Revista Viver 5 - Agriculturas e agricultores da BIS - Adraces
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a si próprios se aju<strong>da</strong>m, trabalhando directa e afinca<strong>da</strong>mente<br />
pelos seus justos rendimentos.<br />
Penso que no nosso caso ain<strong>da</strong> existe esse mínimo de massa<br />
crítica. Temos uma socie<strong>da</strong>de civil relativamente dinâmica e<br />
organiza<strong>da</strong> que tem de ser chama<strong>da</strong>, e pode e deve ser chama<strong>da</strong>,<br />
a esta acção, a este trabalho que nos é exigido, a todos sem<br />
subterfúgios de indisponibili<strong>da</strong>de ou falta de preparação. Isto<br />
é como ser pais, com ou sem cursos para o efeito, quando chega<br />
a hora, todos, ou quase, procuramos ser bons pais, e isso faz-se<br />
todos os dias fazendo!<br />
Para facilitar o nosso trabalho e <strong>da</strong>r-lhe maior eficácia, aí<br />
temos a chama<strong>da</strong> metodologia LEADER que nos permite<br />
uma abor<strong>da</strong>gem simplificadora de burocracias ao chamar<br />
para a acção o maior número possível de agentes locais<br />
empenhados no desenvolvimento integrado e global dos<br />
seus territórios.<br />
É uma metodologia que ensina a olhar transversalmente para os<br />
problemas e a procurar complementari<strong>da</strong>des e sinergias entre<br />
os diferentes sectores de activi<strong>da</strong>de e que tende a acabar com<br />
as visões parcelares que nos fazem perder a noção do todo. O<br />
Homem <strong>da</strong> agricultura vê os problemas na óptica <strong>da</strong> agricultura,<br />
o sociólogo pela óptica <strong>da</strong> análise sociológica, o Homem<br />
de medicina, O <strong>da</strong> educação, O ambientalista etc. Ca<strong>da</strong> um<br />
tem a sua visão parcelar, é necessário evoluir para uma maior<br />
articulação, para uma maior e mais efectiva cooperação entre<br />
os diferentes sectores <strong>da</strong>s activi<strong>da</strong>des sociais e económicas de<br />
um mesmo território.<br />
Para alcançar este objectivo perseguido pela abor<strong>da</strong>gem<br />
LEADER, todos fazem falta: os já reformados que fazem agricultura<br />
como terapia e complemento essencial à parca reforma,<br />
os pequenos e médios <strong>agricultores</strong> e criadores de gado que<br />
sobrevivem com dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s produções <strong>da</strong>s suas pequenas<br />
parcelas, os <strong>agricultores</strong> a tempo parcial e que sabem combinar<br />
o exercício de uma outra profissão com a de agricultor<br />
(o desenvolvimento rural requer pluriactivi<strong>da</strong>de), os proprietários<br />
florestais, os empresários agrícolas que por terem<br />
explorações com escala suficiente têm de produzir para o<br />
mercado submetendo-se às leis <strong>da</strong> concorrência; todos,<br />
em articulação com os representantes dos outros sectores<br />
de activi<strong>da</strong>de, sem excepção, devem contribuir para<br />
melhorar as condições de vi<strong>da</strong> e a atractivi<strong>da</strong>de do seu<br />
Local de existência.<br />
Mas, embora deva ser tarefa de todos, há organizações<br />
que têm a responsabili<strong>da</strong>de específica de animar este processo<br />
de mu<strong>da</strong>nça e revalorização dos nossos territórios<br />
rurais. Organizações que têm como objectivo esse tipo de<br />
preocupações, portanto esses não podem virar a cara para<br />
o lado e têm também a responsabili<strong>da</strong>de de convencer<br />
os outros <strong>da</strong> bon<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s suas propostas e levá-las a agir<br />
nesse sentido. É um trabalho difícil, mas é esse trabalho<br />
que constitui a sua própria razão de existir. Enquanto uns<br />
estão preocupados em ganhar dinheiro para benefício<br />
próprio, e oxalá que o façam bem e com eficácia,<br />
outros, como as Associações de apoio ao desenvolvimento<br />
rural e local e os diversos serviços <strong>da</strong> Administração<br />
Pública a todos os níveis, devem trabalhar pa-<br />
ra servir as comuni<strong>da</strong>des existentes nos espaços rurais,<br />
global e socialmente compreendi<strong>da</strong>s.<br />
Por último, e para responder de forma sintética à pergunta<br />
inicial, gostava de manifestar a minha convicção de<br />
que é urgente tornar clara a distinção entre o que deve ser<br />
a agricultura competitiva de mercado, a viver sem artificialismos,<br />
e as outras agriculturas, porventura também<br />
competitivas, se no conceito de competitivi<strong>da</strong>de incorporarmos<br />
todos os valores produzidos em meio rural<br />
(paisagem, ambiente, lazer, energias renováveis, identi<strong>da</strong>des<br />
estruturantes de culturas de valores, rendimentos<br />
complementares <strong>da</strong>s baixas reformas, manutenção de<br />
activi<strong>da</strong>de e independência física dos idosos etc.), sem<br />
significado para as estatísticas <strong>da</strong> rentabili<strong>da</strong>de económica.<br />
Da atenção e cui<strong>da</strong>do com que tratarmos destas diferentes<br />
agriculturas e <strong>agricultores</strong>, dependerá, disso estou certo,<br />
a manutenção e paulatina recuperação <strong>da</strong> vitali<strong>da</strong>de dos<br />
nossos territórios rurais. •<br />
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