minha poesia, senhores, é de primeira linha - Nicolas Behr
minha poesia, senhores, é de primeira linha - Nicolas Behr
minha poesia, senhores, é de primeira linha - Nicolas Behr
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> naqueles dias disse aos seus<br />
discípulos: <strong>é</strong> mais fácil um camelo entrar pra<br />
aca<strong>de</strong>mia do que um acadêmico sair da aca<strong>de</strong>mia<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> prossegue bravamente na<br />
<strong>de</strong>smontagem das estruturas verbais do discurso<br />
literário do edifício concreto, disse o engenheiro<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> são asneiras mas vale pela polêmica<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> acerta na veia e <strong>de</strong>ixa sangrar<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> se você não gosta melhor ainda<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> maior que o mito <strong>de</strong> rimbaud<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> tem como missão <strong>de</strong>sagradar os<br />
concretistas e agradar os parnasianos<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> põe a mão no fogo e queima os <strong>de</strong>dos<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> (na) po<strong>de</strong> faltar tudo, menos feijão<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> reforça a tese da inutilida<strong>de</strong> da <strong>poesia</strong><br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> carência, querência<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> abre as pernas para o poetariado<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> (na) vale tudo. menos mentir<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> faz o bem pensando no mal<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> espera que algu<strong>é</strong>m, no final,<br />
rasgue este livro em pedacinhos e o queime<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> introduz o termo verme na <strong>poesia</strong><br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>de</strong>svaloriza a vida para se valorizar<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> foi con<strong>de</strong>nada a reler os prefácios<br />
<strong>de</strong> todos os livros editados nos últimos 20 anos<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> põe sia on<strong>de</strong> for necessário por sia<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> não <strong>é</strong> digna nem da fogueira<br />
pois assim geraria calor e calor gera energia<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> sabe se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r das agressões<br />
mas <strong>é</strong> impotente diante dos elogios<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> pisa em ovos e faz um belo omelete<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> prefere não comentar a produção<br />
po<strong>é</strong>tica hoje no brasil. simplesmente porque não<br />
há nada que comentar. com a excessão <strong>de</strong>ste livro<br />
41