O PARAÍSO - Portal da História do Ceará
O PARAÍSO - Portal da História do Ceará
O PARAÍSO - Portal da História do Ceará
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ZÉ - Sei, sim .<br />
CONDE - Direita! Volver! Marcha, bruto . (ZÉ ESFOLA SAI MAR<br />
CHANDO) (RINDO) Pobre diabo! É-me afeiçoa<strong>do</strong> como um<br />
terra-nova.<br />
Cena II<br />
Conde, Ladislau e depois Dois de Paus.<br />
LADISLAU - (ENTRANDO E.) Bom-dia, cavalheiro .<br />
CONDE - Bom dia .<br />
LADISLAU - (DEPOIS DE FITA-LO) Parece-me que já o vi em<br />
alguma parte .<br />
CONDE - (CONFUSO) Não é possível .<br />
LADISLAU - Sou capaz de jurar. Não me recor<strong>do</strong> é onde foi . ..<br />
(NOUTRO TOM) O senhor é <strong>da</strong>qui?<br />
CONDE - Nasci<strong>do</strong> e cria<strong>do</strong> neste sovaco de serra .<br />
LADISLAU - Mas . .. tem viaja<strong>do</strong> .<br />
CONDE - A cavalo . Aqui perto mesmo . E o senhor?<br />
LADISLAU - An<strong>do</strong> a agenciar sócios para a "Caixa <strong>do</strong> Povo" .<br />
(APARECE DOIS DE PAUS D.)<br />
CONDE - Dois de Paus, quer fazer uma inscrição na "Caixa <strong>do</strong><br />
Povo"?<br />
D. DE PAUS - Inscrição! Cumo é isso?<br />
LADISLAU - Com <strong>do</strong>is mil réis pode o senhor tirar dez contos .<br />
D. DE PAUS - É negação! . ..<br />
LADISLAU - É. Corre pela Loteria Federal nos dias 26 de ca<strong>da</strong><br />
mês . Posso encher a caderneta?<br />
D. DE PAUS - Pode, home .<br />
LADISLAU - (PARA CONDE) E o senhor?<br />
CONDE - Até hoje, de minha família, só meu pai entrou num<br />
desses clubes .<br />
LADISLAU - E foi premia<strong>da</strong> a sua caderneta?<br />
CONDE - Vou contar-lhe o caso . O velho, desde que fez a inscrição,<br />
vivia a fazer mil projetas e a calcular as despesas que<br />
faria no caso de ser premia<strong>da</strong> a sua caderneta .<br />
D. DE PAUS - E foi?<br />
CONDE - Espere . Num dia de sorteio ele disse a minha mãe "Vou<br />
à ci<strong>da</strong>de . Se vocês me avistarem de automóvel é porque fui<br />
sortea<strong>do</strong> . Podem quebrar a louça, queimar os móveis e rasgar<br />
a roupa velha . Comprarei tu<strong>do</strong> novo" . E taco u-se a pé, rumo<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de . Eu fiquei de tocaia, trepa<strong>do</strong> naquela ingazeira .<br />
Nesse tempo nós morávamos naquela casinha à beira <strong>da</strong><br />
estra<strong>da</strong>, debaixo <strong>da</strong> ingazeira .<br />
D. DE PAUS - Ali?! E cumo eu nunca sube disso!<br />
CONDE - (BAIXO) Não se incomode .<br />
D. DE PAUS - Mais . ..<br />
558