Piratas em Buarcos. Digressão épica na Oração de Sapiência do P ...
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PIRATAS EM BUARCOS 239<br />
" 'Contu<strong>do</strong> logo aos 7 <strong>de</strong> Junho, ven<strong>do</strong> outra s<strong>em</strong>elhante bo<strong>na</strong>nça,<br />
<strong>de</strong>ram mostras <strong>de</strong> querer sair <strong>em</strong> terra, por<strong>em</strong> como já o mal passa<strong>do</strong> nos<br />
tinha feito vigilantes, foi logo da<strong>do</strong> rebate <strong>em</strong> Coimbra, <strong>do</strong>n<strong>de</strong> acudiram<br />
com suma presteza o Correge<strong>do</strong>r com a gente da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> Infantaria<br />
por mar, e os <strong>de</strong> Carvalhos / <strong>em</strong> que estavãom os fidalgos, e nobres / por<br />
terra. O Reytor da Universida<strong>de</strong> Francisco <strong>de</strong> Brito <strong>de</strong> Meneses se<br />
<strong>em</strong>barcou também <strong>em</strong> quize barcas com os estudantes que então havia,<br />
que por ser no fim <strong>do</strong> anno erão já poucos, mas ainda assy passarão <strong>de</strong><br />
420 <strong>de</strong> que forão por Cappitães D. André <strong>de</strong> Almeida, o Doutor Francisco<br />
Roiz <strong>de</strong> Valladares, D. António da Silvr. s , Franc.c 8 Cabral, e Nuno<br />
da Cunha, Estêvão da Cunha; sargentos Gaspar Pinto da Fonseca, e<br />
Jerónimo da Silva: o General <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s era o mesmo Reytor que ia diante<br />
<strong>em</strong> corpo com um bastão <strong>na</strong> mão." 28<br />
Ε bastante curioso este episódio, sobretu<strong>do</strong> pelo tom épico que Macha<strong>do</strong><br />
lhe confere, a ponto <strong>de</strong> já imagi<strong>na</strong>rmos o exército académico <strong>na</strong> luta, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
facto ele não chega a combater graças à <strong>de</strong>sistência <strong>do</strong>s piratas que regressam<br />
ao mar. Na verda<strong>de</strong>, o inimigo chega a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barcar mas presta-se a aban<strong>do</strong><strong>na</strong>r<br />
a terra e fazer-se ao mar, e também o manuscrito <strong>de</strong> Faria atribui a fuga ao<br />
t<strong>em</strong>or inspira<strong>do</strong> pelo exército vin<strong>do</strong> <strong>de</strong> Coimbra:<br />
"Foy este esquadrão notabelicimo assy pela qualida<strong>de</strong> da gente ,<br />
pois nelle encerrava a flor da fidalguia e letras <strong>de</strong>ste reyno, como pelo<br />
valor e armas que levarão. S<strong>em</strong> duvida que a noticia <strong>de</strong>lle fez voltar aos<br />
inimigos as costas pois <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barcan<strong>do</strong> <strong>de</strong> seis ou sete vellas mais <strong>de</strong><br />
quinhentos homens, se tomarão a <strong>em</strong>barcar com maior presteza <strong>do</strong> que<br />
vierão. Ε assy pod<strong>em</strong>os dizer que foi este maior vencimento que o <strong>de</strong><br />
César, pois s<strong>em</strong> os nossos ser<strong>em</strong> vistos, só com a fama fizerão fugir os<br />
inimigos." 29<br />
A evocação <strong>de</strong>sta aventura no início <strong>do</strong> novo Ano Académico foi <strong>de</strong>certo<br />
b<strong>em</strong> acolhida pelo auditório, quer pelos que nela teriam participa<strong>do</strong>, quer pelos<br />
que estan<strong>do</strong> ausentes <strong>de</strong> Coimbra, porventura já <strong>de</strong> férias, agora ouviam com<br />
atenção a <strong>em</strong>polgada <strong>na</strong>rrativa <strong>do</strong>s acontecimentos. Não faltou a Macha<strong>do</strong> a<br />
28 FARIA, op. cit. foi. 256.<br />
25 FARIA, op. cit. foi. 256, f e v.