minha poesia, senhores, é de primeira linha - Nicolas Behr
minha poesia, senhores, é de primeira linha - Nicolas Behr
minha poesia, senhores, é de primeira linha - Nicolas Behr
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> são apenas páginas impressas<br />
com sinais gráficos, nada mais<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> te pega pelo braço e pergunta:<br />
por que você não gosta da <strong>minha</strong> <strong>poesia</strong>?<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> passa pela dor para chegar à alegria<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> bota kerouac no chinelo e vai<br />
passear com ele pelo eixão no domingo, <strong>de</strong> coleira<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> já me ensinou novas palavras: ovo<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>minha</strong> culpa <strong>minha</strong> máxima culpa<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> um vale-tudo danado.<br />
quem vai atirar a <strong>primeira</strong> pedra? ih, errou!<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> – te recebo, te hospedo.<br />
compartilhamos segredos, comes, dormes comigo<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> mais cruel que você. não acredite<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> no horizonte do teu sutiã<br />
vê o seio da sauda<strong>de</strong><br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong>, at<strong>é</strong> certo ponto, <strong>é</strong> vírgula<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong>, dizem, não tem o direito. tem sim<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> reúne a família: adjetivos não<br />
falam com verbos, pronome discute com sujeito<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> uma velha senhora chamada<br />
cora coralina que às vezes me visita<br />
na forma <strong>de</strong> cheiro <strong>de</strong> terra molhada<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> mais parece um código<br />
formado por palavras que se comunicam<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> uma ilha cercada pela insanida<strong>de</strong><br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> só <strong>é</strong> possível se reinventada<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> multimídia. só pra fazer m<strong>é</strong>dia<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> muito doida, dizem. mentira<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> te ama. o poeta não<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> <strong>é</strong> melhor que a <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> drummond<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> às vezes pega pesado<br />
<strong>minha</strong> <strong>poesia</strong> tem absoluta certeza <strong>de</strong> que<br />
fernando pessoa nunca existiu. alberto caeiro sim<br />
68