Outdoors pela cidade de Porto Alegre e os Modos de Viver ... - Anpad
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1. Introdução<br />
A vida mo<strong>de</strong>rna tem sido marcada pelo efêmero, pelo consumo sem limites, pelo<br />
<strong>de</strong>sejado que se torna <strong>de</strong>scartável em uma fração <strong>de</strong> tempo, <strong>pela</strong> busca do sempre mais, ainda<br />
que não se tenha a medida do que seja este “mais”. É o corpo e o intelecto que <strong>de</strong>vem ser<br />
perfeit<strong>os</strong> como meio <strong>de</strong> garantir, entre outras coisas, o acesso e permanência no trabalho.<br />
Estes aspect<strong>os</strong> encontram-se presentes no dia-a-dia <strong>de</strong> cada sujeito e refletem-se nas formas<br />
<strong>de</strong> comunicação empresariais, seja n<strong>os</strong> jornais, revistas, televisão, rádio, internet ou n<strong>os</strong><br />
anúnci<strong>os</strong> nas ruas. Neste artigo darem<strong>os</strong> <strong>de</strong>staque para a mídia externa outdoor.<br />
O texto publicitário é estruturado em função <strong>de</strong> argument<strong>os</strong> que buscam persuadir <strong>os</strong><br />
sujeit<strong>os</strong> associando ao produto p<strong>os</strong>síveis vantagens que o consumidor tenha ao adquirir aquele<br />
produto ou serviço. Desta forma, segundo Fernan<strong>de</strong>s e Silva (2008), o texto produzido para a<br />
publi<strong>cida<strong>de</strong></strong> utiliza, além d<strong>os</strong> recurs<strong>os</strong> retóric<strong>os</strong> como as figuras <strong>de</strong> linguagem, as técnicas<br />
argumentativas e <strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> <strong>de</strong> persuasão, vári<strong>os</strong> fatores <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m econômica, social e<br />
psicológica.<br />
Como o outdoor se caracteriza por ser uma mídia externa, duas variáveis tem especial<br />
importância: tempo e movimento. Por estar p<strong>os</strong>icionado em pont<strong>os</strong> estratégic<strong>os</strong> <strong>de</strong> uma<br />
<strong>cida<strong>de</strong></strong>, a variável movimento do observador <strong>de</strong>ve ser levada em consi<strong>de</strong>ração pelo criador da<br />
imagem. À medida que o observador vai se movendo, a sua percepção po<strong>de</strong> se alterar, pois <strong>os</strong><br />
objet<strong>os</strong> ten<strong>de</strong>m a modificar-se em term<strong>os</strong> <strong>de</strong> dimensão, formato e brilho. O tempo é outra<br />
variável que <strong>de</strong>termina algumas características do outdoor. Devido ao curto período <strong>de</strong><br />
exp<strong>os</strong>ição, o texto apresentado <strong>de</strong>ve ser curto e impactante. A i<strong>de</strong>ntificação do observador<br />
com as palavras exp<strong>os</strong>tas proporciona um reconhecimento mais rápido do texto escrito nas<br />
placas do outdoor (MACIEL e ARAÚJO, 2004).<br />
Sendo assim, por refletirem aspect<strong>os</strong> econômic<strong>os</strong>, sociais e psicológic<strong>os</strong> <strong>de</strong> seu tempo,<br />
este trabalho tem por objetivo analisar as mensagens implícitas e explícitas contidas n<strong>os</strong><br />
outdoors espalhad<strong>os</strong> <strong>pela</strong> <strong>cida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Porto</strong> <strong>Alegre</strong>/RS a fim <strong>de</strong> avaliar sua relação com <strong>os</strong><br />
mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalhar e <strong>de</strong> viver da vida mo<strong>de</strong>rna.<br />
Os outdoors foram fotografad<strong>os</strong> e analisad<strong>os</strong> conforme a técnica <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />
discurso. Assim, buscou-se formar categorias que se relacionassem com <strong>os</strong> mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> viver e<br />
<strong>de</strong> trabalhar contemporâne<strong>os</strong>. Ao final, formaram-se quatro categorias <strong>de</strong> análise, no entanto,<br />
cabe salientar que nenhuma das categorias é exclusiva por tratar-se <strong>de</strong> um tema rizomático<br />
(DELEUZE e GATTARI, 1995), um tema que permite várias entradas e que ao mesmo tempo<br />
não permite estabelecer meio e fim. Um tema que evi<strong>de</strong>ncia a flui<strong>de</strong>z, a liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong>stacada<br />
por Bauman (2007). Em que não existem fronteiras ou quando existem são tão estreitas que se<br />
tem dificulda<strong>de</strong> em distinguir uma categoria da outra.<br />
Estes temas da contemporaneida<strong>de</strong> são tratad<strong>os</strong> por divers<strong>os</strong> autores, levantando<br />
questões importantes para o entendimento do dinamismo d<strong>os</strong> mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> viver e <strong>de</strong> trabalhar<br />
atuais. Neste artigo, para fins <strong>de</strong> revisão da literatura, elencam<strong>os</strong> alguns <strong>de</strong>stes temas, que são<br />
apresentad<strong>os</strong> a seguir.<br />
2. A Vida Mo<strong>de</strong>rna<br />
Analisando a vida mo<strong>de</strong>rna, Bauman (2007) traz o termo flui<strong>de</strong>z ou, como <strong>de</strong>fine, a<br />
vida líquida. Esta é assim chamada justamente por correr em abundância, correr em fio, sem<br />
engarrafament<strong>os</strong> ou retenções. Por tornar-se difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar suas fronteiras, é a vida<br />
pessoal que se mistura cada vez mais com a vida profissional. É o gerenciamento do trabalho<br />
que é trazido para <strong>de</strong>ntro da casa, da família.<br />
Para Sennett (2001) o capitalismo flexível interfere no caráter pessoal. O autor m<strong>os</strong>tra<br />
que a ênfase na flexibilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> causar ansieda<strong>de</strong>, já que as pessoas não sabem que risc<strong>os</strong><br />
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