Palma forrageira: uma oportunidade econômica ainda - Seagri
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Socioeconomia<br />
<strong>Palma</strong> <strong>forrageira</strong>:<br />
<strong>uma</strong> <strong>oportunidade</strong><br />
<strong>econômica</strong> <strong>ainda</strong> desperdiçada<br />
para o Semi-árido baiano<br />
zona fisiográfica do Semiárido<br />
da Bahia ocupa 360 mil<br />
km2 A , área que corresponde a<br />
64 e 51,7% respectivamente, do<br />
território baiano e do Nordeste, sendo<br />
composta por 258 municípios, onde<br />
residem 48% da população estadual,<br />
em torno de 6,3 milhões de pessoas,<br />
(BLAMONT et al., 2002).<br />
As condições edafoclimáticas do<br />
Semi-árido são caracterizadas por<br />
solos rasos, pedregosos ou arenosos,<br />
com pouca matéria orgânica, porém<br />
ricos em minerais solúveis e pH<br />
neutro ou próximo de sete. O clima é<br />
seco, com precipitações pluviométricas<br />
variando de 400 a 800 milímetros,<br />
irregularmente distribuídas e<br />
concentradas no verão. A temperatura<br />
oscila entre 23ºC a 28ºC, com<br />
amplitude diária de, mais ou menos<br />
10ºC. A luminosidade média é de<br />
2.800 horas de luz ao ano. A cobertura<br />
vegetal predominante é a caatinga<br />
constituída por plantas efêmeras,<br />
suculentas ou carnosas e lenhosas,<br />
geralmente, tolerantes a longos períodos<br />
de estiagem.<br />
As explorações agrícolas, nesse<br />
espaço geográfico, mutatis mutandis,<br />
*Doutor em Agronomia, Especialista em Fiscalização/Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Salvador – BA.<br />
**Mestre em Agronomia, Fiscal Federal Agropecuário/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)/Delegacia Federal da Agricultura na<br />
Bahia (DFA-BA), Salvador – BA; e-mail: augustosmesquita@ig.com.br<br />
***Mestre em Agronomia, Coordenadora da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), Salvador – BA; e-mail: jucimara@adab.ba.gov.br<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
Francisco Paulo Brandão Chiacchio*<br />
Augusto Sávio Mesquita**<br />
Jucimara Rodrigues dos Santos***<br />
são centradas em cultivos de sequeiros<br />
e criações de bovinos, caprinos<br />
e ovinos, excetuando-se aquelas<br />
praticadas nas “ilhas de prosperidade”,<br />
onde a irrigação é viável.<br />
Em face às agruras do clima, que<br />
resultam em cíclicas estiagens, o<br />
desempenho desse frágil modelo<br />
agrícola é severamente prejudicado,<br />
fato que impõe graves restrições<br />
à sobrevivência e determina os piores<br />
resultados no Índice de Desenvolvimento<br />
H<strong>uma</strong>no (IDH) e Índice de<br />
Desenvolvimento Econômico (IDE),<br />
do Estado.<br />
Foto: Abílio Maia - <strong>Palma</strong>l em Anagé-BA.<br />
39
40<br />
Foto: Abílio Maia - <strong>Palma</strong>l em Anagé-BA.<br />
Socioeconomia<br />
Na Bahia, a palma <strong>forrageira</strong><br />
(Opuntia ficus-indica Mill.) faz parte<br />
do rol de atividades agrícolas de sequeiro<br />
do Semi-árido, para suprir a<br />
falta de forragem para os animais nos<br />
períodos longos de seca. Entretanto,<br />
em alguns municípios, mormente na<br />
região da Chapada Diamantina, a<br />
palma é utilizada na alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na. Com o broto da palma, também<br />
denominado palma-verdura, são<br />
feitos diversos pratos da culinária<br />
(GUEDES, 2002; GUEDES et al.<br />
2004).<br />
A FAO reconhece o potencial da<br />
palma e sua importância para contribuir<br />
com o desenvolvimento das regiões<br />
áridas e semi-áridas, especialmente<br />
nos países em desenvolvimento,<br />
através da exploração <strong>econômica</strong><br />
das várias espécies, com conseqüências<br />
excelentes para o meio ambiente<br />
e para segurança alimentar.<br />
Mundialmente, a palma, conforme<br />
registros na literatura, é utilizada<br />
para produzir forragem, verdura<br />
para consumo h<strong>uma</strong>no, principalmente<br />
no México, frutas frescas,<br />
processadas para os mercados nacional<br />
e internacional, especialmente<br />
EUA e Europa, além da possibilidade<br />
de exploração das propriedades<br />
medicinais, constatadas experimentalmente<br />
no tratamento de diabetes,<br />
gastrite e obesidade.<br />
Diante desses aspectos, este trabalho<br />
pretende reunir informações<br />
sobre a palma <strong>forrageira</strong>, a fim de<br />
despertar nos segmentos público e<br />
privado a sua elevada importância<br />
e potencialidade para o desenvolvimento<br />
social e econômico do Semiárido<br />
baiano, na certeza de que essa<br />
cactácea poderá contribuir seriamente<br />
para a geração de postos de<br />
trabalho e de renda, preservação<br />
ambiental, segurança alimentar, com<br />
reflexos positivos diretos nos indicadores<br />
sócio-econômicos regionais.<br />
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Botânica e<br />
características<br />
morfológicas<br />
Face à complexidade do gênero<br />
Opuntia, provocada pelas variações<br />
fenotípicas reguladas por condições<br />
climáticas, pela poliploidia que ocorrem<br />
em um grande número de populações,<br />
pela alta capacidade de hibridação,<br />
a taxonomia do gênero é<br />
muito difícil, razão pela qual poucos<br />
pesquisadores se dedicam ao seu<br />
estudo (SCHEINVAR, 2001).<br />
No mundo, já foram descritas<br />
cerca de 300 espécies de cactáceas<br />
pertencentes ao gênero Opuntia,<br />
distribuídas desde o Canadá até<br />
a Argentina (SCHEINVAR, 2001;<br />
REINOLDS; ARIAS, 2004). Entre as<br />
espécies selvagens e cultivadas mais<br />
utilizadas, 12 espécies pertencem a<br />
Opuntia e <strong>uma</strong> Nopalea.<br />
Segundo Bravo (1978) as palmas<br />
<strong>forrageira</strong>s pertencem à classe<br />
Liliateae; família Cactaceae; subfamília<br />
Opuntioideae, tribu Opuntiae;<br />
gênero Opuntia, subgênero Opuntia<br />
e Nopalea; do reino Vegetal; sub-reino<br />
Embryophita; divisão Angiospermae.<br />
Usos e<br />
aplicações<br />
da palma<br />
A grande diversidade de usos e<br />
aplicações da palma <strong>forrageira</strong> revela<br />
a versatilidade dessa espécie<br />
vegetal, que apesar de ser cultivada<br />
no Semi-árido baiano para alimentação<br />
animal, não tem sua potencialidade<br />
explorada plenamente. Em<br />
conseqüência, vêm sendo desperdiçadas<br />
excelentes <strong>oportunidade</strong>s<br />
para melhoria dos índices sociais e<br />
econômicos desse espaço geográfico,<br />
mediante a geração de postos de<br />
trabalho, renda, oferta de alimentos<br />
e preservação ambiental.<br />
Mundialmente, a palma <strong>forrageira</strong><br />
é usada na alimentação h<strong>uma</strong>na,<br />
arraçoamento animal, como fonte de<br />
energia, na medicina, na indústria de<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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cosméticos, na proteção e conservação<br />
do solo, dentre outros usos<br />
nobres, a exemplo da fabricação de<br />
adesivos, colas, fibras para artesanato,<br />
papel, corantes, mucilagem,<br />
antitranspirante e ornamentação<br />
(BARBERA, 2001).<br />
Alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na<br />
Desde o período pré-hispânico<br />
que a palma <strong>forrageira</strong> é utilizada<br />
pelo homem no México, assumindo<br />
um papel importante na economia<br />
agrícola do Império Asteca, juntamente<br />
com o milho e a agave, consideradas<br />
as espécies vegetais mais<br />
antigas cultivadas no território<br />
mexicano (REINOLDS; ARIAS, 2004).<br />
Na alimentação h<strong>uma</strong>na, geralmente,<br />
são usados em preparações culinárias<br />
os brotos da palma ou raquetes jovens<br />
(cladódios), denominados de verdura<br />
e os frutos, ao natural ou processados.<br />
a) Frutos de palma<br />
O uso da fruta da palma na alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na era comum no<br />
México desde o período que antecedeu<br />
a colonização espanhola (INGLESE,<br />
2001). Após a conquista, a fruta manteve<br />
seu papel básico na dieta da população<br />
mexicana à época e, decorrido<br />
um século, já estava sendo consumida<br />
no Sul da Itália e na ilha da<br />
Sicília (VARVARA apud INGLESE, 2001).<br />
Dos planaltos mexicanos a palma<br />
migrou para outras regiões, onde está<br />
sendo cultivada para produção de<br />
frutos. Atualmente, é cultivada nas<br />
zonas áridas e semi-áridas do mundo<br />
inteiro, em sistemas sustentados com<br />
altos rendimentos e baixa demanda<br />
de energia (BALDINI et al. 1982).<br />
Cada espécie do gênero Opuntia<br />
produz frutos de diferentes formas,<br />
cores e sabor delicado (CANTWELL,<br />
2001), cuja composição química é<br />
apresentada na Tabela 1 e os dados<br />
contidos na Tabela 2 estabelecem<br />
<strong>uma</strong> comparação com as composições<br />
da laranja e do mamão.<br />
A Figura 1, mostra detalhe de um<br />
cladódio frutificado.
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Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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Socioeconomia<br />
Figura 1- Cladódio frutificado<br />
A produtividade de frutas é muito<br />
variável entre os países produtores,<br />
porém é superior a de outras frutíferas<br />
cultivadas no semi-árido, bem como<br />
a época de colheita (INGLESE, 2001).<br />
Vários autores apud CANTWELL<br />
(2001), mencionaram que a produtividade<br />
oscila entre 4-10 t/ha a 6-15<br />
t/ha, no México e Chile, respectivamente;<br />
15-25 t/ha em Israel e Itália<br />
e 10-30 t/ha na África do Sul. A<br />
comercialização dos frutos, geralmente,<br />
é feita a granel ou em caixas.<br />
No município de Valinhos – SP,<br />
existe um pomar centenário de palma<br />
<strong>forrageira</strong>, implantado por colonizadores<br />
italianos, ocupando, atualmente,<br />
<strong>uma</strong> área de 1,5 ha, sendo que<br />
70% da produção de frutas são<br />
exportadas e o restante comercializado<br />
no mercado interno, com faturamento<br />
em torno de US$ 8 mil/ano<br />
(GLASS, 2004). No palmal são produzidos<br />
cerca de 100 mil frutos/ano,<br />
estimando-se <strong>uma</strong> produtividade em<br />
torno de 5,5 mil kg/ha, comercializados<br />
por volta de R$ 26,00/kg<br />
(Figuras 2 e 3).<br />
b) Broto de palma (verdura)<br />
No México, a exploração da<br />
palma <strong>forrageira</strong> é bastante diversificada.<br />
Utiliza-se todo o potencial<br />
produtivo da planta, a exemplo de<br />
Foto: Globo Rural (2001)<br />
41
42<br />
Foto: Globo Rural (2001)<br />
Socioeconomia<br />
Figura 2 - Frutos embalados para exportação<br />
produção de frutas, de brotos jovens<br />
sob a forma de verdura para alimentar<br />
a população, forragens para os<br />
animais, cercas vivas para proteção<br />
dos solos, na medicina entre outros<br />
usos e aplicações (FLORES VALDEZ,<br />
2001).<br />
O cultivo de palma <strong>forrageira</strong><br />
para produção de verdura é desenvolvido<br />
em três sistemas de produção:<br />
palmais nativos selvagens, hortas<br />
familiares e plantios comerciais<br />
(SODI, 1964).<br />
As raquetes ou brotos de palma,<br />
devem ser colhidos 30 a 60 dias após<br />
a brotação, com 80 a 120 gramas e<br />
15 a 20 cm de comprimento, a fim<br />
de que possam ser utilizados como<br />
verdura na alimentação h<strong>uma</strong>na<br />
(FLORES VALDEZ, 2001). GUEDES et<br />
al. (2004) fornecem equivalência do<br />
peso do cladódio em relação ao tamanho:<br />
pequeno = 40-60 g; médio = 90-<br />
110 g e grande = 150-200 g. Para<br />
esses autores, o cladódio ideal para<br />
uso em preparações culinárias deve<br />
apresentar as seguintes características:<br />
tamanho da palma da mão de<br />
<strong>uma</strong> pessoa adulta, cor verde brilhante,<br />
sem espinhos e facilmente<br />
quebrável quando dobradas.<br />
No mundo, o uso de broto palma<br />
ou verdura, basicamente, é restrito ao<br />
México e outros países com influência<br />
mexicana (FLORES VALDEZ,<br />
2001), onde existem mais de 200<br />
receitas de comidas à base de palma<br />
<strong>forrageira</strong> (GUEDES et al., 2004). Nos<br />
EUA e alguns países europeus e<br />
asiáticos, a verdura participa de re-<br />
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Foto: Globo Rural (2001)<br />
Figura 3 - Plantio comercial de palma para<br />
produção de frutas, Valinhos-SP<br />
ceitas culinárias, consumidas esporadicamente<br />
como alimento exótico.<br />
No Brasil, especificamente em<br />
alguns municípios do Sertão baiano<br />
e da Chapada Diamantina, o broto de<br />
palma entra na dieta alimentar da<br />
população, a ponto do broto está sendo<br />
empacotado e comercializado nas<br />
feiras livres (GUEDES et al., 2002).<br />
As qualidades nutricionais do<br />
broto de palma são objeto das<br />
Tabelas 3 e 4, que estabelecem,<br />
<strong>ainda</strong>, <strong>uma</strong> comparação com outros<br />
vegetais. O reconhecimento do valor<br />
nutricional desta planta tem motivado,<br />
nos últimos anos, o desenvolvimento<br />
de trabalhos pela Universidade<br />
Federal de Pernambuco, em<br />
parceria com o Serviço de Apoio à<br />
Pequena e Média Empresa (SEBRAE)<br />
e outros colaboradores, objetivando<br />
introduzir a verdura de palma na dieta<br />
alimentar do nordestino.<br />
A propósito, várias receitas de<br />
pratos com sabores regionais vêm<br />
sendo desenvolvidas por Guedes<br />
(2002 e 2004) e por Guedes et al.<br />
(2004). Iniciativas como essas devem<br />
assumir caráter prioritário, desempenhando<br />
papel fundamental nos<br />
programas sociais, na expectativa de<br />
reduzir a fome e minimizar as deficiências<br />
nutricionais da população.<br />
As cultivares de palma utilizadas<br />
para produção de verdura ou broto<br />
variam em função da região de<br />
cultivo. São usadas, desde variedades<br />
selvagens a melhoradas ou domesticadas,<br />
em plantios comerciais.<br />
Nestes, predominam ‘Milpa Alta’,<br />
‘Copena V1’, ‘Copena F1’,‘Moradilla’,<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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Socioeconomia<br />
‘Atixco’ e ‘Polotitan’ (FLORES VAL-<br />
DEZ, 2001). Segundo esse autor, a<br />
produtividade do cultivar Milpa Alpa<br />
é da ordem de 80 a 90 t/ha, comercializado<br />
em fardos de 250 a 300 kg,<br />
com preços variando entre US$ 8 a<br />
24, dependo da época do ano.<br />
Alimentação<br />
animal<br />
A má distribuição e irregularidade<br />
de chuvas no Semi-árido são responsáveis<br />
por estiagens prolongadas, resultando<br />
em sérios prejuízos econômicos<br />
para os pecuaristas, que, assim,<br />
são forçados a comercializar o rebanho,<br />
periodicamente, com preços abaixo<br />
do mercado, em função da falta<br />
de alimentos (FELKER, 2001). Diante<br />
desse cenário, a produção de alimentos<br />
para as populações e para os rebanhos<br />
na região, deverá ser baseada<br />
em espécies vegetais que apresentem<br />
características de alta adaptabilidade<br />
às condições edafo-climáticas regionais.<br />
Pelas características morfofisiológicas<br />
das espécies da família<br />
Cactaceae, plantas CAM 1 , especialmente<br />
a palma <strong>forrageira</strong> – O. ficusindica<br />
e N. cochenillifera, possuem<br />
os requisitos para suportar os rigores<br />
de clima e as especificidades físicoquímicas<br />
dos solos das zonas semiáridas.<br />
A propósito, estas plantas já<br />
vêm sendo cultivadas, em diversos<br />
países e no Semi-árido baiano, para<br />
produção de forragem animal, porém<br />
não na plenitude do potencial.<br />
Segundo Felker (2001), a palma<br />
<strong>forrageira</strong>, ao lado dos atributos de<br />
resistência a estiagens prolongadas,<br />
podem fornecer energia, água e vitamina<br />
A, garantindo o suprimento<br />
de alimentos extremamente importantes<br />
para a manutenção dos rebanhos,<br />
evitando frustrações na atividade<br />
pecuária, nos períodos de seca.<br />
No Nordeste Brasileiro predominam<br />
três cultivares de palma <strong>forrageira</strong><br />
(Tabelas 5 e 6), das quais duas<br />
pertencem a O. ficus-indica, vulgarmente<br />
conhecidas como redonda ou<br />
orelha-de-onça e gigante, graúda,<br />
azeda ou santa e <strong>uma</strong> pertencente a<br />
N. cochenillifera, denominada de<br />
43
44<br />
Socioeconomia<br />
miúda, língua-de-vaca ou doce (MAIA<br />
NETO, 2000).<br />
Relativamente ao rendimento<br />
médio de cultivo, Felker (2001) considera<br />
os valores citados na literatura<br />
sobre o tema muitos altos. No particular,<br />
Blanco (1957) obteve produções<br />
que variaram de 100 a 200 t<br />
de peso fresco, ao ano. Maia Neto<br />
(2000) cita que, no sertão pernambucano,<br />
foi alcançado rendimento<br />
médio de 400 t/ha/ano, quando se<br />
adotou tecnologia mexicana de produção,<br />
com adensamento de plantas<br />
e de 110 t/ha/ano com a tecnologia<br />
preconizada pela Empresa de Pesquisa<br />
de Pernambuco (IPA).<br />
Os altos valores energéticos de<br />
digestibilidade e de teor nutritivo,<br />
principais atributos da palma <strong>forrageira</strong>,<br />
não são suficientes para suprir<br />
as necessidades alimentícias dos animais,<br />
tornando-se necessário o balanceamento<br />
da ração em proteínas e<br />
minerais (FELKER, 2001). Esse autor<br />
recomenda três maneiras para elevar<br />
o teor protéico na palma <strong>forrageira</strong>, a<br />
fim de reduzir a necessidade de<br />
suplementação: 1) usar de adubações<br />
nitrogenadas e fosfatadas durante o<br />
cultivo; 2) selecionar clones ou cultivares<br />
com altos teores de Fósforo e<br />
Nitrogênio; 3) inocular bactérias fixadoras<br />
de Nitrogênio no sistema radicular<br />
das plantas, a exemplo de<br />
Azozpirillum spp.<br />
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O SEBRAE, em Pernambuco, ao<br />
lado da Universidade Federal e da<br />
Federação de Agricultura daquele<br />
Estado, também busca ampliar o uso<br />
da palma na ração animal, potencializando<br />
o seu valor nutricional.<br />
São, portanto, desenvolvidas tecnologias<br />
que permitam substituir os<br />
componentes energéticos nas formulações<br />
de rações de ruminantes, monogástricos<br />
e para complementação<br />
nas de aves (Figuras 4 e 5).<br />
Agroindustrialização<br />
A agroindustrialização da palma<br />
<strong>forrageira</strong> resulta em diversas preparações,<br />
produtos e derivados, permitindo<br />
o uso diversificado das raquetes<br />
jovens e dos frutos, fato que<br />
resulta em agregação de valor à<br />
produção, com efeitos positivos na<br />
geração de postos de trabalho e<br />
renda.<br />
Vários autores determinaram a<br />
composição química da polpa dos<br />
frutos de palma (SÁENZ-HERNÁNDEZ,<br />
2001), permitindo concluir que possui<br />
valor nutritivo comparável ao de<br />
outras frutas e que o teor de sólidos<br />
solúveis é maior que o da ameixa, ce-<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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reja, damasco, maçã, melão e pêssego<br />
(PIMIENTA, 1990; SCHIMIDT-<br />
HEBBEL E PENNACHIOTI, 1985). Os<br />
teores de proteínas, gorduras, fibras<br />
e cinzas são semelhantes ao de outras<br />
frutíferas, porém com teor total de<br />
aminoácidos bem superior (SÁENZ-<br />
HERNÁNDEZ, 2001).<br />
Segundo aquele autor, sucos e<br />
polpas são os produtos freqüentemente<br />
extraídos dos frutos de palma<br />
<strong>forrageira</strong>. Todavia, Sawaya et al.<br />
(1983) prepararam doce em forma de<br />
pasta, com ou sem branqueamento<br />
das frutas, utilizando <strong>uma</strong> proporção<br />
de polpa: açúcar da ordem de 60:40;<br />
1,25% de pectina e ácido cítrico:<br />
ácido tartárico, na proporção de 1:1.<br />
Quando adicionaram cravo-da-índia,<br />
extrato de grapefruit (pomelo; Citrus<br />
dec<strong>uma</strong>na), extrato de laranja e<br />
aroma de amêndoa, conseguiram<br />
melhoria no sabor.<br />
O congelamento de frutos em fatias<br />
ou em quartos, com e sem casca,<br />
foi obtido com sucesso por Sáenz et<br />
al. (1988). Outras preparações<br />
agroindustrializadas são usuais, a<br />
exemplo de fabricação de bebidas<br />
alcoólicas, xarope, frutas secas,<br />
cristalizadas. A propósito, os índios<br />
mexicanos, à época da colonização<br />
espanhola, já consumiam frutas secas<br />
de palma.
Foto: Acervo Biblioteca SEAGRI<br />
Figura 5 - <strong>Palma</strong> para arraçoamento animal no Semi-Árido baiano<br />
Foto: Acervo Biblioteca SEAGRI Figura 4 - <strong>Palma</strong> para arraçoamento animal, Irará-BA<br />
Tirado (1986) e Badillo (1987)<br />
fizeram doce de cladódios em pasta,<br />
adicionando suco e casca de laranja<br />
e açúcar, nas proporções de 1:1,<br />
5:0,8:0,08 e açúcar e ácido cítrico,<br />
nas proporções de 1:0,6:0,01, respectivamente.<br />
Guedes (2002 e 2004) e Guedes<br />
et al. (2004) aviaram receitas com<br />
diversas preparações culinárias<br />
salgadas, saladas, doces, sucos,<br />
conservas, a partir de frutos e do broto<br />
palma (Figura 6).<br />
Ressalte-se que as sementes<br />
possuem de 5,8% a 13% de óleo<br />
comestível, com alto grau de não<br />
saturação, com 57,7% a 73,4% de<br />
ácido linoléico, de qualidade similar<br />
a outros vegetais comestíveis, a<br />
exemplo do de milho e de sementes<br />
de uva (SÁENZ HERNÁNDEZ, 2001).<br />
Esse autor também chama atenção<br />
para o uso alimentício, medicinal e<br />
na cosmética da mucilagem obtida da<br />
casca dos frutos e dos cladódios.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Uso medicinal<br />
A medicina popular, principalmente<br />
a mexicana, registra a cura de<br />
um grande número de doenças com<br />
o uso da palma <strong>forrageira</strong> (SÁENZ<br />
HERNÁNDEZ, 2001). O fruto da<br />
palma é considerado antidiarréico,<br />
antidisentérico, peitoral, antiasmático<br />
e béquico, diurético, cardiotônico,<br />
antiinflamatório da bexiga e da uretra,<br />
aliviando o ardor causado pela cistite<br />
e uretite (FIGO-DA-ÍNDIA, 2004).<br />
Os efeitos diurético e antidiabético<br />
da palma foram comprovados<br />
cientificamente por McLaughlin<br />
(1981) e Gulías e Robles (1989),<br />
respectivamente. Também, Frati-<br />
Murani et al. (1983) e Ibanéz-<br />
Camacho et al. (1983) constataram a<br />
ação antiglicêmica da palma. Já<br />
Fernandez et al. (1990) estudaram o<br />
papel do extrato de cladódios sobre<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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Socioeconomia<br />
45
46<br />
Fonte: BARBERA, 2001<br />
Fonte: BARBERA, 2001<br />
Socioeconomia<br />
Figura 6 - Doce, geléia de frutos (em<br />
cima), pedaços de verdura, e frutos em<br />
conserva.<br />
Figura 7 - Lã tingida com carmim em diferentes<br />
tonalidades.<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
a redução de níveis de colesterol no<br />
sangue. Existem menções na literatura<br />
sobre o uso de cápsulas de palma<br />
<strong>forrageira</strong> desidratada para o controle<br />
de obesidade.<br />
Produção de<br />
corantes<br />
Entre os diversos usos e aplicações<br />
da palma <strong>forrageira</strong> pelos indígenas<br />
mexicanos, a produção<br />
de carmim, corante de alto valor,<br />
produzido por um inseto do grupo<br />
dos coccídeos, a cochonilha<br />
Dactylopius coccus Costa, que utiliza<br />
a palma como planta hospeira,<br />
foi o que mais chamou atenção dos<br />
colonizadores espanhóis devido às<br />
suas qualidades comerciais, fato<br />
que determinou a sua designação<br />
popular como grana cochinilla<br />
(BARBERA, 2001).<br />
O inseto é um parasita específico<br />
das espécies do gênero Opuntia e<br />
Nopalea, preferentemente O. ficusindica.<br />
As fêmeas dos insetos nos<br />
dois últimos ínstars contêm entre<br />
19% e 24% do peso seco em<br />
ácido cármico (FLORES-FLORES;<br />
TAKELENBURG, 2001). Para esses<br />
autores, atualmente, o Peru é maior<br />
produtor de cochonilha seca para<br />
extração do corante, contribuindo<br />
com 85% da produção mundial, que<br />
é da ordem de 500 t, sendo que o<br />
restante provém das Ilhas Canárias,<br />
México, Bolívia e Chile. A expectativa<br />
dos peruanos é de que o<br />
preço da cochonilha seca alcance<br />
US$ 15/kg.<br />
A Europa, Japão e os EUA são<br />
os principais mercados para a cochonilha<br />
seca peruana. O Peru<br />
utiliza a metade da produção para<br />
fabricar o carmim, que é <strong>uma</strong> laca<br />
feita a partir do ácido cármico. Tanto<br />
a cochonilha como o carmim são<br />
utilizados como corante vermelho nas<br />
indústrias alimentícia, farmacêutica<br />
e cosmética e no tingimento de lã<br />
(FLORES-FLORES; TAKELENBURG,<br />
2001) (Figura 7).<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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Indústria de<br />
cosméticos<br />
A indústria de cosméticos tem<br />
produzido e colocado no mercado<br />
<strong>uma</strong> grande variedade de produtos,<br />
principalmente no México, destacando-se<br />
xampus, loções adstringentes,<br />
loções para o corpo, sabonetes<br />
etc. (SÁENZ HERNÁNDEZ,<br />
2001). Os principais usos e aplicações<br />
da palma <strong>forrageira</strong> encontram-se<br />
resumidos na Tabela 7.<br />
Conclusão<br />
Aproximadamente dois terços do<br />
território baiano insere-se no Semiárido,<br />
espaço geográfico marcado<br />
pelas limitações à produção agrícola,<br />
impostas pelas peculiaridades dos<br />
seus recursos naturais. Ao lado das<br />
agruras do clima, que impõem severo<br />
déficit hídrico e, portanto, baixo desempenho<br />
econômico às explorações<br />
agrícolas praticadas, notadamente<br />
devido ao regime de má distribuição<br />
das parcas precipitações pluviométricas,<br />
depara-se com o baixo<br />
potencial de irrigação (sabe-se que<br />
menos de 3% da área da Bahia são<br />
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irrigáveis). Esse quadro de restrições<br />
naturais é agravado, <strong>ainda</strong>, pela insuficiência<br />
dos investimentos estatais<br />
em infra-estrutura e de apoio à organização<br />
social.<br />
Todavia, a despeito dessas dificuldades,<br />
o Semi-árido baiano é um<br />
espaço geográfico de grande potencial<br />
produtivo. Em meio aos seus<br />
360 mil km 2 , há nichos ecológicos<br />
privilegiados para a prática de agricultura<br />
racional, desde aquelas explorações<br />
sob regime de irrigação, como<br />
as que se observa no principal pólo<br />
de fruticultura tropical do Brasil,<br />
Juazeiro-Petrolina, até a condução de<br />
atividades de sequeiro, que, quando<br />
manejadas dentro de padrões de<br />
eficiência <strong>econômica</strong>, podem resultar<br />
em melhoria do bem-estar das comunidades<br />
rurais e incremento da<br />
renda agrícola estadual.<br />
Assim, saber explorar o grande<br />
potencial produtivo do Semi-árido<br />
com alternativas sustentadas de<br />
desenvolvimento, torna-se imperativo.<br />
O cerne da questão reside, pois,<br />
na exploração competitiva desse<br />
potencial, mediante investimentos<br />
públicos e privados, como acentua<br />
Delfim Netto (2004): “ Há muitos problemas<br />
que temos de resolver, um<br />
dos quais de extraordinária importância<br />
para acelerar o desenvolvimento:<br />
o aproveitamento das van-<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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Socioeconomia<br />
tagens comparativas. É <strong>uma</strong> questão<br />
que divide a “tribo” dos economistas<br />
entre os que acreditam que vantagens<br />
comparativas podem ser criadas pela<br />
mão do homem e aqueles que acham<br />
que elas são um dom que Deus deu<br />
a cada país.”<br />
Inexoravelmente, a exploração<br />
racional da palma <strong>forrageira</strong> inserese<br />
nesse propósito. Esta cactácea, em<br />
virtude de suas especificidades fisiológicas,<br />
medra com desenvoltura em<br />
solos do Semi-árido, podendo atingir<br />
elevados níveis de rendimento. Conforme<br />
se depreende das informações<br />
apresentadas neste trabalho, há <strong>uma</strong><br />
gama de aptidões e produtos inerentes<br />
a esta planta que precisa ser<br />
explorada pelos sertanejos da Bahia.<br />
Desde o uso no arraçoamento animal,<br />
prática já consolidada pelos pecuaristas,<br />
até o emprego na alimentação<br />
h<strong>uma</strong>na, em face ao seu expressivo<br />
valor alimentício, tanto na subsistência,<br />
como em escala comercial,<br />
mediante produção dentro de padrões<br />
de conformidade exigidos pelos<br />
mercados e com a desejável diferenciação<br />
de produtos. Ademais, tem-se<br />
que prever a exploração da palma<br />
<strong>forrageira</strong> como frutífera, que pode<br />
assegurar ganhos da ordem de R$<br />
26,00/kg, a exemplo dos resultados<br />
obtidos em Valinhos-SP e matériaprima<br />
para a fabricação de produtos<br />
47
48<br />
Socioeconomia<br />
industriais de significativo valor agregado:<br />
sucos, polpas, doces, conservas,<br />
pratos para alimentação rápida,<br />
bebidas alcoólicas, cosméticos, adesivos,<br />
colas, fibras, papel, corantes,<br />
mucilagem, antitranspirante.<br />
Para consecução desse desígnio<br />
o apoio do Estado é fundamental. Há<br />
que se investir em pesquisa e desenvolvimento<br />
(P&D), especialmente<br />
através dos órgãos públicos de pesquisa<br />
e extensão, a exemplo da<br />
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />
(EMBRAPA), Empresa Baiana<br />
de Desenvolvimento Agrícola<br />
(EBDA), Universidade Federal da<br />
Bahia (UFBA) e universidades estaduais,<br />
como a Universidade Estadual<br />
de Feira de Santana (UEFS), a Faculdade<br />
de Agronomia do Médio São<br />
Francisco (FAMESF-UNEB) e Universidade<br />
Estadual do Sudoeste da Bahia<br />
(UESB). Aí o apoio financeiro dos<br />
Governos federal, estadual e municipais<br />
será crucial, percebendo-se<br />
que poderá ser viabilizado através<br />
dos órgãos: Ministério da Agricultura,<br />
Pecuária e Abastecimento (MAPA),<br />
Ministério do Desenvolvimento Agrário<br />
(MDA), Ministério da Ciência e<br />
Tecnologia (MCT), Ministério de<br />
Desenvolvimento Social e Combate<br />
à Fome, Secretaria da Agricultura,<br />
Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI),<br />
Secretaria de Combate à Pobreza e<br />
as Desigualdades Sociais (SECOMP)<br />
e a Fundação de Amparo à Pesquisa<br />
do Estado da Bahia (FAPESB), além,<br />
naturalmente, das Prefeituras Municipais.<br />
Sempre que possível e com o<br />
necessário amparo legal, são desejáveis<br />
as parcerias com a iniciativa<br />
privada e com o chamado Terceiro<br />
Setor, onde se localizam as Organizações<br />
Não Governamentais.<br />
O cabedal de conhecimentos<br />
gerados e a consolidação das tecnologias<br />
testadas in situ, especialmente<br />
em propriedades agrícolas familiares,<br />
serão a base para que se inicie um<br />
processo de estruturação da cadeia<br />
produtiva.<br />
Nesse horizonte que se delineia,<br />
o apoio creditício torna-se determinante,<br />
mormente com recursos do<br />
Programa Nacional de Fortalecimento<br />
da Agricultura Familiar (PRONAF),<br />
que, neste Plano Agrícola e Pecuário,<br />
conta com recursos da ordem de<br />
R$ 5,4 bilhões. Instituições como o<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
Banco do Brasil S/A e Banco do Nordeste<br />
S/A, além de bancos privados<br />
com boa capilaridade de agências no<br />
Semi-árido baiano e que se disponham<br />
a aplicar os recursos previstos<br />
em exigibilidades (percentual<br />
de aplicação compulsória sobre os<br />
depósitos bancários, atualmente de<br />
25%, no crédito rural), serão peças<br />
fundamentais nesse processo. A possibilidade<br />
de captação de recursos<br />
internacionais, a exemplo daqueles<br />
operados pelo Banco Mundial, conjuga<br />
favoravelmente nessa direção.<br />
Com a evolução das discussões em<br />
torno da sustentabilidade do desenvolvimento,<br />
que culminaram com o<br />
estabelecimento do tratado de Kyoto,<br />
há um grande potencial de financiamento<br />
a taxas de juros privilegiadas,<br />
com base na previsão de seqüestro<br />
de Carbono da atmosfera. A premissa<br />
básica é a elaboração de projetos<br />
bem estruturados, que possam ser<br />
atrativos para empreendedores dos<br />
países ricos, que queiram ou sejam<br />
obrigados a investir na compra de<br />
certificados de seqüestro de Carbono.<br />
Indubitavelmente, essa fonte de financiamento<br />
não pode ser desconsiderada,<br />
especialmente para <strong>uma</strong> região<br />
que precisa, definitivamente, ser<br />
inserida eficazmente na economia de<br />
mercado e melhorar as condições de<br />
vida dos seus habitantes.<br />
Nota<br />
1 CAM - O sucesso agroecológico da<br />
palma diz respeito à sua capacidade<br />
de captação diária de CO 2 e a perda<br />
de água, fenômenos que ocorrem<br />
geralmente à noite, cujo intercâmbio de<br />
gases é, atualmente conhecido como<br />
metabolismo ácido das crassuláceas –<br />
Crassulacean acid metabolism - CAM<br />
(NOBEL, 2001), diferindo da assimilação<br />
fotossintética das plantas clorofiladas C3<br />
e C4, caracterizadas por formarem como<br />
primeiro produto da fotossíntese, ácidos<br />
com três e quatro moléculas de Carbono,<br />
respectivamente. Essas características<br />
são extremamente importantes do ponto<br />
de vista ambiental, podendo ser utilizadas<br />
para reduzir os danos causados pelo<br />
efeito estufa ao ambiente, resultante<br />
do aumento na concentração de CO 2 e<br />
outros gases na atmosfera.<br />
Bahia Agríc., v.7, n.3, nov. 2006<br />
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