Apostila de Arte - Colégio MilleniumClasse
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APOSTILA DE ARTE ROSÂNGELA LISBOA E JOSEFA RODRIGUES DA SILVA<br />
configurar um <strong>de</strong>terminado padrão quando relacionados<br />
entre si, cujas possibilida<strong>de</strong>s formais são infinitas.<br />
Distribuição <strong>de</strong> componentes<br />
Em todas as formas visuais, a parte inferior<br />
significa para nós a base. É como se fosse a terra em que<br />
pisamos. Daí <strong>de</strong>correm várias qualificações:<br />
imediatamente a margem inferior torna-se a linha <strong>de</strong> base.<br />
Em conseqüência disto, toda a área que a acompanha<br />
torna-se visualmente mais pesada (fig. 3). Assim,<br />
qualquer indicação visual que entrar na área baixa ficará<br />
carregada <strong>de</strong> peso, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e proximida<strong>de</strong>. Em<br />
contrapartida, a parte superior <strong>de</strong> uma forma é associada<br />
com céus, altura, transparência, distância e leveza. Tudo<br />
aí torna-se menos <strong>de</strong>nso, quase imaterial, como se<br />
estivesse flutuando no espaço. Portanto, para conferir<br />
maior leveza à interface, <strong>de</strong>ve-se evitar o agrupamento <strong>de</strong><br />
elementos na base da tela.<br />
Quando for necessário centralizar uma figura<br />
isolada na tela, o aumento <strong>de</strong> peso visual na base po<strong>de</strong>rá<br />
ser compensado com o <strong>de</strong>slocamento do centro<br />
geométrico da tela (calculado pelo cruzamento davvs<br />
diagonais da figura - fig. 4) um pouco mais para cima.<br />
Esta compensação chama-se centro perceptivo e é<br />
impossível <strong>de</strong> ser calculado. Ele existe em termos<br />
qualitativos, não quantitativos e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da<br />
sensibilida<strong>de</strong> do projetista estabelecer este centro<br />
perceptivo, sempre levando em conta a área concreta das<br />
configurações e sua escala física real.<br />
Esta assimetria <strong>de</strong> peso entre a parte inferior e a<br />
superior também é observada em sentido lateral. Quando<br />
olhamos para um quadro, não entramos nele, visualmente,<br />
pelo centro, nem mesmo percebemos a configuração<br />
<strong>de</strong>sdobrando-se para os dois lados. Ao invés disto,<br />
intuitivamente, a percepção inicia seu caminho ao alto do<br />
lado esquerdo e, em movimentos sinuosos, passando pelo<br />
centro, ela se dirige ao canto inferior direito (fig. 5). Este<br />
fato diferencia os espaços laterais em termos <strong>de</strong> peso<br />
visual e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. O lado esquerdo sempre é percebido<br />
como sendo mais leve e como área <strong>de</strong> introdução <strong>de</strong><br />
movimentos visuais, ao passo que o lado direito se torna<br />
mais pesado e mais <strong>de</strong>nso, sobretudo perto do canto<br />
inferior. Portanto, novamente o agrupamento <strong>de</strong><br />
elementos, para manter o equilíbrio da composição,<br />
<strong>de</strong>verá ser maior no lado esquerdo do que no lado direito.<br />
NÃO<br />
NÃO<br />
SIM Fig. 5<br />
Este <strong>de</strong>slocamento do olhar em forma <strong>de</strong> S<br />
invertido não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> convenções culturais (sistema<br />
<strong>de</strong> escrita, já que a arte oriental se articula do mesmo<br />
modo, embora sua escrita seja realizada em sentidos<br />
diferentes) ou da habilida<strong>de</strong> mecânica do observador, já<br />
que canhotos e <strong>de</strong>stros compartilham o mesmo<br />
procedimento <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> imagens.<br />
Ritmos visuais<br />
Já que a leitura da tela se dará em forma <strong>de</strong> S<br />
invertido, todos os componentes da tela <strong>de</strong>verão facilitar<br />
que o olho percorra este caminho, sob o risco <strong>de</strong> interferir<br />
no ritmo visual e no equilíbrio das formas. Portanto, é<br />
fundamental evitar a geometrização do <strong>de</strong>sign porque<br />
prejudica o <strong>de</strong>slocamento do olhar. Embora a tendência<br />
seja a distribuição <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> uma forma monolítica,<br />
geometria não se i<strong>de</strong>ntifica com arte. Nem simetria se<br />
i<strong>de</strong>ntifica com arte. A Teoria da Gestalt, criada na<br />
Alemanha na virada do século, tenta explicar esta<br />
propensão à or<strong>de</strong>nação simétrica. No enfoque da Gestalt,<br />
"o todo é maior que a soma <strong>de</strong> suas partes". Isto foi muito<br />
útil na teoria da percepção, pois o que se afirma é que a<br />
totalida<strong>de</strong> nunca é apenas uma adição <strong>de</strong> suas partes. Em<br />
vez <strong>de</strong> adição, o todo resulta da integração <strong>de</strong> suas partes.<br />
O todo constitui sempre uma síntese.<br />
As afirmações gestaltianas foram muito úteis para<br />
o entendimento da leitura da arte, mas falhou ao eleger<br />
algumas formas simples e regulares com as quais<br />
po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>compor todas as <strong>de</strong>mais formas: reta, vertical,<br />
horizontal, diagonal, curva, círculo, quadrado, triângulo.<br />
Estas seriam formas primárias e são chamadas <strong>de</strong> formas<br />
"boas" da Gestalt. Um exemplo disto po<strong>de</strong> ser observado<br />
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