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programa de ação mundial para as pessoas com - Ministério ...

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PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL PARA AS PESSOAS COM DEFICIÊCIA<br />

O Programa <strong>de</strong> Ação Mundial <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> Deficiência foi aprovado pela Assembléia<br />

Geral d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> em seu trigésimo sétimo período <strong>de</strong> sessões, pela Resolução 37/52,<br />

<strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1982.<br />

Esta Resolução consta no documento A/37/51, Documentos Oficiais da Assembléia Geral,<br />

trigésimo sétimo período <strong>de</strong> sessões, Suplemento nº 51.<br />

Tradução da versão em espanhol elaborada pelo Real Patronato <strong>de</strong> Prevención y <strong>de</strong> Atención<br />

a Person<strong>as</strong> con Minusvalia, <strong>de</strong> España.<br />

Tradução: Thereza Christina F. Stummer<br />

Revisão: Elza Val<strong>de</strong>tte Ambrósio<br />

José Carlos B. dos Santos<br />

Digit<strong>ação</strong>: Cila Ankier<br />

Editor<strong>ação</strong> Eletrônica: Rui Bianchi do N<strong>as</strong>cimento<br />

Editado sob a responsabilida<strong>de</strong> do:<br />

CEDIPOD<br />

Centro <strong>de</strong> Document<strong>ação</strong> e Inform<strong>ação</strong><br />

do Portador <strong>de</strong> Deficiência<br />

R. Guarará, 538 / 122<br />

01425-000 - São Paulo - Br<strong>as</strong>il<br />

Tel./Fax: (+5511)885-6237<br />

Diretor Executivo: Rui Bianchi do N<strong>as</strong>cimento<br />

Vice Diretor Executivo: Thereza Christina F. Stummer<br />

Secretária-Tesoureira: Elza V. Ambrósio<br />

Conselho Fiscal: Cíntia <strong>de</strong> Souza Clausell, Nilza Lour<strong>de</strong>s da Silva, Suely Harumi Satow<br />

Apresent<strong>ação</strong> da Edição Br<strong>as</strong>ileira<br />

Nota da Tradutora<br />

CONTEÚDO<br />

Capítulos Parágrafos<br />

I - OBJETIVOS, HISTÓRICO E PRÍNCIPIOS<br />

A.Objetivos<br />

B. Histórico<br />

C. Deficinições<br />

D. Prevenção<br />

E. Reabilit<strong>ação</strong><br />

F. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

................................................ 01-36<br />

................................................... 01<br />

................................................... 02-05<br />

................................................... 06-12<br />

................................................... 13-14<br />

................................................... 15-20<br />

................................................... 21-30


G. Princípios adotados no sistema d<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong> ................................................... 31-36<br />

II - SITUAÇÃO ATUAL<br />

A. Descrição Geral<br />

................................................... 37-81<br />

................................................... 37-51<br />

1. As <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> nos países em <strong>de</strong>senvolvimento ................................................... 43-44<br />

2. Grupos especiais<br />

B. Prevenção<br />

C. Reabilit<strong>ação</strong><br />

D. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

1. Ensino<br />

2. Trabalho<br />

3. Aspectos Sociais<br />

................................................... 45-51<br />

................................................... 52-55<br />

................................................... 56-59<br />

................................................... 60-77<br />

................................................... 64-68<br />

................................................... 69-70<br />

................................................... 71-77<br />

E. A <strong>de</strong>ficiência e a nova or<strong>de</strong>m econômica<br />

78-79<br />

internacional ...................................................<br />

F. Consegüênci<strong>as</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />

e social<br />

...................................................<br />

III - PROPOSTAS PARA EXECUÇÃO DO<br />

PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL REFERENTE<br />

ÀS PESSOAS DEFICIENTES<br />

A. Introdução<br />

B. Medid<strong>as</strong> Nacionais<br />

80-81<br />

................................................... 82-201<br />

.................................................. 82-85<br />

.................................................. 86-154<br />

1. Particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

Deficiência na Adoção <strong>de</strong> Decisões .................................................. 91-94<br />

2. Prevenção da Deficiência, da Incapacida<strong>de</strong> e da<br />

Invali<strong>de</strong>z ................................................ 95-96<br />

3. Reabilit<strong>ação</strong><br />

4. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s<br />

a) Legisl<strong>ação</strong><br />

b) Meio ambiente<br />

c) Manutenção da receita e da segurida<strong>de</strong> social<br />

d) Educ<strong>ação</strong> e Form<strong>ação</strong><br />

.................................................. 97-107<br />

................................................ 108-137<br />

................................................ 108-111<br />

................................................ 112-115<br />

................................................ 116-119<br />

................................................ 120-127


e) Trabalho<br />

f) Lazer<br />

g) Cultura<br />

h) Religião<br />

i) Esporte<br />

5. Ação Comunitária<br />

6. Form<strong>ação</strong> <strong>de</strong> Pessoal<br />

7. Inform<strong>ação</strong> e Educ<strong>ação</strong> do Público<br />

C. Ação <strong>de</strong> Âmbito Internacional<br />

1. Aspectos Gerais<br />

2. Direitos Humanos<br />

3. Cooper<strong>ação</strong> Técnica e Econômica<br />

a) Assistência inter-regional<br />

b) Assistência regional e bilateral<br />

4. Inform<strong>ação</strong> e Educ<strong>ação</strong> do Público<br />

D. Pesquisa<br />

E. Controle e Avali<strong>ação</strong><br />

NOTAS<br />

Epílogo da Edição C<strong>as</strong>telhana<br />

Epílogo da Edição Br<strong>as</strong>ileira<br />

................................................ 128-133<br />

................................................ 134<br />

................................................ 135<br />

................................................ 136<br />

................................................ 137<br />

................................................ 138-140<br />

................................................ 141-147<br />

................................................ 148-154<br />

................................................<br />

APRESENTAÇÃO DA EDIÇÃO BRASILEIRA<br />

155-183<br />

................................................ 155-161<br />

................................................ 162-169<br />

................................................ 170-179<br />

................................................ 170-176<br />

................................................ 177-179<br />

................................................ 180-183<br />

................................................ 184-193<br />

................................................ 194-201<br />

O ano <strong>de</strong> 1981 foi proclamado pel<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>com</strong>o "International Year of Disabled<br />

Persons" - Ano Internacional d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Deficientes. No Br<strong>as</strong>il muitos acontecimentos<br />

relacionados ao fato ocorreram; alguns <strong>as</strong>sistencialist<strong>as</strong> outros paternalist<strong>as</strong> m<strong>as</strong> tudo acabou<br />

servindo <strong>para</strong> que os movimentos d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> ganh<strong>as</strong>sem novo<br />

rumo em su<strong>as</strong> reivindicações.<br />

Pela Resolução 37/52 da Assembléia Geral d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, reunida em 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1982, portanto no ano seguinte ao Ano Internacional, foi aprovado o "Word Programme of<br />

Action Concerning Disabled Persons" - Programa <strong>de</strong> Ação Mundial <strong>para</strong> <strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong>


Deficiência. Este <strong>programa</strong> tem <strong>com</strong>o propósito "promover medid<strong>as</strong> eficazes <strong>para</strong> a prevenção<br />

da <strong>de</strong>ficiência e <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> e a realiz<strong>ação</strong> dos objetivos <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

particip<strong>ação</strong> plena d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> na vida social e no <strong>de</strong>senvolvimento".<br />

Pela Resolução 37/53 da Assembléia Geral d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, em sua já citada sessão <strong>de</strong> 3<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1982 proclamou a "United Nations Deca<strong>de</strong> of Disabled Persons" - Década d<strong>as</strong><br />

Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> Deficiência. O <strong>de</strong>cênio abarca os anos <strong>de</strong> 1983 a 1992 e<br />

está concebido <strong>com</strong>o meio <strong>para</strong> a execução do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

A idéia <strong>de</strong> uma edição br<strong>as</strong>ileira do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial - PAM, surgiu <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

colocar à disposição d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, dos profissionais da área, d<strong>as</strong><br />

autorida<strong>de</strong>s e dos interessados um instrumento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance e importância.<br />

Ao lomgo do trabalho <strong>de</strong> tradução ficou ainda mais patente o caráter abrangente do<br />

documento. Não foram rar<strong>as</strong> <strong>as</strong> oc<strong>as</strong>iões em que, interrompendo o trabalho, pensei: "é<br />

exatamente isso, eis uma idéia que se adapta perfeitamente à nossa realida<strong>de</strong>". Em resumo,<br />

ao traduzir o PAM <strong>para</strong> o português, foi-se afirmando a idéia inicial, à medida que surgiam em<br />

nosso idioma os resultados do esforço minucioso e consciente dos especialist<strong>as</strong> e militantes<br />

responsáveis pela elabor<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ste Plano.<br />

Creio ser importante ressaltar que, no <strong>de</strong>correr da nossa militância em movimentos <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, fomos nos dando conta da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma diretiva <strong>para</strong> a <strong>ação</strong><br />

dos diversos grupos existentes e que priorizam, cada um <strong>de</strong>les, um <strong>as</strong>pecto da nossa luta:<br />

direitos, integr<strong>ação</strong>, divulg<strong>ação</strong> dos diversos tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, autonomia do portador <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência, <strong>para</strong> citar apen<strong>as</strong> alguns. Como ponto <strong>de</strong> união, temos a idéia central, <strong>com</strong>um a<br />

tod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong>: são pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência discutindo, argumentando e<br />

<strong>de</strong>cidindo <strong>com</strong>o sujeitos da <strong>ação</strong> a maneira <strong>de</strong> aumentarem e afirmarem a sua particip<strong>ação</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

No momento em que escrevemos, é visível a f<strong>as</strong>e <strong>de</strong> auto questionamento e avali<strong>ação</strong> por que<br />

p<strong>as</strong>sam <strong>as</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Esperamos que, entre el<strong>as</strong> e o<br />

PAM se estabeleça uma rel<strong>ação</strong> recíproca: sem pesso<strong>as</strong> e sem um plano não po<strong>de</strong> haver <strong>ação</strong><br />

harmônica e eficaz, especialmente do tipo construtivo que todos <strong>de</strong>sejamos.<br />

São Paulo, setembro <strong>de</strong> 1992<br />

Thereza Christina F. Stummer<br />

NOTA DA TRADUTORA<br />

Procurei manter, sempre que possível a tradução literal dos termos do texto, tais <strong>com</strong>o:<br />

"<strong>de</strong>ficiencia", "discapacidad" e "minusvalia".<br />

Assim, na gran<strong>de</strong> maioria dos c<strong>as</strong>os "<strong>de</strong>ficiencia" tornou-se <strong>de</strong>ficiência, "discapacidad",<br />

incapacida<strong>de</strong> (a não ser na expressão "person<strong>as</strong> <strong>com</strong> discapacidad", que traduzimos, ora por<br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, ora por pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, variando somente <strong>com</strong> o<br />

objetivo <strong>de</strong> não tornar o texto <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iadamente pesado e repetitivo.<br />

Embora no item 6 tenha traduzido a palavra "minusvalia" por invali<strong>de</strong>z, preferi evitá-la em<br />

outr<strong>as</strong> ocorrênci<strong>as</strong>. Isso se <strong>de</strong>ve à carga <strong>de</strong> preconceito ligada à palavra "inválido" e seus<br />

<strong>de</strong>rivados, que não caberia num texto <strong>com</strong>o o PAM, voltado <strong>para</strong> a melhoria d<strong>as</strong> condições <strong>de</strong><br />

vida d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>para</strong> a "igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e<br />

participi<strong>ação</strong> plena".


PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL PARA AS PESSOAS DEFICIENTES<br />

I OBJETIVOS, HISTÓRICO E PRINCÍPIOS<br />

A. Objetivos<br />

1. A finalida<strong>de</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial referente às Pesso<strong>as</strong> Deficientes é promover<br />

medid<strong>as</strong> eficazes <strong>para</strong> a prevenção da <strong>de</strong>ficiência e <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> e a realiz<strong>ação</strong> dos<br />

objetivos <strong>de</strong> "igualda<strong>de</strong>" e "particip<strong>ação</strong> plena" d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes na vida social e no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Isto significa oportunida<strong>de</strong>s iguais às <strong>de</strong> toda a popul<strong>ação</strong> e uma particip<strong>ação</strong><br />

eqüitativa na melhoria d<strong>as</strong> condições <strong>de</strong> vida resultante do <strong>de</strong>senvolvimento social e<br />

econômico. Estes princípios <strong>de</strong>vem ser aplicados <strong>com</strong> o mesmo alcance e a mesma urgência<br />

em todos os países, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do seu nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

B. Histórico<br />

2. Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> mentais, físic<strong>as</strong> ou sensoriais, há no mundo mais <strong>de</strong> 500 milhões<br />

<strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, às quais se <strong>de</strong>vem reconhecer os mesmos direitos e dar oportunida<strong>de</strong>s<br />

iguais aos <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>mais seres humanos. Muito freqüentemente, ess<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> são<br />

obrigad<strong>as</strong> a viver em condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem, <strong>de</strong>vido a barreir<strong>as</strong> físic<strong>as</strong> e sociais existentes<br />

na socieda<strong>de</strong>, que impe<strong>de</strong>m a sua particip<strong>ação</strong> plena. O resultado é que milhões <strong>de</strong> crianç<strong>as</strong> e<br />

adultos, no mundo inteiro, vivem uma existência marcada pela segreg<strong>ação</strong> e pela <strong>de</strong>grad<strong>ação</strong>.<br />

3. A análise da situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>ve ser realizada no contexto <strong>de</strong> diferentes<br />

níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social e <strong>de</strong> diferentes cultur<strong>as</strong>. Não obstante, em toda<br />

parte, a responsabilida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> sanar <strong>as</strong> condições que levam ao aparecimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, e <strong>de</strong> fazer frente às conseqüênci<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> recai sobre os governos. Isso<br />

não diminui a responsabilida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> em geral, nem dos indivíduos e organizações. Os<br />

governos <strong>de</strong>vem ser os primeiros a <strong>de</strong>spertar a consciência da popul<strong>ação</strong> quanto aos<br />

benefícios que seriam alcançados <strong>com</strong> a inclusão d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> esfer<strong>as</strong><br />

da vida social, econômica e política. Os governos <strong>de</strong>vem cuidar também <strong>para</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

que se encontram em situ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> graves tenham<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcançar níveis <strong>de</strong> vida iguais aos dos seus concidadãos. As organizações<br />

não-governamentais po<strong>de</strong>m prestar <strong>as</strong>sistência aos governos <strong>de</strong> vári<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong>, formulando<br />

<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s, sugerindo soluções a<strong>de</strong>quad<strong>as</strong> ou oferecendo serviços <strong>com</strong>plementares<br />

àqueles fornecidos pelos governos. O acesso <strong>de</strong> todos os setores da popul<strong>ação</strong> aos recursos<br />

financeiros e materiais, sem esquecer <strong>as</strong> zon<strong>as</strong> rurais nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, seria<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, uma vez que po<strong>de</strong>ria se traduzir por um<br />

aumento dos serviços <strong>com</strong>unitários e pela melhoria d<strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s econômic<strong>as</strong>.<br />

4. Muit<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> po<strong>de</strong>riam ser evitad<strong>as</strong> por meio da adoção <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> contra a<br />

subnutrição, a contamin<strong>ação</strong> ambiental, a falta <strong>de</strong> higiene, a <strong>as</strong>sistência pré e pós-natal<br />

insuficiente, <strong>as</strong> molésti<strong>as</strong> transmissíveis pela água, e os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> todo tipo. Mediante a<br />

expansão, a nível <strong>mundial</strong>, dos <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> imuniz<strong>ação</strong>, a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> internacional po<strong>de</strong>ria<br />

alcançar progressos importantes contra <strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> causad<strong>as</strong> pela poliomielite, pelo<br />

sarampo, pelo tétano, pela coqueluche, e, em menor escala, pela tuberculose.<br />

5. Em muitos países, os requisitos prévios <strong>para</strong> se alcançar os objetivos do Programa são o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e social, a prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços abrangentes a toda a popul<strong>ação</strong><br />

na esfera humanitária, a redistribuição da renda e dos recursos econômicos, e a melhoria dos<br />

níveis <strong>de</strong> vida da popul<strong>ação</strong>. É necessário empregar todos os esforços possíveis <strong>para</strong> impedir<br />

guerr<strong>as</strong> que oc<strong>as</strong>ionem <strong>de</strong>v<strong>as</strong>t<strong>ação</strong>, catástrofes e pobreza, fome, sofrimentos, enfermida<strong>de</strong>s e


<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> <strong>para</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong>; <strong>de</strong>ve-se, por conseguinte, adotar medid<strong>as</strong>,<br />

em todos os níveis, que permitam fortalecer a paz e a segurança internacionais, solucionar<br />

todos os conflitos internacionais por meios pacíficos e eliminar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> racismo e <strong>de</strong><br />

discrimin<strong>ação</strong> racial nos países nos quais ainda existem. Seria também conveniente<br />

re<strong>com</strong>endar a todos os Estados Membros d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> que utilizem ao máximo os seus<br />

recursos <strong>para</strong> fins pacíficos, inclusive a prevenção da <strong>de</strong>ficiência, e o atendimento d<strong>as</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência técnica que aju<strong>de</strong>m os<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento a alcançar estes objetivos po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> apoio à execução do<br />

Programa. Contudo, a consecução <strong>de</strong>stes objetivos exige períodos prolongados <strong>de</strong> esforço,<br />

durante os quais é provável que aumente o número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. C<strong>as</strong>o não haja<br />

medid<strong>as</strong> corretiv<strong>as</strong> eficazes, <strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> da <strong>de</strong>ficiência virão aumentar os obstáculos ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Portanto, é essencial que tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> nações incluam, nos seus planos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento global, medid<strong>as</strong> imediat<strong>as</strong> <strong>para</strong> a prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, a reabilit<strong>ação</strong><br />

d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />

C. Definições<br />

6. A Organiz<strong>ação</strong> Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), no contexto da experiência em matéria <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

estabelece a seguinte distinção entre <strong>de</strong>ficiência, incapacida<strong>de</strong> e invali<strong>de</strong>z.<br />

Deficiência: Toda perda ou anomalia <strong>de</strong> uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou<br />

anatômica.<br />

Incapacida<strong>de</strong>: Toda restrição ou ausência (<strong>de</strong>vido a uma <strong>de</strong>ficiência), <strong>para</strong> realizar uma<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma ou <strong>de</strong>ntro dos parâmetros consi<strong>de</strong>rados normais <strong>para</strong> um ser humano.<br />

Invali<strong>de</strong>z: Um situ<strong>ação</strong> <strong>de</strong>svantajosa <strong>para</strong> um <strong>de</strong>terminado indivíduo, em conseqüência <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>ficiência ou <strong>de</strong> uma incapacida<strong>de</strong> que limita ou impe<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> uma função<br />

normal no seu c<strong>as</strong>o (levando-se em conta a ida<strong>de</strong>, o sexo e fatores sociais e culturais). (1)<br />

7. Portanto, a incapacida<strong>de</strong> existe em função da rel<strong>ação</strong> entre <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e o seu<br />

ambiente. Ocorre quando ess<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> se <strong>de</strong><strong>para</strong>m <strong>com</strong> barreir<strong>as</strong> culturais, físic<strong>as</strong> ou sociais<br />

que impe<strong>de</strong>m o seu acesso aos diversos sistem<strong>as</strong> da socieda<strong>de</strong> que se encontram à<br />

disposição dos <strong>de</strong>mais cidadãos.Portanto, a incapacida<strong>de</strong> é a perda, ou a limit<strong>ação</strong>, d<strong>as</strong><br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participar da vida em igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>com</strong> os <strong>de</strong>mais.<br />

8. As pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes não constituem um grupo homogêneo. Por exemplo, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong><br />

enfermida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> mentais, visuais, auditiv<strong>as</strong> ou da fala, <strong>as</strong> que têm mobilida<strong>de</strong><br />

restrita ou <strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> "<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> orgânic<strong>as</strong>", tod<strong>as</strong> el<strong>as</strong> enfrentam barreir<strong>as</strong> diferentes, <strong>de</strong><br />

natureza diferente e que <strong>de</strong>vem ser superad<strong>as</strong> <strong>de</strong> modos diferentes.<br />

9. As <strong>de</strong>finições seguintes foram formulad<strong>as</strong> a partir do ponto <strong>de</strong> vista mencionado acima. As<br />

linh<strong>as</strong> <strong>de</strong> atu<strong>ação</strong> pertinentes propost<strong>as</strong> no Programa <strong>de</strong> Ação Mundial são <strong>de</strong>finid<strong>as</strong> <strong>com</strong>o <strong>de</strong><br />

prevenção, reabilit<strong>ação</strong> e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.<br />

10. Prevenção significa a adoção <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> <strong>de</strong>stinad<strong>as</strong> a impedir que se produzam<br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> físic<strong>as</strong>, mentais ou sensoriais (prevenção primária), ou impedir que <strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>,<br />

quando já se produziram, tenham conseqüênci<strong>as</strong> físic<strong>as</strong>, psicológic<strong>as</strong> e sociais negativ<strong>as</strong>.<br />

11. A reabilit<strong>ação</strong> é um processo <strong>de</strong> dur<strong>ação</strong> limitada e <strong>com</strong> um objetivo <strong>de</strong>finido, <strong>de</strong>stinado a<br />

permitir que a pessoa <strong>de</strong>ficiente alcance um nível físico, mental e/ou social funcional ótimo,<br />

proporcionando-lhe <strong>as</strong>sim os meios <strong>de</strong> modificar a própria vida. Po<strong>de</strong> incluir medid<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>stinad<strong>as</strong> a <strong>com</strong>pensar a perda <strong>de</strong> uma função ou uma limit<strong>ação</strong> funcional (por meio, por<br />

exemplo, <strong>de</strong> aparelhos) e outr<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> <strong>de</strong>stinad<strong>as</strong> a facilitar a inserção ou a reinserção<br />

social.<br />

12. A igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s é o processo mediante o qual o sistema geral da<br />

socieda<strong>de</strong> - o meio físico e cultural, a habit<strong>ação</strong>, o transporte, os serviços sociais e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,


<strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> e <strong>de</strong> trabalho, a vida cultural e social, inclusive <strong>as</strong> instalações<br />

esportiv<strong>as</strong> e <strong>de</strong> lazer - torna-se acessível a todos.<br />

D. Prevenção<br />

13. A estratégia <strong>de</strong> prevenção é fundamental <strong>para</strong> a redução da incidência d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e<br />

d<strong>as</strong> incapacida<strong>de</strong>s. Os principais elementos <strong>de</strong>ssa estratégia vão diferir, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o<br />

estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do país, e são os seguintes:<br />

a) As medid<strong>as</strong> mais importantes <strong>para</strong> a prevenção d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> são: a supressão <strong>de</strong><br />

guerr<strong>as</strong>, a melhoria da situ<strong>ação</strong> econômica, social e <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> dos grupos menos<br />

favorecidos, a i<strong>de</strong>ntific<strong>ação</strong> dos diferentes tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> caus<strong>as</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

zon<strong>as</strong> geográfic<strong>as</strong> <strong>de</strong>finid<strong>as</strong>; a introdução <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> específic<strong>as</strong> <strong>de</strong> intervenção graç<strong>as</strong> a<br />

melhores prátic<strong>as</strong> <strong>de</strong> nutrição, a melhoria dos serviços sanitários, <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção precoce e <strong>de</strong><br />

diagnóstico; atendimento pré e pós-natal, educ<strong>ação</strong> a<strong>de</strong>quada em matéria <strong>de</strong> cuidados<br />

sanitários, inclusive a educ<strong>ação</strong> dos pacientes e dos médicos, planejamento familiar, legisl<strong>ação</strong><br />

e regulament<strong>ação</strong>, modific<strong>ação</strong> dos estilos <strong>de</strong> vida; serviços <strong>de</strong> coloc<strong>ação</strong> especializados;<br />

educ<strong>ação</strong> quanto aos perigos da contamin<strong>ação</strong> ambiental e estímulo a uma melhor inform<strong>ação</strong><br />

e ao fortalecimento d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> e <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s.<br />

b) Na medida em que ocorre o <strong>de</strong>senvolvimento, antigos perigos são reduzidos, surgindo<br />

outros novos. Esta evolução d<strong>as</strong> circunstânci<strong>as</strong> exige mudanç<strong>as</strong> na estratégia, tais <strong>com</strong>o<br />

<strong>programa</strong>s <strong>de</strong> intervenção em matéria <strong>de</strong> nutrição, dirigidos a <strong>de</strong>terminados segmentos da<br />

popul<strong>ação</strong> que estejam em risco <strong>de</strong>vido à insuficiência <strong>de</strong> vitamina A; melhor atendimento <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> idosos; educ<strong>ação</strong> e norm<strong>as</strong> <strong>para</strong> redução <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes na indústria, na agricultura,<br />

no trânsito e no lar, <strong>com</strong>bate da contamin<strong>ação</strong> ambiental, contra o uso e o abuso d<strong>as</strong> drog<strong>as</strong> e<br />

do álcool; necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se dar atenção a<strong>de</strong>quada à estratégia da OMS: "Saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> todos<br />

no ano 2000", mediante o atendimento básico da saú<strong>de</strong>.<br />

14. Devem-se adotar medid<strong>as</strong> <strong>para</strong> <strong>de</strong>tectar o mais cedo possível os sintom<strong>as</strong> e sinais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência, seguid<strong>as</strong> imediatamente d<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> curativ<strong>as</strong> ou corretor<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong> que<br />

possam evitar a incapacida<strong>de</strong>, ou pelo menos, produzir reduções significativ<strong>as</strong> da sua<br />

gravida<strong>de</strong>, evitando que se converta, em certos c<strong>as</strong>os, numa condição permanente. Para a<br />

<strong>de</strong>tecção precoce, é importante <strong>as</strong>segurar a educ<strong>ação</strong> e a orient<strong>ação</strong> a<strong>de</strong>quada d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> e<br />

a prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência técnica às mesm<strong>as</strong>, pelos serviços médicos e sociais.<br />

E. Reabilit<strong>ação</strong><br />

15. De maneira geral, a reabilit<strong>ação</strong> inclui a prest<strong>ação</strong> dos seguintes tipos <strong>de</strong> serviços:<br />

a) Detecção precoce, diagnóstico e intervenção;<br />

b) Atendimento e tratamento médicos;<br />

c) Assessoramento e <strong>as</strong>sistência social, psicológica e outros;<br />

d) Treinamento em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência, inclusive em <strong>as</strong>pectos da mobilida<strong>de</strong>, da<br />

<strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> e ativida<strong>de</strong>s da vida diária, <strong>com</strong> os dispositivos que forem necessários, por<br />

exemplo, <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência auditiva, visual ou mental;<br />

e) Fornecimento <strong>de</strong> suportes técnicos e <strong>para</strong> mobilida<strong>de</strong> e outros dispositivos;<br />

f) Serviços educacionais especializados;<br />

g) Serviços <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> profissional (inclusive orient<strong>ação</strong> profissional, coloc<strong>ação</strong> em<br />

emprego aberto ou abrigado);


h) A<strong>com</strong>panhamento.<br />

16. Todo trabalho <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ve estar sempre centralizado n<strong>as</strong> habilida<strong>de</strong>s da pessoa,<br />

cuja integrida<strong>de</strong> e dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser respeitad<strong>as</strong>. Deve-se prestar a máxima atenção ao<br />

processo normal <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e amadurecimento d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Nos adultos<br />

<strong>com</strong> incapacida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ser utilizad<strong>as</strong> <strong>as</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> o trabalho e outr<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

17. N<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s existem recursos<br />

importantes <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong>. Ao se ajudar ess<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, <strong>de</strong>ve-se fazer todo o possível<br />

<strong>para</strong> manter unid<strong>as</strong> às su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, <strong>de</strong> modo que possam viver n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong><br />

<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s, e <strong>para</strong> dar apoio às famíli<strong>as</strong> e grupos <strong>com</strong>unitários que trabalham em prol <strong>de</strong>sse<br />

objetivo. Ao planejar os <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> e <strong>de</strong> apoio, é essencial levar em conta os<br />

costumes e <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> da família e da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, e fomentar a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

resposta às necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

18. Sempre que possível, <strong>de</strong>ve-se proporcionar serviços <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>ntro<br />

d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> sociais, sanitári<strong>as</strong>, educacionais e <strong>de</strong> trabalho existentes na socieda<strong>de</strong>. Ess<strong>as</strong><br />

estrutur<strong>as</strong> incluem todos os níveis <strong>de</strong> atendimento sanitário, educ<strong>ação</strong> primária, secundária e<br />

superior, <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> treinamento profissional e <strong>de</strong> coloc<strong>ação</strong> em emprego e medid<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

segurida<strong>de</strong> social e serviços sociais. Os serviços <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> têm por objetivo facilitar a<br />

particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes em serviços e ativida<strong>de</strong>s habituais da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>. A<br />

reabilit<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ve ocorrer, na maior medida possível, no meio natural, e ser apoiada por<br />

serviços localizados na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> e por instituições especializad<strong>as</strong>, evitando-se <strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

instituições. Quando forem necessári<strong>as</strong> instituições especializad<strong>as</strong>, el<strong>as</strong> <strong>de</strong>vem ser<br />

organizad<strong>as</strong> <strong>de</strong> tal modo que garantam uma reintegr<strong>ação</strong> rápida e duradoura d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes na socieda<strong>de</strong>.<br />

19. Os <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> <strong>de</strong>vem ser concebidos <strong>de</strong> forma a permitir que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes participem da i<strong>de</strong>aliz<strong>ação</strong> dos serviços que el<strong>as</strong> e su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>rem<br />

necessários. O próprio sistema <strong>de</strong>verá proporcionar <strong>as</strong> condições <strong>para</strong> a particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes na adoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões que digam respeito à sua reabilit<strong>ação</strong>. No c<strong>as</strong>o <strong>de</strong><br />

pesso<strong>as</strong> que não estejam em condições <strong>de</strong> participar por si mesm<strong>as</strong>, <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisões que afetam su<strong>as</strong> vid<strong>as</strong> (<strong>com</strong>o no c<strong>as</strong>o, por exemplo, <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> mentais graves), seus familiares ou seus representantes legalmente <strong>de</strong>signados<br />

<strong>de</strong>verão participar do planejamento e da adoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.<br />

20. Deve-se intensificar os esforços visando a cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> integrados<br />

em outros serviços e facilitar o acesso aos mesmos. Estes serviços não <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

equipamentos, matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong> e tecnologia <strong>de</strong> import<strong>ação</strong> onerosa. Deve-se incrementar a<br />

transferência <strong>de</strong> tecnologia entre <strong>as</strong> nações, centralizando-a em métodos que sejam funcionais,<br />

e estejam <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> <strong>as</strong> condições do país.<br />

F. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s<br />

21. Para se alcançar os objetivos <strong>de</strong> "igualda<strong>de</strong>" e "particip<strong>ação</strong> plena", não b<strong>as</strong>tam medid<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> o indivíduo portador <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. A experiência tem<br />

<strong>de</strong>monstrado que, em gran<strong>de</strong> medida, é o meio que <strong>de</strong>termina o efeito <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ficiência ou<br />

<strong>de</strong> uma incapacida<strong>de</strong> sobre a vida cotidiana da pessoa. A pessoa vê-se relegada à invali<strong>de</strong>z<br />

quando lhe são negad<strong>as</strong> <strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que dispõe, em geral, a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, e que são<br />

necessári<strong>as</strong> aos <strong>as</strong>pectos fundamentais da vida, inclusive a vida familiar, a educ<strong>ação</strong>, o<br />

trabalho, a habit<strong>ação</strong>, a segurança econômica e pessoal, a particip<strong>ação</strong> em grupos sociais e<br />

políticos, <strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s religios<strong>as</strong>, os relacionamentos afetivos e sexuais, o acesso às<br />

instalações públic<strong>as</strong>, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> moviment<strong>ação</strong> e o estilo geral da vida diária.<br />

22. Algum<strong>as</strong> vezes, <strong>as</strong> socieda<strong>de</strong>s cuidam somente d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que estão em plena posse <strong>de</strong><br />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> faculda<strong>de</strong>s físic<strong>as</strong> e mentais. As socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem reconhecer que, por mais<br />

esforços que se façam em matéria <strong>de</strong> prevenção, sempre haverá um número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes e <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> incapacitad<strong>as</strong>, <strong>de</strong>vendo-se i<strong>de</strong>ntificar e eliminar os obstáculos à<br />

particip<strong>ação</strong> plena. Assim, quando for pedagogicamente factível, o ensino <strong>de</strong>ve ser realizado


<strong>de</strong>ntro do sistema escolar normal, o trabalho <strong>de</strong>ve ser proporcionado em emprego aberto,<br />

facilitando-se a habit<strong>ação</strong> da mesma forma que <strong>para</strong> a popul<strong>ação</strong> em geral. Todos os governos<br />

<strong>de</strong>vem procurar fazer <strong>com</strong> que todos os benefícios obtidos graç<strong>as</strong> aos <strong>programa</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento cheguem também aos cidadãos <strong>de</strong>ficientes. No processo <strong>de</strong> planejamento<br />

geral e na estrutura administrativa <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>veriam ser incorporad<strong>as</strong> medid<strong>as</strong><br />

nesse sentido. Os serviços especiais <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m necessitar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>verão<br />

ser, sempre que possível, parte dos serviços gerais <strong>de</strong> um país.<br />

23. O que foi dito acima não se aplica somente aos governos. Todos aqueles que têm a seu<br />

cargo algum tipo <strong>de</strong> empresa <strong>de</strong>vem torná-la acessível às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Isso se aplica a<br />

entida<strong>de</strong>s públic<strong>as</strong> <strong>de</strong> diversos níveis, a organismos não-governamentais, a empres<strong>as</strong> e<br />

indivíduos, sendo aplicável também a nível internacional.<br />

24. As pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> permanentes que necessitam <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> apoio<br />

<strong>com</strong>unitário, aparelhos e equipamento que lhes permitam viver o mais normalmente possível,<br />

tanto nos seus lares <strong>com</strong>o na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vem ter acesso a tais serviços. Aqueles que<br />

convivem <strong>com</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e <strong>as</strong> auxiliam n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s diári<strong>as</strong> também <strong>de</strong>vem<br />

receber apoio que lhes facilite o <strong>de</strong>scanso e o relaxamento a<strong>de</strong>quados e lhes dêem<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolverem <strong>as</strong> su<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

25. O princípio da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos entre pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> e sem <strong>de</strong>ficiência significa que <strong>as</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todo indivíduo são <strong>de</strong> igual importância, e que est<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem<br />

constituir a b<strong>as</strong>e do planejamento social, e todos os recursos <strong>de</strong>vem ser empregados <strong>de</strong> forma<br />

a garantir uma oportunida<strong>de</strong> igual <strong>de</strong> particip<strong>ação</strong> a cada indivíduo. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> polític<strong>as</strong><br />

referentes à <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>vem <strong>as</strong>segurar o acesso d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes a todos os serviços<br />

da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>.<br />

26. Assim <strong>com</strong>o <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes têm direitos iguais, têm também obrigações iguais. É<br />

seu <strong>de</strong>ver participar da construção da socieda<strong>de</strong>. As socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem elevar o nível <strong>de</strong><br />

expectativ<strong>as</strong> no que diz respeito às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, e mobilizar <strong>as</strong>sim todos os recursos<br />

<strong>para</strong> a transform<strong>ação</strong> da socieda<strong>de</strong>. Isto significa, entre outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, que se <strong>de</strong>ve oferecer<br />

aos jovens <strong>de</strong>ficientes oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carreira e form<strong>ação</strong> profissional, e não pensões <strong>de</strong><br />

aposentadoria prematura ou <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência pública.<br />

27. D<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, <strong>de</strong>ve-se esperar que <strong>de</strong>sempenhem o seu papel na socieda<strong>de</strong> e<br />

cumpram <strong>as</strong> su<strong>as</strong> obrigações <strong>com</strong>o adultos. A imagem d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

atitu<strong>de</strong>s sociais b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> em diversos fatores, que po<strong>de</strong>m constituir a maior barreira <strong>para</strong> a<br />

particip<strong>ação</strong> e a igualda<strong>de</strong>. É costume ver a <strong>de</strong>ficiência <strong>com</strong>o a bengala branca, <strong>as</strong> mulet<strong>as</strong>, os<br />

aparelhos auditivos e <strong>as</strong> ca<strong>de</strong>ir<strong>as</strong> <strong>de</strong> rod<strong>as</strong>, sem se ver a pessoa. É necessário focalizar a<br />

capacida<strong>de</strong> da pessoa <strong>de</strong>ficiente, e não <strong>as</strong> su<strong>as</strong> limitações.<br />

28. No mundo inteiro, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>com</strong>eçaram a se unir em organizações <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa<br />

dos seus próprios direitos, <strong>para</strong> exercer influência sobre <strong>as</strong> instânci<strong>as</strong> governamentais<br />

responsáveis pel<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões, e sobre todos os setores da socieda<strong>de</strong>. A função <strong>de</strong>ss<strong>as</strong><br />

organizações inclui a abertura <strong>de</strong> canais próprios <strong>de</strong> expressão, a i<strong>de</strong>ntific<strong>ação</strong> <strong>de</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s, a expressão <strong>de</strong> opiniões no que se refere a priorida<strong>de</strong>s, a avali<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

e a promoção <strong>de</strong> mudanç<strong>as</strong> e a conscientiz<strong>ação</strong> do gran<strong>de</strong> público. Como veículo <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>senvolvimento,<br />

ess<strong>as</strong> organizações proporcionam a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver aptidões<br />

no processo <strong>de</strong> negoci<strong>ação</strong>, capacida<strong>de</strong>s em matéria <strong>de</strong> organiz<strong>ação</strong>, apoio mútuo, distribuição<br />

<strong>de</strong> informações e, freqüentemente, aptidões e oportunida<strong>de</strong>s profissionais. Em razão da sua<br />

vital importância <strong>para</strong> o processo <strong>de</strong> particip<strong>ação</strong>, é imprescindível que se estimule o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> organizações.<br />

29. As pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência mental estão <strong>com</strong>eçando a exigir o direito a canais próprios <strong>de</strong><br />

expressão e a insistir no seu direito à particip<strong>ação</strong> na adoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e nos <strong>de</strong>bates.<br />

Inclusive os indivíduos <strong>com</strong> limit<strong>ação</strong> da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> têm-se mostrado capazes<br />

<strong>de</strong> expressar o seu ponto <strong>de</strong> vista. A esse respeito, têm muito o que apren<strong>de</strong>r <strong>com</strong> o<br />

movimento <strong>de</strong> auto-represent<strong>ação</strong> <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> outr<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>. Esse<br />

processo <strong>de</strong>ve ser estimulado.


30. Deve-se pre<strong>para</strong>r e divulgar informações, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> melhorar a situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Deve-se procurar fazer <strong>com</strong> que todos os meios <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> pública<br />

cooperem, apresentando ess<strong>as</strong> questões ao público e aos próprios interessados, <strong>de</strong> forma que<br />

se fomente a <strong>com</strong>preensão d<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, <strong>com</strong>batendo <strong>as</strong>sim os<br />

estereótipos e preconceitos tradicionais.<br />

G. Princípios Adotados no Sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong><br />

31. Na Carta d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> dá-se primordial importância aos princípios da paz, à<br />

reafirm<strong>ação</strong> da fé nos direitos humanos e às liberda<strong>de</strong>s fundamentais, à dignida<strong>de</strong> e ao valor<br />

da pessoa humana e à promoção da justiça social.<br />

32. Na Declar<strong>ação</strong> Universal dos Direitos Humanos afirma-se o direito <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>,<br />

sem nenhuma distinção, ao c<strong>as</strong>amento, à proprieda<strong>de</strong>, à igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos serviços<br />

públicos, à segurida<strong>de</strong> social e à realiz<strong>ação</strong> dos serviços econômicos, sociais e culturais. Os<br />

pactos internacionais <strong>de</strong> Direitos Humanos (2), a Declar<strong>ação</strong> dos Direitos do Deficiente Mental<br />

(3) e a Declar<strong>ação</strong> Universal dos Direitos d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Deficientes (4) dão expressão concreta<br />

aos princípios contidos na Declar<strong>ação</strong> Universal dos Direitos Humanos.<br />

33. Na Declar<strong>ação</strong> Sobre Progresso Social e Desenvolvimento (5), proclama-se a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se proteger os direitos d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> física e mentalmente menos favorecid<strong>as</strong> e <strong>de</strong> se<br />

<strong>as</strong>segurar o seu bem-estar e sua reabilit<strong>ação</strong>. Nela, garante-se a todos os direito ao trabalho e<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer uma ativida<strong>de</strong> útil e produtiva.<br />

34. Na Secretaria d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, diversos Departamentos realizam ativida<strong>de</strong>s<br />

relacionad<strong>as</strong> <strong>com</strong> os princípios já mencionados, bem <strong>com</strong>o <strong>com</strong> o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

Entre el<strong>as</strong> estão: o Centro <strong>de</strong> Direitos Humanos, o Departamento <strong>de</strong> Assuntos Econômicos e<br />

Sociais Internacionais, o Departamento <strong>de</strong> Cooper<strong>ação</strong> Técnica <strong>para</strong> o Desenvolvimento, o<br />

Departamento <strong>de</strong> Inform<strong>ação</strong> Pública, a Divisão <strong>de</strong> Narcóticos e a Conferência d<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong> Sobre Comércio e Desenvolvimento. Cabe também um papel importante às <strong>com</strong>issões<br />

regionais: a Comissão Econômica <strong>para</strong> a África, em Addis Abeba (Etiópia),a Comissão<br />

Econômica <strong>para</strong> a Europa, em Genebra (Suíça), a Comissão Econômica <strong>para</strong> a América Latina<br />

(Santiago do Chile), a Comissão Econômica e Social <strong>para</strong> a Ásia e o Pacífico, em Bangcoc<br />

(Tailândia) e a Comissão Econômica <strong>para</strong> a Ásia Oci<strong>de</strong>ntal, em Bagdá (Iraque).<br />

35. Outros organismos e <strong>programa</strong>s d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> adotaram abordagens, relacionad<strong>as</strong><br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento, que são importantes <strong>para</strong> a aplic<strong>ação</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial<br />

Referente às Pesso<strong>as</strong> Deficientes. Encontram-se entre ess<strong>as</strong> abordagens:<br />

a) O mandato contido na Resolução 3405 (XXX) da Assembléia Geral sobre "Nov<strong>as</strong><br />

Dimensões da Cooper<strong>ação</strong> Técnica", na qual, entre outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, diz que cabe ao Programa<br />

d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento levar em conta a importância <strong>de</strong> se chegar até os<br />

setores mais pobres e mais vulneráveis da socieda<strong>de</strong>, ao respon<strong>de</strong>r às solicitações <strong>de</strong> ajuda<br />

dos governos <strong>para</strong> satisfazer às necessida<strong>de</strong>s mais urgentes e crític<strong>as</strong> <strong>de</strong> tais setores; a citada<br />

Resolução engloba os princípios da cooper<strong>ação</strong> técnica entre países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

b) O princípio do Fundo d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> a Infância (UNICEF) sobre serviços básicos<br />

<strong>para</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> e a estratégia, adotada pelo Fundo em 1980, <strong>para</strong> acentuar o<br />

fortalecimento dos recursos da família e da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> <strong>para</strong> ajudar <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes nos<br />

seus ambientes naturais.<br />

c) O <strong>programa</strong> do Alto Comissariado d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> os Refugiados (ACNUR) <strong>para</strong><br />

refugiados <strong>de</strong>ficientes.<br />

d) O Organismo <strong>de</strong> Obr<strong>as</strong> Públic<strong>as</strong> e Socorro d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> os Refugiados da<br />

Palestina no Oriente Próximo (OOPS), que cuida, entre outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, da prevenção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> entre os refugiados da Palestina e da redução d<strong>as</strong> barreir<strong>as</strong> sociais e físic<strong>as</strong> que<br />

são enfrentad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes da popul<strong>ação</strong> <strong>de</strong> refugiados.


e) Os princípios preconizados pelo Escritório do Coor<strong>de</strong>nador d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> Para Socorro<br />

em C<strong>as</strong>os <strong>de</strong> Catástrofe, referentes a medid<strong>as</strong> concret<strong>as</strong> <strong>de</strong> previsão <strong>de</strong> tais situações e <strong>de</strong><br />

prevenção <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> já portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o <strong>para</strong> evitar <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong><br />

permanentes, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> lesões, ou do tratamento recebido no momento da catástrofe.<br />

f) O Centro d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> Para os Assentamentos Humanos, que cuida d<strong>as</strong> barreir<strong>as</strong><br />

físic<strong>as</strong> e do acesso geral ao meio ambiente físico.<br />

g) A Organiz<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento Industrial (ONUDI), cuj<strong>as</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>m a produção <strong>de</strong> medicamentos essenciais <strong>para</strong> a prevenção <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, bem <strong>com</strong>o <strong>de</strong> aparelhamento técnico <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

36. Os organismos especializados do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> que cuidam <strong>de</strong> promover,<br />

apoiar e <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo, têm um amplo histórico <strong>de</strong> trabalho relacionado <strong>com</strong><br />

a <strong>de</strong>ficiência. Os <strong>programa</strong>s<strong>de</strong> prevenção da <strong>de</strong>ficiência, nutrição, higiene, educ<strong>ação</strong> <strong>de</strong><br />

crianç<strong>as</strong> e adultos <strong>de</strong>ficientes, <strong>de</strong> form<strong>ação</strong> e coloc<strong>ação</strong> profissionais, representam um acervo<br />

<strong>de</strong> experiência e <strong>de</strong> conhecimentos técnicos que lhes permitem oferecer oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong><br />

futuros êxitos e, ao mesmo tempo, possibilitam-lhes <strong>com</strong>partilhar essa experiência <strong>com</strong><br />

organizações governamentais e não-governamentais que tratam <strong>de</strong> <strong>as</strong>suntos ligados à<br />

<strong>de</strong>ficiência. Cabe aqui mencionar os seguintes exemplos:<br />

a) A estratégia da Organiz<strong>ação</strong> Internacional do Trabalho (OIT) sobre necessida<strong>de</strong>s básic<strong>as</strong> e<br />

os princípios enunciados na Re<strong>com</strong>end<strong>ação</strong> nº 99, <strong>de</strong> 1955, da referida Organiz<strong>ação</strong>, sobre<br />

reabilit<strong>ação</strong> profissional d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

b) A importância atribuída pela Organiz<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> a Agricultura e a<br />

Aliment<strong>ação</strong> à rel<strong>ação</strong> entre nutrição e <strong>de</strong>ficiência.<br />

c) O princípio da educ<strong>ação</strong> especial, re<strong>com</strong>endado por um grupo <strong>de</strong> peritos da Organiz<strong>ação</strong><br />

d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> a Educ<strong>ação</strong>, Ciência e Cultura (UNESCO) sobre educ<strong>ação</strong> <strong>de</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, reforçado pelos princípios diretores da Declar<strong>ação</strong> Sundberg (6).<br />

"As pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>vem receber da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> serviços adaptados às su<strong>as</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s pessoais específic<strong>as</strong>."<br />

"Mediante uma <strong>de</strong>scentraliz<strong>ação</strong> e um setoriz<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços, <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rad<strong>as</strong> e atendid<strong>as</strong> <strong>de</strong>ntro da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> à qual pertencem<br />

ess<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>."<br />

d) O <strong>programa</strong> "Saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> todos no ano 2000", da Organiz<strong>ação</strong> Mundial da Saú<strong>de</strong>, e a<br />

abordagem respectiva dos cuidados básicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, por meio dos quais os Estados<br />

Membros da Organiz<strong>ação</strong> Mundial da Saú<strong>de</strong> já se <strong>com</strong>prometeram a trabalhar visando a<br />

prevenção <strong>de</strong> molésti<strong>as</strong> e carênci<strong>as</strong> que dão origem às <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>. Assim sendo, o conceito<br />

<strong>de</strong> cuidados básicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, tal <strong>com</strong>o foi elaborado pela Conferência Internacional Sobre<br />

Cuidados Básicos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, ocorrida em 1978 em Alma-Ata, e cuja aplic<strong>ação</strong> aos <strong>as</strong>pectos<br />

sanitários da <strong>de</strong>ficiência está <strong>de</strong>scrita na norma política correspon<strong>de</strong>nte da Organiz<strong>ação</strong><br />

Mundial da Saú<strong>de</strong>, aprovada em 1978 pela Assembléia Mundial da Saú<strong>de</strong>.<br />

e) A Organiz<strong>ação</strong> da Avi<strong>ação</strong> Civil Internacional (OACI) aprovou re<strong>com</strong>endações <strong>para</strong> os<br />

Estados contratantes, referentes à facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento e à prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

a<strong>de</strong>quados às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

f) A Comissão Executiva da União Postal Universal (UPU) aprovou uma resolução pela qual<br />

convida <strong>as</strong> administrações postais <strong>de</strong> todos os países a melhorarem <strong>as</strong> condições <strong>de</strong> acesso<br />

<strong>de</strong> su<strong>as</strong> instalações <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

II SITUAÇÃO ATUAL


A. Descrição Geral<br />

37. Atualmente há no mundo um número consi<strong>de</strong>rável e sempre crescente <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes. A cifra estimada em 500 milhões vê-se confirmada pelos resultados <strong>de</strong> pesquis<strong>as</strong><br />

referentes a diversos segmentos da popul<strong>ação</strong> e pela observ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> peritos. Na maioria dos<br />

países, pelo menos uma em cada <strong>de</strong>z pesso<strong>as</strong> tem uma <strong>de</strong>ficiência física, mental ou sensorial<br />

e a presença <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>ficiência repercute <strong>de</strong> forma negativa em pelo menos 25% <strong>de</strong> toda a<br />

popul<strong>ação</strong>.<br />

38. As caus<strong>as</strong> da <strong>de</strong>ficiência variam no mundo inteiro e o mesmo ocorre <strong>com</strong> a predominância<br />

e <strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> da <strong>de</strong>ficiência. Ess<strong>as</strong> variações são o resultado d<strong>as</strong> diferentes condições<br />

sócio-econômic<strong>as</strong> e d<strong>as</strong> diferentes disposições que cada socieda<strong>de</strong> adota <strong>para</strong> <strong>as</strong>segurar o<br />

bem-estar <strong>de</strong> seus membros.<br />

39. De acordo <strong>com</strong> um estudo realizado por peritos no <strong>as</strong>sunto, estima-se que, no mínimo, 350<br />

milhões <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes vivam em zon<strong>as</strong> que não dispõem dos serviços necessários<br />

<strong>para</strong> ajudá-l<strong>as</strong> a superar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> limitações. Uma gran<strong>de</strong> parcela d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes está<br />

exposta a barreir<strong>as</strong> físic<strong>as</strong>, culturais e sociais que constituem obstáculos à sua vida, mesmo<br />

quando dispõem <strong>de</strong> ajuda <strong>para</strong> a sua reabilit<strong>ação</strong>.<br />

40. O aumento do número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e a sua marginaliz<strong>ação</strong> social po<strong>de</strong>m ser<br />

atribuídos a diversos fatores, entre os quais figuram:<br />

a) As guerr<strong>as</strong> e su<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> e outr<strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> violência e <strong>de</strong>struição: a fome, a<br />

pobreza, <strong>as</strong> epi<strong>de</strong>mi<strong>as</strong> e os gran<strong>de</strong>s movimentos migratórios.<br />

b) A elevada proporção <strong>de</strong> famíli<strong>as</strong> carentes e <strong>com</strong> muitos filhos, <strong>as</strong> habitações superpovoad<strong>as</strong><br />

e insalubres, a falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> higiene.<br />

c) As populações <strong>com</strong> elevada porcentagem <strong>de</strong> analfabetismo e falta <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> em matéria<br />

<strong>de</strong> serviços sociais, bem <strong>com</strong>o <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> sanitári<strong>as</strong> e educacionais.<br />

d) A falta <strong>de</strong> conhecimentos exatos sobre a <strong>de</strong>ficiência, su<strong>as</strong> caus<strong>as</strong>, prevenção e tratamento;<br />

isso inclui a estigmatiz<strong>ação</strong>, a discrimin<strong>ação</strong> e idéi<strong>as</strong> errône<strong>as</strong> sobre a <strong>de</strong>ficiência.<br />

e) Program<strong>as</strong> ina<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência e serviços <strong>de</strong> atendimento básico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

f) Obstáculos, <strong>com</strong>o a falta <strong>de</strong> recursos, <strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> geográfic<strong>as</strong> e <strong>as</strong> barreir<strong>as</strong> sociais, que<br />

impe<strong>de</strong>m que muitos interessados se beneficiem dos serviços disponíveis.<br />

g) A canaliz<strong>ação</strong> <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> serviços altamente especializados, que são irrelevantes <strong>para</strong><br />

<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s da maioria d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que necessitam <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> ajuda.<br />

h) Falta absoluta, ou situ<strong>ação</strong> precária, da infraestrutura <strong>de</strong> serviços ligados à <strong>as</strong>sistência<br />

social, saneamento, educ<strong>ação</strong>, form<strong>ação</strong> e coloc<strong>ação</strong> profissionais.<br />

i) O baixo nível <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> concedido, no contexto do <strong>de</strong>senvolvimento social e econômico,<br />

às ativida<strong>de</strong>s relacionad<strong>as</strong> <strong>com</strong> a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, a prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e a<br />

sua reabilit<strong>ação</strong>.<br />

j) Os aci<strong>de</strong>ntes na indústria, na agricultura e no trânsito.<br />

k) Os terremotos e outr<strong>as</strong> catástrofes naturais.<br />

l) A poluição do meio ambiente.


m) O estado <strong>de</strong> tensão e outros problem<strong>as</strong> psico-sociais <strong>de</strong>correntes da p<strong>as</strong>sagem <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> tradicional <strong>para</strong> uma socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna.<br />

n) O uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> medicamentos, o emprego in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> cert<strong>as</strong> substânci<strong>as</strong> terapêutic<strong>as</strong> e<br />

o uso ilícito <strong>de</strong> drog<strong>as</strong> e estimulantes.<br />

o) O tratamento incorreto dos feridos em momentos <strong>de</strong> catástrofe, o que po<strong>de</strong> ser causa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> evitáveis.<br />

p) A urbaniz<strong>ação</strong>, o crescimento <strong>de</strong>mográfico e outros fatores indiretos.<br />

41. A rel<strong>ação</strong> entre <strong>de</strong>ficiência e pobreza ficou claramente <strong>de</strong>monstrada. Se o risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência é muito maior entre os pobres, a recíproca também é verda<strong>de</strong>ira. O n<strong>as</strong>cimento <strong>de</strong><br />

uma criança <strong>de</strong>ficiente ou o surgimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ficiência numa pessoa da família po<strong>de</strong><br />

significar uma carga pesada <strong>para</strong> os limitados recursos <strong>de</strong>ssa família e afeta a sua moral,<br />

afundando-a ainda mais na pobreza. O efeito conjunto <strong>de</strong>sses fatores faz <strong>com</strong> que a proporção<br />

<strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes seja mais elevada n<strong>as</strong> camad<strong>as</strong> mais carentes da socieda<strong>de</strong>. Por esta<br />

razão, o número <strong>de</strong> famíli<strong>as</strong> carentes atingid<strong>as</strong> pelo problema aumenta continuamente em<br />

termos absolutos. Os efeitos <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> tendênci<strong>as</strong> constituem sérios obstáculos <strong>para</strong> o processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

42. Com os conhecimentos teóricos e práticos existentes, seria possível evitar que se<br />

produzam muit<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e incapacida<strong>de</strong>s, bem <strong>com</strong>o auxiliar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes a<br />

superar ou melhorar <strong>as</strong> su<strong>as</strong> condições e colocar os países em condições <strong>de</strong> eliminar <strong>as</strong><br />

barreir<strong>as</strong> que excluem ess<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> da vida cotidiana.<br />

1. As <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> nos países em <strong>de</strong>senvolvimento<br />

43. É necessário salientar <strong>de</strong> modo especial os problem<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> nos países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Nada menos <strong>de</strong> 80 por cento do total d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes vivem em<br />

zon<strong>as</strong> rurais isolad<strong>as</strong> nos referidos países. Em alguns <strong>de</strong>les, a proporção <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes é calculada em até 20% e, se incluirmos famíli<strong>as</strong> e parentes, os efeitos negativos da<br />

<strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong>m afetar 50% do total da popul<strong>ação</strong>. O problema se agrava <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong><br />

que, <strong>de</strong> maneira geral, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, habitualmente, são extremamente carentes,<br />

vivendo freqüentemente, em zon<strong>as</strong> n<strong>as</strong> quais os serviços médicos e afins são esc<strong>as</strong>sos ou<br />

totalmente inexistentes e on<strong>de</strong> <strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> não são, nem po<strong>de</strong>riam ser, <strong>de</strong>tectad<strong>as</strong> a tempo.<br />

Quando <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> recebem os cuidados médicos necessários, se chegam a recebê-los, a<br />

<strong>de</strong>ficiência já po<strong>de</strong> ter se tornado irreversível. Em muitos países, não há recursos suficientes<br />

<strong>para</strong> se <strong>de</strong>tectar e impedir a instal<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, nem <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

serviços <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> e <strong>de</strong> apoio <strong>para</strong> a popul<strong>ação</strong> atingida. Não há um número suficiente <strong>de</strong><br />

pessoal qualificado e faltam pesquis<strong>as</strong> sobre nov<strong>as</strong> estratégi<strong>as</strong> e abordagens mais eficazes<br />

<strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> e a cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong> aparelhos e equipamentos <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

44. Nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, além disso, o problema d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes vê-se<br />

agravado pela explosão <strong>de</strong>mográfica que aumenta inexoravelmente o seu número, tanto em<br />

termos relativos quanto absolutos. É, pois, urgentíssimo, <strong>com</strong>o primeira priorida<strong>de</strong>, que se<br />

aju<strong>de</strong> esses países a <strong>de</strong>senvolverem polític<strong>as</strong> <strong>de</strong>mográfic<strong>as</strong> <strong>para</strong> prevenirem um aumento da<br />

popul<strong>ação</strong> portadora <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e <strong>para</strong> reabilitar e facilitar o acesso aos serviços àqueles<br />

que já tenham <strong>de</strong>ficiência.<br />

2 Grupos especiais<br />

45. As conseqüênci<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e da invali<strong>de</strong>z são especialmente graves <strong>para</strong> a mulher.<br />

São inúmeros os países nos quais <strong>as</strong> mulheres estão sujeit<strong>as</strong> a <strong>de</strong>svantagens sociais,<br />

econômic<strong>as</strong> e culturais que constituem um freio <strong>para</strong> o seu acesso, por exemplo, a cuidados<br />

médicos, à educ<strong>ação</strong>, à form<strong>ação</strong> e à coloc<strong>ação</strong> profissional. Além disso, se, tiverem uma<br />

<strong>de</strong>ficiência física ou mental, <strong>as</strong> su<strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se sobreporem a essa <strong>de</strong>svantagem<br />

diminuem. A sua particip<strong>ação</strong> na vida da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, por esse motivo, torna-se ainda mais


eduzida. N<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, a responsabilida<strong>de</strong> pelos cuidados que se dão a um parente <strong>de</strong>ficiente<br />

cabe freqüentemente às mulheres, o que diminui consi<strong>de</strong>ravelmente a sua liberda<strong>de</strong> e <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> exercerem uma outra ativida<strong>de</strong>.<br />

46. Para muit<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>, ser portador <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ficiência significa crescer num clima <strong>de</strong><br />

rejeição e <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong> cert<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong> que fazem parte do <strong>de</strong>senvolvimento normal.<br />

Essa situ<strong>ação</strong> ainda po<strong>de</strong> ser agravada pela atitu<strong>de</strong> e pelo <strong>com</strong>portamento ina<strong>de</strong>quados da<br />

família e da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> durante os anos críticos do <strong>de</strong>senvolvimento da personalida<strong>de</strong> e da<br />

própria imagem d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong>.<br />

47. Na maioria dos países está aumentando o número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> idos<strong>as</strong> e, em alguns <strong>de</strong>les,<br />

dois terços da popul<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes é constituída <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> idos<strong>as</strong>. A maioria d<strong>as</strong> caus<strong>as</strong><br />

d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> (por exemplo: artrite, <strong>de</strong>rrames, molésti<strong>as</strong> cardíac<strong>as</strong> e diminuição da<br />

acuida<strong>de</strong> do ouvido e da visão) não são <strong>com</strong>uns entre <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes mais jovens e<br />

po<strong>de</strong>m exigir diferentes form<strong>as</strong> <strong>de</strong> tratamento, reabilit<strong>ação</strong> e apoio.<br />

48. Des<strong>de</strong> o surgimento da "vitimologia", um ramo da criminologia, <strong>com</strong>eçou-se a medir a<br />

importância d<strong>as</strong> lesões sofrid<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> vítim<strong>as</strong> <strong>de</strong> crimes e da violência, lesões ess<strong>as</strong> que<br />

causam uma <strong>de</strong>ficiência temporária ou permanente.<br />

49. As vítim<strong>as</strong> da tortura, que se tornaram <strong>de</strong>ficientes não <strong>de</strong>vido a uma ativida<strong>de</strong> normal, nem<br />

a um aci<strong>de</strong>nte ao n<strong>as</strong>cer ou ainda a um problema congênito, constituem um grupo distinto <strong>de</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

50. Atualmente, há no mundo mais <strong>de</strong> 10 milhões <strong>de</strong> refugiados e <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> que vivem fora<br />

<strong>de</strong> seu local <strong>de</strong> origem, <strong>com</strong>o conseqüência d<strong>as</strong> calamida<strong>de</strong>s provocad<strong>as</strong> pelo homem. Muit<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>l<strong>as</strong> estão física ou mentalmente incapacitados <strong>com</strong>o resultado dos sofrimentos <strong>de</strong>correntes<br />

da perseguição, da violência e dos riscos que correram. A maioria vive em países do Terceiro<br />

Mundo, on<strong>de</strong> os serviços e instalações <strong>de</strong> que necessitam são extremamente limitados. Um<br />

refugiado, pelo fato <strong>de</strong> ser refugiado, já está em situ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem; se tiver algum tipo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, sua <strong>de</strong>svantagem está duplicada.<br />

51. Os trabalhadores empregados em um país estrangeiro geralmente estão em uma situ<strong>ação</strong><br />

difícil, relacionada <strong>com</strong> uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagens provenientes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s relativ<strong>as</strong> ao<br />

meio: não sabem ou sabem mal a língua do país on<strong>de</strong> se encontram, sofrem preconceitos ou<br />

discrimin<strong>ação</strong>, sua form<strong>ação</strong> profissional é insuficiente ou nula e su<strong>as</strong> condições <strong>de</strong> vida<br />

ina<strong>de</strong>quad<strong>as</strong>. A situ<strong>ação</strong> especial dos trabalhadores migrantes fora <strong>de</strong> seu local <strong>de</strong> origem os<br />

expõem, juntamente <strong>com</strong> su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, a um maior número <strong>de</strong> riscos <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> e aci<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> trabalho, que freqüentemente oc<strong>as</strong>ionam <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> ou invali<strong>de</strong>z. A situ<strong>ação</strong> dos<br />

trabalhadores migrantes portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong> ser agravada pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

retornar ao país <strong>de</strong> origem, on<strong>de</strong>, em muitos c<strong>as</strong>os, os serviços e o apoio <strong>para</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes são muito limitados.<br />

B. Prevenção<br />

52. As ativida<strong>de</strong>s visando a prevenção da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>senvolvem-se <strong>de</strong> modo contínuo em<br />

diversos campos: melhoria d<strong>as</strong> condições <strong>de</strong> higiene, da educ<strong>ação</strong>, da nutrição, melhor<br />

aliment<strong>ação</strong> e melhor vigilância sanitária graç<strong>as</strong> aos cuidados básicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em especial à<br />

mulher e à infância, conselhos aos pais em matéria <strong>de</strong> genética e <strong>de</strong> atendimento pré-natal,<br />

vacin<strong>ação</strong> e <strong>com</strong>bate às doenç<strong>as</strong> e infecções, prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, melhoria da qualida<strong>de</strong><br />

do meio ambiente, etc. Em cert<strong>as</strong> regiões do mundo, <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> tomad<strong>as</strong> <strong>para</strong> tais fins<br />

permitiram que se reduzisse <strong>de</strong> modo significativo a incidência d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> físic<strong>as</strong> e<br />

mentais.<br />

53. Na maioria dos países, porém, notadamente naqueles que se encontram nos primeiros<br />

estágios do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social, ess<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong> atingem, na<br />

realida<strong>de</strong>, apen<strong>as</strong> uma pequena porcentagem da popul<strong>ação</strong>. A maioria dos países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento ainda não criou um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção precoce e <strong>de</strong> prevenção d<strong>as</strong>


<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> por meio <strong>de</strong> exames periódicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, em especial <strong>para</strong> <strong>as</strong> mulheres em início<br />

<strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, lactantes e crianç<strong>as</strong> pequen<strong>as</strong>.<br />

54. Na Leeds C<strong>as</strong>tle Declaration on the Prevention of Disablement (Declar<strong>ação</strong> do C<strong>as</strong>telo <strong>de</strong><br />

Leeds Sobre a Prevenção da Deficiência), <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1981, um grupo internacional<br />

<strong>de</strong> pesquisadores, médicos, administradores <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e políticos insistiu,<br />

notadamente, n<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> concret<strong>as</strong> seguintes, que visam a evitar a <strong>de</strong>ficiência:<br />

"3. As <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> causad<strong>as</strong> pela <strong>de</strong>snutrição, pel<strong>as</strong> infecções e pela negligência po<strong>de</strong>riam ser<br />

evitad<strong>as</strong>, graç<strong>as</strong> a uma melhoria <strong>de</strong> baixo custo, dos cuidados básicos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ...<br />

4. ... Muit<strong>as</strong> incapacida<strong>de</strong>s que surgem mais tar<strong>de</strong> na vida d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> po<strong>de</strong>riam ser<br />

retardad<strong>as</strong> ou evitad<strong>as</strong>. Existem atualmente pesquis<strong>as</strong> prometedor<strong>as</strong> sobre o <strong>com</strong>bate a<br />

doenç<strong>as</strong> <strong>de</strong>generativ<strong>as</strong> e hereditári<strong>as</strong>.<br />

5. A incapacida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>ve necessariamente constituir uma <strong>de</strong>ficiência. Freqüentemente, ela é<br />

agravada pela ausência <strong>de</strong> soluções simples e <strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> da socieda<strong>de</strong><br />

aumentam os riscos <strong>de</strong> que um indivíduo seja colocado numa situ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong>vido<br />

a uma <strong>de</strong>ficiência. É urgente que se faça uma inform<strong>ação</strong> permanente do público em geral e<br />

dos profissionais.<br />

6. Os c<strong>as</strong>os <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência que po<strong>de</strong>riam ser evitados são uma d<strong>as</strong> principais caus<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sperdício econômico e <strong>de</strong> carênci<strong>as</strong> do ser humano em todos os países, tanto<br />

industrializados quanto em <strong>de</strong>senvolvimento. Essa perda po<strong>de</strong> ser reduzida rapidamente.<br />

As técnic<strong>as</strong> que possibilitarão a prevenção e o controle da maior parte d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> já<br />

existem e estão se aprimorando, m<strong>as</strong> é necessário que a socieda<strong>de</strong> esteja <strong>de</strong>cidida a resolver<br />

esses problem<strong>as</strong>. É necessário dar uma nova orient<strong>ação</strong> aos <strong>programa</strong>s sanitários existentes,<br />

tanto nacionais quanto internacionais, <strong>de</strong> forma a garantir a difusão dos conhecimentos e <strong>de</strong><br />

tecnologia ...<br />

7. Embora já exista tecnologia a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> garantir o tratamento preventivo e curativo da<br />

maioria d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, os progressos espetaculares havidos recentemente no campo da<br />

pesquisa biomédica prometem novos instrumentos revolucionários que reforçarão<br />

gran<strong>de</strong>mente tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> intervenções. Tanto a pesquisa <strong>de</strong> b<strong>as</strong>e quanto a aplicada merecem<br />

receber apoio nos anos vindouros."<br />

55. Reconhece-se cada vez mais que os <strong>programa</strong>s orientados <strong>para</strong> a prevenção d<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> ou <strong>para</strong> impedir que el<strong>as</strong> <strong>de</strong>generem em incapacida<strong>de</strong>s ainda mais limitador<strong>as</strong>, a<br />

longo prazo, são muito menos oneros<strong>as</strong> <strong>para</strong> a socieda<strong>de</strong> do que os cuidados que <strong>de</strong>verão ser<br />

dispensados mais tar<strong>de</strong> às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Isso se aplica, <strong>de</strong> modo especial, aos<br />

<strong>programa</strong>s <strong>de</strong> segurança no trabalho, que ainda constitui um campo que pouco interesse<br />

<strong>de</strong>sperta em muitos países.<br />

C. Reabilit<strong>ação</strong><br />

56. Os serviços, em matéria <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong>, costumam ser prestados por organismos<br />

especializados. Porém, a tendência atual é <strong>de</strong> integrá-los, <strong>de</strong> maneira crescente, em serviços<br />

públicos não especializados.<br />

57. Houve uma evolução, tanto no conteúdo quanto no espírito d<strong>as</strong> chamad<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

reabilit<strong>ação</strong>. Tradicionalmente, a reabilit<strong>ação</strong> era um conjunto <strong>de</strong> terapi<strong>as</strong> e serviços prestados<br />

às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes em um estabelecimento especializado, muit<strong>as</strong> vezes sob controle<br />

médico. Esta concepção tradicional vem sendo gradativamente substituída por <strong>programa</strong>s que,<br />

embora continuem a proporcionar esses serviços profissionais médicos, sociais e pedagógicos,<br />

incluem também, a particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s e d<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, ajudando-<strong>as</strong> a apoiar os<br />

esforços d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes no sentido <strong>de</strong> superar os efeitos incapacitantes da <strong>de</strong>ficiência<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um ambiente social normal. Reconhece-se, cada vez mais, que mesmo pesso<strong>as</strong>


portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> graves, em gran<strong>de</strong> medida, po<strong>de</strong>m viver in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente, se<br />

lhes forem fornecidos os serviços necessários. O número daqueles que realmente necessitam<br />

<strong>de</strong> tratamento numa instituição especializada é muito menor do que se po<strong>de</strong>ria supor e<br />

inclusive, em gran<strong>de</strong> parte, po<strong>de</strong>m levar uma vida in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte em seus <strong>as</strong>pectos<br />

fundamentais.<br />

58. Um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes precisa <strong>de</strong> equipamento técnico <strong>de</strong> apoio.<br />

Alguns países dispõem da tecnologia necessária e po<strong>de</strong>m fabricar equipamentos muito<br />

aperfeiçoados que facilitam a lo<strong>com</strong>oção, a <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> e a vida diária d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes. Todavia, o custo <strong>de</strong>sses materiais é b<strong>as</strong>tante alto, e somente alguns países po<strong>de</strong>m<br />

fornecê-lo.<br />

59. Muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> necessitam apen<strong>as</strong> <strong>de</strong> um equipamento simples <strong>para</strong> facilitar a lo<strong>com</strong>oção,<br />

a <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> e a vida diária. Esse equipamento existe em certos países; em muitos outros,<br />

porém, não po<strong>de</strong> ser conseguido, ou porque não existe, ou em razão do seu custo elevado. Há<br />

um interesse crescente em se criar dispositivos mais simples e <strong>de</strong> preço mais acessível, que<br />

possam ser produzidos por meio <strong>de</strong> métodos mais fáceis <strong>de</strong> serem adaptados às condições<br />

locais e que melhor atendam às necessida<strong>de</strong>s da maioria d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, além <strong>de</strong><br />

serem mais fáceis <strong>de</strong> obter.<br />

D. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s<br />

60. Essencialmente, é por meio <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> e sociais que se garante às pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes o direito <strong>de</strong> particip<strong>ação</strong> na vida <strong>de</strong> su<strong>as</strong> respectiv<strong>as</strong> socieda<strong>de</strong>s.<br />

61. Muitos países estão adotando medid<strong>as</strong> importantes <strong>para</strong> eliminar ou reduzir os obstáculos<br />

à particip<strong>ação</strong> plena. Em muitos c<strong>as</strong>os, houve promulg<strong>ação</strong> <strong>de</strong> leis <strong>de</strong>stinad<strong>as</strong> a garantir, <strong>de</strong><br />

direito e <strong>de</strong> fato, o acesso d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes ao ensino, ao trabalho e aos serviços e<br />

instalações da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, à elimin<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> barreir<strong>as</strong> culturais e materiais e à proibição <strong>de</strong><br />

toda e qualquer discrimin<strong>ação</strong> contra <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Observa-se uma tendência <strong>para</strong><br />

sair da vida em instituições especializad<strong>as</strong>, <strong>para</strong> <strong>as</strong>cen<strong>de</strong>r a uma vida na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>. Em<br />

alguns países, tanto <strong>de</strong>senvolvidos quanto em <strong>de</strong>senvolvimento, há um esforço crescente<br />

visando uma escolarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "ensino aberto", <strong>com</strong> a conseqüente redução do número e da<br />

importância d<strong>as</strong> instituições e escol<strong>as</strong> especializad<strong>as</strong>. Foram criados métodos <strong>para</strong> permitir o<br />

acesso aos sistem<strong>as</strong> existentes <strong>de</strong> transporte coletivo, bem <strong>com</strong>o <strong>para</strong> possibilitar às pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência sensorial o acesso à inform<strong>ação</strong>. A conscientiz<strong>ação</strong> quanto à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais medid<strong>as</strong> vem aumentando <strong>de</strong> forma significativa. Em muitos c<strong>as</strong>os, foram<br />

lançad<strong>as</strong> campanh<strong>as</strong> <strong>de</strong> sensibiliz<strong>ação</strong> e educ<strong>ação</strong> do público, a fim <strong>de</strong> promover uma<br />

modific<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e do <strong>com</strong>portamento <strong>para</strong> <strong>com</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

62. Com freqüência, <strong>as</strong> própri<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes tomaram a iniciativa <strong>de</strong> fazer <strong>com</strong> que<br />

sejam melhor <strong>com</strong>preendidos os processos da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram a<br />

sua própria integr<strong>ação</strong> na vida da socieda<strong>de</strong>.<br />

63. Apesar <strong>de</strong>sses esforços, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes ainda estão longe <strong>de</strong> ter conseguido a<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, e seu grau <strong>de</strong> integr<strong>ação</strong> na socieda<strong>de</strong> está, na maioria dos<br />

países, longe <strong>de</strong> ser satisfatório.<br />

1. Ensino<br />

64. Pelo menos 10% d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> têm alguma <strong>de</strong>ficiência e não têm o mesmo direito à<br />

educ<strong>ação</strong> que aquel<strong>as</strong> que não a têm. El<strong>as</strong> necessitam <strong>de</strong> uma intervenção ativa e <strong>de</strong> serviços<br />

especializados. M<strong>as</strong>, nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, a maioria d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes não<br />

recebem nem educ<strong>ação</strong> especializada nem educ<strong>ação</strong> convencional.<br />

65. A situ<strong>ação</strong> varia consi<strong>de</strong>ravelmente <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> os países; em alguns <strong>de</strong>les, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes po<strong>de</strong>m atingir um nível elevado <strong>de</strong> instrução; em outros, su<strong>as</strong> possibilida<strong>de</strong>s são<br />

limitad<strong>as</strong> ou inexistentes.


66. O estágio atual dos conhecimentos registra uma gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> no que diz respeito às<br />

capacida<strong>de</strong>s potenciais d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Além disso, freqüentemente não existe<br />

legisl<strong>ação</strong> que trate <strong>de</strong> su<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s e da falta <strong>de</strong> pessoal docente e <strong>de</strong> instalações. Na<br />

maioria dos países, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes ainda não dispõem <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> <strong>para</strong><br />

<strong>as</strong> diferentes f<strong>as</strong>es da vida.<br />

67. No campo da educ<strong>ação</strong> especial, tem-se conseguido progressos significativos e inovações<br />

importantes n<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> pedagógic<strong>as</strong>, havendo ainda muita coisa que po<strong>de</strong> ser feita em prol<br />

da educ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Porém, na maioria d<strong>as</strong> vezes, os progressos limitam-se<br />

somente a um número muito reduzido <strong>de</strong> países ou a alguns centros urbanos.<br />

68. Tais progressos referem-se à <strong>de</strong>tecção precoce, à avali<strong>ação</strong> e intervenção contínua nos<br />

<strong>programa</strong>s <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> especial em situações divers<strong>as</strong>, tornando possível que muit<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

<strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> incorporem-se aos centros escolares <strong>com</strong>uns, enquanto outr<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

requerem <strong>programa</strong>s especiais.<br />

2. Trabalho<br />

69. Nega-se emprego a muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, ou somente se dá a el<strong>as</strong> empregos<br />

subalternos e mal remunerados. E isso acontece embora já se tenha <strong>de</strong>monstrado que, <strong>com</strong><br />

um trabalho a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> valoriz<strong>ação</strong>, treinamento e coloc<strong>ação</strong>, a maior parte d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes po<strong>de</strong> realizar uma ampla gama <strong>de</strong> taref<strong>as</strong> <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> <strong>as</strong> norm<strong>as</strong> em vigor. Em<br />

períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego e <strong>de</strong> crise econômica, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes costumam ser <strong>as</strong><br />

primeir<strong>as</strong> a serem <strong>de</strong>spedid<strong>as</strong> e <strong>as</strong> últim<strong>as</strong> a serem contratad<strong>as</strong>. Em alguns países<br />

industrializados que sentem os efeitos da recessão econômica, a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego entre <strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes que procuram trabalho é o dobro da taxa que ocorre entre os não<br />

<strong>de</strong>ficientes. Em diversos países, têm-se implantado vários <strong>programa</strong>s e tomado medid<strong>as</strong><br />

visando a cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong> empregos <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Entre eles estão: oficin<strong>as</strong><br />

abrigad<strong>as</strong> e <strong>de</strong> produção, contrat<strong>ação</strong> preferencial, sistema <strong>de</strong> quot<strong>as</strong>, subvenções aos<br />

empregadores que dão form<strong>ação</strong> profissional e posteriormente contratam trabalhadores<br />

<strong>de</strong>ficientes, cooperativ<strong>as</strong> <strong>de</strong> e <strong>para</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, etc. O número real <strong>de</strong> trabalhadores<br />

<strong>de</strong>ficientes empregados em estabelecimentos <strong>com</strong>uns ou especiais está muito abaixo daquele<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes capazes <strong>de</strong> trabalhar. Uma aplic<strong>ação</strong> mais<br />

ampla dos princípios ergonômicos permite a adapt<strong>ação</strong>, e um custo reduzido, do local <strong>de</strong><br />

trabalho, d<strong>as</strong> ferrament<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> máquin<strong>as</strong> e do material, e ajuda a aumentar <strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> emprego <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

70. Um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes vivem em zon<strong>as</strong> rurais, especialmente nos<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento. Quando a economia familiar está b<strong>as</strong>eada na agricultura ou<br />

noutra ativida<strong>de</strong> própria ao meio rural e existe a tradicional família ampliada, po<strong>de</strong>-se confiar<br />

taref<strong>as</strong> úteis a qu<strong>as</strong>e tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Porém, à medida que aumenta o número<br />

<strong>de</strong> famíli<strong>as</strong> que abandonam <strong>as</strong> regiões rurais e se dirigem aos centros urbanos, que a<br />

agricultura se torna mecanizada e mais <strong>com</strong>ercializada que <strong>as</strong> transações monetári<strong>as</strong> vêm<br />

substituir o sistema <strong>de</strong> troc<strong>as</strong> e a família ampliada se <strong>de</strong>sintegra, a situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes quanto à falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho torna-se ainda mais grave. Nos bairros<br />

pobres d<strong>as</strong> cida<strong>de</strong>s, a concorrência <strong>para</strong> se conseguir trabalho é gran<strong>de</strong> e não existem muit<strong>as</strong><br />

outr<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s economicamente produtiv<strong>as</strong>. Muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> vêemse<br />

forçad<strong>as</strong> à inativida<strong>de</strong> e se tornam <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, outr<strong>as</strong> são obrigad<strong>as</strong> a recorrer à<br />

mendicância.<br />

3. Aspectos Sociais<br />

71. A particip<strong>ação</strong> plena n<strong>as</strong> unida<strong>de</strong>s básic<strong>as</strong> da socieda<strong>de</strong> - isto é, na família, no grupo social<br />

e na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> - é a b<strong>as</strong>e da experiência humana. O direito à igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

particip<strong>ação</strong> está consagrado na Declar<strong>ação</strong> Universal dos Direitos Humanos, <strong>de</strong>vendo ser<br />

aplicado a todos, sem excluir <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. M<strong>as</strong>, na realida<strong>de</strong>, costuma-se negar a<br />

el<strong>as</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar plenamente d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s do sistema sócio-cultural em que<br />

vivem. Essa exclusão se dá em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> barreir<strong>as</strong> materiais e sociais n<strong>as</strong>cid<strong>as</strong> da ignorância,<br />

da indiferença e do medo.


72. Com freqüência, <strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e os hábitos levam à exclusão d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes da vida<br />

social e cultural. As pesso<strong>as</strong> ten<strong>de</strong>m a evitar o contato e o relacionamento pessoal <strong>com</strong> el<strong>as</strong>.<br />

Para um número significativo <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, os preconceitos e a discrimin<strong>ação</strong> <strong>de</strong> que<br />

geralmente são vítim<strong>as</strong> e a consciência <strong>de</strong> que em gran<strong>de</strong> parte são excluíd<strong>as</strong> d<strong>as</strong> relações<br />

sociais normais, causam problem<strong>as</strong> psicológicos.<br />

73. É muito freqüente que o pessoal, profissional ou não, que aten<strong>de</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes<br />

não se dê conta <strong>de</strong> que el<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m participar da vida social normal e, por conseguinte, não<br />

facilite a sua integr<strong>ação</strong> em outros grupos sociais.<br />

74. Em razão <strong>de</strong>sses obstáculos, costuma ser difícil ou até impossível, que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes mantenham relacionamentos estreitos e íntimos <strong>com</strong> <strong>as</strong> outr<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>. É<br />

freqüente <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> qualificad<strong>as</strong> <strong>com</strong>o "<strong>de</strong>ficientes" ficarem à margem do c<strong>as</strong>amento e da<br />

paternida<strong>de</strong>, mesmo quando não existe nenhuma limit<strong>ação</strong> <strong>para</strong> isso. Reconhece-se cada vez<br />

mais, atualmente, que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> <strong>de</strong>ficiência mental necessitam d<strong>as</strong> relações pessoais e<br />

sociais, inclusive d<strong>as</strong> relações sexuais.<br />

75. Muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes não estão apen<strong>as</strong> excluíd<strong>as</strong> da vida normal d<strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />

<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s, m<strong>as</strong> também estão, <strong>de</strong> fato, confinad<strong>as</strong> em instituições. Embora <strong>as</strong> antig<strong>as</strong><br />

colôni<strong>as</strong> <strong>de</strong> leprosos tenham sido parcialmente eliminad<strong>as</strong> e <strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s instituições já não<br />

sejam tão numeros<strong>as</strong> quanto antes, existe ainda um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

internad<strong>as</strong>, quando nada no seu estado justifica tal intern<strong>ação</strong>.<br />

76. Muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes ficam excluíd<strong>as</strong> <strong>de</strong> uma particip<strong>ação</strong> ativa na socieda<strong>de</strong>, em<br />

razão <strong>de</strong> obstáculos materiais: port<strong>as</strong> <strong>de</strong>m<strong>as</strong>iadamente estreit<strong>as</strong> <strong>para</strong> permitirem a p<strong>as</strong>sagem<br />

<strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> rod<strong>as</strong>; escad<strong>as</strong> e <strong>de</strong>graus inacessíveis em edifícios, ônibus, trens e aviões;<br />

telefones e interruptores <strong>de</strong> luz colocados fora do seu alcance, instalações sanitári<strong>as</strong> que não<br />

po<strong>de</strong>m utilizar. Também se vêem excluíd<strong>as</strong> por outros tipos <strong>de</strong> barreir<strong>as</strong>, <strong>com</strong>o por exemplo, na<br />

<strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> oral, quando não se leva em conta <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> auditiv<strong>as</strong>, ou na inform<strong>ação</strong> escrita, quando se ignoram <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s dos<br />

<strong>de</strong>ficientes visuais. Est<strong>as</strong> barreir<strong>as</strong> são o resultado da ignorância e da indiferença; existem,<br />

embora muit<strong>as</strong> <strong>de</strong>l<strong>as</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser evitad<strong>as</strong>, <strong>com</strong> poucos g<strong>as</strong>tos, mediante um planejamento<br />

cuidadoso. Embora em alguns países existam leis especiais e tenham sido realizad<strong>as</strong><br />

campanh<strong>as</strong> <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> do público visando a elimin<strong>ação</strong> <strong>de</strong> tais barreir<strong>as</strong>, o problema<br />

continua a ser crucial.<br />

77. Como regra geral, os serviços e instalações existentes e <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> sociais adotad<strong>as</strong> <strong>para</strong><br />

a prevenção da <strong>de</strong>ficiência e <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e sua integr<strong>ação</strong> na<br />

socieda<strong>de</strong> estão estreitamente vinculados à disposição favorável e à capacida<strong>de</strong> dos governos<br />

e da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinar recursos econômicos e serviços aos grupos <strong>de</strong>sfavorecidos da<br />

popul<strong>ação</strong>.<br />

E. A Deficiência e a Nova Or<strong>de</strong>m Econômica Internacional<br />

78. A transferência <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong> tecnologia dos países <strong>de</strong>senvolvidos <strong>para</strong> os países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, que está prevista na nova or<strong>de</strong>m econômica internacional, bem <strong>com</strong>o outr<strong>as</strong><br />

disposições visando a fortalecer a economia dos países em <strong>de</strong>senvolvimento, seriam benéfic<strong>as</strong><br />

<strong>para</strong> <strong>as</strong> populações <strong>de</strong>sses países e especialmente <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. O<br />

fortalecimento da economia dos países em <strong>de</strong>senvolvimento, particularmente d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> zon<strong>as</strong><br />

rurais, geraria nov<strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, <strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o os<br />

recursos necessários <strong>para</strong> o financiamento d<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong>, <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> e<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Bem administrada, a transferência <strong>de</strong> tecnologia apropriada<br />

po<strong>de</strong>ria levar ao surgimento <strong>de</strong> indústri<strong>as</strong> especializad<strong>as</strong> na produção industrial <strong>de</strong> dispositivos<br />

e materiais próprios <strong>para</strong> remediar os efeitos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> físic<strong>as</strong>, mentais ou sensoriais.<br />

79. Na Estratégia Internacional do Desenvolvimento <strong>para</strong> a Terceira Década d<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento está dito que esforços especiais <strong>de</strong>verão ser feitos <strong>para</strong><br />

integrar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, sendo indispensável <strong>para</strong><br />

isso a adoção <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> <strong>de</strong> prevenção, reabilit<strong>ação</strong> e equipar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Toda


medida positiva nesse sentido <strong>de</strong>verá ser parte <strong>de</strong> um esforço mais geral visando a<br />

mobiliz<strong>ação</strong> <strong>de</strong> todos os recursos humanos em favor do <strong>de</strong>senvolvimento. A transform<strong>ação</strong> da<br />

or<strong>de</strong>m econômica internacional <strong>de</strong>ve ser a<strong>com</strong>panhada <strong>de</strong> reform<strong>as</strong> nos diferentes países<br />

visando <strong>as</strong>segurar a particip<strong>ação</strong> plena <strong>de</strong> todos os segmentos <strong>de</strong>sfavorecidos da popul<strong>ação</strong>.<br />

F. Conseqüênci<strong>as</strong> do Desenvolvimento Econômico e Social<br />

80. Na medida em que os esforços <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento permitam a melhoria d<strong>as</strong> condições <strong>de</strong><br />

nutrição, educ<strong>ação</strong>, habit<strong>ação</strong>, higiene proporcionem um atendimento básico a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, melhoram significativamente <strong>as</strong> perspectiv<strong>as</strong> <strong>de</strong> prevenção d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e<br />

tratamento d<strong>as</strong> incapacida<strong>de</strong>s. Os progressos nesse sentido também po<strong>de</strong>m ser facilitados,<br />

notadamente por meio d<strong>as</strong> seguintes medid<strong>as</strong>:<br />

a) Form<strong>ação</strong> <strong>de</strong> pessoal em campos gerais tais <strong>com</strong>o a <strong>as</strong>sistência social, a saú<strong>de</strong> pública, a<br />

educ<strong>ação</strong> e a reabilit<strong>ação</strong> profissional.<br />

b) Melhora da capacida<strong>de</strong> local <strong>de</strong> produção dos aparelhos e equipamentos <strong>de</strong> que necessitam<br />

<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

c) Cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços sociais, sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> segurida<strong>de</strong> social, cooperativ<strong>as</strong> e <strong>programa</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>as</strong>sistência mútua a nível nacional e <strong>com</strong>unitário.<br />

d) Serviços a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> orient<strong>ação</strong> profissional e <strong>de</strong> treinamento <strong>para</strong> o trabalho, bem <strong>com</strong>o<br />

maiores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coloc<strong>ação</strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes.<br />

81. Enquanto o <strong>de</strong>senvolvimento econômico traz modificações quanto à magnitu<strong>de</strong> e à<br />

distribuição da popul<strong>ação</strong>, mudanç<strong>as</strong> no estilo <strong>de</strong> vida e transformações d<strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> e<br />

relações sociais, os serviços <strong>para</strong> resolver os problem<strong>as</strong> humanos não melhoram nem se<br />

ampliam, <strong>de</strong> modo geral, <strong>com</strong> a rapi<strong>de</strong>z suficiente. Estes <strong>de</strong>sequilíbrios entre o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e o social dificultam ainda mais a integr<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s.<br />

III PROPOSTAS PARA A EXECUÇÃO DO PROGRAMA DE AÇÃO MUNDIAL REFERENTE<br />

ÀS PESSOAS DEFICIENTES<br />

A. Introdução<br />

82. Os objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial referente às Pesso<strong>as</strong> Deficientes consistem em<br />

promover medid<strong>as</strong> eficazes <strong>para</strong> a prevenção da <strong>de</strong>ficiência, <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> e, <strong>para</strong> se<br />

alcançar os objetivos <strong>de</strong> "igualda<strong>de</strong>" e "particip<strong>ação</strong> plena" d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Ao aplicar<br />

o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial, <strong>de</strong>ve-se dar a <strong>de</strong>vida atenção à situ<strong>ação</strong> especial dos países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e, em especial, à dos menos adiantados. A enormida<strong>de</strong> da tarefa <strong>de</strong> melhorar<br />

<strong>as</strong> condições <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> toda a popul<strong>ação</strong> e a falta geral <strong>de</strong> recursos fazem <strong>com</strong> que seja mais<br />

difícil alcançar os objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. Ao mesmo tempo, <strong>de</strong>ve-se<br />

reconhecer que a aplic<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ste Programa contribuirá <strong>para</strong> o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

graç<strong>as</strong> à mobiliz<strong>ação</strong> <strong>de</strong> todos os recursos humanos e à particip<strong>ação</strong> plena <strong>de</strong> toda a<br />

popul<strong>ação</strong>. Embora alguns países já tenham iniciado ou realizado algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> medid<strong>as</strong><br />

re<strong>com</strong>endad<strong>as</strong> no Programa, é necessário fazer mais. Isso se aplica também aos países que<br />

têm um nível <strong>de</strong> vida elevado.<br />

83. Como a situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes está estreitamente relacionada <strong>com</strong> o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento geral a nível nacional, a solução dos seus problem<strong>as</strong>, nos países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em gran<strong>de</strong> medida, da cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong> condições internacionais<br />

a<strong>de</strong>quad<strong>as</strong> <strong>para</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento sócio-econômico mais rápido nesses países. Por<br />

conseguinte, o estabelecimento <strong>de</strong> uma nova or<strong>de</strong>m econômica internacional é <strong>de</strong> importância<br />

direta <strong>para</strong> se atingir os objetivos do Programa. É fundamental que o fluxo <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> os<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento seja aumentado <strong>de</strong> forma consi<strong>de</strong>rável, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o


convencionado na Estratégia Geral <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>para</strong> a Terceira Década d<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento.<br />

84. A consecução <strong>de</strong>stes objetivos exigirá uma estratégia <strong>mundial</strong> pluri-setorial e<br />

multidisciplinar, <strong>para</strong> a aplic<strong>ação</strong> <strong>com</strong>binada e coor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> polític<strong>as</strong> e medid<strong>as</strong> visando a<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, serviços eficazes <strong>de</strong><br />

reabilit<strong>ação</strong> e medid<strong>as</strong> <strong>de</strong> prevenção.<br />

85. As pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e su<strong>as</strong> organizações <strong>de</strong>verão ser consultad<strong>as</strong> no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento posterior do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial e durante a sua execução. Para isso,<br />

<strong>de</strong>ve-se fazer todo o possível <strong>para</strong> fomentar a cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, a nível nacional, regional e internacional. A sua singular experiência, <strong>de</strong>rivada<br />

d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> vivênci<strong>as</strong>, po<strong>de</strong> trazer importantes contribuições <strong>para</strong> o planejamento <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s e<br />

serviços <strong>de</strong>stinados às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Ao expressarem a sua opinião sobre<br />

tais <strong>as</strong>suntos, apresentam pontos <strong>de</strong> vista amplamente representativos <strong>de</strong> todos os seus<br />

interesses. A sua repercussão n<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s públic<strong>as</strong> justifica o fato <strong>de</strong> que sejam consultad<strong>as</strong> e,<br />

enquanto força que propicia mudanç<strong>as</strong>, têm uma influência apreciável <strong>para</strong> converter <strong>as</strong><br />

questões referentes à <strong>de</strong>ficiência numa questão prioritária. As própri<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>verão exercer uma influência substantiva <strong>para</strong> <strong>de</strong>cidir a eficácia <strong>de</strong> polític<strong>as</strong>,<br />

<strong>programa</strong>s e serviços concebidos em seu benefício. Esforços especiais <strong>de</strong>vem ser envidados<br />

<strong>para</strong> se fazer <strong>com</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência mental tenham particip<strong>ação</strong> no<br />

processo.<br />

B Medid<strong>as</strong> Nacionais<br />

86. O Programa <strong>de</strong> Ação Mundial foi concebido <strong>para</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> nações. Não obstante, o prazo<br />

<strong>de</strong> execução e a seleção dos pontos a serem realizados prioritariamente variarão <strong>de</strong> país <strong>para</strong><br />

país, segundo a situ<strong>ação</strong> existente e <strong>as</strong> limitações dos seus recursos, o grau <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico, <strong>as</strong> tradições culturais e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formular e executar <strong>as</strong><br />

medid<strong>as</strong> previst<strong>as</strong> no Programa.<br />

87. Cabe aos governos nacionais a responsabilida<strong>de</strong> última da aplic<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> medid<strong>as</strong><br />

re<strong>com</strong>endad<strong>as</strong> neste capítulo. Não obstante, em virtu<strong>de</strong> d<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> institucionais entre <strong>as</strong><br />

regiões <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada país, <strong>as</strong> autorida<strong>de</strong>s locais serão chamad<strong>as</strong> a aplicar <strong>as</strong> medid<strong>as</strong><br />

nacionais contid<strong>as</strong> no Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

88. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem iniciar <strong>com</strong> urgência os <strong>programa</strong>s nacionais a longo prazo<br />

<strong>para</strong> atingirem os objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial; esses <strong>programa</strong>s <strong>de</strong>vem ser parte<br />

integrante da política global <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sócio-econômico da n<strong>ação</strong>.<br />

89. Os <strong>as</strong>suntos referentes às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>vem ser tratados <strong>de</strong>ntro do<br />

contexto geral apropriado, e não se<strong>para</strong>damente. Cada ministério ou organismo do setor<br />

público ou privado que esteja encarregado <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado <strong>as</strong>pecto ou atue <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le,<br />

<strong>de</strong>ve <strong>as</strong>sumir a responsabilida<strong>de</strong> pelos <strong>as</strong>suntos referentes às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>com</strong>preendidos na sua esfera <strong>de</strong> <strong>com</strong>petência. Os governos <strong>de</strong>vem estabelecer um<br />

ponto <strong>de</strong> observ<strong>ação</strong> (por exemplo: uma <strong>com</strong>issão, <strong>com</strong>itê ou outro órgão <strong>de</strong> âmbito nacional)<br />

<strong>para</strong> examinar ou vigiar <strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s dos diversos ministérios, <strong>de</strong> outros órgãos públicos e d<strong>as</strong><br />

organizações não-governamentais relacionad<strong>as</strong> <strong>com</strong> o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. De<br />

qualquer mecanismo que se crie <strong>de</strong>vem participar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes interessad<strong>as</strong>, inclusive <strong>as</strong><br />

organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Esse órgão <strong>de</strong>ve ter acesso às instânci<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>cisóri<strong>as</strong> <strong>de</strong> mais alto nível.<br />

90. Para instrumentalizar o Plano <strong>de</strong> Ação Mundial, os Estados Membros <strong>de</strong>verão:<br />

a) Planejar, organizar e financiar ativida<strong>de</strong>s em cada nível.<br />

b) Criar, mediante legisl<strong>ação</strong> a<strong>de</strong>quada, <strong>as</strong> b<strong>as</strong>es jurídic<strong>as</strong> e <strong>com</strong>petênci<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong> à<br />

adoção <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> a consecução dos objetivos.


c) Proporcionar oportunida<strong>de</strong>s, mediante a elimin<strong>ação</strong> <strong>de</strong> obstáculos à particip<strong>ação</strong> plena.<br />

d) Oferecer serviços <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong>, mediante a prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência social, nutricional,<br />

médica, educacional e <strong>de</strong> orient<strong>ação</strong> e form<strong>ação</strong> profissional, bem <strong>com</strong>o equipamentos às<br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

e) Criar ou mobilizar <strong>as</strong> organizações pertinentes, públic<strong>as</strong> ou privad<strong>as</strong>.<br />

f) Apoiar a cri<strong>ação</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

g) Pre<strong>para</strong>r a inform<strong>ação</strong> pertinente sobre os pontos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial e difundi-la<br />

entre todos os setores da popul<strong>ação</strong>, inclusive entre <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e<br />

seus familiares.<br />

h) Promover a educ<strong>ação</strong> do público, a fim <strong>de</strong> conseguir uma <strong>com</strong>preensão ampla d<strong>as</strong><br />

questões-chave do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial e a sua execução.<br />

i) Facilitar a pesquisa sobre <strong>as</strong>suntos relacionados <strong>com</strong> o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

j) Promover a <strong>as</strong>sistência e a cooper<strong>ação</strong> técnic<strong>as</strong> referentes ao Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

l) Facilitar a particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e <strong>de</strong> su<strong>as</strong> organizações n<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>cisões relacionad<strong>as</strong> ao Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

1. A Particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deficiência na Adoção <strong>de</strong> Decisões<br />

91. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem incrementar a sua <strong>as</strong>sistência às organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes, ajudando-<strong>as</strong> a coor<strong>de</strong>nar a represent<strong>ação</strong> dos seus interesses e preocupações.<br />

92. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem buscar e estimular ativamente, e por todos os meios<br />

possíveis, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ou que <strong>as</strong><br />

representem. Ess<strong>as</strong> organizações existem em muitos países. Em sua <strong>com</strong>posição e órgãos<br />

diretivos <strong>as</strong> própri<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência exercem influência <strong>de</strong>cisiva ou, em<br />

alguns c<strong>as</strong>os, ela é exercida pel<strong>as</strong> su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>. Muit<strong>as</strong> <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> organizações não têm meios<br />

<strong>de</strong> exercer influência ou <strong>de</strong> lutar pelos seus direitos.<br />

93. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem estabelecer contatos diretos <strong>com</strong> ess<strong>as</strong> organizações e<br />

proporcionar-lhes canais <strong>para</strong> que el<strong>as</strong> possam influir n<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> e <strong>de</strong>cisões governamentais<br />

em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> esfer<strong>as</strong> que lhes dizem respeito. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem dar às<br />

organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência o apoio financeiro necessário <strong>para</strong> esse<br />

fim.<br />

94. As organizações e outr<strong>as</strong> entida<strong>de</strong>s em todos os níveis <strong>de</strong>vem garantir às pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência particip<strong>ação</strong> n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s na medida mais ampla possível.<br />

2. Prevenção da Deficiência, da Incapacida<strong>de</strong> e da Invali<strong>de</strong>z<br />

95. A tecnologia <strong>para</strong> prevenir e superar a maioria d<strong>as</strong> incapacida<strong>de</strong>s já existe e está em<br />

processo <strong>de</strong> aperfeiçoamento, m<strong>as</strong> nem sempre é utilizada plenamente. Os Estados Membros<br />

<strong>de</strong>vem tomar medid<strong>as</strong> apropriad<strong>as</strong> visando à prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e incapacida<strong>de</strong>s e<br />

<strong>as</strong>segurar a divulg<strong>ação</strong> dos conhecimentos e da tecnologia pertinentes.<br />

96. São necessários <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> prevenção coor<strong>de</strong>nados em todos os níveis da socieda<strong>de</strong>.<br />

Tais <strong>programa</strong>s <strong>de</strong>vem incluir:


a) Sistem<strong>as</strong> básicos <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, localizados na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> e aos quais tenham<br />

acesso todos os segmentos da popul<strong>ação</strong>, particularmente aqueles d<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> rurais e dos<br />

bairros pobres d<strong>as</strong> cida<strong>de</strong>s.<br />

b) Atendimento e <strong>as</strong>sessoramento sanitários materno-infantis eficazes, bem <strong>com</strong>o<br />

<strong>as</strong>sessoramento sobre planejamento familiar e vida familiar.<br />

c) Educ<strong>ação</strong> sobre nutrição e <strong>as</strong>sistência na obtenção <strong>de</strong> uma dieta a<strong>de</strong>quada, especialmente<br />

<strong>para</strong> <strong>as</strong> mães e filhos, inclusive a produção e o consumo <strong>de</strong> alimentos ricos em vitamin<strong>as</strong> e<br />

outros nutrientes.<br />

d) Vacin<strong>ação</strong> contra molésti<strong>as</strong> contagios<strong>as</strong>, em consonância <strong>com</strong> o Programa Ampliado <strong>de</strong><br />

Imuniz<strong>ação</strong> da Organiz<strong>ação</strong> Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />

e) Um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e intervenção precoces.<br />

f) Regulamentos sanitários e <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> treinamento <strong>para</strong> a prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes no lar,<br />

no trabalho, no trânsito e n<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer.<br />

g) Adapt<strong>ação</strong> dos postos <strong>de</strong> trabalho, do equipamento, do ambiente <strong>de</strong> trabalho e implant<strong>ação</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> segurança e higiene no trabalho, <strong>para</strong> impedir que ocorram <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> ou<br />

molésti<strong>as</strong> do trabalho ou a sua execerb<strong>ação</strong>.<br />

h) Medid<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bate ao uso indiscriminado e irresponsável <strong>de</strong> medicamentos, drog<strong>as</strong>,<br />

álcool, fumo e outros estimulantes ou <strong>de</strong>pressivos, a fim <strong>de</strong> prevenir a <strong>de</strong>ficiência provocada<br />

pel<strong>as</strong> drog<strong>as</strong>, em particular entre <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> em ida<strong>de</strong> escolar e os idosos. Tem especial<br />

importância o efeito que o consumo irresponsável <strong>de</strong> tais substânci<strong>as</strong> po<strong>de</strong> ter sobre <strong>as</strong><br />

crianç<strong>as</strong> em gest<strong>ação</strong>.<br />

i) Ativida<strong>de</strong>s educativ<strong>as</strong> e sanitári<strong>as</strong> que aju<strong>de</strong>m <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a ter estilos <strong>de</strong> vida que<br />

proporcionem um máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra <strong>as</strong> caus<strong>as</strong> d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>.<br />

j) Educ<strong>ação</strong> permanente do público e dos profissionais bem <strong>com</strong>o campanh<strong>as</strong> <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong><br />

pública sobre <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong>s.<br />

l) Form<strong>ação</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> pessoal médico, <strong>para</strong>médico e <strong>de</strong> qualquer outro tipo, que possam<br />

vir a ter <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r vítim<strong>as</strong> <strong>de</strong> emergênci<strong>as</strong>.<br />

m) Medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong>, incorporad<strong>as</strong> à form<strong>ação</strong> dos agentes <strong>de</strong> extensão rural, <strong>para</strong> ajudar a<br />

reduzir a incidência <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>.<br />

n) Treinamento profissional bem organizado e form<strong>ação</strong> prática no local <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> os<br />

empregados, <strong>com</strong> vist<strong>as</strong> à prevenção dos aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho e às <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> diferentes<br />

graus. Deve-se atentar <strong>para</strong> o fato <strong>de</strong> que, nos países em <strong>de</strong>senvolvimento, utiliza-se<br />

freqüentemente uma tecnologia antiquada. Em muitos c<strong>as</strong>os, transfere-se tecnologia<br />

ultrap<strong>as</strong>sada dos países industrializados aos países em <strong>de</strong>senvolvimento. A tecnologia<br />

antiquada, ina<strong>de</strong>quada às condições <strong>de</strong>sses países, juntamente <strong>com</strong> um treinamento<br />

insuficiente e uma proteção precária no trabalho, contribuem <strong>para</strong> o aumento do número <strong>de</strong><br />

aci<strong>de</strong>ntes do trabalho e d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>.<br />

3. Reabilit<strong>ação</strong><br />

97. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>senvolver e <strong>as</strong>segurar a prest<strong>ação</strong> dos serviços <strong>de</strong><br />

reabilit<strong>ação</strong> necessários <strong>para</strong> a consecução dos objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.


98. Os Estados Membros são instados a proporcionar a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> a <strong>as</strong>sistência médica<br />

e os serviços correlatos necessários <strong>para</strong> eliminar ou reduzir os efeitos incapacitantes d<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>.<br />

99. Isso inclui a prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços sociais, <strong>de</strong> nutrição e <strong>de</strong> form<strong>ação</strong> profissional<br />

necessários <strong>para</strong> colocar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência em condições <strong>de</strong> atingir um<br />

nível profissional ótimo. Segundo <strong>as</strong> condições existentes no que diz respeito à distribuição, à<br />

localiz<strong>ação</strong> geográfica e ao nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, os referidos serviços po<strong>de</strong>m ser<br />

prestados por:<br />

a) Profissionais da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>.<br />

b) Serviços gerais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educativos ou sociais, e <strong>de</strong> form<strong>ação</strong> profissional.<br />

c) Outros serviços especializados <strong>para</strong> os c<strong>as</strong>os em que aqueles <strong>de</strong> caráter geral não possam<br />

proporcionar os tratamentos necessários.<br />

100. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem procurar fazer <strong>com</strong> que estejam disponíveis equipamentos e<br />

outros itens necessários às circunstânci<strong>as</strong> locais, <strong>para</strong> todos aqueles a quem isto for<br />

indispensável à sua atu<strong>ação</strong> social e à sua in<strong>de</strong>pendência. É necessário <strong>as</strong>segurar a obtenção<br />

<strong>de</strong> equipamento durante o processo <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> e após a sua conclusão. Também são<br />

necessários serviços subseqüentes <strong>de</strong> repar<strong>ação</strong> e a substituição <strong>de</strong> equipamentos que se<br />

tornaram ina<strong>de</strong>quados.<br />

101. É necessário fazer <strong>com</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência que necessitam <strong>de</strong> tais<br />

equipamentos disponham dos recursos financeiros e d<strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s concret<strong>as</strong> <strong>para</strong> obtêlos<br />

e apren<strong>de</strong>r a usá-los. Devem ser suprimidos os impostos sobre import<strong>ação</strong> e outros<br />

requisitos que constituem obstáculos à disponibilida<strong>de</strong> imediata <strong>de</strong> equipamentos e dos<br />

materiais que não possam ser fabricados no país, <strong>de</strong>vendo por isso serem obtidos no exterior.<br />

É importante apoiar a produção local <strong>de</strong> equipamentos a<strong>de</strong>quados às condições tecnológic<strong>as</strong>,<br />

sociais e econômic<strong>as</strong> n<strong>as</strong> quais serão utilizados. O <strong>de</strong>senvolvimento e a produção <strong>de</strong><br />

equipamentos <strong>de</strong>vem a<strong>com</strong>panhar o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico geral <strong>de</strong> cada país.<br />

102. A fim <strong>de</strong> estimular a produção e o <strong>de</strong>senvolvimento locais <strong>de</strong> equipamentos técnicos, os<br />

Estados Membros <strong>de</strong>vem consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar centros nacionais encarregados<br />

<strong>de</strong> apoiar esses progressos locais. Em muitos c<strong>as</strong>os, <strong>as</strong> escol<strong>as</strong> especiais e os institutos <strong>de</strong><br />

tecnologia já existentes, etc., po<strong>de</strong>riam servir <strong>de</strong> b<strong>as</strong>e <strong>para</strong> isso. Sob esse <strong>as</strong>pecto, <strong>de</strong>ve-se<br />

levar em consi<strong>de</strong>r<strong>ação</strong> a cooper<strong>ação</strong> regional.<br />

103. Os Estados Membros são instados a incluir, no âmbito do sistema geral <strong>de</strong> serviços<br />

sociais, pessoal habilitado <strong>para</strong> prestar serviços <strong>de</strong> <strong>as</strong>sessoramento e <strong>de</strong> outro tipo que se<br />

façam necessários <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r aos problem<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e dos<br />

seus familiares.<br />

104. Quando os recursos do sistema geral <strong>de</strong> serviços sociais não forem suficientes <strong>para</strong><br />

satisfazer ess<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>r-se-iam proporcionar serviços especiais enquanto se<br />

melhora a qualida<strong>de</strong> do sistema geral.<br />

105. Dentro do padrão dos recursos disponíveis, exorta-se os Estados Membros a tomarem <strong>as</strong><br />

medid<strong>as</strong> especiais necessári<strong>as</strong> <strong>para</strong> se chegar à prest<strong>ação</strong> e à utiliz<strong>ação</strong> plena dos serviços <strong>de</strong><br />

que necessitam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência resi<strong>de</strong>ntes n<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> rurais e nos bairros<br />

pobres e favel<strong>as</strong>.<br />

106. Não se <strong>de</strong>ve se<strong>para</strong>r <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> e<br />

<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s. O sistema <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong>verá levar em conta os problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> transporte e<br />

<strong>com</strong>unic<strong>ação</strong>, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços sociais, sanitários e educacionais <strong>de</strong> apoio, a<br />

existência <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> vida atr<strong>as</strong>ad<strong>as</strong> e muit<strong>as</strong> vezes, <strong>com</strong>portando riscos e,<br />

especialmente em bairros pobres d<strong>as</strong> cida<strong>de</strong>s, a existência <strong>de</strong> barreir<strong>as</strong> sociais que po<strong>de</strong>m


inibir a busca ou a aceit<strong>ação</strong> <strong>de</strong> tais serviços por parte <strong>de</strong> algum<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>. Os Estados<br />

Membros <strong>de</strong>vem <strong>as</strong>segurar a distribuição eqüitativa <strong>de</strong> tais serviços entre todos os segmentos<br />

da popul<strong>ação</strong>, e em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> regiões geográfic<strong>as</strong>, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s.<br />

107. Em muitos países tem-se <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado, em especial, os serviços sociais e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stinados aos doentes mentais. O tratamento psiquiátrico dos doentes mentais <strong>de</strong>ve vir<br />

a<strong>com</strong>panhado <strong>de</strong> apoio e orient<strong>ação</strong> a eles e su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>, que freqüentemente estão<br />

submetid<strong>as</strong> a um estado particular <strong>de</strong> tensão. Nos locais on<strong>de</strong> se dispõe <strong>de</strong> tais serviços, há<br />

uma diminuição do tempo <strong>de</strong> permanência em instituição e da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma nova<br />

intern<strong>ação</strong>. Nos c<strong>as</strong>os em que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência mental também adoecem<br />

<strong>de</strong>vido a problem<strong>as</strong> adicionais <strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>ficiência, <strong>de</strong>vem-se adotar medid<strong>as</strong> <strong>para</strong> que<br />

o pessoal sanitário tome conhecimento d<strong>as</strong> divers<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s relacionad<strong>as</strong> <strong>com</strong> a referida<br />

<strong>de</strong>ficiência.<br />

4. Igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oportunida<strong>de</strong>s<br />

a) Legisl<strong>ação</strong><br />

108. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem <strong>as</strong>sumir a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer <strong>com</strong> que sejam<br />

oferecid<strong>as</strong> às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência oportunida<strong>de</strong>s iguais àquel<strong>as</strong> do restante dos<br />

cidadãos.<br />

109. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem adotar <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> necessári<strong>as</strong> <strong>para</strong> a elimin<strong>ação</strong> <strong>de</strong> toda e<br />

qualquer prática discriminatória <strong>com</strong> rel<strong>ação</strong> à <strong>de</strong>ficiência.<br />

110. Na formul<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> leis nacionais sobre direitos humanos e <strong>com</strong> rel<strong>ação</strong> aos <strong>com</strong>itês e<br />

organismos nacionais <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>n<strong>ação</strong> similares que tratem dos <strong>as</strong>suntos ligados à <strong>de</strong>ficiência,<br />

<strong>de</strong>ve-se dar atenção especial às condições que possam <strong>de</strong>preciar <strong>as</strong> capacida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência no exercício dos direitos e liberda<strong>de</strong>s garantidos aos seus<br />

concidadãos.<br />

111. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem atentar <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminados direitos, tais <strong>com</strong>o os direitos à<br />

educ<strong>ação</strong>, ao trabalho, à segurida<strong>de</strong> social e à proteção contra tratamento <strong>de</strong>sumano ou<br />

<strong>de</strong>gradante e examiná-los a partir da perspectiva d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

b) Meio ambiente<br />

112. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem esforçar-se <strong>para</strong> fazer <strong>com</strong> que o meio físico seja acessível<br />

a todos, inclusive às pesso<strong>as</strong> <strong>com</strong> diferentes tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, conforme se especifica no<br />

Parágrafo 8 do presente documento.<br />

113. Os Estados Membros <strong>de</strong>verão adotar uma política que leve em consi<strong>de</strong>r<strong>ação</strong> os <strong>as</strong>pectos<br />

da acessibilida<strong>de</strong> no planejamento <strong>de</strong> <strong>as</strong>sentamentos humanos, inclusive nos <strong>programa</strong>s d<strong>as</strong><br />

zon<strong>as</strong> rurais dos países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

114. Insta-se os Estados Membros a adotarem uma política que garanta às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência o acesso a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> instalações e edifícios públicos. A<strong>de</strong>mais, sempre que<br />

possível, <strong>de</strong>vem-se adotar medid<strong>as</strong> que promovam a acessibilida<strong>de</strong> aos edifícios, instalações,<br />

moradi<strong>as</strong> e transportes já existentes, em especial aproveitando <strong>as</strong> reform<strong>as</strong>.<br />

115. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem fomentar a prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> apoio, a fim <strong>de</strong> permitir<br />

que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência vivam na sua <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a maior<br />

in<strong>de</strong>pendência possível. Do mesmo modo, <strong>de</strong>vem <strong>as</strong>segurar-se <strong>de</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar e administrar por si mesm<strong>as</strong> os referidos<br />

serviços, <strong>com</strong>o acontece atualmente em alguns países.<br />

c) Manutenção da receita e da segurida<strong>de</strong> social


116. Todos os Estados Membros <strong>de</strong>vem procurar incluir nos seus sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> leis e<br />

regulamentos disposições que contenham os objetivos gerais e <strong>de</strong> apoio incluídos no Programa<br />

<strong>de</strong> Ação Mundial, referentes à segurida<strong>de</strong> social.<br />

117. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem esforçar-se <strong>para</strong> <strong>as</strong>segurar às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> obter tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> receita econômica,<br />

manutenção <strong>de</strong>sta e segurida<strong>de</strong> social. Esta distribuição <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> forma ajustada ao<br />

sistema econômico e ao grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada Estado Membro.<br />

118. Se existirem sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> segurida<strong>de</strong> social, seguro social e outros semelhantes <strong>para</strong> toda<br />

a popul<strong>ação</strong>, eles <strong>de</strong>vem ser submetidos a exame, <strong>para</strong> se <strong>as</strong>segurar <strong>de</strong> que proporcionam<br />

prestações e serviços <strong>de</strong> prevenção, reabilit<strong>ação</strong> e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quados<br />

<strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e <strong>de</strong> que <strong>as</strong> norm<strong>as</strong> que regulamentam tais<br />

sistem<strong>as</strong>, quer se apliquem àqueles que prestam os serviços ou àqueles que os recebem, não<br />

excluem nem discriminam <strong>as</strong> referid<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>. A implant<strong>ação</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

sistema público <strong>de</strong> serviço social e <strong>de</strong> segurança industrial e proteção da saú<strong>de</strong> constituem<br />

requisitos prévios essenciais <strong>para</strong> se atingir <strong>as</strong> met<strong>as</strong> estabelecid<strong>as</strong>.<br />

119. Devem-se adotar mecanismos <strong>de</strong> fácil acesso que permitam às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência e aos seus familiares apelar, diante <strong>de</strong> uma instância imparcial, d<strong>as</strong> <strong>de</strong>cisões que<br />

afetem os seus direitos e <strong>as</strong> prestações nesta matéria.<br />

d) Educ<strong>ação</strong> e Form<strong>ação</strong><br />

120. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem adotar polític<strong>as</strong> que reconheçam os direitos d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência à igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s na educ<strong>ação</strong> <strong>com</strong> rel<strong>ação</strong> aos <strong>de</strong>mais.<br />

A educ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>ve-se dar, na medida do possível, <strong>de</strong>ntro<br />

do sistema escolar geral. A responsabilida<strong>de</strong> pela sua educ<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ve ser incumbência d<strong>as</strong><br />

autorida<strong>de</strong>s da educ<strong>ação</strong> e <strong>as</strong> leis referentes à educ<strong>ação</strong> obrigatória <strong>de</strong>vem incluir <strong>as</strong> crianç<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, inclusive <strong>as</strong> mais gravemente incapacitad<strong>as</strong>.<br />

121. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem dar margem <strong>para</strong> uma maior flexibilida<strong>de</strong> na aplic<strong>ação</strong>, às<br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>de</strong> qualquer regulament<strong>ação</strong> que afete a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

admissão, a promoção <strong>de</strong> uma cl<strong>as</strong>se <strong>para</strong> outra e, quando for cabível, dos procedimentos <strong>de</strong><br />

exame.<br />

122. Na implant<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> <strong>para</strong> crianç<strong>as</strong> e/ou adultos portadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>vem-se adotar critérios básicos. Esses serviços <strong>de</strong>vem ser:<br />

a) Individualizados, isto é, b<strong>as</strong>eados n<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s avaliad<strong>as</strong> e reconhecid<strong>as</strong> pel<strong>as</strong><br />

autorida<strong>de</strong>s, pelos administradores, pelos pais e pelos próprios alunos portadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência e <strong>de</strong>vem levar a met<strong>as</strong> educacionais e a objetivos <strong>de</strong> curto prazo claramente<br />

formulados, que sejam examinados e, quando necessário, regularmente revistos.<br />

b) Acessíveis quanto ao local, isto é, situados a uma distância razoável da c<strong>as</strong>a ou do local <strong>de</strong><br />

residência do aluno, exceto em circunstânci<strong>as</strong> especiais.<br />

c) Universais, vale dizer, <strong>de</strong>vem servir a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que tenham necessida<strong>de</strong>s especiais,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>de</strong> modo que nenhuma criança em ida<strong>de</strong><br />

escolar seja excluída do acesso à educ<strong>ação</strong> em virtu<strong>de</strong> da gravida<strong>de</strong> da sua <strong>de</strong>ficiência, nem<br />

receba serviços educacionais consi<strong>de</strong>ravelmente inferiores àqueles <strong>de</strong> que <strong>de</strong>sfrutam os<br />

<strong>de</strong>mais estudantes.<br />

d) E oferecer uma gama <strong>de</strong> opções <strong>com</strong>patíveis <strong>com</strong> a varieda<strong>de</strong> d<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>.<br />

123. A integr<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência no sistema geral <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> exige<br />

planejamento, <strong>com</strong> a intervenção <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes interessad<strong>as</strong>.


124. Se, por algum motivo, <strong>as</strong> instalações do sistema escolar geral forem ina<strong>de</strong>quad<strong>as</strong> <strong>para</strong><br />

algum<strong>as</strong> crianç<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>de</strong>ve-se proporcionar-lhes educ<strong>ação</strong> durante<br />

períodos apropriados, em instalações especiais. A qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta educ<strong>ação</strong> especial <strong>de</strong>ve ser<br />

igual à do sistema escolar geral e <strong>de</strong>ve estar estreitamente vinculada a ele.<br />

125. É fundamental a particip<strong>ação</strong> dos pais em todos os níveis do processo educativo. Os pais<br />

<strong>de</strong>vem receber o apoio necessário <strong>para</strong> proporcionarem à criança portadora <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência um<br />

ambiente familiar tão normal quanto possível. É necessário formar pessoal que colabore <strong>com</strong><br />

os pais <strong>de</strong> crianç<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

126. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem prever a particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

nos <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> adultos, <strong>com</strong> especial atenção às zon<strong>as</strong> rurais.<br />

127. Quando <strong>as</strong> instalações e serviços dos cursos <strong>com</strong>uns <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> adultos não forem<br />

a<strong>de</strong>quados <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminad<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência,<br />

po<strong>de</strong>m ser necessários cursos ou centros <strong>de</strong> form<strong>ação</strong> especiais, até que sejam modificados<br />

os <strong>programa</strong>s <strong>com</strong>uns. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem oferecer às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao ensino superior.<br />

e) Trabalho<br />

128. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem adotar uma política e dispor <strong>de</strong> uma estrutura auxiliar <strong>de</strong><br />

serviços, <strong>para</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência d<strong>as</strong> zon<strong>as</strong> urban<strong>as</strong> e rurais gozem <strong>de</strong><br />

iguais oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho produtivo e remunerado no mercado aberto <strong>de</strong> trabalho.<br />

Deve-se dar especial atenção ao trabalho no meio rural e à produção <strong>de</strong> ferrament<strong>as</strong> e<br />

equipamento a<strong>de</strong>quados.<br />

129. Os Estados Membros po<strong>de</strong>m apoiar a integr<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

no mercado <strong>de</strong> trabalho aberto mediante divers<strong>as</strong> medid<strong>as</strong>, tais <strong>com</strong>o sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> quot<strong>as</strong> <strong>com</strong><br />

incentivos, reserva ou <strong>de</strong>sign<strong>ação</strong> <strong>de</strong> cargos, auxílios ou doações <strong>para</strong> pequen<strong>as</strong> empres<strong>as</strong> ou<br />

cooperativ<strong>as</strong>, contratos exclusivos ou direitos prioritários <strong>de</strong> produção, isenções fiscais,<br />

aquisições preferenciais ou outr<strong>as</strong> modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência técnica ou financeira a<br />

empres<strong>as</strong> que empreguem trabalhadores portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Os Estados Membros<br />

<strong>de</strong>vem apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> equipamentos e facilitar o acesso d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência aos equipamentos e à <strong>as</strong>sistência <strong>de</strong> que necessitem <strong>para</strong> realizar o seu<br />

trabalho.<br />

130. Contudo, a política e <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> <strong>de</strong> apoio não <strong>de</strong>vem limitar <strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

trabalho, nem constituir um obstáculo à vitalida<strong>de</strong> do setor privado da economia. Os Estados<br />

Membros <strong>de</strong>vem permanecer em condições <strong>de</strong> adotar uma certa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> medid<strong>as</strong> em<br />

resposta às su<strong>as</strong> condições intern<strong>as</strong>.<br />

131. Deve haver uma cooper<strong>ação</strong> mútua a nível central e local entre o governo e <strong>as</strong><br />

organizações <strong>de</strong> empregadores e <strong>de</strong> trabalhadores, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma estratégia e<br />

adotar medid<strong>as</strong> conjunt<strong>as</strong> <strong>com</strong> vist<strong>as</strong> a garantir maiores e melhores oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho<br />

<strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Essa cooper<strong>ação</strong> po<strong>de</strong> se referir a polític<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

contrat<strong>ação</strong>, medid<strong>as</strong> <strong>para</strong> melhoria do local <strong>de</strong> trabalho, a fim <strong>de</strong> prevenir lesões e <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong><br />

incapacitantes e medid<strong>as</strong> <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> <strong>de</strong> trabalhadores <strong>com</strong> uma <strong>de</strong>ficiência oc<strong>as</strong>ionada<br />

no trabalho, por exemplo, adaptando os locais <strong>de</strong> trabalho e <strong>as</strong> taref<strong>as</strong> às su<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s.<br />

132. Esses serviços <strong>de</strong>vem incluir avali<strong>ação</strong> e orient<strong>ação</strong> profissional, treinamento profissional<br />

(inclusive em oficin<strong>as</strong> <strong>de</strong> treinamento) coloc<strong>ação</strong> e a<strong>com</strong>panhamento. Deve-se criar emprego<br />

abrigado <strong>para</strong> aquel<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s especiais ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

particularmente grave, não po<strong>de</strong>m aten<strong>de</strong>r às exigênci<strong>as</strong> do mercado <strong>de</strong> trabalho <strong>com</strong>petitivo.<br />

As medid<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m ter a forma <strong>de</strong> oficin<strong>as</strong> <strong>de</strong> produção, trabalho a domicílio e planos <strong>de</strong><br />

trabalho autônomo, bem <strong>com</strong>o o emprego <strong>de</strong> pequenos grupos <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> graves, em regime abrigado <strong>de</strong>ntro da indústria <strong>com</strong>petitiva.


133. Quando atuarem <strong>com</strong>o empregador<strong>as</strong>, <strong>as</strong> administrações públic<strong>as</strong> centrais e locais<br />

<strong>de</strong>verão promover a coloc<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência no setor público. As leis<br />

e regulamentos não <strong>de</strong>vem criar obstáculos à coloc<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> referid<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>.<br />

f) Lazer<br />

134. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem fazer <strong>com</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência tenham<br />

<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s dos <strong>de</strong>mais cidadãos <strong>para</strong> participarem <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer. Isso<br />

supõe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar restaurantes, cinem<strong>as</strong>, teatros, bibliotec<strong>as</strong>, etc, bem <strong>com</strong>o<br />

locais <strong>de</strong> féri<strong>as</strong>, estádios, hotéis, prai<strong>as</strong> e outros locais <strong>de</strong> lazer. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem<br />

adotar medid<strong>as</strong> <strong>para</strong> eliminar todos os obstáculos neste sentido. As autorida<strong>de</strong>s do setor<br />

turístico, <strong>as</strong> agênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> viagem, os hotéis, <strong>as</strong> organizações voluntári<strong>as</strong> e outr<strong>as</strong> entida<strong>de</strong>s<br />

envolvid<strong>as</strong> na organiz<strong>ação</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer ou <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> viagem, <strong>de</strong>vem<br />

oferecer os seus serviços a todos, sem discriminar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Isso<br />

implica, por exemplo, a inclusão <strong>de</strong> informações sobre acessibilida<strong>de</strong> na inform<strong>ação</strong> habitual<br />

que oferecem ao público.<br />

g) Cultura<br />

135. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem procurar fazer <strong>com</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar ao máximo <strong>as</strong> su<strong>as</strong> capacida<strong>de</strong>s criador<strong>as</strong>, artístic<strong>as</strong> e<br />

intelectuais, não apen<strong>as</strong> em seu próprio benefício <strong>com</strong>o também, <strong>para</strong> o enriquecimento da<br />

<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>. Com este objetivo, <strong>de</strong>ve-se <strong>as</strong>segurar o seu acesso às ativida<strong>de</strong>s culturais. Se<br />

necessário, <strong>de</strong>vem-se realizar adaptações especiais <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência mental ou sensorial. Isto po<strong>de</strong>ria incluir equipamento <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> <strong>para</strong> surdos, literatura em braille ou c<strong>as</strong>setes <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência visual, material <strong>de</strong> leitura adaptado à capacida<strong>de</strong> mental do indivíduo. A esfera d<strong>as</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s culturais <strong>com</strong>preen<strong>de</strong> a dança, a música, a literatura, o teatro e <strong>as</strong> artes plástic<strong>as</strong>.<br />

h) Religião<br />

136. Devem-se adotar medid<strong>as</strong> <strong>para</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência tenham a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se beneficiar plenamente d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s religios<strong>as</strong> que estejam à disposição<br />

da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>. Para tal, <strong>de</strong>ve-se tornar possível a particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência n<strong>as</strong> referid<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

i) Esporte<br />

137. Cada vez mais se reconhece a importância dos esportes <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência. Por isso mesmo, os Estados Membros <strong>de</strong>vem estimular tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s esportiv<strong>as</strong> <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, proporcionando-lhes instalações a<strong>de</strong>quad<strong>as</strong> e a<br />

organiz<strong>ação</strong> apropriada <strong>de</strong> tais ativida<strong>de</strong>s.<br />

5. Ação Comunitária<br />

138. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem dar gran<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> ao fornecimento <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong>,<br />

treinamento e <strong>as</strong>sistência financeira às <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s locais <strong>para</strong> a implant<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s<br />

que levem a cabo os objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

139. Devem-se adotar disposições <strong>para</strong> fomentar e facilitar a colabor<strong>ação</strong> entre <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s<br />

locais e o intercâmbio <strong>de</strong> informações e experiênci<strong>as</strong>. O governo que receber <strong>as</strong>sistência<br />

técnica ou cooper<strong>ação</strong> técnica internacionais em <strong>as</strong>suntos relacionados <strong>com</strong> a <strong>de</strong>ficiência,<br />

<strong>de</strong>ve fazer <strong>com</strong> que os benefícios e resultados <strong>de</strong>ssa <strong>as</strong>sitência cheguem às <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s que<br />

<strong>de</strong>les mais necessitem.<br />

140. É importante suscitar a particip<strong>ação</strong> ativa <strong>de</strong> órgãos do governo local, entida<strong>de</strong>s e<br />

organizações <strong>com</strong>unitári<strong>as</strong>, tais <strong>com</strong>o grupos <strong>de</strong> cidadãos, sindicatos, organizações feminin<strong>as</strong>,<br />

organizações <strong>de</strong> consumidores, clubes <strong>de</strong> serviço, entida<strong>de</strong>s religios<strong>as</strong>, partidos políticos e


<strong>as</strong>sociações <strong>de</strong> pais. Cada <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>signar um órgão apropriado, no qual <strong>as</strong><br />

organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência possam ter influência, <strong>para</strong> servir <strong>de</strong> ponto<br />

focal da <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> e coor<strong>de</strong>n<strong>ação</strong> a fim <strong>de</strong> mobilizar recursos e empreen<strong>de</strong>r a <strong>ação</strong>.<br />

6. Form<strong>ação</strong> <strong>de</strong> Pessoal<br />

141. As autorida<strong>de</strong>s responsáveis pelo <strong>de</strong>senvolvimento e pela prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços<br />

<strong>de</strong>stinados às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>vem atentar <strong>para</strong> <strong>as</strong> questões <strong>de</strong> pessoal,<br />

especialmente contrat<strong>ação</strong> e treinamento.<br />

142. São <strong>de</strong> vital importância o treinamento do pessoal <strong>de</strong> serviços contratado na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong><br />

<strong>para</strong> a <strong>de</strong>tecção precoce <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, a prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> cuidados básicos, o encaminhamento<br />

a serviços apropriados e <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> <strong>de</strong> a<strong>com</strong>panhamento, bem <strong>com</strong>o o treinamento <strong>de</strong><br />

equipes médic<strong>as</strong> e <strong>de</strong> pessoal dos centros <strong>de</strong> orient<strong>ação</strong>. Sempre que possível, todos esses<br />

<strong>as</strong>pectos <strong>de</strong>vem ser integrados em serviços correlatos, tais <strong>com</strong>o os cuidados básicos <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>, <strong>as</strong> escol<strong>as</strong> e os <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>com</strong>unitário. Os Estados Membros<br />

<strong>de</strong>vem criar e <strong>de</strong>senvolver cursos <strong>para</strong> médicos nos quais se frisem <strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> que po<strong>de</strong>m<br />

ser provocad<strong>as</strong> pelo uso indiscriminado <strong>de</strong> medicamentos. Deve-se restringir a venda <strong>de</strong><br />

medicamentos específicos cujo uso não controlado possa criar, a longo prazo, riscos <strong>para</strong> a<br />

saú<strong>de</strong> pessoal e pública.<br />

143. Para que os serviços relacionados <strong>com</strong> <strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> <strong>de</strong> tipo mental e físico cheguem a<br />

um número crescente <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> que <strong>de</strong>les necessitam e que ainda <strong>de</strong>les não dispõem, é<br />

necessário que eles sejam prestados por diversos tipos <strong>de</strong> funcinários dos serviços sanitários e<br />

sociais n<strong>as</strong> <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s. Algum<strong>as</strong> d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s já se relacionam <strong>com</strong> a prevenção e os<br />

serviços <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Esses funcionários necessitarão <strong>de</strong><br />

orient<strong>ação</strong> e instrução especiais, por exemplo, sobre medid<strong>as</strong> e técnic<strong>as</strong> básic<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

reabilit<strong>ação</strong> <strong>para</strong> uso d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>. Essa orient<strong>ação</strong><br />

po<strong>de</strong> ser dada por <strong>as</strong>sessores em <strong>as</strong>suntos <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> local ou do distrito,<br />

segundo a zona que <strong>com</strong>preendam. Será necessário um treinamento especial <strong>para</strong> os<br />

profissionais <strong>de</strong> nível médio nos quais recaia a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supervisionar os<br />

<strong>programa</strong>s locais <strong>para</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, bem <strong>com</strong>o <strong>de</strong> manter contato <strong>com</strong> os<br />

serviços <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> e <strong>de</strong> outro tipo disponíveis na sua região.<br />

144. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem fazer <strong>com</strong> que esses trabalhadores <strong>com</strong>unitários, além <strong>de</strong><br />

conhecimentos teóricos e práticos especializados, recebam inform<strong>ação</strong> pormenorizada sobre<br />

<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s sociais, nutricionais, médic<strong>as</strong>, <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> e <strong>de</strong> form<strong>ação</strong> profissional d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Com essa form<strong>ação</strong> a<strong>de</strong>quada, os trabalhadores <strong>com</strong>unitários po<strong>de</strong>m<br />

prestar a maioria dos serviços <strong>de</strong> que necessitam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e po<strong>de</strong>m ser um<br />

valioso auxílio <strong>para</strong> a solução dos problem<strong>as</strong> <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> pessoal. O seu treinamento <strong>de</strong>ve<br />

incluir inform<strong>ação</strong> apropriada sobre tecnologia <strong>de</strong> contraceptivos e planejamento familiar. Os<br />

trabalhadores voluntários também po<strong>de</strong>m prestar serviços <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> apoio sob<br />

outr<strong>as</strong> form<strong>as</strong>. Deve-se insistir mais em aumentar os conhecimentos, <strong>as</strong> capacida<strong>de</strong>s e <strong>as</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong>s daqueles que já prestam outros serviços na <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> em esfer<strong>as</strong><br />

correlat<strong>as</strong>, <strong>com</strong>o os encarregados do planejamento do ciclo básico, professores, <strong>as</strong>sistentes<br />

sociais, auxiliares profissionais dos serviços sanitários, administradores, responsáveis pelo<br />

planejamento ao nível governamental, lí<strong>de</strong>res <strong>com</strong>unitários, religiosos e <strong>as</strong>sessores <strong>para</strong><br />

questões familiares. Deve-se fazer <strong>com</strong> que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> que trabalhem em <strong>programa</strong>s <strong>para</strong><br />

pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes <strong>com</strong>preendam <strong>as</strong> razões e a importância <strong>de</strong> se solicitar, estimular e<br />

favorecer a particip<strong>ação</strong> plena <strong>de</strong>ss<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> e <strong>de</strong> su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> na adoção <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

relativ<strong>as</strong> aos cuidados, tratamento, reabilit<strong>ação</strong> e disposições ulteriores quanto a condições <strong>de</strong><br />

vida e <strong>de</strong> trabalho.<br />

145. A form<strong>ação</strong> especializada <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> nível básico constitui um âmbito dinâmico e,<br />

sempre que possível, <strong>de</strong>ve ser realizada no país on<strong>de</strong> essa educ<strong>ação</strong> será ministrada ou pelo<br />

menos, em locais on<strong>de</strong> o ambiente cultural e o grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento não sejam<br />

<strong>de</strong>m<strong>as</strong>iadamente diversos.


146. Para que a integr<strong>ação</strong> tenha êxito, é necessário que se criem <strong>programa</strong>s a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong><br />

form<strong>ação</strong> <strong>de</strong> professores <strong>de</strong> primeiro grau, tanto regulares quanto especializados. Esses<br />

<strong>programa</strong>s <strong>de</strong>vem ser o reflexo do conceito <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> integrada.<br />

147. Na form<strong>ação</strong> <strong>de</strong> professores especializados do primeiro grau é importante que se abranja<br />

uma gama tão ampla quanto possível, visto que em muitos países em <strong>de</strong>senvolvimento o<br />

professor especializado <strong>de</strong> primeiro grau irá fazer <strong>as</strong> vezes <strong>de</strong> equipe multidisciplinar. Cabe<br />

observar que nem sempre é necessário ou conveniente um alto grau <strong>de</strong> prepar<strong>ação</strong> e que, na<br />

sua maioria, o pessoal tem instrução <strong>de</strong> nível médio ou menos.<br />

7. Inform<strong>ação</strong> e Educ<strong>ação</strong> do Público<br />

148. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem fomentar um <strong>programa</strong> <strong>de</strong> informações públic<strong>as</strong> amplo sobre<br />

os direitos, <strong>as</strong> contribuições e <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s não satisfeit<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, que<br />

chegue a todos os interessados e ao público em geral. A esse respeito, <strong>de</strong>ve-se dar especial<br />

importância à mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s.<br />

149. Devem-se <strong>de</strong>senvolver paut<strong>as</strong>, em consulta <strong>com</strong> <strong>as</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes,<br />

<strong>para</strong> estimular os meios <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> a veicularem uma imagem abrangente e exata, <strong>as</strong>sim<br />

<strong>com</strong>o uma represent<strong>ação</strong> e imagem equânimes sobre <strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong>,<br />

no rádio, no cinema, na fotografia e na imprensa. Um elemento fundamental <strong>de</strong> tais paut<strong>as</strong><br />

seria que <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes tivessem condições <strong>de</strong> apresentar el<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> os seus<br />

problem<strong>as</strong> ao público e <strong>de</strong> sugerir <strong>as</strong> form<strong>as</strong> <strong>de</strong> resolvê-los. É necessário estimular a inclusão<br />

<strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> sobre a realida<strong>de</strong> d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> nos currículos <strong>para</strong> form<strong>ação</strong> <strong>de</strong> jornalist<strong>as</strong>.<br />

150. Cabe às autorida<strong>de</strong>s públic<strong>as</strong> adaptar a sua inform<strong>ação</strong> <strong>de</strong> forma que ela alcance tod<strong>as</strong><br />

<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>, inclusive <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes. Isso se aplica não apen<strong>as</strong> à inform<strong>ação</strong> já<br />

mencionada, m<strong>as</strong> também àquela referente aos direitos e <strong>de</strong>veres civis.<br />

151. Deve-se conceber um <strong>programa</strong> <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> pública <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> que a<br />

inform<strong>ação</strong> mais pertinente, chegue a todos os segmentos apropriados da popul<strong>ação</strong>. Além dos<br />

meios normais <strong>de</strong> <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> e <strong>de</strong> outros canais normais <strong>de</strong> <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong>, <strong>de</strong>ve-se atentar<br />

também <strong>para</strong> o seguinte:<br />

a) A prepar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> materiais especiais <strong>de</strong>stinados a informar <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e su<strong>as</strong><br />

famíli<strong>as</strong> <strong>de</strong> seus direitos e d<strong>as</strong> prestações e direitos ao seu alcance, bem <strong>com</strong>o <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> a<br />

serem adotad<strong>as</strong> <strong>para</strong> corrigir <strong>as</strong> falh<strong>as</strong> e abusos do sistema. Esses materiais <strong>de</strong>vem ser<br />

oferecidos <strong>de</strong> forma que possam ser entendidos e utilizados por pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

limitações visuais e auditiv<strong>as</strong>, ou que tenham outros tipos <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong>.<br />

b) A prepar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> materiais especiais <strong>para</strong> grupos <strong>de</strong> popul<strong>ação</strong> difíceis <strong>de</strong> serem alcançados<br />

pelos canais normais <strong>de</strong> <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong>. Estes grupos po<strong>de</strong>m estar se<strong>para</strong>dos por fatores <strong>de</strong><br />

idioma, cultura, nível <strong>de</strong> alfabetiz<strong>ação</strong>, distância geográfica ou <strong>de</strong> outro tipo.<br />

c) A prepar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> material gráfico <strong>para</strong> apresentações áudio-visuais e orientações <strong>para</strong><br />

trabalhadores <strong>com</strong>unitários em zon<strong>as</strong> remot<strong>as</strong> e em outr<strong>as</strong> situações n<strong>as</strong> quais <strong>as</strong> form<strong>as</strong><br />

habituais po<strong>de</strong>riam ser menos eficazes.<br />

152. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem <strong>as</strong>segurar às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes, às su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong> e aos<br />

profissionais o recebimento da inform<strong>ação</strong> disponível sobre <strong>programa</strong>s e serviços, legisl<strong>ação</strong>,<br />

instituições, meios técnicos, equipamentos e aparelhos, etc.<br />

153. As autorida<strong>de</strong>s responsáveis pela educ<strong>ação</strong> do público <strong>de</strong>vem garantir a apresent<strong>ação</strong><br />

sistemática <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> sobre <strong>as</strong> realida<strong>de</strong>s da <strong>de</strong>ficiência e su<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> bem <strong>com</strong>o<br />

a respeito da prevenção, da reabilit<strong>ação</strong> e da igualda<strong>de</strong> e oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong>ficientes.


154. Deve-se proporcinar às pesso<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficientes e às su<strong>as</strong> entida<strong>de</strong>s igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso,<br />

utiliz<strong>ação</strong>, recursos suficientes e treinamento no que se refere à inform<strong>ação</strong> pública, a fim <strong>de</strong><br />

que possam expressar-se livremente, valendo-se dos meios <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> e <strong>com</strong>unicar <strong>as</strong><br />

su<strong>as</strong> opiniões e experiênci<strong>as</strong> ao público em geral.<br />

C. Ação <strong>de</strong> Âmbito Internacional<br />

1. Aspectos Gerais<br />

155. O Programa <strong>de</strong> Ação Mundial aprovado pela Assembléia Geral d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong><br />

constitui um plano internacional, a longo prazo, b<strong>as</strong>eado em ampl<strong>as</strong> consult<strong>as</strong> aos governos,<br />

organizações e entida<strong>de</strong>s do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> e Organizações intergovernamentais<br />

e não-governamentais, inclusive <strong>as</strong> que representam <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ou<br />

trabalham em favor <strong>de</strong>l<strong>as</strong>. As met<strong>as</strong> <strong>de</strong>ste Programa po<strong>de</strong>riam ser alcançad<strong>as</strong> <strong>de</strong> forma mais<br />

rápida, eficaz e econômica mediante uma estreita colabor<strong>ação</strong> em todos os níveis.<br />

156. Levando-se em conta o papel que o Centro <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e Assuntos<br />

Humanitários do Departamento <strong>de</strong> Assuntos Econômicos e Sociais Internacionais vêm<br />

<strong>de</strong>sempenhando <strong>de</strong>ntro do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> no âmbito da prevenção, da<br />

reabilit<strong>ação</strong> e da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, o<br />

referido Centro <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong>signado <strong>com</strong>o órgão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>naçâo e controle da aplic<strong>ação</strong> do<br />

Programa <strong>de</strong> Ação Mundial, inclusive da revisão e avali<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ste último.<br />

157. O Fundo Fiduciário estabelecido pela Assembléia Geral <strong>para</strong> o Ano Internacional d<strong>as</strong><br />

Pesso<strong>as</strong> Deficientes <strong>de</strong>ve ser utilizado <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r os pedidos <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência que formulam<br />

cada vez em maior número <strong>as</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e os países<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>com</strong> vist<strong>as</strong> a promover a aplic<strong>ação</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

158. De modo geral, é necessário aumentar o fluxo <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> os países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong> a realiz<strong>ação</strong> dos objetivos do Programa<strong>de</strong> Ação Mundial. O Secretário<br />

Geral <strong>de</strong>veria estudar, a esse respeito, novos meios <strong>para</strong> arrecadar fundos e adotar <strong>as</strong><br />

medid<strong>as</strong> conseqüentes <strong>de</strong> mobiliz<strong>ação</strong> <strong>de</strong> recursos. Deve-se estimular <strong>as</strong> contribuições<br />

voluntári<strong>as</strong> dos governos e <strong>de</strong> fontes privad<strong>as</strong>.<br />

159. O Comitê Administrativo <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>n<strong>ação</strong> <strong>de</strong>ve examinar <strong>as</strong> implicações do Programa <strong>de</strong><br />

Ação Mundial <strong>para</strong> <strong>as</strong> organizações do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> e utilizar os mecanismos<br />

existentes <strong>para</strong> prosseguir a vincul<strong>ação</strong> e a coor<strong>de</strong>n<strong>ação</strong> da política e da <strong>ação</strong>, incluindo<br />

enfoques gerais no que se refere à cooper<strong>ação</strong> técnica.<br />

160. As organizações internacionais não-governamentais <strong>de</strong>vem se unir ao esforço <strong>de</strong><br />

cooper<strong>ação</strong> <strong>para</strong> atingir os objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. Para tal fim, <strong>de</strong>ve-se<br />

utilizar <strong>as</strong> relações existentes entre est<strong>as</strong> organizações e <strong>as</strong> do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>.<br />

161. Tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> organizações e organismos internacionais são instados a cooperar <strong>com</strong> <strong>as</strong><br />

organizações d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ou <strong>de</strong> seus representantes e lhes prestar<br />

<strong>as</strong>sistência e garantir que tais organizações tenham oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar a conhecer <strong>as</strong> su<strong>as</strong><br />

opiniões quando se examinem tem<strong>as</strong> relacionados ao Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

2. Direitos Humanos<br />

162. Para tornar realida<strong>de</strong> o lema do Ano Internacional da Pessoa Deficiente: "Particip<strong>ação</strong><br />

plena e igualda<strong>de</strong>", urge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> elimine<br />

totalmente <strong>as</strong> barreir<strong>as</strong> em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> su<strong>as</strong> instalações, <strong>as</strong>segure às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> sensoriais pleno alcance à <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> e adote um plano <strong>de</strong> <strong>ação</strong> afirmativo que<br />

englobe polític<strong>as</strong> e prátic<strong>as</strong> administrativ<strong>as</strong> voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> o fomento do emprego <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência em todo o sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>.


163. Ao consi<strong>de</strong>rar o estatuto jurídico d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência no que se refere<br />

aos direitos humanos, <strong>de</strong>ve-se dar priorida<strong>de</strong> ao uso dos pactos e <strong>de</strong>mais instrumentos d<strong>as</strong><br />

Nações Unid<strong>as</strong>, bem <strong>com</strong>o àqueles <strong>de</strong> outr<strong>as</strong> organizações internacionais <strong>de</strong>ntro do sistema<br />

d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> que protegem os direitos <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong>. Este princípio é <strong>com</strong>patível<br />

<strong>com</strong> o lema do Ano Internacional da Pessoa Deficiente: "Particip<strong>ação</strong> plena e igualda<strong>de</strong>".<br />

164. Concretamente, <strong>as</strong> organizações e os organismos do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong><br />

encarregados da prepar<strong>ação</strong> e da administr<strong>ação</strong> <strong>de</strong> acordos, pactos e outros instrumentos<br />

internacionais que po<strong>de</strong>m ter repercussões diret<strong>as</strong> ou indiret<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>vem se <strong>as</strong>segurar <strong>de</strong> que nesses instrumentos se leve plenamente em conta a<br />

situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> mesm<strong>as</strong>.<br />

165. Os Estados partes dos Pactos Internacionais <strong>de</strong> Direitos Humanos <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>dicar<br />

especial atenção nos seus informes à aplic<strong>ação</strong> dos referidos pactos à situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. O grupo <strong>de</strong> trabalho do Conselho Econômico e Social encarregado<br />

<strong>de</strong> examinar os informes apresentados em virtu<strong>de</strong> do pacto Internacional <strong>de</strong> Direitos<br />

Econômicos, Sociais e Culturais, e a Comissão dos Direitos Humanos que tem a função <strong>de</strong><br />

examinar os informes apresentados em virtu<strong>de</strong> do pacto Internacional dos Direitos Civis e<br />

Políticos <strong>de</strong>vem dar a <strong>de</strong>vida atenção a este <strong>as</strong>pecto dos informes.<br />

166. Po<strong>de</strong>m ocorrer situações especiais que impossibilitem <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> exercerem os direitos e liberda<strong>de</strong>s humanos reconhecidos <strong>com</strong>o universais <strong>para</strong><br />

toda a humanida<strong>de</strong>. A Comissão dos Direitos Humanos d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>de</strong>ve examinar tais<br />

situações.<br />

167. Os <strong>com</strong>itês nacionais ou órgãos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>n<strong>ação</strong> semelhantes que tratem dos problem<strong>as</strong><br />

da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>vem atentar também <strong>para</strong> tais situações.<br />

168. As violações graves dos direitos humanos básicos, <strong>com</strong>o a tortura, po<strong>de</strong>m ser causa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência mental e física. A Comissãodos Direitos Humanos <strong>de</strong>ve prestar atenção, entre<br />

outr<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, a tais violações, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> adotar <strong>as</strong> medid<strong>as</strong> apropriad<strong>as</strong> <strong>para</strong> melhorar<br />

a situ<strong>ação</strong>.<br />

169. A Comissão dos Direitos Humanos <strong>de</strong>ve continuar a estudar métodos <strong>para</strong> conseguir a<br />

cooper<strong>ação</strong> internacional <strong>com</strong> vist<strong>as</strong> à aplic<strong>ação</strong> dos direitos básicos internacionalmente<br />

reconhecidos <strong>para</strong> todos, inclusive às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

3. Cooper<strong>ação</strong> Técnica e Econômica<br />

a) Assistência inter-regional<br />

170. Os países em <strong>de</strong>senvolvimento estão encontrando dificulda<strong>de</strong>s cada vez maiores <strong>para</strong><br />

mobilizar recursos a<strong>de</strong>quados <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s cruciais d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e d<strong>as</strong> milhões <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> em situ<strong>ação</strong> <strong>de</strong>svantajosa dos referidos países, diante<br />

d<strong>as</strong> <strong>de</strong>mand<strong>as</strong> prementes <strong>de</strong> setores altamente prioritários que aten<strong>de</strong>m a necessida<strong>de</strong>s<br />

básic<strong>as</strong>, <strong>com</strong> a agricultura, o <strong>de</strong>senvolvimento rural e industrial, o controle <strong>de</strong>mográfico, etc.<br />

Por isso, seus próprios esforços <strong>de</strong>vem ser apoiados pela <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> internacional em<br />

consonância <strong>com</strong> os parágrafos 82 e 83 supra e o fluxo <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> os países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ve ser substancialmente incrementado conforme se indica na Estratégia<br />

Internacional do Desenvolvimento <strong>para</strong> a Terceira Década d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o<br />

Desenvolvimento.<br />

171. Visto que a maioria dos organismos internacionais <strong>de</strong> cooper<strong>ação</strong> técnica e doadores<br />

somente po<strong>de</strong>m colaborar n<strong>as</strong> taref<strong>as</strong> dos países se os governos o solicitarem oficialmente,<br />

tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> partes interessad<strong>as</strong> na implant<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>verão intensificar seus esforços <strong>para</strong> informar aos governos sobre a natureza<br />

exata da ajuda que po<strong>de</strong>m solicitar dos referidos governos.


172. O Programa <strong>de</strong> Ação Afirmativa <strong>de</strong> Viena (8) pre<strong>para</strong>do pelo Simpósio Mundial <strong>de</strong> Peritos<br />

sobre cooper<strong>ação</strong> técnica entre países em <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>as</strong>sistência técnica em matéria<br />

<strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> incapacida<strong>de</strong>s e reabilit<strong>ação</strong> <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, po<strong>de</strong><br />

servir à pauta <strong>de</strong> execução d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooper<strong>ação</strong> técnica <strong>de</strong>ntro do Programa <strong>de</strong> Ação<br />

Mundial.<br />

173. As organizações do sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> que têm mandatos, recursos e<br />

experiência em setores relacionados <strong>com</strong> o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial <strong>de</strong>verão estudar <strong>com</strong><br />

os governos junto aos quais estejam acreditad<strong>as</strong> a maneira <strong>de</strong> acrescentar aos projetos em<br />

andamento ou àqueles previstos nos diversos setores, <strong>com</strong>ponentes que respondam às<br />

necessida<strong>de</strong>s concret<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e à prevenção da <strong>de</strong>ficiência.<br />

174. Deve-se estimular <strong>as</strong> organizações internacionais cuj<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s estejam relacionad<strong>as</strong><br />

<strong>com</strong> a cooper<strong>ação</strong> financeira e técnica <strong>para</strong> que concedam priorida<strong>de</strong> às solicitações <strong>de</strong><br />

<strong>as</strong>sistência dos Estados Membros <strong>para</strong> a prevenção da <strong>de</strong>ficiência e <strong>para</strong> a reabilit<strong>ação</strong> e<br />

igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que respondam às su<strong>as</strong> priorida<strong>de</strong>s nacionais. Tais medid<strong>as</strong><br />

garantirão a aloc<strong>ação</strong> <strong>de</strong> maiores recursos, tanto <strong>para</strong> investimento <strong>de</strong> capital quanto <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>spes<strong>as</strong> normais, referentes à prevenção, à reabilit<strong>ação</strong> e a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Essa<br />

<strong>ação</strong> se refletirá nos <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>de</strong> todos os<br />

organismos multilaterais e bilaterais <strong>de</strong> ajuda, inclusive da cooper<strong>ação</strong> técnica entre países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

175. Após conseguir a colabor<strong>ação</strong> dos governos <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r melhor <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, será necessário coor<strong>de</strong>nar <strong>de</strong> perto <strong>as</strong> contribuições d<strong>as</strong><br />

divers<strong>as</strong> organizações d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> e aquel<strong>as</strong> d<strong>as</strong> instituições bilaterais e privad<strong>as</strong>, <strong>para</strong><br />

contribuir <strong>com</strong> mais eficácia <strong>para</strong> se atingir <strong>as</strong> met<strong>as</strong> fixad<strong>as</strong>.<br />

176. Com a maior parte dos organismos interessados d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> já tem a<br />

responsabilida<strong>de</strong> concreta <strong>de</strong> promover a implant<strong>ação</strong> <strong>de</strong> projetos ou a adição <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes<br />

<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>stinados às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>de</strong>ver-se-á estabelecer uma<br />

divisão mais clara <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> entre eles, <strong>com</strong>o se indica mais adiante, <strong>para</strong> que o<br />

sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> responda melhor ao <strong>de</strong>safio que representam o Ano Internacional<br />

da Pessoa Deficiente e o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

a) As Nações Unid<strong>as</strong>, e, em particular, o Departamento <strong>de</strong> Cooper<strong>ação</strong> Técnica <strong>para</strong> o<br />

Desenvolvimento, juntamente <strong>com</strong> os organismos especializados e outr<strong>as</strong> organizações<br />

intergovernamentais e não-governamentais, <strong>de</strong>verão realizar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooper<strong>ação</strong> técnica<br />

em apoio à aplic<strong>ação</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial; sob esse <strong>as</strong>pecto, o Centro <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Social e Assuntos Humanitários do Departamento <strong>de</strong> Assuntos Econômicos e<br />

Sociais Internacionais <strong>de</strong>verá continuar a prestar apoio substantivo na aplic<strong>ação</strong> do Programa<br />

<strong>de</strong> Ação Mundial, à cooper<strong>ação</strong> técnica, às ativida<strong>de</strong>s e aos projetos.<br />

b) O Programa d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento <strong>de</strong>verá continuar a utilizar o seu<br />

pessoal fora da se<strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>de</strong>dicar especial atenção <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus <strong>programa</strong>s e procedimentos<br />

normais às solicitações dos governos <strong>para</strong> projetos que atendam especialmente às<br />

necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e à prevenção da <strong>de</strong>ficiência. Deve<br />

estimular, em particular, a cooper<strong>ação</strong> técnica no âmbito da prevenção da <strong>de</strong>ficiência e <strong>para</strong> a<br />

reabilit<strong>ação</strong> e a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, utilizando os seus diversos <strong>programa</strong>s e serviços<br />

tais <strong>com</strong>o a cooper<strong>ação</strong> técnica entre países em <strong>de</strong>senvolvimento, os projetos mundiais e interregionais<br />

e o Fundo Provedor <strong>para</strong> a Ciência e a Tecnologia.<br />

c) Os esforços principais do UNICEF <strong>de</strong>verão continuar a se orientar <strong>para</strong> um aperfeiçoamento<br />

d<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong> que tragam apoio maior aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, materno-infantil,<br />

educ<strong>ação</strong> sanitária, luta contra <strong>as</strong> doenç<strong>as</strong> e melhoria da nutrição; quanto às pesso<strong>as</strong> que já<br />

são portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, o UNICEF fomenta o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos integrados <strong>de</strong><br />

educ<strong>ação</strong> e apoia <strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> a nível da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, utilizando recursos<br />

locais <strong>de</strong> baixo custo.


d) No âmbito do seu mandato e da sua responsabilida<strong>de</strong> setorial, os organismos<br />

especializados, <strong>com</strong> b<strong>as</strong>e n<strong>as</strong> solicitações do governo, <strong>de</strong>verão esforçar-se ainda mais em<br />

ajudar a aten<strong>de</strong>r às necessida<strong>de</strong>s d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, aproveitando <strong>as</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s que lhes sejam oferecid<strong>as</strong> <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> os processos <strong>de</strong> <strong>programa</strong>ção <strong>de</strong><br />

cada país e pela implant<strong>ação</strong> <strong>de</strong> projetos regionais inter-regionais e mundiais, bem <strong>com</strong>o<br />

graç<strong>as</strong> à utiliz<strong>ação</strong> sempre que possível dos seus próprios recursos. Su<strong>as</strong> diferentes esfer<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> no <strong>as</strong>sunto <strong>de</strong>vem ser <strong>as</strong> seguintes: OIT, reabilit<strong>ação</strong> profissional e<br />

segurança e saú<strong>de</strong> no trabalho; UNESCO, educ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> crianç<strong>as</strong> e adultos portadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência, OMS, prevenção da <strong>de</strong>ficiência e reabilit<strong>ação</strong> médica, FAO, melhoria da nutrição.<br />

e) N<strong>as</strong> su<strong>as</strong> operações <strong>de</strong> empréstimos, <strong>as</strong> instituições financeir<strong>as</strong> multilaterais <strong>de</strong>vem levar<br />

muito em conta os objetivos e <strong>as</strong> propost<strong>as</strong> <strong>de</strong>ste Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

b) Assistência regional e bilateral<br />

177. As <strong>com</strong>issões regionais d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> e outros órgãos regionais <strong>de</strong>verão fomentar a<br />

cooper<strong>ação</strong> regional e sub-regional em matéria <strong>de</strong> prevenção da <strong>de</strong>ficiência, reabilit<strong>ação</strong> d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Deverão fiscalizar o<br />

andamento <strong>de</strong>sses <strong>programa</strong>s n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> regiões, <strong>de</strong>terminar <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s, colher e analisar<br />

inform<strong>ação</strong>, patrocinar pesquis<strong>as</strong> voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> a adoção <strong>de</strong> medid<strong>as</strong>, facilitar serviços<br />

consultivos e empreen<strong>de</strong>r ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooper<strong>ação</strong> técnica; <strong>de</strong>verão incluir em seus<br />

<strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>ação</strong> a pesquisa e o <strong>de</strong>senvolvimento, a prepar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> material informativo e o<br />

treinamento <strong>de</strong> pessoal, bem <strong>com</strong>o facilitar, <strong>com</strong>o medida provisional, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cooper<strong>ação</strong> técnica entre países em <strong>de</strong>senvolvimento relativ<strong>as</strong> aos objetivos do Programa <strong>de</strong><br />

Ação Mundial. Deverão promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>com</strong>o recurso essencial <strong>para</strong> a promoção d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s mencionad<strong>as</strong> neste<br />

parágrafo.<br />

178. Deve-se estimular os Estados Membros <strong>para</strong> que, em cooper<strong>ação</strong> <strong>com</strong> órgãos e<br />

<strong>com</strong>issões regionais, instalem institutos ou escritórios regionais (ou sub-regionais) <strong>para</strong><br />

promover, em consulta <strong>com</strong> <strong>as</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e <strong>com</strong> <strong>as</strong><br />

organizações internacionais apropriad<strong>as</strong>, os interesses d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

Deverão ser outr<strong>as</strong> funções dos Estados Membros a promoção d<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s já mencionad<strong>as</strong>.<br />

É importante <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que a função dos institutos não consiste em proporcionar serviços<br />

diretos, e sim em promover conceitos inovadores tais <strong>com</strong>o <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> sediada na<br />

<strong>com</strong>unida<strong>de</strong>, coor<strong>de</strong>n<strong>ação</strong>, inform<strong>ação</strong>, treinamento e <strong>as</strong>sessoramento sobre o avanço<br />

organizacional d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

179. Nos seus <strong>programa</strong>s bilaterais e multilaterais <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência técnica, os países doadores<br />

<strong>de</strong>vem procurar encontrar os meios <strong>de</strong> satisfazer <strong>as</strong> solicitações <strong>de</strong> <strong>as</strong>sistência apresentad<strong>as</strong><br />

pelos Estados Membros relativ<strong>as</strong> a medid<strong>as</strong> nacionais ou regionais <strong>de</strong> prevenção, reabilit<strong>ação</strong><br />

e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Ess<strong>as</strong> medid<strong>as</strong> <strong>de</strong>vem englobar a <strong>as</strong>sistência a agênci<strong>as</strong> e<br />

organizações <strong>com</strong>petentes, voltad<strong>as</strong> <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolver acordos <strong>de</strong> cooper<strong>ação</strong> inter e intraregionais.<br />

Os organismos <strong>de</strong> cooper<strong>ação</strong> técnica <strong>de</strong>vem cuidar ativamente <strong>de</strong> contratar<br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>para</strong> todos os níveis e funções, inclusive <strong>para</strong> os postos <strong>de</strong><br />

trabalho direto.<br />

4. Inform<strong>ação</strong> e Educ<strong>ação</strong> do Público<br />

180. As Nações Unid<strong>as</strong> <strong>de</strong>verão levar a cabo ativida<strong>de</strong>s permanentes a fim <strong>de</strong> que a opinião<br />

pública conheça melhor os objetivos do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. Com este propósito, os<br />

escritórios <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong>vem fornecer ao Departamento <strong>de</strong> Inform<strong>ação</strong> Pública, <strong>de</strong> forma regular<br />

e automática, informações sobre su<strong>as</strong> ativida<strong>de</strong>s, <strong>para</strong> que ele possa divulgá-l<strong>as</strong> mediante<br />

<strong>com</strong>unicados <strong>de</strong> imprensa, artigos <strong>de</strong> fundo, boletins, not<strong>as</strong> informativ<strong>as</strong>, folhetos, entrevist<strong>as</strong><br />

em rádio e televisão e qualquer outro meio a<strong>de</strong>quado.<br />

181. Todos os organismos participantes <strong>de</strong> projetos e <strong>programa</strong>s que estejam relacionados<br />

<strong>com</strong> o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial <strong>de</strong>verão fazer um esforço contínuo <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> ao


público. Os organismos cujo âmbito <strong>de</strong> especializ<strong>ação</strong> o exija <strong>de</strong>verão levar a cabo pesquis<strong>as</strong><br />

relativ<strong>as</strong> ao <strong>as</strong>sunto.<br />

182. As Nações Unid<strong>as</strong>, em colabor<strong>ação</strong> <strong>com</strong> os organismos especializados e interessados,<br />

<strong>de</strong>verão <strong>de</strong>senvolver novos enfoques, utilizando diferentes meios <strong>de</strong> <strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> <strong>para</strong> fazer<br />

chegar a inform<strong>ação</strong>, inclusive aquela referente aos princípios e objetivos do Programa <strong>de</strong><br />

Ação Mundial, a um público ao qual não costumam chegar os meios convencionais, ou que não<br />

está habituado a utilizar os referidos meios.<br />

183. As organizações internacionais <strong>de</strong>verão dar <strong>as</strong>sistência aos organismos nacionais e<br />

<strong>com</strong>unitários na prepar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> do público, propondo planos <strong>de</strong> estudo<br />

e proporcionando materiais <strong>de</strong> ensino e inform<strong>ação</strong> básica a respeito dos objetivos do<br />

Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

D. Pesquisa<br />

184. Visto que pouco se sabe a respeito do lugar que cabe às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência n<strong>as</strong> diferentes cultur<strong>as</strong>, fato esse que, por sua vez, <strong>de</strong>termina cert<strong>as</strong> atitu<strong>de</strong>s e<br />

norm<strong>as</strong> <strong>de</strong> conduta, é necessário iniciar estudos sobre os <strong>as</strong>pectos socio culturais vinculados<br />

às <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>. Isso permitirá <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r melhor <strong>as</strong> relações entre <strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência e <strong>as</strong> não-portador<strong>as</strong>, n<strong>as</strong> divers<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong>. Os resultados <strong>de</strong> tais estudos permitirão<br />

propor enfoques a<strong>de</strong>quados ao ambiente humano. Além disso, <strong>de</strong>ve-se buscar a elabor<strong>ação</strong> <strong>de</strong><br />

indicadores sociais referentes à educ<strong>ação</strong> da pessoa portadora <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r<br />

analisar os problem<strong>as</strong> <strong>as</strong>sociados e planejar os <strong>programa</strong>s conseqüentes.<br />

185. Os Estados Membros <strong>de</strong>vem formular um <strong>programa</strong> <strong>de</strong> pesquisa sobre <strong>as</strong> caus<strong>as</strong>, tipos e<br />

incidência d<strong>as</strong> incapacida<strong>de</strong>s e d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, <strong>as</strong> condições econômic<strong>as</strong> e sociais d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e a disponibilida<strong>de</strong> e eficácia dos meios existentes <strong>para</strong><br />

fazer frente a estes <strong>as</strong>suntos.<br />

186. É <strong>de</strong> particular importância que se pesquisem <strong>as</strong> questões sociais, econômic<strong>as</strong> e <strong>de</strong><br />

particip<strong>ação</strong> que repercutem na vida d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e su<strong>as</strong> famíli<strong>as</strong>,<br />

bem <strong>com</strong>o a forma pela qual a socieda<strong>de</strong> trata os referidos <strong>as</strong>suntos. Po<strong>de</strong>-se obter dados por<br />

meio dos institutos nacionais <strong>de</strong> estatística e <strong>de</strong> censos. Não obstante, <strong>de</strong>ve-se ter em mente<br />

que é mais provável que se obtenha resultados úteis mediante um <strong>programa</strong> <strong>de</strong> pesquisa por<br />

domicílio, <strong>de</strong>stinado a coletar informações sobre <strong>as</strong> questões referentes à <strong>de</strong>ficiência, do que<br />

mediante um censo geral da popul<strong>ação</strong>.<br />

187. É necessário também estimular a pesquisa <strong>com</strong> vist<strong>as</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> melhores<br />

equipamentos <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Deve-se <strong>de</strong>dicar esforços especiais<br />

<strong>para</strong> encontrar soluções que sejam apropriad<strong>as</strong> às condições tecnológic<strong>as</strong> e econômic<strong>as</strong> aos<br />

países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

188. As Nações Unid<strong>as</strong> e <strong>as</strong> su<strong>as</strong> agênci<strong>as</strong> especializad<strong>as</strong> <strong>de</strong>verão estar atentos às tendênci<strong>as</strong><br />

da pesquisa internacional sobre <strong>de</strong>ficiência e outros pontos <strong>de</strong> pesquisa afins, <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s e priorida<strong>de</strong>s sociais, insistindo nos novos enfoques referentes a tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

form<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>ação</strong> re<strong>com</strong>endad<strong>as</strong> no Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

189. As Nações Unid<strong>as</strong> <strong>de</strong>verão fomentar e participar <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>stinados a<br />

ampliar os conhecimentos sobre questões referentes ao Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. É<br />

necessário que <strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> conheçam os resultados d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> dos diversos países<br />

e estejam a par d<strong>as</strong> propost<strong>as</strong> sobre pesquisa ainda pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> aprov<strong>ação</strong>. As Nações<br />

Unid<strong>as</strong> <strong>de</strong>verão prestar uma atenção crescente aos resultados d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> e insistir na sua<br />

utiliz<strong>ação</strong> e divulg<strong>ação</strong>. Re<strong>com</strong>enda-se insistentemente uma vincul<strong>ação</strong> permanente <strong>com</strong><br />

sistem<strong>as</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong> bibliográfica.<br />

190. As <strong>com</strong>issões regionais d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> e outros organismos regionais <strong>de</strong>verão incluir<br />

nos seus planos <strong>de</strong> <strong>ação</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa a fim <strong>de</strong> ajudar os governos a colocarem em


prática <strong>as</strong> propost<strong>as</strong> que figurem no Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. A chave <strong>para</strong> obter o maior<br />

rendimento possível d<strong>as</strong> <strong>de</strong>spes<strong>as</strong> <strong>de</strong> pesquisa sobre pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência<br />

consiste em difundir e <strong>com</strong>partilhar a pesquisa. Os organismos governamentais e nãogovernamentais<br />

<strong>de</strong> caráter internacional <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>sempenhar um papel ativo na cri<strong>ação</strong> <strong>de</strong><br />

mecanismos <strong>de</strong> colabor<strong>ação</strong> entre instituições regionais e locais <strong>para</strong> a realiz<strong>ação</strong> conjunta <strong>de</strong><br />

estudos e troca <strong>de</strong> informações.<br />

191. A pesquisa aos níveis médico, psicológico e social oferece possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aliviar a<br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> tipo físico, mental e social. É necessário estabelecer <strong>programa</strong>s nos quais se<br />

i<strong>de</strong>ntifiquem <strong>as</strong> esfer<strong>as</strong> on<strong>de</strong> haja uma elevada probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter progressos mediante<br />

a pesquisa. A diferença existente entre os países industrializados e os países em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento não <strong>de</strong>ve constituir obstáculo <strong>para</strong> uma colabor<strong>ação</strong> frutífera, já que gran<strong>de</strong><br />

parte dos problem<strong>as</strong> dizem respeito a todos.<br />

192. Os estudos nos seguintes campos são importantes, tanto <strong>para</strong> os países <strong>de</strong>senvolvidos<br />

quanto <strong>para</strong> os países em <strong>de</strong>senvolvimento:<br />

a) Pesquisa clínica voltada <strong>para</strong> a prevenção d<strong>as</strong> caus<strong>as</strong> da <strong>de</strong>ficiência: avali<strong>ação</strong> da<br />

capacida<strong>de</strong> funcional do indivíduo sob os <strong>as</strong>pectos médico, psicológico e social, avali<strong>ação</strong> dos<br />

<strong>programa</strong>s <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong>, inclusive dos <strong>as</strong>pectos <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong>.<br />

b) Estudos sobre freqüência d<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong>, limitações funcionais d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong>,<br />

su<strong>as</strong> condições <strong>de</strong> vida e os problem<strong>as</strong> <strong>com</strong> que se <strong>de</strong>frontam.<br />

c) Pesquisa sanitária e <strong>de</strong> serviços sociais, que englobe o estudo d<strong>as</strong> vantagens e dos custos<br />

d<strong>as</strong> diferentes polític<strong>as</strong> <strong>de</strong> reabilit<strong>ação</strong> e tratamento, dos meios <strong>de</strong> maximizar a eficácia dos<br />

<strong>programa</strong>s e uma busca <strong>de</strong> outros enfoques possíveis. Os estudos sobre tratamento<br />

<strong>com</strong>unitário d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência teriam particular interesse <strong>para</strong> os países<br />

em <strong>de</strong>senvolvimento, enquanto o estudo e a avali<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s experimentais, bem <strong>com</strong>o<br />

os <strong>programa</strong>s gerais <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstr<strong>ação</strong>, interessam a todos os países. Existe muita inform<strong>ação</strong><br />

disponível que po<strong>de</strong> ser útil <strong>para</strong> a análise secundária.<br />

193. Dever-se-á estimular <strong>as</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa sobre saú<strong>de</strong> e ciênci<strong>as</strong> sociais <strong>para</strong> que<br />

realizem pesquis<strong>as</strong> sobre <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e reunam informações a esse<br />

respeito. As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa são especialmente importantes <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

nov<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong> referentes à prest<strong>ação</strong> <strong>de</strong> serviços, à prepar<strong>ação</strong> <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong><br />

a<strong>de</strong>quados a grupos <strong>com</strong> cultura e idiom<strong>as</strong> próprios e o treinamento <strong>de</strong> pessoal adaptado às<br />

condições predominantes em cada região.<br />

E. Controle e Avali<strong>ação</strong><br />

194. É fundamental que se faça uma avali<strong>ação</strong> periódica da situ<strong>ação</strong> no que diz respeito às<br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e que se estabeleça uma pauta <strong>para</strong> analisar os<br />

acontecimentos. O tema do Ano Internacional da Pessoa Deficiente "igualda<strong>de</strong> e particip<strong>ação</strong><br />

plena", sugere os critérios principais <strong>para</strong> a avali<strong>ação</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. O<br />

controle e a avali<strong>ação</strong> <strong>de</strong>verão ser efetuados <strong>de</strong> forma periódica, tanto no plano internacional e<br />

regional quanto no plano nacional. Os indicadores <strong>para</strong> a avali<strong>ação</strong> <strong>de</strong>verão ser escolhidos<br />

pelo Departamento <strong>de</strong> Assuntos Econômicos e Sociais Internacionais d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, em<br />

consulta <strong>com</strong> os Estados Membros, os organismos <strong>com</strong>petentes d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> e outr<strong>as</strong><br />

organizações.<br />

195. O sistema d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>de</strong>verá realizar uma avali<strong>ação</strong> periódica, <strong>de</strong> caráter<br />

analítico, sobre o progresso alcançado na aplic<strong>ação</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial, e <strong>de</strong>verá<br />

selecionar <strong>para</strong> tal fim os indicadores <strong>de</strong> avali<strong>ação</strong> apropriados, em consulta <strong>com</strong> os Estados<br />

Membros. Neste sentido, a Comissão <strong>de</strong> Desenvolvimento Social <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>sempenhar um<br />

papel importante. As Nações Unid<strong>as</strong>, juntamente <strong>com</strong> os organismos especializados, <strong>de</strong>verão<br />

elaborar continuamente sistem<strong>as</strong> a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> obtenção e difusão <strong>de</strong> inform<strong>ação</strong>, a fim <strong>de</strong><br />

<strong>as</strong>segurar o aperfeiçoamento dos <strong>programa</strong>s em todos os planos, <strong>com</strong> b<strong>as</strong>e na avali<strong>ação</strong> dos


esultados. A esse respeito, o Centro <strong>de</strong> Desenvolvimento social e Assuntos Humanitários<br />

<strong>de</strong>verá <strong>de</strong>sempenhar uma função importante.<br />

196. Dever-se-á pedir às <strong>com</strong>issões regionais que <strong>de</strong>sempenhem funções <strong>de</strong> controle e<br />

avali<strong>ação</strong> que contribuam <strong>para</strong> uma valoriz<strong>ação</strong> geral no plano internacional. Dever-se-á<br />

estimular outros organismos regionais e intergovernamentais <strong>para</strong> que tomem parte neste<br />

processo.<br />

197. No plano nacional, a avali<strong>ação</strong> dos <strong>programa</strong>s referentes às pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>verá ser realizada periodicamente.<br />

198. Estimula-se o Escritório <strong>de</strong> Estatística d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> a que, juntamente <strong>com</strong> outros<br />

<strong>de</strong>partamentos da Secretaria, <strong>com</strong> os organismos especializados e <strong>com</strong>issões regionais,<br />

coopere <strong>com</strong> os países em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>para</strong> estabelecer um sistema realista e prático <strong>de</strong><br />

obtenção <strong>de</strong> dados, b<strong>as</strong>eados nos dados totais ou em amostragens representativ<strong>as</strong>, <strong>de</strong> acordo<br />

<strong>com</strong> <strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s, referentes às divers<strong>as</strong> <strong>de</strong>ficiênci<strong>as</strong> e, em especial, <strong>para</strong> pre<strong>para</strong>r<br />

manuais/documentos técnicos sobre a maneira <strong>de</strong> utilizar enquetes familiares <strong>para</strong> a<br />

<strong>com</strong>pil<strong>ação</strong> <strong>de</strong> tais estatístic<strong>as</strong>, que serão utilizad<strong>as</strong> <strong>com</strong>o instrumentos e marcos <strong>de</strong> referência<br />

fundamentais na implant<strong>ação</strong> <strong>de</strong> <strong>programa</strong>s <strong>de</strong> <strong>ação</strong> nos anos subseqüentes ao Ano<br />

Internacional da Pessoa Deficiente, <strong>com</strong> a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhorar a situ<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

199. Nesta ampla ativida<strong>de</strong> cabe um papel importante ao Centro <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e<br />

Assuntos Humanitários d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong>, apoiado pelo Escritório <strong>de</strong> Estatística d<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong>.<br />

200. O Secretário Geral <strong>de</strong>verá informar periodicamente sobre os esforços realizados pel<strong>as</strong><br />

Nações Unid<strong>as</strong> e organismos especializados <strong>para</strong> contratar um maior número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e facilitar-lhes o acesso às su<strong>as</strong> instalações e informações.<br />

201. Os resultados da avali<strong>ação</strong> periódica e da avali<strong>ação</strong> da situ<strong>ação</strong> econômica e social<br />

<strong>mundial</strong> po<strong>de</strong>m tornar necessária a revisão periódica do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. Ess<strong>as</strong><br />

revisões <strong>de</strong>verão ser realizad<strong>as</strong> a cada cinco anos, <strong>de</strong>vendo a primeira <strong>de</strong>l<strong>as</strong> ser efetuada em<br />

1987, <strong>com</strong> b<strong>as</strong>e num informe apresentado pelo Secretário Geral à Assembléia Geral no seu<br />

quadragésimo segundo período <strong>de</strong> sessões. Esta revisão constituiria também uma contribuição<br />

ao processo <strong>de</strong> exame e avali<strong>ação</strong> da Estratégia Internacional <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>para</strong> a<br />

Terceira Década d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> o Desenvolvimento.<br />

NOTAS<br />

(1) International Cl<strong>as</strong>sification of Impairments, Disabilities, and Handicaps (ICIDH), Organiz<strong>ação</strong><br />

Mundial da Saú<strong>de</strong>, Genebra, 1980.<br />

(2) Resolução 2200 A (XXI) da Assembléia Geral.<br />

(3) Resolução 2856 (XXVI) da Assembléia Geral.<br />

(4) Resolução 3447 (XXX) da Assembléia Geral.<br />

(5) Resolução 2542 (XXIV) da Assembléia Geral.<br />

(6) Documento d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> A/36/766.<br />

(7) Resolução 35/56 da Assembléia Geral.


(8) Documento d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> IYDP/SYMP/L.2/Rev.1, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1982.<br />

Epílogo da Edição C<strong>as</strong>telhana<br />

Não seríamos dignos da honra a nós conferida, quando nos solicitam que escrevamos este<br />

epílogo, se consi<strong>de</strong>rássemos que ele marca o fim <strong>de</strong> um ciclo.<br />

Ao nosso ver, ele somente indica que chegamos a uma pequena colina, da qual po<strong>de</strong>mos<br />

observar <strong>com</strong> espírito crítico o trecho percorrido e analisar, <strong>com</strong> maior clareza, o caminho que<br />

nos levará, <strong>com</strong> segurança, até a ansiada meta.<br />

M<strong>as</strong> não chegamos até aqui sem esforços nem sacrifícios. Nem tampouco sozinhos. Se hoje<br />

<strong>de</strong>sfrutamos da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer alto e <strong>de</strong> retemperar o ânimo <strong>com</strong> nov<strong>as</strong> esperanç<strong>as</strong>, é<br />

porque vimos contando <strong>com</strong> o apoio transcen<strong>de</strong>nte, inestimável, <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> e<br />

instituições. Entre est<strong>as</strong> últim<strong>as</strong>, o Real Patronato <strong>de</strong> Prevenção e Assistência a pesso<strong>as</strong><br />

portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência ocupa um lugar prepon<strong>de</strong>rante.<br />

Hoje, esse reconhecimento merece ser ressaltado. Nós, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência,<br />

<strong>de</strong> língua espanhola, <strong>de</strong>vemos ao esforço e à inteligência da magnífica equipe humana que<br />

trabalha na instituição, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispor do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial redigido no<br />

nosso idioma.<br />

Em outr<strong>as</strong> palavr<strong>as</strong>, conseguimos fazer <strong>com</strong> que se afi<strong>as</strong>se e acert<strong>as</strong>se a ferramenta. Da<br />

nossa capacida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>dic<strong>ação</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá agora, que a colheita seja abundante e nosso<br />

trabalho re<strong>com</strong>pensado.<br />

Uma retrospectiva rápida<br />

Neste momento privilegiado do <strong>de</strong>senvolvimento histórico, <strong>com</strong>eçamos a <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r qual foi<br />

o processo que levou à luta d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência à sua atual situ<strong>ação</strong>.<br />

A década <strong>de</strong> sessenta foi o berço <strong>de</strong> profund<strong>as</strong> transformações sociais no mundo inteiro. No<br />

Oci<strong>de</strong>nte, o "maio francês" <strong>de</strong> 1968 <strong>as</strong>sinalou o ponto culminante <strong>de</strong> uma época, cujo início<br />

po<strong>de</strong>ria ser marcado pelo apaixonado <strong>com</strong>bate da popul<strong>ação</strong> negra dos Estados Unidos <strong>para</strong><br />

que fossem respeitados os seus direitos civis e a sua dignida<strong>de</strong> humana.<br />

Na seqüência daqueles tempos agitados se inscreve a irrupção av<strong>as</strong>saladora dos costumes e<br />

idéi<strong>as</strong> dos jovens, o fim do colonialismo clássico e o surgimento <strong>de</strong> nov<strong>as</strong> nações, o renovado<br />

impulso pacifista promovido pelo drama do Vietnã e a re<strong>ação</strong> ecologista diante da <strong>de</strong>grad<strong>ação</strong><br />

progressiva da natureza.<br />

É nesse contexto que aparecem <strong>com</strong> mais força <strong>as</strong> reivindicações <strong>de</strong> grupos marginalizados,<br />

alguns dos quais minoritários, <strong>com</strong>o o d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Naqueles di<strong>as</strong>,<br />

aparentemente já tão distantes, <strong>as</strong>sumem a represent<strong>ação</strong> <strong>de</strong>st<strong>as</strong> últim<strong>as</strong> <strong>as</strong> organizações <strong>de</strong><br />

pais, educadores e/ou especialist<strong>as</strong> em reabilit<strong>ação</strong>. As instituições <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência já atuavam há muitos anos, m<strong>as</strong> o seu alcance era fundamentalmente local e a<br />

óptica da maioria se voltava principalmente <strong>para</strong> a busca da solidarieda<strong>de</strong>.<br />

Data <strong>de</strong>ssa época a Declar<strong>ação</strong> dos Direitos dos Retardados Mentais, proclamada pel<strong>as</strong><br />

Nações Unid<strong>as</strong> em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1971, o "Rehabilitation Act" norte-americano, <strong>de</strong> 1973, e a<br />

Declar<strong>ação</strong> dos Direitos dos Deficientes, proclamada pela Organiz<strong>ação</strong> Mundial em <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1975.


Até fins da década <strong>de</strong> setenta, a problemática d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência alcançara<br />

um grau <strong>de</strong> divulg<strong>ação</strong> e análise muito importante, em especial no Hemisfério Norte. Foi essa a<br />

b<strong>as</strong>e sobre a qual se cimentaram os trabalhos <strong>de</strong> pesquisa realizados pel<strong>as</strong> <strong>com</strong>issões<br />

Econômic<strong>as</strong> regionais d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> nos cinco continentes. Com a contribuição d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência - que pela primeira vez eram ouvid<strong>as</strong> <strong>com</strong> serieda<strong>de</strong> - foi<br />

organizado um plano <strong>de</strong> trabalho em escala <strong>mundial</strong>, colocado em prática em 1981 sob a<br />

<strong>de</strong>nomin<strong>ação</strong> <strong>de</strong> "Ano Internacional da Pessoa Deficiente".<br />

Foi um impulso transcen<strong>de</strong>ntal, que significou um marco na condição d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência.<br />

Para além d<strong>as</strong> realizações concret<strong>as</strong> - totalmente insuficientes nos países do chamado<br />

Terceiro Mundo - o impacto sobre a consciência d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência foi<br />

tremendo. Surgiram milhares <strong>de</strong> instituições nos cinco continentes. Centen<strong>as</strong> se unificaram<br />

<strong>para</strong> formar gran<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rações, <strong>com</strong> um consi<strong>de</strong>rável aumento da sua projeção e influência.<br />

Em toda parte, novos planos <strong>com</strong>eçaram a se <strong>de</strong>senvolver.<br />

Em meio a este "caldo <strong>de</strong> cultura" n<strong>as</strong>ceu também a DPI (Disabled People's International) a<br />

Organiz<strong>ação</strong> Mundial d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Deficientes, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1981 vem proclamando o direito d<strong>as</strong><br />

pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> se representarem por si mesm<strong>as</strong>. E o grito <strong>de</strong> rebeldia<br />

que se levantou no seu primeiro congresso em Cingapura, naquele mesmo ano, ainda nos<br />

exalta a todos: "Unamo-nos <strong>para</strong> lutar juntos! Unamo-nos <strong>para</strong> exigir nossa particip<strong>ação</strong> plena<br />

e igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s!"<br />

Um Documento importante<br />

Como culminância <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> ferment<strong>ação</strong>, em 1982 <strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> <strong>de</strong>clararam o<br />

período <strong>de</strong> 1983-1992 "Década d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> Deficiência" e aprovaram um<br />

Programa <strong>de</strong> Ação Mundial <strong>de</strong> cuja red<strong>ação</strong> partici<strong>para</strong>m também pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência.<br />

Esse texto expõe nitidamente os seus propósitos, sem ambigüida<strong>de</strong>s: promover medid<strong>as</strong> <strong>para</strong><br />

a prevenção d<strong>as</strong> incapacida<strong>de</strong>s, a reabilit<strong>ação</strong> e a realiz<strong>ação</strong> dos objetivos <strong>de</strong> particip<strong>ação</strong><br />

plena e igualda<strong>de</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência na vida social e no <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Pela primeira vez na história, um documento <strong>de</strong> âmbito internacional <strong>de</strong>talha a problemática<br />

d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência - seja qual for a <strong>de</strong>ficiência que a origina - em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

su<strong>as</strong> dimensões: antece<strong>de</strong>ntes, diagnóstico sem eufemismos da situ<strong>ação</strong>, met<strong>as</strong> específic<strong>as</strong><br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Em suma, um corajoso e pormenorizado informe sobre a can<strong>de</strong>nte realida<strong>de</strong><br />

e uma <strong>com</strong>pleta exposição <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> e <strong>de</strong> cada uma d<strong>as</strong> soluções <strong>para</strong> uma condição <strong>de</strong><br />

injustiça que vem se arr<strong>as</strong>tando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o homem tem menória.<br />

É por tod<strong>as</strong> ess<strong>as</strong> razões que o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial se converteu em um documento <strong>de</strong><br />

consulta permanente. As organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência encontram n<strong>as</strong><br />

su<strong>as</strong> págin<strong>as</strong>, explicitad<strong>as</strong> <strong>de</strong> modo transparente, aquilo que têm sido su<strong>as</strong> reivindicações e<br />

<strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> toda uma vida acossada pel<strong>as</strong> barreir<strong>as</strong>, pela discrimin<strong>ação</strong>, pela segreg<strong>ação</strong>.<br />

Na Hora da Verda<strong>de</strong><br />

Mais <strong>de</strong> cinco anos já se p<strong>as</strong>saram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a public<strong>ação</strong> do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial. E o que<br />

ocorreu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então? Quantos dos seus objetivos se concretizaram?


Poucos, muito poucos. As gran<strong>de</strong>s m<strong>as</strong>s<strong>as</strong> <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência da América<br />

Latina, da África e <strong>de</strong> outros pontos continuam distantes do progresso. As medid<strong>as</strong> preventiv<strong>as</strong><br />

não se esten<strong>de</strong>ram suficientemente, a reabilit<strong>ação</strong> integral apen<strong>as</strong> <strong>com</strong>eça a ser <strong>com</strong>entada e<br />

a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s continua a ser somente uma <strong>as</strong>pir<strong>ação</strong>.<br />

Ao chegar à meta<strong>de</strong> da Década, a Secretaria Geral d<strong>as</strong> Nações Unid<strong>as</strong> se propôs a realizar um<br />

exame da situ<strong>ação</strong>. Um grupo <strong>de</strong> reconhecidos especialist<strong>as</strong> no <strong>as</strong>sunto - entre os quais havia<br />

um bom número <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência - reuniu-se em agosto <strong>de</strong> 1987, na<br />

Suécia, em Estocolmo. Foram analisados em profundida<strong>de</strong> todos os problem<strong>as</strong> relacionados<br />

<strong>com</strong> a aplic<strong>ação</strong> efetiva do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial.<br />

Quais foram <strong>as</strong> conclusões? Enunciaremos apen<strong>as</strong> três parágrafos que resumem <strong>de</strong> forma<br />

a<strong>de</strong>quada o consenso <strong>de</strong>ste grupo numeroso <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s, cuja capacida<strong>de</strong> e probida<strong>de</strong><br />

intelectual são internacionalmente reconhecid<strong>as</strong>?<br />

"A Reunião Mundial dos Especialist<strong>as</strong> está segura <strong>de</strong> que o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial <strong>para</strong><br />

<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência adota um enfoque novo e estimulante que abriu caminho<br />

<strong>para</strong> um futuro no qual <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong>rão participar plenamente da<br />

socieda<strong>de</strong>. Este novo enfoque <strong>de</strong>ve ser imediatamente integrado a todos os planos e medid<strong>as</strong><br />

relacionad<strong>as</strong> à Década."<br />

"A Reunião Mundial dos Especialist<strong>as</strong> está convencida <strong>de</strong> que não vêm sendo plenamente<br />

aproveitad<strong>as</strong> <strong>as</strong> oportunida<strong>de</strong>s oferecid<strong>as</strong> pela Década <strong>para</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>para</strong> estimular o cumprimento global do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial."<br />

"A Reunião Mundial dos Especialist<strong>as</strong> consi<strong>de</strong>ra que poucos progressos foram feitos em todo o<br />

mundo, especialmente nos países menos adiantados, nos quais <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência se vêem duplamente <strong>de</strong>sfavorecid<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> condições econômic<strong>as</strong> e sociais, e<br />

estima que a situ<strong>ação</strong> <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência po<strong>de</strong> inclusive ter-se<br />

<strong>de</strong>teriorado durante os últimos cinco anos."<br />

Nós, <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência da América Latina que trabalhamos em<br />

organizações <strong>de</strong> auto-ajuda po<strong>de</strong>mos dar testemunho <strong>de</strong> que efetivamente a situ<strong>ação</strong> se<br />

<strong>de</strong>teriorou.<br />

Qual a causa <strong>de</strong>sta tragédia? A situ<strong>ação</strong> econômica? Apen<strong>as</strong> numa proporção mínima. Mais <strong>de</strong><br />

100 milhões <strong>de</strong> seres que vivem no mundo sub<strong>de</strong>senvolvido estão sofrendo <strong>com</strong> incapacida<strong>de</strong>s<br />

graves <strong>de</strong>vid<strong>as</strong> à falta <strong>de</strong> uma nutrição a<strong>de</strong>quada, ao p<strong>as</strong>so que em outros países os alimentos<br />

exce<strong>de</strong>ntes são jogados ao mar <strong>para</strong> manter os preços em alta.<br />

Como sustentou publicamente a Organiz<strong>ação</strong> Mundial d<strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Deficientes (DPI): "Isso se<br />

<strong>de</strong>ve a um planejamento <strong>de</strong>sumanizado, voltado somente <strong>para</strong> a obtenção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s lucros,<br />

<strong>as</strong>sim <strong>com</strong>o a atitu<strong>de</strong> indiferente <strong>de</strong> muitos governantes, o que levou ao sofrimento e à miséria<br />

<strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> famíli<strong>as</strong> no mundo" e "Estamos conscientes d<strong>as</strong> distânci<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

entre os países, <strong>as</strong> quais vão ao encontro d<strong>as</strong> noss<strong>as</strong> <strong>as</strong>pirações. Não <strong>as</strong> aceitamos, porém,<br />

<strong>com</strong>o <strong>de</strong>sculpa <strong>para</strong> não se haver conseguido uma melhor distribuição dos recursos que<br />

possam satisfazer <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> necessida<strong>de</strong>s. Sabemos que os investimentos visando a<br />

obtenção <strong>de</strong> nossa in<strong>de</strong>pendência são investimentos racionais. É necessário por fim ao<br />

<strong>de</strong>sperdício dos recursos humanos!"<br />

Quais foram, por conseguinte, <strong>as</strong> principais <strong>de</strong>finições <strong>de</strong>sta importantíssima série <strong>de</strong> reuniões<br />

na capital sueca?<br />

Primeiro, o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial mantém integralmente toda a sua vigência e o valor<br />

inquestionável do seu conteúdo conceitual.


Segundo, se não houver uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidida política dos governos e uma crescente<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influência por parte d<strong>as</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência,<br />

muit<strong>as</strong> idéi<strong>as</strong> brilhantes permanecerão <strong>para</strong> sempre no papel.<br />

Terceiro, <strong>as</strong> análises e re<strong>com</strong>endações do Grupo <strong>de</strong> Especialist<strong>as</strong> reunido em Estocolmo veio<br />

reforçar, <strong>com</strong>plementar e concretizar em muitos <strong>as</strong>pectos o sábio conteúdo do Programa <strong>de</strong><br />

Ação Mundial.<br />

Conclusões<br />

O Real Patronato <strong>de</strong> Prevención y <strong>de</strong> Atención a Person<strong>as</strong> con Minusvalia <strong>de</strong> España e seus<br />

brilhantes colaboradores realizaram um minucioso trabalho que coloca à nossa disposição um<br />

documento <strong>de</strong> capital importância em idioma espanhol, que é falado por mais <strong>de</strong> 300 milhões<br />

<strong>de</strong> seres em todo o mundo.<br />

Cabe-nos agora utilizar este instrumento <strong>de</strong> maneira apropriada, <strong>para</strong> impulsionar <strong>as</strong><br />

transformações em profundida<strong>de</strong> que a situ<strong>ação</strong> exige. E a principal responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

<strong>as</strong>sumida pel<strong>as</strong> organizações <strong>de</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. Se vimos reivindicando<br />

enfaticamente o direito <strong>de</strong> nos expressarmos diretamente, sem tutores nem mentores,<br />

<strong>de</strong>vemos estar dispostos a <strong>as</strong>sumir <strong>as</strong> responsabilida<strong>de</strong>s daí <strong>de</strong>correntes.<br />

Para isso, contando <strong>com</strong> o apoio <strong>de</strong> todos os homens e instituições <strong>com</strong>unitári<strong>as</strong> que queiram<br />

nos a<strong>com</strong>panhar, <strong>de</strong>vemos procurar:<br />

1. Promover o reconhecimento do Programa <strong>de</strong> Ação Mundial em todos os níveis e todos os<br />

âmbitos. Cabe a nós sanar a gravíssima omissão dos governos que não valorizam n<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong> os fundos necessários à divulg<strong>ação</strong> do Programa.<br />

2. Utilizá-lo <strong>com</strong>o elemento <strong>de</strong> educ<strong>ação</strong> e propaganda, <strong>para</strong> conseguir a mais ampla<br />

particip<strong>ação</strong> d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência na luta pela conquista dos seus ligítimos<br />

direitos. Sem esta particip<strong>ação</strong>, toda conquista será ilusória, circunstancial.<br />

3. Reivindicar a sua condição <strong>com</strong>o plataforma básica universal d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ficiência, a fim <strong>de</strong> unir os efeitos <strong>de</strong> todos aqueles setores da <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> que honesta,<br />

pacífica e <strong>de</strong>mocraticamente reclamam uma socieda<strong>de</strong> mais justa, na qual os direitos <strong>de</strong> todos<br />

sejam reconhecidos e respeitados.<br />

4. Esten<strong>de</strong>r maciçamente o seu conhecimento entre pessoal do governo, empresários e<br />

trabalhadores, educadores, profissionais e técnic<strong>as</strong> <strong>de</strong> todos os setores e meios <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>unic<strong>ação</strong> em geral. Se chegarmos a conquistar <strong>para</strong> uma causa tão nobre a maioria dos<br />

chamados "formadores <strong>de</strong> opinião", meta<strong>de</strong> da batalha estará ganha.<br />

5. Se conseguirmos tirar do seu isolamento e mobilizar somente uma parcela dos 500 milhões<br />

d<strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> portador<strong>as</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência que sofrem a vida neste mundo tão <strong>com</strong>plexo, teremos<br />

conquistado a "capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influir", imprescindível <strong>para</strong> que se produzam <strong>as</strong> transformações<br />

que <strong>as</strong> gran<strong>de</strong>s maiori<strong>as</strong> reclamam. E o Programa <strong>de</strong> Ação Mundial será a seiva que<br />

alimentará os nossos laços e dará form<strong>as</strong> concret<strong>as</strong> aos nossos sonhos.<br />

Não estamos falando <strong>de</strong> utopi<strong>as</strong>. As noss<strong>as</strong> reivindicações nada mais são do que o conteúdo<br />

específico d<strong>as</strong> <strong>as</strong>pirações <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z por cento da popul<strong>ação</strong> <strong>mundial</strong>. De algum modo,<br />

porém, representam também a adapt<strong>ação</strong> à nossa realida<strong>de</strong> específica, dos legítimos anseios<br />

da humanida<strong>de</strong> inteira.<br />

Por tudo isso, <strong>de</strong>vemos <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r que não estamos sós. Que fazemos parte <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

impulso universal em direção da paz, do progresso, da justiça.


Para essa tarefa inadiável, a mais grandiosa à qual foi chamada a humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

<strong>com</strong>eço da sua história, convocamos hoje todos os homens <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>.<br />

Montevi<strong>de</strong>o, maio <strong>de</strong> 1988<br />

Pedro Roberto Cruz Botti<br />

Epílogo da Edição Br<strong>as</strong>ileira<br />

Mesmo estando no final <strong>de</strong> 1992 e, portanto prestes do encerramento da Década d<strong>as</strong> Nações<br />

Unid<strong>as</strong> <strong>para</strong> <strong>as</strong> Pesso<strong>as</strong> Deficientes que será este ano, não é fora <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> que esta<br />

tradução aparece. Estamos no momento <strong>de</strong> analisar tudo o que foi conseguido e o quanto<br />

ainda está por ser realizado.<br />

Queremos manifestar nosso agra<strong>de</strong>cimento a todos aqueles envolvidos no processo <strong>de</strong><br />

tradução e edição <strong>de</strong>ste Programa, que tornaram possível o que no início era apen<strong>as</strong> mais um<br />

sonho, talvez uma utopia: a ADUSP - Associ<strong>ação</strong> dos Docentes da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

e, a todos os <strong>com</strong>panheiros <strong>de</strong> luta que acreditaram ser possível, <strong>com</strong> um pouco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>termin<strong>ação</strong>, conseguir realizar o que parecia impossível.<br />

Assim <strong>com</strong>o vem ocorrendo em outros países latino americanos, é hora <strong>de</strong> tirarmos este<br />

Programa do papel e fazermos noss<strong>as</strong> reivindicações b<strong>as</strong>ead<strong>as</strong> nele.<br />

A "Década", oficialmente, po<strong>de</strong> acabar, m<strong>as</strong> a tarefa <strong>de</strong> realizar tudo o que ainda está por ser<br />

feito continuará por muito mais tempo e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da união <strong>de</strong> esforços, do <strong>de</strong>spreendimento<br />

e do i<strong>de</strong>alismo <strong>de</strong> tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> pesso<strong>as</strong> envolvid<strong>as</strong> <strong>com</strong> a causa dos portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência. É<br />

uma tarefa que costumo chamar <strong>de</strong> semeadura <strong>de</strong> idéi<strong>as</strong> <strong>para</strong> que gerações futur<strong>as</strong> venham<br />

colher os frutos da igualda<strong>de</strong> e particip<strong>ação</strong> plena pelos quais hoje estamos lutando.<br />

São Paulo, setembro <strong>de</strong> 1992<br />

Rui Bianchi do N<strong>as</strong>cimento

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