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Gesp.007.03<br />

INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA<br />

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO COMUNICAÇÃO E DESPORTO<br />

R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O<br />

MARIA DA CRUZ DIREITO BENTO DOS SANTOS<br />

RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE ESPECIALIZAÇÃO TECNOLÓGICA<br />

EM TÉCNICAS DE GERONTOLOGIA<br />

Outubro/2011


RELATÓRIO DE ESTÁGIO<br />

Curso de Especialização Tecnológica em Técnicas de Gerontologia<br />

Maria <strong>da</strong> Cruz Direito Bento Dos Santos<br />

Orienta<strong>do</strong>res:<br />

Prof. Rosário Martins e Prof. Arman<strong>do</strong> Almei<strong>da</strong><br />

<strong>Instituto</strong> <strong>Politécnico</strong> <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> Associação <strong>do</strong>s Amigos de Nespereira<br />

ÍNDICE<br />

Introdução_____________________________________________________________3<br />

Activi<strong>da</strong>des propostas e desenvolvi<strong>da</strong>s______________________________________ 4<br />

Finali<strong>da</strong>de e Objectivos_________________________________________________ 12<br />

Agradecimentos_______________________________________________________ 14<br />

Anexos______________________________________________________________ 15


INTRODUÇÃO<br />

O curso de especialização tecnológica em técnicas de Gerontologia, apenas ficará<br />

concluí<strong>do</strong> após a apresentação <strong>do</strong> relatório de estágio, frequenta<strong>do</strong> numa instituição com<br />

a duração de seiscentas horas. Devi<strong>do</strong> à valorização que o mesmo representa para a<br />

complementação <strong>do</strong> curso, foi elabora<strong>do</strong> um plano de estágio (em anexo). Este foi<br />

realiza<strong>do</strong> e orienta<strong>do</strong> na Associação <strong>do</strong>s Amigos de Nespereira no perío<strong>do</strong> de<br />

Novembro de 2010 a Maio de 2011.<br />

Esta associação foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em 1994 por um grupo de amigos que se dignou avançar<br />

com o projecto e criar então um centro de dia. Devi<strong>do</strong> ao facto de ter inicia<strong>do</strong> apenas<br />

como centro de dia, a instituição careça de alguns meios e recursos necessários e<br />

a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong>s às dificul<strong>da</strong>des físicas e psicológicas <strong>do</strong>s utentes. Actualmente, a instituição<br />

tem ao seu dispor várias valências. Além de centro de dia e apoio <strong>do</strong>miciliário, dispõe<br />

de um serviço a tempo inteiro com vinte e quatro camas, prestan<strong>do</strong> no total cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s a<br />

cerca de quarenta i<strong>do</strong>sos. Paralelas a estas valências, funcionam ain<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>des e<br />

tempos livres (ATL) com quinze crianças, que inclui transporte e alimentação. Tem<br />

ain<strong>da</strong> uma ambulância de transportes para <strong>do</strong>entes, disponível para servir os utentes <strong>da</strong><br />

instituição, assim como to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de.<br />

Como é uma associação, conta com a colaboração <strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s elementos que<br />

compõe a direcção e assembleia e ain<strong>da</strong> com o empenho de treze funcionárias,<br />

distribuí<strong>da</strong>s pelas vinte e quatro horas <strong>do</strong> dia.<br />

A escolha desta instituição para a realização <strong>do</strong> estágio deve-se ao facto de a mesma ser<br />

o meu local de trabalho. Com o conhecimento e empatia que existe entre mim e os<br />

i<strong>do</strong>sos, garantiu-me um melhor enquadramento e enriquecimento durante to<strong>do</strong> o<br />

processo de estágio.<br />

3


ACTIVIDADES PROPOSTAS E DESENVOLVIDAS<br />

Após ter a devi<strong>da</strong> aprovação e autorização por parte <strong>do</strong>s responsáveis, para o<br />

prosseguimento <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des e seguin<strong>do</strong> o plano elabora<strong>do</strong>, dei início ao estágio.<br />

O bom relacionamento que mantinha com os i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong> instituição, facilitou-me a tarefa.<br />

Expliquei-lhes o meu objectivo de trabalho e solicitei a sua aju<strong>da</strong>, à qual a maioria se<br />

mostrou satisfeita e disponível para o fazer.<br />

Começámos por recor<strong>da</strong>r a sua infância, que para alguns foi muito pouco aproveita<strong>da</strong>,<br />

visto que eram obriga<strong>do</strong>s a trabalhar devi<strong>do</strong> às necessi<strong>da</strong>des financeiras. A maioria não<br />

frequentou a escola e os que o fizeram, poucos concluíram sequer a instrução primária.<br />

Quan<strong>do</strong> tinham algum tempo para brincar faziam-no sempre em grupos e na rua, visto<br />

que eram famílias muito numerosas e os brinque<strong>do</strong>s que utilizavam eram elabora<strong>do</strong>s por<br />

eles próprios. A bola e as bonecas feitas de trapos (fig.1), aproveitan<strong>do</strong> os pequenos<br />

restos de teci<strong>do</strong> <strong>da</strong>s mães que em alguns casos eram costureiras. Os pe<strong>da</strong>cinhos maiores<br />

ain<strong>da</strong> eram aproveita<strong>do</strong>s para fazer sacos de pano, colchas para a cama, ou ain<strong>da</strong> tapetes<br />

para decorarem o chão <strong>da</strong> casa. Tu<strong>do</strong> era aproveita<strong>do</strong>.<br />

Fig.1 – Boneca de trapos<br />

Os rapazes faziam a fisga, mol<strong>da</strong>n<strong>do</strong> um pau em forma de “V”, onde a<strong>da</strong>ptavam umas<br />

tiras de cabe<strong>da</strong>l que pediam ao sapateiro. O arco era aproveita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s aros e pneus de<br />

bicicletas velhas e acciona<strong>do</strong> com um pau ou arame que o movimentava ou equilibrava.<br />

O pião era o brinque<strong>do</strong> mais cobiça<strong>do</strong> pelos rapazes, visto que faziam grandes<br />

habili<strong>da</strong>des e disputas entre eles. Era um orgulho apanhá-lo com a mão, só com um<br />

4


de<strong>do</strong>, fazê-lo assobiar ou ain<strong>da</strong> derrotar os parceiros. Mas para o conseguir, tinham de<br />

amealhar o tostão para o comprar. A baraça que o fazia girar, era teci<strong>da</strong> por eles<br />

próprios, utilizan<strong>do</strong> um carro de linhas em madeira, onde eram coloca<strong>do</strong>s quatro pregos,<br />

com algodão em volta e um quinto prego que servia para ro<strong>da</strong>r o algodão que o tecia. Os<br />

mais habili<strong>do</strong>sos, faziam lin<strong>do</strong>s brinque<strong>do</strong>s em madeira, cortiça e cana, como era o caso<br />

<strong>da</strong> flauta. Tu<strong>do</strong> isto, em alguns casos, enquanto guar<strong>da</strong>vam os seus abun<strong>da</strong>ntes<br />

rebanhos.<br />

Aproveitan<strong>do</strong> a época <strong>da</strong> colheita <strong>do</strong>s frutos e com a colaboração de alguns i<strong>do</strong>sos mais<br />

experientes, demos início à confecção <strong>da</strong>s compotas tradicionais (fig.2 e 3). Partilhámos<br />

ideias, demos opiniões sobre a forma e a diferença que existe na alimentação <strong>do</strong> tempo<br />

deles e os dias de hoje. Talvez pela dificul<strong>da</strong>de que tinham em possuir as coisas, estas<br />

se tornassem mais apetecíveis e saborosas. O arroz <strong>do</strong>ce feito com leite de ovelha, numa<br />

caldeira de cobre suspensa na fogueira. O feijão cozi<strong>do</strong> na panela de ferro, to<strong>da</strong> a manhã<br />

ao lume. A carne assa<strong>da</strong> na caçoila de barro em forno de lenha, só em dias de festa!<br />

Fig. 3 - Compotas<br />

Fig. 2 – I<strong>do</strong>sos a confeccionar compotas<br />

5


Posteriormente e durante algumas semanas fomos desenvolven<strong>do</strong> vários trabalhos<br />

artesanais, com o objectivo, não só de aplicar as capaci<strong>da</strong>des físicas, mas também<br />

activar as capaci<strong>da</strong>des cognitivas.<br />

Elaborámos a tradicional boneca de trapos, outra mais recente e a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> como<br />

decoração de lápis (fig.4). Aproveitan<strong>do</strong> o trapilho, ou como elas lhe chamam “as fitas<br />

de trapos”, que no tempo delas teciam as mantas fizemos pequenos suportes, aos quais<br />

acrescentei uma pequena decoração (fig.5). Fizémos também em teci<strong>do</strong>, flores para<br />

colocar em casacos ou no cabelo, o que lhes trouxe à memória o tempo de juventude em<br />

que tinham de fazer as suas próprias roupas e enfeites (fig.6).<br />

Fig. 4 – Lápis decora<strong>do</strong> com<br />

boneca de trapos<br />

Fig. 6 – Flores decorativas<br />

Fig. 5 – Suportes em trapilho<br />

6


Aproveitan<strong>do</strong> materiais simples como a madeira, pregos e ráfia, que hoje em dia já<br />

adquirimos em diversas cores e aplican<strong>do</strong> alguma habili<strong>da</strong>de de pintura, que talvez<br />

algumas delas também possuíssem, mas nunca tiveram a oportuni<strong>da</strong>de de desenvolver.<br />

Elaborámos um trabalho muito interessante, sem grandes dificul<strong>da</strong>des e a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> às<br />

suas capaci<strong>da</strong>des, que no final pode ser utiliza<strong>do</strong> como cesto de pão ou fruteira (fig.7).<br />

Fig. 7 – Fases <strong>da</strong> execução de trabalho em ráfia e madeira<br />

7


Como durante to<strong>do</strong> o curso, também no estágio surgiram algumas barreiras e<br />

dificul<strong>da</strong>des. De acor<strong>do</strong> com um membro <strong>da</strong> direcção, foi planea<strong>da</strong> uma activi<strong>da</strong>de<br />

lúdica e de animação. A mesma constava que a ceia de Natal iria ser anima<strong>da</strong> pela<br />

tocata <strong>do</strong> Rancho Folclórico <strong>da</strong> Casa <strong>do</strong> Povo de Nespereira, <strong>do</strong> qual eu sou elemento<br />

activo. No final seriam entregues aos i<strong>do</strong>sos, lembranças que eles próprios aju<strong>da</strong>ram a<br />

elaborar. Não foi concretiza<strong>da</strong>, por motivo de a ceia ser altera<strong>da</strong> para um almoço, numa<br />

outra <strong>da</strong>ta sem que eu fosse atempa<strong>da</strong>mente informa<strong>da</strong>. As lembranças foram entregues<br />

e o motivo <strong>da</strong> alteração foi explica<strong>do</strong> e compreendi<strong>do</strong>, com alguma decepção por parte<br />

<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos (fig.8).<br />

Fig.8 – Entrega de lembranças<br />

As situações agradáveis mais marcantes, são as que prevalecem no subconsciente <strong>do</strong> ser<br />

humano e no i<strong>do</strong>so é comum esquecerem o mais recente e recor<strong>da</strong>rem o que está bem<br />

guar<strong>da</strong><strong>do</strong> no fun<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua memória. Para lhes demonstrar que com a i<strong>da</strong>de se adquire<br />

sabe<strong>do</strong>ria, convidei-os a partilhar as suas tradições e a viajar no tempo <strong>da</strong> sua juventude,<br />

em que não existia riqueza material, mas muita riqueza moral. Aju<strong>da</strong>vam-se<br />

mutuamente nos trabalhos agrícolas, partilhavam géneros alimentícios e viviam muito a<br />

sua vi<strong>da</strong> em grupos. Durante o dia trabalhavam, a maioria no campo e regressavam a<br />

8


casa em grupo sempre alegres e cantan<strong>do</strong>. Ao <strong>do</strong>mingo juntavam-se um rancho de<br />

raparigas e rapazes, uns tocavam, outros <strong>da</strong>nçavam e assim organizavam os bailaricos.<br />

Foram recor<strong>da</strong><strong>da</strong>s algumas <strong>da</strong>nças, (mo<strong>da</strong>s) como lhe chamavam e até descobertos<br />

alguns “namoricos”, que existiu entre eles. Os serões também passa<strong>do</strong>s em grupo eram<br />

feitos alterna<strong>da</strong>mente nas casas <strong>da</strong>s vizinhas, para pouparem o azeite <strong>da</strong> candeia ou o<br />

petróleo <strong>do</strong> candeeiro. Ensinavam as mais novas a organizar o enxoval e a tricotar as<br />

meias, que para tal eram necessárias cinco agulhas de arame. “Ninguém queria ficar<br />

mal”, confessou uma <strong>da</strong>s i<strong>do</strong>sas, que por não ter dinheiro para comprar algodão, fingiu<br />

ter-se engana<strong>do</strong> e desfez o que tinha feito para voltar a fazer. Para recor<strong>da</strong>rmos mais<br />

intensamente esses momentos, transformámos a sala de estar numa sala de cinema e foi<br />

projecta<strong>do</strong> o filme “Nespereira, Orgulho de To<strong>do</strong>s Nós”, to<strong>do</strong> ele protagoniza<strong>do</strong> pelo<br />

Rancho Folclórico <strong>da</strong> Casa <strong>do</strong> Povo de Nespereira (fig.9).<br />

As imagens retratam o quotidiano <strong>da</strong> época entre mil e novecentos e mil novecentos e<br />

cinquenta, as lides caseiras, <strong>do</strong> campo, os trajes de trabalho e <strong>do</strong>mingueiros, as<br />

romarias, <strong>da</strong>nças e cantares, len<strong>da</strong>s e tradições. A alegria que demonstraram, ao recor<strong>da</strong>r<br />

locais que já não viam há muitos anos, como as casas <strong>do</strong>s senhorios onde alguns deles<br />

passaram a sua infância e juventude como trabalha<strong>do</strong>res. Quan<strong>do</strong> surgiram as <strong>da</strong>nças,<br />

algumas cantarolavam a acompanhar, como nos velhos tempos.<br />

Fig.9 – Visualização <strong>do</strong> filme<br />

9


Foi recor<strong>da</strong><strong>da</strong> que deu o nome à aldeia. Habitou em tempos nas casas <strong>do</strong> rio (casa<br />

senhorial <strong>do</strong> tempo romano) uma senhora muito bon<strong>do</strong>sa, que acolhia os pobres e<br />

caminhantes, que passavam na zona. Quan<strong>do</strong> perguntavam onde iriam pernoitar, a<br />

resposta era rápi<strong>da</strong>: “Em casa de Inês Pereira”. Como a primeira letra era pouco<br />

pronuncia<strong>da</strong>, a junção <strong>da</strong>s duas sílabas, deu o nome à aldeia (I) Nes pereira.<br />

A Len<strong>da</strong> <strong>do</strong> Cedro também é muito recor<strong>da</strong><strong>da</strong>, pelo facto de narrar uma história de amor<br />

e coragem. Dois homens em disputa pelo amor <strong>da</strong> mesma mulher, agrediram-se<br />

fisicamente acaban<strong>do</strong> na morte de um. Para fugir às autori<strong>da</strong>des, o assassino escondeu-<br />

se no topo <strong>do</strong> cedro durante uma semana.<br />

Prosseguin<strong>do</strong> as recolhas sobre tradições, abordámos a parte <strong>do</strong>s tratamentos caseiros, o<br />

mais usual nessa época pois os tratamentos médicos eram raros. Só quem tinha<br />

possibili<strong>da</strong>des financeiras ou em último recurso.<br />

As ventosas aqueci<strong>da</strong>s, eram um <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para aliviar a <strong>do</strong>r. As<br />

massagens feitas pelos curandeiros, com azeite quente era outra forma de consertar<br />

ossos fora <strong>do</strong> lugar, ou aliviar <strong>do</strong>res musculares.<br />

O vasto conhecimento que possuíam <strong>da</strong>s plantas, levavam-nos a utilizá-las como<br />

remédio para os seus males. Em chás ou cozinha<strong>do</strong>s em pasta, substituíam os inúmeros<br />

comprimi<strong>do</strong>s que actualmente se consomem. A cidreira, a erva <strong>do</strong> muro, os pés de<br />

cereja, a barba <strong>do</strong> milho, a flor <strong>do</strong> sabugueiro, a flor <strong>da</strong> carqueja, o hipericão, os poejos,<br />

a tília e muitos outros. As malvas (fig.10), além de chá eram utiliza<strong>da</strong>s para lavagens e<br />

desinfecção, de <strong>do</strong>enças ginecológicas. Descobri também que as urtigas de folha larga<br />

(fig.11) eram aproveita<strong>da</strong>s para fazer sopa e as meruges, utiliza<strong>da</strong>s cruas em sala<strong>da</strong>s,<br />

ambas para curar fraquezas e palidez. O que me leva a entender que são duas plantas<br />

ricas em ferro.<br />

Fig.10 – Malvas Fig.11 – Urtigas<br />

10


Algumas dificul<strong>da</strong>des surgiram ao longo <strong>do</strong> estágio a nível de regras e méto<strong>do</strong>s de<br />

trabalho. Torna-se difícil aplicar na prática, os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong><br />

curso, quan<strong>do</strong> existem méto<strong>do</strong>s enraiza<strong>do</strong>s completamente opostos, manipula<strong>do</strong>res e<br />

transmissíveis. Ain<strong>da</strong> existe o mito, de que os i<strong>do</strong>sos são pessoas diferentes e<br />

dependentes, esquecen<strong>do</strong> porém, que em parte nós também somos dependentes deles,<br />

como tal devemos-lhe respeito e obediência.<br />

Empenhei-me no processo de mu<strong>da</strong>nça, contribuin<strong>do</strong> activamente na defesa <strong>do</strong> bem-<br />

estar <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Compreenden<strong>do</strong> a dificul<strong>da</strong>de que alguns i<strong>do</strong>sos demonstravam para<br />

se deslocar à cabeleireira solicitei o material necessário e arrojei-me a cui<strong>da</strong>r <strong>do</strong>s<br />

cabelos. Faço os possíveis por mantê-los curtos e limpos, para uma melhor aparência<br />

física (fig.12). Particípio algumas vezes na escolha <strong>da</strong> roupa que vão usar e incentivo-os<br />

a variar o mais possível para que se sintam bem. Colaboro em alguns cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s de saúde<br />

básicos e diários, como a avaliação de tensão, glicémia e ministração de medicação e<br />

insulina. Com o intuito de variar um pouco a alimentação, dei o meu contributo na<br />

elaboração de uma ementa semanal (em anexo).<br />

To<strong>da</strong>s as tarefas diárias e necessárias ao seu bem-estar, são feitas com to<strong>do</strong> o empenho e<br />

carinho, com o objectivo de criar laços idênticos aos familiares, para minimizar a<br />

ausência <strong>do</strong>s mesmos.<br />

No decorrer <strong>do</strong> estágio, tive a oportuni<strong>da</strong>de de conhecer outra instituição, o que me<br />

agra<strong>do</strong>u bastante, para assim analisar as diferenças existentes. Estava em início <strong>da</strong> sua<br />

função, uma uni<strong>da</strong>de particular moderna, com to<strong>do</strong>s os recursos materiais e humanos<br />

necessários. Possui cento e vinte camas, dividi<strong>da</strong>s por diversos graus de dificul<strong>da</strong>de, no<br />

entanto era notória a organização e distribuição de funções, com selecção prévia de<br />

pessoal especializa<strong>do</strong> e competente. Devi<strong>do</strong> à dimensão <strong>da</strong> residência, verifica-se<br />

algumas medi<strong>da</strong>s de segurança, o que a torna um pouco formal e com alguma<br />

monotonia aparente, o que não significa que não seja acolhe<strong>do</strong>r. A receptivi<strong>da</strong>de e o<br />

acolhimento é uma tarefa, que cabe a profissionais competentes existentes no interior <strong>da</strong><br />

instituição.<br />

Fig.12 – Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s de higiene<br />

11


FINALIDADE E OBJECTIVOS<br />

O trabalho desenvolvi<strong>do</strong> neste estágio, tem como finali<strong>da</strong>de complementar uma<br />

formação, pon<strong>do</strong> em prática to<strong>da</strong> a aprendizagem teórica, <strong>do</strong>s diversos temas<br />

lecciona<strong>do</strong>s. O contacto directo com os i<strong>do</strong>sos leva-nos a um melhor conhecimento <strong>do</strong>s<br />

seus problemas, o que nos facilita a sua resolução. A conclusão <strong>da</strong> especialização em<br />

técnicas de gerontologia, dá-nos a possibili<strong>da</strong>de de desenvolver competências a vários<br />

níveis. Por conseguinte, o estagiário, deve por vontade própria e para enriquecimento<br />

pessoal mostrar interesse participativo, em to<strong>da</strong>s as tarefas e activi<strong>da</strong>des que se<br />

desenvolvem ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos. Independentemente <strong>da</strong>s funções que venha a<br />

desempenhar posteriormente numa instituição, deve ter conhecimento de to<strong>da</strong> a<br />

activi<strong>da</strong>de, para uma melhor orientação <strong>da</strong>s colabora<strong>do</strong>ras profissionais. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

o estágio dá-nos uma orientação mais profun<strong>da</strong>, para testar as nossas capaci<strong>da</strong>des físicas<br />

e psicológicas, para li<strong>da</strong>r com as mais diversas situações, algumas difíceis de<br />

ultrapassar, como a <strong>do</strong>r, a solidão e até a morte. Tal como em to<strong>da</strong>s as áreas<br />

profissionais, também nesta, a formação é um pilar de suporte muito importante, mas só<br />

funciona paralelamente, ao empenho, dedicação, respeito e sobretu<strong>do</strong> muita coragem e<br />

tolerância.<br />

As relações humanas funcionam como uma terapia para eles, que sofrem na maioria, de<br />

carência afectiva e ausência familiar. A nossa função é ser amigo, familiar e<br />

conselheiro, cativar a sua confiança e fazê-lo sentir-se útil. Mantê-lo activo e exercitar-<br />

lhe a memória, para retar<strong>da</strong>r o mais possível a falência <strong>da</strong>s capaci<strong>da</strong>des cognitivas e<br />

mentais.<br />

Além <strong>do</strong> acompanhamento ao i<strong>do</strong>so, enquadra-se também nesta área, o<br />

acompanhamento a familiares. O assistente funciona como elo de ligação entre ambos.<br />

Face às mu<strong>da</strong>nças que se têm vin<strong>do</strong> a verificar ao longo <strong>do</strong> tempo nas instituições, é<br />

necessário mu<strong>da</strong>r também as mentali<strong>da</strong>des, acerca <strong>do</strong>s mitos que ain<strong>da</strong> rodeiam este<br />

ciclo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Para isso é necessário o empenho e colaboração de to<strong>da</strong> a equipa, que<br />

trabalha em prol deste objectivo e não um desafio de um contra dez.<br />

Os objectivos desta formação e posteriormente o estágio, são de carácter profissional,<br />

mas acima de tu<strong>do</strong> pessoal. Aceitei este desafio, pelo facto de ser uma pessoa<br />

empenha<strong>da</strong> e luta<strong>do</strong>ra pelos meus princípios e objectivos. Realizei um sonho, há muito<br />

desperdiça<strong>do</strong>, por falta de apoios e meios. Neta fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, as ambições profissionais<br />

já não são uma priori<strong>da</strong>de, visto que a aposta é na juventude, com ideias<br />

12


tecnologicamente mais avança<strong>da</strong>s. Sinto-me lisonjea<strong>da</strong>, pelo facto de lutar e trabalhar<br />

com sucesso, ao la<strong>do</strong> de jovens com capaci<strong>da</strong>des escolares superiores às minhas.<br />

Adquiri e partilhei conhecimentos a nível académico e profissional, que muito serão<br />

úteis para li<strong>da</strong>r com a fase final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s outros e preparar a minha própria velhice,<br />

com mais naturali<strong>da</strong>de e confiança. Ao contrário <strong>do</strong> que foi informa<strong>do</strong> no início <strong>do</strong><br />

curso, acerca <strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s profissionais, não estão muito de acor<strong>do</strong> com a reali<strong>da</strong>de<br />

profissional no merca<strong>do</strong> de trabalho. Perante tal situação e sem grandes perspectivas de<br />

evolução na carreira profissional, depois de ultrapassa<strong>da</strong>s algumas barreiras, o resulta<strong>do</strong><br />

é positivo e enriquece<strong>do</strong>r. Sinto que alcancei os objectivos propostos.<br />

13


AGRADECIMENTOS<br />

Ao longo de to<strong>do</strong> o curso de formação e posteriormente o estágio, até à elaboração deste<br />

relatório, tive a oportuni<strong>da</strong>de de contar com o apoio de diversas pessoas, que directa ou<br />

indirectamente me apoiaram e aju<strong>da</strong>ram.<br />

Em primeiro lugar, quero agradecer a to<strong>da</strong>s as professoras que me acompanharam, pela<br />

compreensão, dedicação e sabe<strong>do</strong>ria que comigo partilharam.<br />

Aos colegas, que sem eles, esta realização não seria possível.<br />

Devo agradecer em especial à minha orienta<strong>do</strong>ra, professora Rosário Martins, pelo<br />

incentivo e confiança que depositou em mim.<br />

O meu agradecimento também, para a Associação <strong>do</strong>s Amigos de Nespereira, em<br />

especial ao seu director, professor Arman<strong>do</strong> Almei<strong>da</strong>, pela disponibili<strong>da</strong>de que me<br />

concedeu para a realização <strong>do</strong> estágio.<br />

Não posso nem devo esquecer-me, de dedicar um especial agradecimento aos i<strong>do</strong>sos <strong>da</strong><br />

instituição, pelo contributo, carinho e paciência com que me acolheram.<br />

Por último, não posso deixar de agradecer à minha família, pelo apoio e compreensão<br />

que me dedicaram, principalmente à minha filha, que sempre me acompanhou e deu<br />

força nas horas mais difíceis.<br />

14


ANEXOS<br />

15


PLANO DE ESTÁGIO<br />

Aluna: Maria <strong>da</strong> Cruz Direito Bento Dos Santos<br />

Orienta<strong>do</strong>res: Professora Rosário Martins e Professor Arman<strong>do</strong> Almei<strong>da</strong><br />

Instituição: Associação <strong>do</strong>s Amigos de Nespereira<br />

Data: Novembro de 2010 a Maio de 2011<br />

Tema: "Partilhar e valorizar memórias e sabe<strong>do</strong>rias."<br />

População Alvo: Comuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Lar – i<strong>do</strong>sos<br />

De acor<strong>do</strong> com os conhecimentos adquiri<strong>do</strong>s durante o curso, proponho-me desenvolver<br />

activi<strong>da</strong>des com os i<strong>do</strong>sos residentes nesta instituição, conhecen<strong>do</strong> antecipa<strong>da</strong>mente as<br />

suas capaci<strong>da</strong>des.<br />

Estas activi<strong>da</strong>des estão relaciona<strong>da</strong>s com o título que atribuí ao plano. O objectivo será<br />

recor<strong>da</strong>r as suas memórias de juventude e a sabe<strong>do</strong>ria que a i<strong>da</strong>de lhes proporcionou e<br />

que podem partilhar.<br />

Confecção de <strong>do</strong>ces, compotas e pratos tradicionais;<br />

Execução de trabalhos artesanais;<br />

Jogos, cantares e tradições;<br />

Len<strong>da</strong>s e medicina caseira;<br />

Relações interpessoais;<br />

Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s a ter com a aparência;<br />

À parte destas, proponho-me colaborar em to<strong>da</strong>s as activi<strong>da</strong>des e tarefas propostas pela<br />

instituição.<br />

16


Dias <strong>da</strong><br />

semana<br />

Segun<strong>da</strong>-<br />

feira <br />

Terça-<br />

feira <br />

Quarta-<br />

feira <br />

Quinta-<br />

feira <br />

Sexta-<br />

feira<br />

Sába<strong>do</strong><br />

Domingo<br />

EMENTA SEMANAL DE ESTÁGIO DE MARIA DA CRUZ SANTOS<br />

Sopa: Nabiças<br />

Almoço Jantar<br />

Prato: Abrótea frita com arroz colori<strong>do</strong><br />

Sobremesa: Laranja<br />

Sopa: creme de alho francês<br />

Prato: fíga<strong>do</strong> de vitela com batata a<br />

vapor e sala<strong>da</strong> de legumes cozi<strong>do</strong>s<br />

Sobremesa: Kiwi<br />

Sopa: puré de fava<br />

Prato: empadão de bacalhau com sala<strong>da</strong><br />

de alface, tomate e cenoura rala<strong>da</strong><br />

Sobremesa: banana<br />

Sopa: creme de cebola com brócolos<br />

Prato: feijão branco guisa<strong>do</strong> com arroz<br />

branco e esparrega<strong>do</strong><br />

Sobremesa: Laranja<br />

Sopa: puré de feijão branco com couve-<br />

flor<br />

Prato: arroz malandrinho com lulas<br />

Sobremesa: sala<strong>da</strong> de abacaxi e pêssego<br />

Sopa: cal<strong>do</strong> verde<br />

Prato: tiras de carne estufa<strong>da</strong> com<br />

esparguete branco<br />

Sobremesa: laranja<br />

Sopa: puré de grão de bico apimenta<strong>da</strong><br />

Prato: cabrito estufa<strong>do</strong> com couve-flor e<br />

batata frita<br />

Sobremesa: gelatina com creme de<br />

morangos e chantilly<br />

Sopa: creme de cenoura<br />

Prato: Macarrão com frango<br />

Sobremesa: Pêra cozi<strong>da</strong><br />

Sopa: Canja<br />

Prato: açor<strong>da</strong> de marisco<br />

Sobremesa: iogurte com<br />

compota<br />

Sopa: puré de legumes<br />

Prato: pana<strong>do</strong>s de peru com<br />

arroz de cenoura<br />

Sobremesa: maçã assa<strong>da</strong><br />

Sopa: creme de ervilhas<br />

Prato: massa<strong>da</strong> de peixe<br />

Sobremesa: pudim<br />

Sopa: espinafres<br />

Prato: jardineira<br />

Sobremesa: maçã cozi<strong>da</strong><br />

Sopa: creme de couve-flor<br />

Prato: peixe vermelho de<br />

cebola<strong>da</strong> com batata cozi<strong>da</strong><br />

Sobremesa: pêra<br />

Sopa: feijão verde<br />

Prato: batata cozi<strong>da</strong> com<br />

pesca<strong>da</strong> e legumes<br />

Sobremesa: tangerina<br />

17


Associação <strong>do</strong>s Amigos de Nespereira<br />

Aveni<strong>da</strong> <strong>da</strong>s Casas <strong>do</strong> Rio, nº5<br />

Nespereira – Gouveia<br />

Telefone: 238494015<br />

18

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