a pregação dos frades menores em portugal: um esforço de ... - ABHR
a pregação dos frades menores em portugal: um esforço de ... - ABHR
a pregação dos frades menores em portugal: um esforço de ... - ABHR
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Com a sua morte precoce, e sendo o her<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> menor ida<strong>de</strong>, a nobreza <strong>de</strong>tendo a tutoria do<br />
mesmo, tratou <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r seus privilégios e alargar a sua posição, sendo os anos <strong>de</strong> 1223 a 1227<br />
bastante turbulentos, com lutas inter-nobiliárquicas. De 1227 a 1235, D. Sancho II conseguiu ter alg<strong>um</strong><br />
controle do reino. Na reunião <strong>de</strong> Cúria <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1235, o partido senhorial começou a se recuperar<br />
e os anos <strong>de</strong> 1238-1239 marcaram o início da agudização <strong>dos</strong> conflitos internos.<br />
Os nobres aproveitaram da fraqueza do po<strong>de</strong>r real e se puseram a expandir as suas<br />
possessões, às custas das proprieda<strong>de</strong>s reais, das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros senhores, das<br />
proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vassalos <strong>de</strong> outros nobres, das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vilões e até das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
camponeses.<br />
Para José Mattoso, a crise que tomou conta da maior parte do reinado <strong>de</strong> D. Sancho II foi<br />
“<strong>um</strong>a crise social agravada pela crise política” (Mattoso, 1992: 61). Sendo que a crise política vinha se<br />
dando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o reinado <strong>de</strong> D. Afonso II, mas se intensificou com as lutas <strong>de</strong>ntro da nobreza, nos anos<br />
<strong>de</strong> 1223 a 1226; com os conflitos eclesiásticos no <strong>de</strong>correr da década <strong>de</strong> 1230; <strong>um</strong> crescimento <strong>de</strong><br />
conflitos esporádicos a partir <strong>de</strong> 1237. Depois, agudizou, <strong>em</strong> 1245, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da <strong>de</strong>claração, feita<br />
pelo papa Inocêncio IV, da nulida<strong>de</strong> do casamento <strong>de</strong> D. Sancho II com D. Mécia <strong>de</strong> Haro, a pedido do<br />
Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bolonha, com a <strong>de</strong>posição do Rei e o começo da guerra civil.<br />
Acerca do que o autor chama <strong>de</strong> “factos sociais”, ele próprio consi<strong>de</strong>ra <strong>um</strong> entrecruzamento<br />
das “lutas entre o rei e os bispos, entre os bispos e burgueses, entre nobres e igrejas ou mosteiros,<br />
<strong>dos</strong> nobres entre si, <strong>dos</strong> nobres contra vilãos <strong>dos</strong> concelhos e finalmente os actos <strong>de</strong> banditismo”<br />
(Mattoso, 1992: 65). Contudo, admite que os conflitos ocorri<strong>dos</strong> entre o rei e os bispos foram<br />
esporádicos e os conflitos <strong>de</strong> bispos com burgueses tinham caráter localizado. Os conflitos mais<br />
graves advieram da “marginalização <strong>dos</strong> filhos segun<strong>dos</strong> e os poucos recursos <strong>dos</strong> pequenos nobres”,<br />
o que agravou “a sua propensão para a violência” (Mattoso, 1992: 67), alimentando a crise política.<br />
Já, os conflitos oriun<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> “abusos e violências cometi<strong>dos</strong> por nobres contra vilãos <strong>em</strong><br />
senhorias e tenências” ocorreram <strong>em</strong> “regiões periféricas da zona senhorial por excelência (...) na<br />
Beira Alta, Traz-os-Montes e Alto Minho” (Mattoso, 1992: 68). Por último, menciona o banditismo que<br />
envolveu pessoas <strong>de</strong> todas as categorias sociais. Era “gente fora da lei. Eram os homens s<strong>em</strong> terra e<br />
s<strong>em</strong> senhor” (Mattoso, 1992: 71).<br />
Assim, entendo que as práticas violentas corrigidas por Dom Afonso, Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bolonha, eram<br />
todas aquelas violências perpetradas pelos nobres, uns contra os outros ou contra os mosteiros e até<br />
mesmo contra a população <strong>em</strong> geral. As vítimas eram outros m<strong>em</strong>bros da própria nobreza – os<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> senhores adversários, como os seus vassalos – os camponeses que trabalhavam as<br />
suas terras, os al<strong>de</strong>ões; <strong>de</strong>spovoando, por conta disso, casais, campos e vilas. Vítimas também foram<br />
4