19.04.2013 Views

Cap. 8 – Jesus Cristo – sua morte

Cap. 8 – Jesus Cristo – sua morte

Cap. 8 – Jesus Cristo – sua morte

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“... foi crucificado, morto e sepultado...” (Credo Apostólico)<br />

Estas cláusulas reconhecem o fato inquestionável da <strong>morte</strong> de <strong>Jesus</strong>.<br />

Mais à frente, a referência a Pilatos a situará historicamente. Porém, a cláusula<br />

não apenas admite a realidade dessa <strong>morte</strong>, mas também interpreta seu<br />

significado ao dizer que ela aconteceu “por nós”. Assim, essa <strong>morte</strong> se<br />

distingue de tantas outras da mesma época, por ter alcance universal. Surge<br />

aqui a pergunta: como pode uma pessoa sofrer e morrer em favor da<br />

humanidade de todos os tempos e de todos os lugares?<br />

A resposta está no âmbito da fé. Se somos cristãos, para nós não é<br />

suficiente falar da vida e <strong>morte</strong> de <strong>Jesus</strong> como se essa fosse uma história<br />

qualquer, semelhante à de outros mártires. A vida de <strong>Jesus</strong> é a vida de “Deus<br />

conosco”. É a história de Deus em nosso favor, em solidariedade conosco. Por<br />

isso, entendemos também que <strong>sua</strong> <strong>morte</strong> não é um fato isolado na história da<br />

humanidade. É a <strong>morte</strong> de alguém que se solidarizou e se identificou<br />

totalmente conosco. Sua ressurreição e <strong>sua</strong> vitória, desse modo, também se<br />

relacionam intimamente conosco.<br />

Os cristãos sempre entenderam que a <strong>morte</strong> de <strong>Jesus</strong> não foi um<br />

suicídio. Ele “foi crucificado”. Sua <strong>morte</strong> foi resultado da maneira como decidiu<br />

viver, em confronto com todos os poderes que diminuem a dignidade humana,<br />

em coerência com os valores de outro reino que não se confunde com qualquer<br />

reino, poder ou soberania deste mundo. Diante de Pilatos, ele mesmo declarou:<br />

O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus<br />

guardas lutariam para que eu não fosse entregue às autoridades. Mas o meu<br />

reino não é daqui (João 18.36).<br />

O Credo Niceno insiste que tal <strong>morte</strong> foi “por nós” ou “em nosso favor”.<br />

Tal interpretação está fortemente enraizada nas tradições religiosas herdadas<br />

do judaísmo. A idéia de substituição é freqüente no Antigo Testamento.<br />

Lembremos a narrativa do cordeiro sacrificado em lugar de Isaque (Gênesis<br />

22), do cordeiro pascal ou ainda a tradição do “servo sofredor” (Isaías 53).<br />

Desde os primórdios da vida da igreja, ainda nos tempos apostólicos, a<br />

mensagem cristã já relacionava a <strong>morte</strong> de <strong>Jesus</strong> com esses textos. Isaías 53<br />

(O Servo Sofredor que carrega nossas iniqüidades), por exemplo, é referência<br />

comum no livro de Atos e nas cartas de Paulo. A associação de <strong>Jesus</strong> com o<br />

Cordeiro aparece também em I Pedro 1.18 (vocês foram resgatados pelo<br />

precioso sangue de <strong>Cristo</strong>, como o de um cordeiro sem defeito e sem mancha.)<br />

e na tradição joanina (No dia seguinte, João viu <strong>Jesus</strong>, que se aproximava<br />

dele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo - João 1.29).<br />

Para se ter uma idéia da importância dessa metáfora atribuída a <strong>Jesus</strong>, basta<br />

lembrar que só o livro do Apocalipse apresenta 38 referências a <strong>Jesus</strong> como<br />

“cordeiro” (ver, especialmente os capítulos 5 a 7 e outras referências a partir do<br />

capítulo 13). Nas orações eucarísticas, sempre recordamos esse fato ao cantar<br />

o Agnus Dei (“Cordeiro de Deus, que tiras os pecados do mundo, tem<br />

misericórdia de nós...”) e ao proclamar: “<strong>Cristo</strong>, nossa Páscoa, foi imolado por<br />

nós...”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!