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Novo Layout - 2008.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

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4 Tema do Mês<br />

A Vida ou<br />

a Morte?<br />

No capítulo 30 do livro do<br />

Deuteronômio, Javé, o Deus criador,<br />

apresenta ao povo <strong>de</strong> Israel<br />

o caminho da conversão, a circuncisão<br />

do coração, o caminho que<br />

o levará <strong>de</strong> volta à felicida<strong>de</strong> da<br />

fé e da família (vv. 1-10). Depois,<br />

propõe ao ser humano dois caminhos:<br />

a vida e a felicida<strong>de</strong> e a<br />

bênção, ou a morte e a <strong>de</strong>sgraça<br />

e a maldição (vv. 15.19). Cabe ao<br />

ser humano escolher, na liberda<strong>de</strong><br />

que lhe foi dada com o dom<br />

da vida. A escolha da vida ou da<br />

morte <strong>de</strong>ve levar em conta as<br />

conseqüências. Não é uma escolha<br />

neutra. Javé, na sua bonda<strong>de</strong>,<br />

dá a dica e sugere qual <strong>de</strong>va<br />

ser a opção humana: “Escolhe,<br />

pois, a vida” (Dt 30,19).<br />

Já no Concílio Vaticano II<br />

(1962-1965), a Igreja chamava a<br />

atenção e con<strong>de</strong>nava como infame<br />

tudo o que se opõe à vida (homicídio,<br />

genocídio, aborto, eutanásia<br />

e suicídio voluntário), tudo<br />

que viola a integrida<strong>de</strong> da pessoa<br />

humana (mutilações, tormentos<br />

corporais e mentais, violências<br />

contra a própria consciência),<br />

tudo o que ofen<strong>de</strong> a dignida<strong>de</strong> da<br />

pessoa humana (condições infrahumanas<br />

<strong>de</strong> vida, prisões arbitrárias,<br />

<strong>de</strong>portações, escravidão,<br />

prostituição, comércio <strong>de</strong> mulheres<br />

e jovens, condições <strong>de</strong>gradantes<br />

<strong>de</strong> trabalho). Tudo isso ofen<strong>de</strong><br />

a Deus criador, corrompe a civilização<br />

humana, e <strong>de</strong>sonra<br />

mais aqueles que assim proce<strong>de</strong>m<br />

do que aqueles que pa<strong>de</strong>cem<br />

injustamente (Gaudium et<br />

Spes 27). Quarenta anos <strong>de</strong>pois,<br />

essa cultura <strong>de</strong> morte não mudou.<br />

Antes, piorou. Por quê?<br />

Por que escolhemos<br />

a morte?<br />

Acontece que, hoje, como ontem,<br />

queremos a vida, mas escolhemos<br />

a morte. Por quê? São<br />

Paulo, ao falar da força do pecado,<br />

dá uma primeira resposta: “Sabemos<br />

que a Lei é espiritual, mas<br />

eu sou humano e fraco, vendido<br />

como escravo ao pecado. Não consigo<br />

enten<strong>de</strong>r nem mesmo o que<br />

eu faço; pois não faço aquilo que<br />

eu quero, mas aquilo que mais <strong>de</strong>testo.<br />

Ora, se eu faço o que não<br />

quero, reconheço que a Lei é boa;<br />

portanto, não sou eu que faço,<br />

mas é o pecado que mora em<br />

mim. Sei que o bem não mora em<br />

mim, isto é, em meus instintos<br />

Escolhe a Vida!<br />

A Campanha da Fraternida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste ano nos<br />

convoca, mais uma vez, à promoção e <strong>de</strong>fesa da<br />

vida. Todas as campanhas nos propõem assumir<br />

a vida sob vários aspectos. Mas algumas <strong>de</strong>las,<br />

em seu tema ou lema, foram mais explícitas nesse<br />

assunto. Afinal, a vida é o nosso dom maior.<br />

Numa socieda<strong>de</strong> que o Papa João Paulo II <strong>de</strong>nunciou<br />

como cultura <strong>de</strong> morte, é preciso <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a<br />

vida. A campanha <strong>de</strong>ste ano continua essa reflexão.<br />

Com o tema Fraternida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>fesa da vida, e<br />

o lema Escolhe, pois, a vida (Dt 30,19), ela expressa<br />

a preocupação com a vida humana,<br />

ameaçada do começo ao fim: no seu início pelo<br />

aborto, no seu <strong>de</strong>correr pelas inúmeras agressões<br />

e violências, e no seu final pela eutanásia.<br />

A Quaresma é um tempo propício para a realização<br />

da Campanha da Fraternida<strong>de</strong>. É tempo <strong>de</strong><br />

mudança <strong>de</strong> vida, como preparação para a festa<br />

da ressurreição, a vitória da vida sobre a morte.<br />

Para que a conversão aconteça, é preciso uma profunda<br />

revisão <strong>de</strong> vida e renovada a<strong>de</strong>são a Deus.<br />

egoístas. O querer o bem está em<br />

mim, mas não sou capaz <strong>de</strong> fazêlo.<br />

Não faço o bem que quero, e<br />

sim o mal que não quero. Ora, se<br />

faço aquilo que não quero, não<br />

sou eu que o faço, mas é o pecado<br />

que mora em mim” (Rm 7,14-<br />

20). Somos habitados pelo pecado.<br />

E quanto mais afastados <strong>de</strong><br />

Deus e da sua Igreja, mais sere-<br />

Diante da cultura <strong>de</strong> morte, resta-nos fazer<br />

uma <strong>de</strong>cidida opção pela vida!<br />

“Quaresma é<br />

tempo <strong>de</strong><br />

mudança <strong>de</strong><br />

vida, <strong>de</strong> vitória<br />

da vida sobre<br />

a morte.”<br />

O texto-base da CF-2008 foi elaborado segundo<br />

o método "ver, julgar e agir". Oferece excelentes<br />

argumentos para o diálogo com os médicos,<br />

os enfermeiros, os biólogos, os bioquímicos, os<br />

laboratoristas, os juristas, e outros profissionais.<br />

Temos, agora, uma ocasião propícia para apresentar<br />

nossos argumentos a favor da vida, contra<br />

a interrupção da gravi<strong>de</strong>z, contra a eutanásia,<br />

sobre o reto uso <strong>de</strong> células-tronco, e <strong>de</strong>zenas<br />

<strong>de</strong> outros assuntos. Sempre tem acontecido que<br />

os argumentos, contrários à posição cristã, tiveram<br />

gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> informações e <strong>de</strong> espaço.<br />

A mídia, com a pretensão <strong>de</strong> ser científica e laica,<br />

é na verda<strong>de</strong> cientificista e laicista. Isto é, põe a<br />

ciência como <strong>de</strong>usa da história e o secularismo<br />

como seu motor, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado argumentos<br />

éticos e religiosos. Daí que as nossas razões ficam<br />

na sombra e nas notícias <strong>de</strong> rodapé. Não<br />

temos a nosso favor gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> comunicação,<br />

nem multinacionais. Temos apenas a<br />

simplicida<strong>de</strong> e a sobrieda<strong>de</strong> do evangelho.<br />

mos dominados pelo pecado,<br />

mais seremos dominados pela<br />

força da morte.<br />

O texto-base da Campanha<br />

da Fraternida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste ano também<br />

nos diz: “Escolhemos o caminho<br />

da morte porque não nos<br />

abrimos integralmente para a realida<strong>de</strong>.<br />

Reduzimos o real a seus<br />

aspectos mais imediatos, que<br />

Janeiro/Fevereiro 2008 Jornal da <strong>Arquidiocese</strong><br />

CF-2008<br />

po<strong>de</strong>m ser explicados pela ciência<br />

e dominados pela técnica. Eliminamos<br />

a pergunta sobre o sentido<br />

das coisas e dos acontecimentos,<br />

<strong>de</strong>ixando sem resposta<br />

as perguntas sobre o amar e o<br />

sofrer, o bem e o mal. Passamos<br />

a acreditar que a ciência e a técnica<br />

po<strong>de</strong>m solucionar os problemas,<br />

sem a necessida<strong>de</strong> do compromisso<br />

ético” (n. 9). Enfim,<br />

achamo-nos donos da vida e da<br />

liberda<strong>de</strong>, sem pesar as conseqüências<br />

<strong>de</strong> nossas escolhas!<br />

Por que<br />

escolher a Vida?<br />

Conhecedor dos mistérios da<br />

vida e do coração humano, Javé<br />

nos adverte: “Escolhe, pois, a<br />

vida” (Dt 30,19). Nessa linha, o<br />

Documento <strong>de</strong> Aparecida, que<br />

pôs a vida como centro <strong>de</strong> toda a<br />

sua proposta, nos garante: “A vida<br />

nova <strong>de</strong> Jesus Cristo atinge o ser<br />

humano por inteiro e <strong>de</strong>senvolve<br />

em plenitu<strong>de</strong> a existência humana<br />

em sua dimensão pessoal,<br />

familiar, social e cultural. Para<br />

isso, faz falta entrar em um processo<br />

<strong>de</strong> mudança que transfigure<br />

os vários aspectos da própria<br />

vida. Só assim será possível perceber<br />

que Jesus Cristo é nosso<br />

Salvador em todos os sentidos da<br />

palavra. Só assim manifestaremos<br />

que a vida em Cristo cura,<br />

fortalece e humaniza. Porque Ele<br />

é o Vivente, que caminha a nosso<br />

lado, manifestando-nos o sentido<br />

dos acontecimentos, da dor<br />

e da morte, da alegria e da festa.<br />

A vida em Cristo inclui a alegria<br />

<strong>de</strong> comer juntos, o entusiasmo<br />

para progredir, o gosto <strong>de</strong> trabalhar<br />

e <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, a alegria <strong>de</strong><br />

servir a quem necessite <strong>de</strong> nós,<br />

o contato com a natureza, o entusiasmo<br />

dos projetos comunitários,<br />

o prazer <strong>de</strong> uma sexualida<strong>de</strong><br />

vivida segundo o Evangelho e<br />

todas as coisas com as quais o<br />

Pai nos presenteia como sinais<br />

<strong>de</strong> seu sincero amor. Po<strong>de</strong>mos<br />

encontrar o Senhor em meio às<br />

alegrias <strong>de</strong> nossa limitada existência<br />

e, <strong>de</strong>ssa forma, brota uma<br />

gratidão imensa" (DA 356).<br />

Diante da cultura <strong>de</strong> morte,<br />

em que estamos inseridos, resta-nos<br />

fazer uma <strong>de</strong>cidida opção<br />

pela vida. A Quaresma e a Campanha<br />

da Fraternida<strong>de</strong> nos convidam:<br />

“Escolhe, pois, a vida” (Dt<br />

30,19).<br />

P PPe.<br />

P e. Vit Vitor Vit or Galdino Galdino F FFeller<br />

F eller<br />

Prof. <strong>de</strong> Teologia e Diretor do ITESC<br />

Email: vitorfeller@arquifloripa.org.br

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