Apostila de Arte - Colégio MilleniumClasse
Apostila de Arte - Colégio MilleniumClasse
Apostila de Arte - Colégio MilleniumClasse
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
APOSTILA DE ARTE ROSÂNGELA LISBOA E JOSEFA RODRIGUES DA SILVA<br />
Obtemos uma cor terciária quando misturamos<br />
duas primárias em proporções diferentes, isto é, uma em<br />
maior quantida<strong>de</strong> que a outra; ou quando misturamos as<br />
três cores primárias, seja em proporções iguais ou não. A<br />
cor MARROM, por exemplo, é uma cor terciária obtida<br />
da mistura das três primárias. Em artes gráficas, o marron<br />
po<strong>de</strong> ser obtido com a mistura do amarelo ou vermelho<br />
alaranjado com um pouco <strong>de</strong> preto.<br />
FOTOGRAFIA (Memória e Afeto)<br />
Na fotografia encontra-se a ausência, a<br />
lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que<br />
já faleceram, as que <strong>de</strong>sapareceram.<br />
Para algumas pessoas, fotografar é um ato<br />
prazeroso, <strong>de</strong> estar figurando ou imitando algo que existe.<br />
Já para outras, é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prolongar o contato, a<br />
proximida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> que o vínculo persista.<br />
Strelczenia, 2001, apud Debray (1986, p. 60)<br />
assinala que a imagem nasce da morte, como negação do<br />
nada e para prolongar a vida, <strong>de</strong> tal forma que entre o<br />
representado e sua representação haja uma transferência<br />
<strong>de</strong> alma. A imagem não é uma simples metáfora do<br />
<strong>de</strong>saparecido, mas sim “uma metonímia real, um<br />
prolongamento sublimado, mas ainda físico <strong>de</strong> sua carne”.<br />
A foto faz que as pessoas lembrem do seu<br />
passado e que fiquem conscientes <strong>de</strong> quem são. O<br />
conhecimento do real e a essência <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
individual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da memória. A memória vincula o<br />
passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu<br />
no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver a transformação e <strong>de</strong> alguma maneira<br />
<strong>de</strong>cifrar o que virá.<br />
A fotografia captura um instante, põe em<br />
evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára <strong>de</strong><br />
correr e <strong>de</strong> ter transformações. Ao olhar uma fotografia é<br />
importante valorizar o salto entre o momento em que o<br />
objeto foi clicado e o presente em que se contempla a<br />
imagem, porém a ocasião fotografada é capaz <strong>de</strong> conter o<br />
antes e <strong>de</strong>pois.<br />
Confia-se, portanto, na capacida<strong>de</strong> da câmera<br />
fotográfica para guardar os instantes que se consi<strong>de</strong>ram<br />
valiosos. Tirar fotografias ajuda a combater o nada, o<br />
esquecimento. Para recordar é necessário reter certos<br />
fragmentos da experiência e esquecer o resto. São mais os<br />
instantes que se per<strong>de</strong>m que os que po<strong>de</strong>mos conservar.<br />
Segundo Strelczenia (2001), “A memória se premia<br />
recordando, fazendo memorável; se castiga com o<br />
esquecimento”.<br />
Fotografa-se para recordar, porque os<br />
acontecimentos terminam e as fotografias permanecem,<br />
porém não sabemos se esses momentos foram<br />
significativos em si mesmos ou se tornaram memoráveis<br />
por terem sido fotografados.<br />
A memória é constitutiva da condição humana:<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre o homem tem se ocupado em produzir<br />
sinais que permaneçam mais além do futuro, que sirvam<br />
<strong>de</strong> marca da própria existência e que lhe dêem sentido. A<br />
fotografia traz consigo mais daquilo do que se vê. Ela não<br />
somente capta imagens do mundo, mas po<strong>de</strong> registrar o<br />
“gesto revelador, a expressão que tudo resume, a vida que<br />
o movimento acompanha, mas que uma imagem rígida<br />
<strong>de</strong>strói ao seccionar o tempo, se não escolhemos a fração<br />
essencial imperceptível” (CORTÁZAR, 1986,p.30)<br />
Todo esse campo <strong>de</strong> interpretação que a<br />
fotografia permite parte <strong>de</strong> vários fatores, ingredientes que<br />
agem profundamente (nem sempre visíveis) no<br />
significado da imagem. Segundo Lucia Santaella e<br />
Winfried Nöth (2001), esses elementos são: o fotógrafo,<br />
como agente; o fotógrafo, a máquina e o mundo, ou seja,<br />
o ato fotográfico, a fenomenologia <strong>de</strong>sse ato; a máquina<br />
como meio; a fotografia em si; a relação da foto com o<br />
referente; a distribuição fotográfica, isto é, a sua<br />
reprodução; a recepção da foto, o ato <strong>de</strong> vê-la.<br />
É no ensaio fotográfico que a pessoa busca a<br />
emoção, algo que ela nunca tenha sentido. A fotografia é<br />
capaz <strong>de</strong> ferir, <strong>de</strong> comover ou animar uma pessoa. Para<br />
cada um ela oferece um tipo <strong>de</strong> afeto. Na composição <strong>de</strong><br />
significado da foto, segundo Barthes (1984), há três<br />
fatores principais: o fotógrafo (operator), o objeto<br />
(spectrum) e o observador (spectator). O fotógrafo lança<br />
seu olhar sobre o assunto, ele o contamina e faz as fotos<br />
segundo seu ponto <strong>de</strong> vista. O objeto (ou mo<strong>de</strong>lo) se<br />
modifica na frente <strong>de</strong> uma lente, simulando uma coisa que<br />
não é. No caso do observador, ele gera mais um campo <strong>de</strong><br />
significado, lançando todo o seu repertório e alterando<br />
mais uma vez a imagem.<br />
Barthes (1984, p. 45) observa ainda a presença <strong>de</strong><br />
dois elementos na fotografia, aquilo que o fotógrafo quis<br />
transmitir é chamado <strong>de</strong> studium, ou seja, é o óbvio,<br />
aquilo que é intencional. Já quando há um <strong>de</strong>talhe que não<br />
foi pré-produzido pelo autor, recebe o nome <strong>de</strong> punctum.<br />
Esse último gera um outro significado para o observador,<br />
fere, atravessa, mexe com sua interpretação.<br />
Reconhecer o studium é fatalmente encontrar as<br />
intenções do fotógrafo, entrar em harmonia com elas,<br />
aprova-las, dicuti-las em mim mesmo, pois a cultura (com<br />
que tem a ver o studium) é um contrato feito entre os<br />
criadores e os consumidores. (...) A esse segundo<br />
elemento que vem contrariar o studium chamarei então<br />
punctum. Dessa vez, não sou eu que vou busca-lo, é ele<br />
que parte da cena, como uma flecha, e vem me<br />
transpassar (BARTHES, 1984, p. 48).<br />
Por meio das fotografias <strong>de</strong>scobre-se a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> obter camadas inteiras e <strong>de</strong> emoções que estão<br />
escondidas na memória. Também se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir e<br />
obter novas significações que naqueles momentos não<br />
estavam explícitas.<br />
As imagens são aparentemente silenciosas.<br />
Sempre, no entanto, provocam e conduzem a uma<br />
infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discursos em torno <strong>de</strong>las.<br />
Fotografia como arte<br />
O homem sempre tentou reter e fixar movimentos<br />
do mundo, começando com <strong>de</strong>senhos na caverna,<br />
passando pela pintura em tela e escultura, e, por fim,<br />
chegando a fotografia. Esse é um meio <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />
27