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a corte portuguesa eo escravismo no brasil sob o olhar de ... - História

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É nesse sentido que foi criado <strong>no</strong> Brasil em 1826 o setor <strong>de</strong> Pintura Histórica da Aca<strong>de</strong>mia Imperial <strong>de</strong> Belas<br />

Artes, uma marca explícita <strong>de</strong> como a imagem <strong>de</strong>veria representar os feitos do Império.<br />

Aliás, o uso <strong>de</strong> imagens para a consolidação da monarquia do Brasil data <strong>de</strong> a<strong>no</strong>s antes da fundação do setor <strong>de</strong><br />

Pintura Histórica. Foi pensando na história visual do Brasil, agora se<strong>de</strong> do rei<strong>no</strong>, que D. João VI contrata o grupo <strong>de</strong> artistas<br />

franceses intitulado <strong>de</strong> Missão Artística Francesa para a criação <strong>de</strong> imagens e alegorias que representassem a <strong>corte</strong> e seus<br />

gran<strong>de</strong>s momentos, festivos ou não.<br />

Além das representações da <strong>corte</strong>, trabalho para o qual Debret fora contratado por D. João VI, o artista francês<br />

criou um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> aquarelas com representações do cotidia<strong>no</strong> das ruas do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Durante os <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s em que permaneceu à espera da efetiva institucionalização da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Belas-artes, o<br />

artista sai às ruas da cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>dica-se a retratar cenas do cotidia<strong>no</strong> da socieda<strong>de</strong> <strong>brasil</strong>eira na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Com o hábito <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> um pintor <strong>de</strong> história, Debret retrata em aquarelas traços singulares <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> em transformação, já esboçando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> publicá-los posteriormente, com o intuído <strong>de</strong>, como afirma o<br />

próprio artista:<br />

compor uma verda<strong>de</strong>ira obra histórica <strong>brasil</strong>eira, em que se <strong>de</strong>senvolvesse<br />

progressivamente, uma civilização que já honra esse povo, naturalmente dotado das<br />

mais preciosas qualida<strong>de</strong>s, o bastante para merecer um paralelo vantajoso com as<br />

nações mais brilhantes do antigo continente. (DEBRET, 1989, v.I, p. 24)<br />

Nas aquarelas do cotidia<strong>no</strong> i<strong>de</strong>ntificam-se representações <strong>de</strong> negros e brancos e traços da cultura e da socieda<strong>de</strong><br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1816 a 1831, período que marcará a estadia <strong>de</strong> Debret <strong>no</strong> Brasil.<br />

São <strong>sob</strong>re essas representações, da <strong>corte</strong> e do cotidia<strong>no</strong> das ruas do Rio <strong>de</strong> Janeiro que abordaremos, <strong>de</strong> forma<br />

sistemática, o conteúdo histórico imerso nessas imagens e a sua utilização como fonte <strong>de</strong> investigação histórica.<br />

Buscar-se-á através da leitura <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> algumas gravuras que compõe o segundo e o terceiro volume <strong>de</strong><br />

seu “Viagem pitoresca e histórica ao Brasil” a compreensão das formas pelas quais Debret constrói as representações,<br />

i<strong>de</strong>ntificando os traços <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> e sua cultura e as formas pelas quais essas imagens atuam <strong>sob</strong>re a construção do<br />

imaginário social acerca da história do período representado.<br />

Assim, exploraremos o caráter histórico <strong>de</strong> suas produções<br />

buscando significações com o intuito <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o <strong>olhar</strong> <strong>de</strong> Debret<br />

<strong>sob</strong> o Brasil.<br />

Através da análise das obras, preten<strong>de</strong>mos trazer à luz essa<br />

produção por vezes reduzida a meras ilustrações <strong>de</strong> livros didáticos<br />

justificando seu <strong>olhar</strong> <strong>sob</strong>re a <strong>corte</strong> e <strong>sob</strong>re o cotidia<strong>no</strong>, esclarecendo as<br />

possíveis visões do artista <strong>sob</strong>re a socieda<strong>de</strong> da época.<br />

Buscaremos os significados mais intrínsecos <strong>de</strong> suas composições<br />

e os traços culturais da socieda<strong>de</strong> <strong>brasil</strong>eira que elas carregam.<br />

Preten<strong>de</strong>mos assim justificar a afirmativa <strong>de</strong> que as obras <strong>de</strong> Debret se

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