Palma forrageira: uma oportunidade econômica ainda - Seagri
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Foto: Abílio Maia - <strong>Palma</strong>l em Anagé-BA.<br />
Socioeconomia<br />
Na Bahia, a palma <strong>forrageira</strong><br />
(Opuntia ficus-indica Mill.) faz parte<br />
do rol de atividades agrícolas de sequeiro<br />
do Semi-árido, para suprir a<br />
falta de forragem para os animais nos<br />
períodos longos de seca. Entretanto,<br />
em alguns municípios, mormente na<br />
região da Chapada Diamantina, a<br />
palma é utilizada na alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na. Com o broto da palma, também<br />
denominado palma-verdura, são<br />
feitos diversos pratos da culinária<br />
(GUEDES, 2002; GUEDES et al.<br />
2004).<br />
A FAO reconhece o potencial da<br />
palma e sua importância para contribuir<br />
com o desenvolvimento das regiões<br />
áridas e semi-áridas, especialmente<br />
nos países em desenvolvimento,<br />
através da exploração <strong>econômica</strong><br />
das várias espécies, com conseqüências<br />
excelentes para o meio ambiente<br />
e para segurança alimentar.<br />
Mundialmente, a palma, conforme<br />
registros na literatura, é utilizada<br />
para produzir forragem, verdura<br />
para consumo h<strong>uma</strong>no, principalmente<br />
no México, frutas frescas,<br />
processadas para os mercados nacional<br />
e internacional, especialmente<br />
EUA e Europa, além da possibilidade<br />
de exploração das propriedades<br />
medicinais, constatadas experimentalmente<br />
no tratamento de diabetes,<br />
gastrite e obesidade.<br />
Diante desses aspectos, este trabalho<br />
pretende reunir informações<br />
sobre a palma <strong>forrageira</strong>, a fim de<br />
despertar nos segmentos público e<br />
privado a sua elevada importância<br />
e potencialidade para o desenvolvimento<br />
social e econômico do Semiárido<br />
baiano, na certeza de que essa<br />
cactácea poderá contribuir seriamente<br />
para a geração de postos de<br />
trabalho e de renda, preservação<br />
ambiental, segurança alimentar, com<br />
reflexos positivos diretos nos indicadores<br />
sócio-econômicos regionais.<br />
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Botânica e<br />
características<br />
morfológicas<br />
Face à complexidade do gênero<br />
Opuntia, provocada pelas variações<br />
fenotípicas reguladas por condições<br />
climáticas, pela poliploidia que ocorrem<br />
em um grande número de populações,<br />
pela alta capacidade de hibridação,<br />
a taxonomia do gênero é<br />
muito difícil, razão pela qual poucos<br />
pesquisadores se dedicam ao seu<br />
estudo (SCHEINVAR, 2001).<br />
No mundo, já foram descritas<br />
cerca de 300 espécies de cactáceas<br />
pertencentes ao gênero Opuntia,<br />
distribuídas desde o Canadá até<br />
a Argentina (SCHEINVAR, 2001;<br />
REINOLDS; ARIAS, 2004). Entre as<br />
espécies selvagens e cultivadas mais<br />
utilizadas, 12 espécies pertencem a<br />
Opuntia e <strong>uma</strong> Nopalea.<br />
Segundo Bravo (1978) as palmas<br />
<strong>forrageira</strong>s pertencem à classe<br />
Liliateae; família Cactaceae; subfamília<br />
Opuntioideae, tribu Opuntiae;<br />
gênero Opuntia, subgênero Opuntia<br />
e Nopalea; do reino Vegetal; sub-reino<br />
Embryophita; divisão Angiospermae.<br />
Usos e<br />
aplicações<br />
da palma<br />
A grande diversidade de usos e<br />
aplicações da palma <strong>forrageira</strong> revela<br />
a versatilidade dessa espécie<br />
vegetal, que apesar de ser cultivada<br />
no Semi-árido baiano para alimentação<br />
animal, não tem sua potencialidade<br />
explorada plenamente. Em<br />
conseqüência, vêm sendo desperdiçadas<br />
excelentes <strong>oportunidade</strong>s<br />
para melhoria dos índices sociais e<br />
econômicos desse espaço geográfico,<br />
mediante a geração de postos de<br />
trabalho, renda, oferta de alimentos<br />
e preservação ambiental.<br />
Mundialmente, a palma <strong>forrageira</strong><br />
é usada na alimentação h<strong>uma</strong>na,<br />
arraçoamento animal, como fonte de<br />
energia, na medicina, na indústria de<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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cosméticos, na proteção e conservação<br />
do solo, dentre outros usos<br />
nobres, a exemplo da fabricação de<br />
adesivos, colas, fibras para artesanato,<br />
papel, corantes, mucilagem,<br />
antitranspirante e ornamentação<br />
(BARBERA, 2001).<br />
Alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na<br />
Desde o período pré-hispânico<br />
que a palma <strong>forrageira</strong> é utilizada<br />
pelo homem no México, assumindo<br />
um papel importante na economia<br />
agrícola do Império Asteca, juntamente<br />
com o milho e a agave, consideradas<br />
as espécies vegetais mais<br />
antigas cultivadas no território<br />
mexicano (REINOLDS; ARIAS, 2004).<br />
Na alimentação h<strong>uma</strong>na, geralmente,<br />
são usados em preparações culinárias<br />
os brotos da palma ou raquetes jovens<br />
(cladódios), denominados de verdura<br />
e os frutos, ao natural ou processados.<br />
a) Frutos de palma<br />
O uso da fruta da palma na alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na era comum no<br />
México desde o período que antecedeu<br />
a colonização espanhola (INGLESE,<br />
2001). Após a conquista, a fruta manteve<br />
seu papel básico na dieta da população<br />
mexicana à época e, decorrido<br />
um século, já estava sendo consumida<br />
no Sul da Itália e na ilha da<br />
Sicília (VARVARA apud INGLESE, 2001).<br />
Dos planaltos mexicanos a palma<br />
migrou para outras regiões, onde está<br />
sendo cultivada para produção de<br />
frutos. Atualmente, é cultivada nas<br />
zonas áridas e semi-áridas do mundo<br />
inteiro, em sistemas sustentados com<br />
altos rendimentos e baixa demanda<br />
de energia (BALDINI et al. 1982).<br />
Cada espécie do gênero Opuntia<br />
produz frutos de diferentes formas,<br />
cores e sabor delicado (CANTWELL,<br />
2001), cuja composição química é<br />
apresentada na Tabela 1 e os dados<br />
contidos na Tabela 2 estabelecem<br />
<strong>uma</strong> comparação com as composições<br />
da laranja e do mamão.<br />
A Figura 1, mostra detalhe de um<br />
cladódio frutificado.