primeira, os hidrogênios, antes<br />

4<br />

axiais, estão agora na equatorial. A energia de ativação para essa mu<strong>da</strong>nça é 10,8 kcal/<br />

mol, sendo um valor pequeno, e a interconversão é muito rápi<strong>da</strong> mesmo à temperatura<br />

ambiente. Essa degenerescência é elimina<strong>da</strong> quando temos a presença de um ou mais<br />

substituintes no anel. Para melhor compreensão <strong>da</strong>s conformações, é importante o<br />

acompanhamento com o auxílio de modelos moleculares. Acompanhe as transformações<br />

e desenhe conforme as instruções descritas.<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H H<br />

2<br />

3<br />

1<br />

4<br />

3<br />

4<br />

2<br />

1<br />

3<br />

1<br />

2<br />

4<br />

3<br />

2<br />

H<br />

H<br />

(a)<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

(b) 4<br />

1<br />

4<br />

4 (c)<br />

H<br />

4<br />

3<br />

5<br />

cadeira<br />

2<br />

6<br />

1<br />

Hidrogênios axiais<br />

Denominação dos<br />

hidrogênios que, na<br />

conformação cadeira,<br />

estão orientados<br />

perpendiculares ao plano<br />

do anel.<br />

Hidrogênios<br />

equatoriais<br />

Denominação dos<br />

hidrogênios que, na<br />

conformação cadeira,<br />

estão orientados o mais<br />

próximo <strong>da</strong> direção<br />

do plano do anel, o<br />

“equador”.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 11


12<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

É importante que você se habitue a desenhar as conformações aqui apresenta<strong>da</strong>s, pois<br />

auxiliam muito a compreender e visualizar os conceitos. Observe as várias combinações<br />

paralelas, na representação anterior (estrutura c), indica<strong>da</strong>s pelos números iguais sobre as<br />

ligações, a fim de se obter um desenho adequado <strong>da</strong> conformação cadeira para o cicloexano.<br />

H<br />

Ativi<strong>da</strong>de 4<br />

Com o auxílio de modelos moleculares, monte a estrutura cicloexano<br />

e observe as posições axiais e equatoriais, ou seja, as interconverções<br />

mostra<strong>da</strong>s nas Figuras 3 e 4.<br />

Cicloexanos monosubstituídos<br />

Um substituinte presente no cicloalcano pode ocupar a posição áxil ou equatorial na<br />

forma cadeira do cicloexano. Disso pode depender, em muitos casos, a reativi<strong>da</strong>de de uma<br />

molécula. No exemplo a seguir, são representa<strong>da</strong>s as duas conformações do metil-cicloexano<br />

que estão em equilíbrio, a análise dos efeitos de impedimento estérico pode mostrar se há<br />

conformações com energia diferente.<br />

Dados experimentais indicam que a conformação com o grupo metila na posição equatorial<br />

é a mais estável cerca de 1,7 kcal/mol. Com auxílio <strong>da</strong>s projeções de Newman, podemos<br />

compreender tal diferença. Na representação seguinte, observamos, para a conformação com<br />

a metila na posição axial, duas interações do tipo gauche entre a metila em C e o metileno em<br />

1<br />

C e C , enquanto para a metila, na posição equatorial, a relação anti com C e C tem menor<br />

3 5 3 5<br />

energia, considerando os efeitos estéricos, veja as estruturas <strong>da</strong>s representações a seguir.<br />

H<br />

H<br />

H<br />

3<br />

H<br />

1<br />

H<br />

(a)<br />

hidrogênios não<br />

representados<br />

para clareza<br />

(B)<br />

4<br />

H<br />

5<br />

CH2 CH 2<br />

CH 3<br />

CH 3<br />

6<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

H<br />

4<br />

3<br />

H<br />

H<br />

CH 2<br />

5<br />

CH2 1<br />

CH 3<br />

H<br />

H<br />

6<br />

CH 3<br />

H


Além <strong>da</strong> interação gauche, que desestabiliza um grupo substituinte na axial, outra<br />

interação desestabilizante aparece entre o substituinte nessa posição e o hidrogênio axial<br />

no carbono 3 e 5. Essa proximi<strong>da</strong>de sofre tensão estérica entre os grupos e, nesse caso, é<br />

denomina<strong>da</strong> de interação 1,3-diaxial, minimiza<strong>da</strong> quando o substituinte está na posição<br />

equatorial. Grupos substituintes maiores, como esperado, causam maiores diferenças de<br />

energia entre as conformações, devido a repulsões maiores.<br />

Cicloexanos disubstituídos<br />

Para predizer qual o confôrmero mais estável em um cicloexano com mais de um<br />

substituinte, podemos analisar as conformações desses derivados. A tensão estérica entre<br />

substituintes grandes é particularmente severa quando ocorre a interação 1,3-diaxial. No<br />

composto, o cis-1,3-dimetil-cicloexano apresenta dois grupos substituintes no mesmo lado de<br />

uma face do anel, essa tensão será minimiza<strong>da</strong> pela dobra <strong>da</strong> molécula para adotar a nova<br />

conformação com os grupos na posição equatorial, mostrados nas representações a seguir.<br />

Interação<br />

1,3 - diaxial<br />

H<br />

H<br />

(a)<br />

hidrogênios não<br />

representados<br />

para clareza<br />

(b)<br />

CH 3<br />

4<br />

H<br />

CH 3<br />

3 1<br />

5<br />

CH2 CH 2<br />

CH 3<br />

CH 3<br />

6<br />

H<br />

H<br />

H<br />

CH3<br />

H<br />

CH3 3<br />

Para o derivado trans (grupos em faces opostas do plano do anel), analisando a<br />

interconversão <strong>da</strong>s conformações, vemos que as duas são idênticas quando os substituintes<br />

são iguais, e também que mostra um grupo na axial e outro na equatorial, mesmo após<br />

interconversão, como mostra a representação seguinte.<br />

H<br />

H<br />

4<br />

CH 2<br />

5<br />

CH2 1<br />

CH 3<br />

H<br />

H<br />

6<br />

CH 3<br />

H<br />

Interação gauche<br />

Tensão estérica origina<strong>da</strong><br />

quando dois grupos de<br />

átomos estão separados<br />

pelo ângulo diedral de 60°.<br />

Interação 1,3-Diaxial<br />

Interação entre dois<br />

grupos na posição axial<br />

dos carbonos 1 e 3 em<br />

anéis de cicloexano.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 13


carbono<br />

“cabeça de ponte”<br />

Átomo de carbono<br />

compartilhado por dois ou<br />

mais anéis.<br />

14<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

H<br />

H<br />

Axial<br />

Equatorial<br />

(a)<br />

hidrogênios não<br />

representados<br />

para clareza<br />

CH3 Axial<br />

(b)<br />

CH 3<br />

4<br />

H<br />

CH 3<br />

3 1<br />

5<br />

CH2 CH 2<br />

H<br />

Ativi<strong>da</strong>de 5<br />

H<br />

6<br />

H<br />

CH 3<br />

H<br />

CH 3<br />

Equatorial<br />

CH3<br />

H<br />

CH3 3<br />

Com o auxílio de modelos moleculares, monte as estruturas <strong>da</strong>s representações<br />

anteriores e analise as interações de substituintes alquila numa molécula<br />

de cicloexano. Para isso, monte substituições nas posições 1,2; 1,3; 3,1,4 e<br />

relações cis e trans dos substituintes.<br />

Quando os grupos substituintes são diferentes, a conformação com o grupo mais<br />

volumoso na posição equatorial é a conformação mais estável.<br />

Anéis bicíclicos<br />

Dois ou mais anéis podem ligar-se e formar sistemas bicíclicos ou policíclicos que, em<br />

geral, ocorrem ligados por um dos três modos: em junção, o mais comum, compartilham<br />

átomos de carbono; anéis unidos por pontes, também comuns, compartilham dois átomos<br />

de carbono não adjacentes (carbono “cabeça de ponte”), essa ponte podendo conter um<br />

ou mais carbonos; e, por último, compostos espirocíclicos, em que dois anéis compartilham<br />

somente um átomo de carbono, sendo esses compostos mais raros.<br />

A nomenclatura dos anéis bicíclicos é basea<strong>da</strong> no nome do alcano com mesmo número<br />

de carbono que existe no sistema anelar, adicionado ao prefixo biciclo, e um conjunto de<br />

números em ordem decrescente entre colchetes, indicando o número de carbonos em ca<strong>da</strong><br />

ponte do anel, não, considerando aquele <strong>da</strong> fusão de anel.<br />

H<br />

H<br />

4<br />

CH 2<br />

5<br />

CH2 1<br />

H<br />

H<br />

6<br />

CH 3<br />

H<br />

H


Na representação a seguir, mostramos um exemplo básico dessa nomenclatura.<br />

Biciclo [4.4.0]<br />

Decano<br />

(Decalina)<br />

Biciclo [2.2.1]<br />

Heptano<br />

(Norborneno)<br />

O número de carbonos <strong>da</strong> “ponte” é<br />

escrito em colchetes e ordem decrescente.<br />

H2 C<br />

H H2 C<br />

H C 2 9<br />

10 C 1<br />

2<br />

3 CH2 8 H C 2<br />

7<br />

C<br />

C 6<br />

5<br />

C<br />

4<br />

CH2 H2 H H2 Decalina (biciclico (4.4.0)) Decano<br />

o carbono 1 e 6 são <strong>da</strong> “cabeça <strong>da</strong> ponte”<br />

H<br />

H<br />

H<br />

cis - Decalina trans - Decalina<br />

Ativi<strong>da</strong>de 6<br />

or<br />

cis - Decalina<br />

Espiro [4.3]<br />

Octano<br />

Setas assinalam<br />

carbonos em<br />

“cabeça de ponte”<br />

O composto formado pela junção de dois anéis do cicloexano, a decalina, apresenta<br />

isomeria cis-trans; na cis-decalina, os dois átomos de hidrogênios, ligados aos átomos<br />

<strong>da</strong> cabeça de ponte, estão no mesmo lado do anel; na trans-decalina, eles estão em lados<br />

opostos. As rotações simples dos grupos sobre as ligações C-C não interconvertem as cis- e<br />

trans-decalina, veja a representação seguinte.<br />

A decalina é uma base estrutural importante presente em compostos com ativi<strong>da</strong>de<br />

em organismos vivos. Os esteróides, por exemplo, são abun<strong>da</strong>ntes na natureza e muitos<br />

possuem importante ativi<strong>da</strong>de fisiológica, como já destacamos.<br />

H H<br />

H H<br />

H<br />

trans - Decalina<br />

Construa modelos moleculares para a cis- e a trans-decalina. Discuta a<br />

flexibili<strong>da</strong>de conformacional desses sistemas.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 15


16<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

Fórmulas moleculares<br />

e fórmulas empíricas<br />

Aanálise quantitativa elementar dos compostos orgânicos é uma ferramenta analítica<br />

importante, fornece a quanti<strong>da</strong>de de carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio a<br />

partir de pequena quanti<strong>da</strong>de de amostra, precisamente conheci<strong>da</strong>, através de sua<br />

combustão completa. A fórmula mínima ou empírica pode ser determina<strong>da</strong> usando-se a<br />

relação molar com a massa de ca<strong>da</strong> elemento presente na amostra e, conhecendo-se a<br />

massa molecular do composto, podemos determinar a fórmula molecular exata.<br />

A fórmula empírica é a razão relativa mais simples dos elementos presentes na molécula e<br />

a fórmula química nos dá os elementos e suas quanti<strong>da</strong>des na molécula do composto. Vamos<br />

supor, por exemplo, que um composto desconhecido teve sua análise quantitativa elementar<br />

determina<strong>da</strong>, a qual mostrou 39,99% de carbono; 6,73% de hidrogênio; e o restante percentual<br />

sabemos tratar-se de oxigênio, logo esse percentual (obtido por diferença) é de 53,28%.<br />

Os percentuais são obtidos por regra de três simples a partir de gramas <strong>da</strong> amostra,<br />

com gramas dos produtos obtidos na combustão, água (H O) para o hidrogênio, e dióxido de<br />

2<br />

carbono (CO ) para o carbono. Para converter esses números em fórmula empírica, seguimos<br />

2<br />

um procedimento simples. Como trabalhamos com percentual, considere que a amostra<br />

analisa<strong>da</strong> continha exatos 100,0 g; logo, o percentual nos dá a quanti<strong>da</strong>de de gramas de<br />

ca<strong>da</strong> elemento. Se lembrarmos que o número de mols é obtido pela relação massa dividido<br />

por massa molecular, encontramos o número de moles de ca<strong>da</strong> elemento nessa amostra de<br />

100g. Em segui<strong>da</strong>, dividindo ca<strong>da</strong> número de moles pelo menor número destes, obtemos a<br />

razão de átomos (veja a Figura 5).<br />

gH = gH 2 O (2,016g H : 18,015g H 2 O)<br />

% H = (g H : g Amostra) 100<br />

gC = gCO 2 (12,01g C : 44,01g CO 2 )<br />

% C = gC : g Amostra) 100<br />

39,99g : 12,01 = 3,33 mols de carbono<br />

6,73g : 1,01 = 6,66 mols de hidrogênio<br />

53,28g : 16,00 = 3,33 mols de oxifênio<br />

C 3,33 : 3,33=1<br />

H 6,66 : 3,33=2<br />

O 3,33 : 3,33=1<br />

Figura 5 – Exemplo de cálculo de fórmula empírica<br />

Observando os cálculos, o resultado final mostra a razão de um carbono para dois<br />

hidrogênios e um oxigênio. Tal resultado produz a fórmula empírica CH O , que é a razão<br />

2 1<br />

molar dos elementos. A fórmula molecular do composto analisado, se não for o formaldeído,<br />

que tem exatamente essa fórmula, pode ser um múltiplo dessa fórmula empírica, tais como<br />

C H O , C H O etc.<br />

2 4 2 3 6 3<br />

CH 2 O


Para encontrar a fórmula molecular correta conhecendo a fórmula empírica, precisamos<br />

conhecer a massa molecular, que pode ser determina<strong>da</strong> por outros métodos analíticos. Dentre<br />

estes, o mais atual e preciso é a espectrometria de massas. Conhecendo a fórmula empírica e<br />

o valor <strong>da</strong> massa molecular, podemos determinar a massa molecular para o composto. Como<br />

exemplo, podemos supor que temos um composto qualquer com massa molecular cerca de 60,<br />

e a análise elementar mostrou que a fórmula empírica é CH O. Como essa uni<strong>da</strong>de tem massa<br />

2<br />

molar igual a 30,0 g/mol, nossa conta deve ser: quantas uni<strong>da</strong>des dessa fórmula estão conti<strong>da</strong>s<br />

em nossa massa molecular. Calculando, resulta em duas uni<strong>da</strong>des, logo, nosso composto<br />

desconhecido deve ter a fórmula 2 x CH O, produzindo C H O , o ácido acético (CH CO H).<br />

2 2 4 2 3 2<br />

Ativi<strong>da</strong>de 7<br />

Um composto desconhecido contendo C, H e O teve sua análise quantitativa<br />

elementar determina<strong>da</strong> a qual mostrou 38,70% de carbono e 9,75% de<br />

hidrogênio. Determine a fórmula empírica do composto.<br />

Representação de<br />

fórmulas estruturais<br />

Afórmula química de uma molécula orgânica (também inorgânica) é a maneira de<br />

escrever ou indicar quais são os elementos atômicos existentes na molécula, bem<br />

como sua quanti<strong>da</strong>de. Várias são as formas de representar a estrutura <strong>da</strong>s moléculas<br />

orgânicas, a escolhi<strong>da</strong> deve ser aquela que melhor demonstra os aspectos que às vezes é<br />

necessário ressaltar. É imprescindível saber expressar corretamente uma estrutura.<br />

As quatro ligações do carbono assumem a forma tetraédrica quando este forma<br />

apenas ligações simples; quando forma ligação dupla com outro elemento, assume a<br />

forma triangular; e quando forma ligação tripla, a forma linear. Na representação seguinte,<br />

mostramos algumas formas de escrever estruturas de compostos orgânicos, com as<br />

estruturas condensa<strong>da</strong>s e de linhas.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 17


18<br />

Notação de linhas<br />

Representação em<br />

zig-zag subentendendo<br />

um carbono em<br />

ca<strong>da</strong> interseção e os<br />

hidrogênios ou outra<br />

ligação C-C completando<br />

sua valência.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

H C CH CH CH CH CH H C CH CH CH CH CH 3 2 3<br />

3 2 2<br />

Expandi<strong>da</strong><br />

CH 2<br />

CH 3<br />

CH3 CH2 CH 3<br />

CH CH CH(CH )CH(CH CH )CH(CH )CH CH 3 2 3 2 3 3 2 3<br />

Condensa<strong>da</strong><br />

O O<br />

Estereoisômeros<br />

Na notação em linha, a linha cheia representa o plano do<br />

papel, o átomo ou grupo à frente do plano e o átomo<br />

ou grupo atrás.<br />

CH 3<br />

CH3 CH2 CH 3<br />

Expandi<strong>da</strong><br />

CH 3<br />

Notação de linhas<br />

Estereoisômeros<br />

Com a estrutura de Lewis, representam-se todos os elétrons ligantes e não-ligantes<br />

por pontos, mas ela pode muitas vezes não ser a mais adequa<strong>da</strong>, por ser muito trabalhosa<br />

para moléculas mais complexas. Com a estrutura expandi<strong>da</strong> ou de Kekulé, mostramos<br />

to<strong>da</strong>s as ligações por traços e, respeitando a valência do elemento e suas conectivi<strong>da</strong>des,<br />

os elétrons não-ligantes, quando houver, por exemplo, nos heteroátomos, podem ou<br />

não ser representados dependendo <strong>da</strong> importância no contexto que se quer representar<br />

ou explicar. Na estrutura condensa<strong>da</strong>, a estrutura de Kekulé é escrita de modo mais<br />

simples e todos os átomos de hidrogênio que são ligados a um carbono em particular<br />

são normalmente escritos imediatamente depois do carbono. Essa estrutura pode ain<strong>da</strong><br />

conter traços para representar uma ramificação ou heteroátomo.<br />

A representação ou notação de linhas é mais simples, os átomos não são mostrados e<br />

subentende-se que ca<strong>da</strong> carbono está representado por ca<strong>da</strong> intersecção de linhas desenha<strong>da</strong>s<br />

em ziz-zag ou dobra<strong>da</strong>s. Quando estão presentes somente carbonos e hidrogênios,<br />

subentende-se que este último está presente em ca<strong>da</strong> interseção. Quando estão presentes<br />

grupos funcionais distintos, estes devem ser representados unidos por um traço a cadeias<br />

em zig-zag (e seus elétrons não ligantes podem ou não ser representados) e o hidrogênio, se<br />

não estiver representado, subentende-se que está completando a tetravalência do carbono.<br />

Muitas vezes, precisamos representar determina<strong>da</strong>s ligações com outros átomos ou<br />

grupos de átomos de forma tridimensional (lembre-se <strong>da</strong> forma tetraédrica do carbono),<br />

que é o modo mais simples. É usual representar duas ligações do carbono no plano do<br />

papel e as outras duas <strong>da</strong> seguinte forma: uma representa<strong>da</strong> por um traço em cunha<br />

cheia com o objetivo de indicar uma ligação saindo para frente do plano do papel, e a<br />

outra ligação em cunha vaza<strong>da</strong> que indica uma ligação saindo para trás do plano do papel,<br />

representando então a geometria tetraédrica.


Ativi<strong>da</strong>de 8<br />

Represente para os compostos a seguir denominados, a estrutura expandi<strong>da</strong><br />

ou de Lewis, a estrutura condensa<strong>da</strong> e a estrutura de linhas.<br />

a) 4-Cloro-3,3-dimetilexano<br />

b) trans-1,2-Dimetilpentano.<br />

Ácido/base e eletrófilo/nucleófilo<br />

Muitos compostos orgânicos atuam como espécies áci<strong>da</strong>s ou básicas. É útil<br />

relembrar os conceitos ácidos/bases e em segui<strong>da</strong> relacionar com termos<br />

bastante utilizados em <strong>Química</strong> Orgânica. Na definição de Arrhenius, a espécie<br />

áci<strong>da</strong> é aquela que em solução aquosa se dissocia produzindo a espécie química H 3 O <br />

; e<br />

base é a espécie que em solução aquosa se dissocia produzindo íons hidroxila (OH –<br />

). Tais<br />

definições limitam o solvente à água.<br />

Uma posterior definição foi feita por Bronsted e Lowry: ácido é qualquer espécie que<br />

pode doar um íon hidrogênio, e base, qualquer espécie que pode aceitar um íon hidrogênio.<br />

Essa definição ampliou o conceito anterior, pois incluiu compostos com comportamento<br />

básico como a amônia (NH 3 ) que não contém hidroxila (OH), mas pode em presença de água<br />

aceitar um íon hidrogênio e formar íon hidroxila (OH –<br />

) em água.<br />

Um conceito mais amplo ain<strong>da</strong> foi estabelecido por Gilbert N. Lewis que pensou não<br />

em termos de transferência de íons hidrogênio, mas em termos de ligações químicas<br />

que estão sendo forma<strong>da</strong>s e rompi<strong>da</strong>s. Uma base de Lewis é uma espécie química capaz<br />

de doar um par de elétrons a um sítio deficiente de elétrons. Um ácido de Lewis é uma<br />

espécie química capaz de aceitar um par de elétrons. Como podemos perceber, esse<br />

conceito abrange os conceitos anteriores.<br />

Alguns termos associados a ácidos e bases envolvem significados específicos na<br />

<strong>Química</strong> Orgânica, as reações ocorrem rompendo e formando novas ligações, na maioria <strong>da</strong><br />

vezes. Um átomo que possua elétrons não ligantes ou mesmo excesso de densi<strong>da</strong>de negativa,<br />

como uma carga elétrica negativa, atuará como uma base de Lewis, a qual é denomina<strong>da</strong><br />

também de nucleófilo (literalmente: ávido (philic) por núcleo (nucleus)); e um sítio na<br />

Nucleófilo<br />

Espécie química (neutra ou<br />

carrega<strong>da</strong> negativamente)<br />

que tem par de elétrons<br />

livres. É denomina<strong>da</strong><br />

nucleófilo quando ataca<br />

(reage) um centro de<br />

polari<strong>da</strong>de positiva.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> 19


20<br />

Eletrófilo<br />

Espécie química que<br />

tem átomo polarizado<br />

positivamente. É<br />

denominado eletrófilo<br />

quando é atacado<br />

(reage) por um centro de<br />

polari<strong>da</strong>de negativa.<br />

Fluxo de um<br />

par de elétrons<br />

A simbologia para essa<br />

indicação é: uma seta de<br />

duas pontas indica o fluxo<br />

de um par de elétrons, e a<br />

seta de uma ponta, o fluxo<br />

de um elétron, como nos<br />

radicais livres.<br />

Aula 03 <strong>Química</strong> <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />

molécula capaz de atuar como ácido de Lewis é denominado de eletrófilo (do grego: ávido<br />

por elétrons). Quando queremos mostrar numa reação química a interação de um centro<br />

nucleofílico com um centro eletrofílico, representamos o fluxo de um par de elétrons do<br />

sítio doador de elétrons para o sítio aceptor de elétrons por uma seta curva. O movimento<br />

de ca<strong>da</strong> par de elétrons envolve a quebra e formação de ligações. Este formalismo é usado<br />

também na indicação do fluxo de elétrons para formação <strong>da</strong>s estruturas de ressonância. Na<br />

representação seguinte, são mostrados exemplos dessa simbologia.<br />

H<br />

Nucleófelo Eletrófilo<br />

H<br />

N<br />

H<br />

F<br />

B<br />

F<br />

H C O CH 3 H C Cl<br />

3<br />

Ativi<strong>da</strong>de 9<br />

H<br />

H<br />

F<br />

H<br />

H<br />

+<br />

N<br />

H<br />

H<br />

H<br />

F<br />

B<br />

F<br />

O C H Cl<br />

Para ca<strong>da</strong> molécula, indique a região molecular ou átomos onde esteja<br />

localiza<strong>da</strong> o sítio nucleofílico e eletrofílico, ou apenas um deles.<br />

a) Metanol, acetona, água, ácido nítrico.<br />

Nesta aula e na anterior, estu<strong>da</strong>mos a classe dos alcanos. Vimos a estrutura básica<br />

de derivados cíclicos. Esse estudo tem importância fun<strong>da</strong>mental para a continuação do<br />

aprendizado <strong>da</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, pois a partir deste derivam estudos conformacionais<br />

mais complexos e a estrutura básica para as nomenclaturas de outras moléculas orgânicas.<br />

Estas e outras estruturas relaciona<strong>da</strong>s a cadeias, anéis etc. estão presentes em biomoléculas<br />

de todos os sistemas vivos. Em relação às proprie<strong>da</strong>des químicas dos alcanos, embora<br />

não venham a ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s nessa disciplina, devemos destacar que a ausência de grupos<br />

funcionais torna esses compostos pouco reativos (pode não parecer ver<strong>da</strong>de para aqueles<br />

que se lembram <strong>da</strong> queima de combustíveis, exemplo típico <strong>da</strong> combustão). Assim, talvez<br />

seja melhor explicar que essa classe de composto tem alta energia de ativação (necessário<br />

para o início <strong>da</strong> reação) para suas reações características: a combustão e reações via radicais<br />

livres. Para a maioria dos alcanos, após a etapa de ativação, a reação é auto-sustenta<strong>da</strong>,<br />

libera muito mais energia do que consome e dessa forma se mantém.<br />

F


1<br />

2<br />

3<br />

Resumo<br />

Nesta aula, você estudou os alcanos cíclicos, formados apenas por carbono e<br />

hidrogênio, unidos por ligações simples, formando anéis de vários tamanhos,<br />

parte <strong>da</strong> classe dos hidrocarbonetos. Esses sistemas anelares estão muito<br />

presentes em compostos de origem natural com importantes ativi<strong>da</strong>des<br />

biológicas. A forma segura e sistemática para nomear esses compostos está<br />

basea<strong>da</strong> na nomenclatura dos alcanos lineares. Vimos que os compostos<br />

cíclicos, em geral, não são planares e dobram-se para aliviar a tensão imposta<br />

pelo desvio do ângulo tetraédrico ideal de 109,5°, e as tensões torcionais,<br />

origina<strong>da</strong>s pelas conformações eclipsa<strong>da</strong>s (em coincidência). As proprie<strong>da</strong>des<br />

físicas dos cicloalcanos acompanham as de seus similares lineares, entretanto,<br />

mostrando maior organização devido aos menores graus de liber<strong>da</strong>de,<br />

impostos pela estrutura cíclica. Essencialmente apolares, têm, como principal<br />

força de atração intermolecular, as forças de London. Interações semelhantes<br />

têm importantes implicações na conformação dessas cadeias cíclicas. As<br />

conformações, agora, de forma intramolecular e de natureza repulsiva (devido<br />

à maior proximi<strong>da</strong>de de átomos ou grupo de átomos), nessas cadeias cíclicas,<br />

podem gerar conformações com energias diferentes e conseqüentemente<br />

preferenciais. Relembramos os conceitos de ácido e base, relacionamos ao<br />

conceito de eletrófilos e nucleófilos. Mostramos também como representar<br />

uma estrutura orgânica de modo adequado e de formas distintas.<br />

Auto-avaliação<br />

Desenhe todos os isômeros possíveis para os compostos com fórmula geral C 6 H 14 .<br />

Usando a notação em linhas, desenhe as seguintes estruturas:<br />

a) 3-etil-3-ciclopentilexano;<br />

b) 1,1-dicloro-3-etilcicloexano;<br />

Desenhe as estruturas dos compostos:<br />

c) 2-metil-3-isopropileptano.<br />

a) trans-1-cloro-2-etil-ciclopropano. b) cis-1,3-dicloro-2,2-dimetil-ciclobutano.<br />

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22<br />

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4<br />

5<br />

6<br />

Explique a razão <strong>da</strong> não planari<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s cadeias cíclicas dos alcanos.<br />

A molécula 2,2-dimetilpentano possui conformações mais ou menos estáveis que<br />

o pentano? Represente com auxílio de desenhos.<br />

Faça o que se pede nos itens a seguir.<br />

a) Desenhe as duas conformações cadeira do composto<br />

cis-1,2-dimetil-ciclo-hexano e explique o composto mais estável.<br />

b) Repita para o isômero trans.<br />

c) Preveja qual dos dois isômeros, cis- e trans- é o mais estável, explique.<br />

Referências<br />

ALLINGER, N. L. et al. <strong>Química</strong> orgânica. 2. ed. Rio de janeiro: LTC – Livros Técnicos e<br />

Científicos,1976.<br />

CAREY, F. A. Organic chemistry. New York. Mc|Graw-Hill Inc,1992.<br />

MORRINSON, R.; BOYD, R. <strong>Química</strong> orgânica. Lisboa: Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian, 1992.<br />

SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. <strong>Química</strong> orgânica. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e<br />

Científicos, 2001. v. 1 e 2.<br />

STREITWEISER, A.; HEATHCOOK, C. H.; KOSOWER, E. M. Introduction to organic chemistry.<br />

4. ed. New York: MacMillan Publishing Company, 1992.<br />

VOLLHARDT, K. P. C.; SCHORE, N. E. <strong>Química</strong> orgânica. Porto Alegre: Bookman, 2004.<br />

WADE JUNIOR, L. G. Organic chemistry. New Jersey: Prentice Hall,1995.


Anotações<br />

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