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O PARAÍSO - Portal da História do Ceará

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FERREIRA - Pois ouça: meu pai, apesar de pobre, man<strong>do</strong>u-me<br />

para os estu<strong>do</strong>s. Estava eu quase a fin<strong>da</strong>r o curso de preparatórios,<br />

a fim de matricular-me na Facul<strong>da</strong>de de Direito,<br />

quan<strong>do</strong>, infelizmente, ele morreu, fican<strong>do</strong>-me a responsabili<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> família, - minha mãe e quatro irmãos, e a braços,<br />

na ocasião, com terrível crise climatérica, que destroçou<br />

os parcos bens que nos restavam .<br />

GUSTAVO - Triste mesmo . Além <strong>da</strong> que<strong>da</strong>, coice .<br />

FERREIRA - Força<strong>do</strong> a aban<strong>do</strong>nar os estu<strong>do</strong>s, voltei ao sertão ; e<br />

fiquei, depois, reduzi<strong>do</strong> . .. a que? A feitor . E amanhã, talve2;,<br />

nem a isto . Na<strong>da</strong>, porém, me fará desanimar . Deus é grande<br />

e não desampara ninguém.<br />

GUSTAVO - Recorra, então, a ele, homem . Veja se ele lhe arranja<br />

um emprestimozinho .<br />

FERREIRA - (SEVERO) Não zombo, moço. (PEQUENA PAUSA) O<br />

ver<strong>da</strong>deiro crente, nas conjecturas mais difíceis <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, eleva<br />

a Deus o pensamento, e no íntimo fervor <strong>da</strong> sua fé, encontra<br />

sempre forças para resistir aos embates traiçoeiros <strong>do</strong><br />

destino . (SAI E. A.)<br />

GUSTAVO - Falou bonito, seu Ferreira .<br />

Cena IV<br />

O mesmo e Soli<strong>da</strong>de .<br />

GUSTAVO - (APARECE SOLIDADE) Oh! Soli<strong>da</strong>de . .. quan<strong>do</strong><br />

poderia eu imaginar que viria encontrar no sertão, uma criaturinha<br />

tão radiante de beleza e tão a<strong>do</strong>rável como tu? !<br />

SOLIDADE - Isso é bon<strong>da</strong>de <strong>do</strong> senhor .<br />

GUSTAVO - Absolutamente . É sinceri<strong>da</strong>de pura, sem mistura de<br />

lisonja. Olha a simpatia nasce muitas vezes de um na<strong>da</strong>; um<br />

gesto, um olhar, e prende-nos a alma por to<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> . Bastou-me<br />

ver-te para que este sent!mento me empolgasse por<br />

completo .<br />

SOLIDADE - (ACANHADA) Muito obriga<strong>da</strong> .<br />

GUSTAVO - Sinto-me <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelo teu encanto, Soli<strong>da</strong>de . E a<br />

simpatia <strong>do</strong>s primeiros dias transformou-se em paixão .<br />

(COM FOGO) Amo-te <strong>da</strong>na<strong>da</strong>mente .<br />

SOLIDADE - Que é isto, seu Gustavinho? ! O senhor não sabe que<br />

eu sou noiva? .<br />

GUSTAVO - Noiva! . .. Noiva de um botocu<strong>do</strong>, um bangalafumenga,<br />

um sujeitinho à toa, que não saberá nunca apreciar-te<br />

como mereces . Eu lá posso crer, que realmente gostes<br />

<strong>da</strong>quele João-Ninguém.<br />

SOLIDADE - Pois gosto . Pode crer . (V AI A SAIR)<br />

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