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Outdoors pela cidade de Porto Alegre e os Modos de Viver ... - Anpad

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serão compensad<strong>os</strong>, que caminh<strong>os</strong> seguir. Reforçando que a nova or<strong>de</strong>m impõe nov<strong>os</strong><br />

controles difíceis <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r, o novo capitalismo é um sistema <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r muitas vezes<br />

ilegível, gerando ansieda<strong>de</strong> e risc<strong>os</strong> que não se po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, afetando não só a forma <strong>de</strong><br />

ver o trabalhar, como a própria ética do trabalho. Ainda, neste contexto <strong>de</strong> contínuo<br />

replanejamento e enfoque no curto prazo, o autor coloca que as pessoas sentem falta <strong>de</strong><br />

relações humanas constantes e objetiv<strong>os</strong> duráveis.<br />

Também as dimensões da vida humana como espaço e tempo são transformadas pelo<br />

capitalismo flexível por meio da tecnologia da informação e pelo processo <strong>de</strong> transformação<br />

histórica das socieda<strong>de</strong> em socieda<strong>de</strong> em re<strong>de</strong> (CASTELLS, 2000).<br />

A este contexto <strong>de</strong> dominação e assujeitamento d<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong>, Hardt e Negri (2001)<br />

<strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> “império”, uma estrutura <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se generalizou, uma nova forma <strong>de</strong><br />

soberania correspon<strong>de</strong>nte à fase atual do capitalismo mundial integrado, e não é apenas uma<br />

entida<strong>de</strong> política ou nacional localizada, pois jamais uma or<strong>de</strong>m política avançou a tal ponto<br />

em todas as dimensões, recobrindo a totalida<strong>de</strong> da existência, o espaço, o tempo, a<br />

subjetivida<strong>de</strong>, a vida. O “império” não tem limites, nem fronteiras, engloba a totalida<strong>de</strong> do<br />

espaço do mundo, apresentando-se como or<strong>de</strong>m a-histórica, eterna, <strong>de</strong>finitiva, e penetra na<br />

vida das populações, não só nas interações, mas no corpo, na mente, na inteligência, na<br />

afetivida<strong>de</strong>. Este po<strong>de</strong>r já não se exerce verticalmente, este po<strong>de</strong>r está por toda a parte, não é<br />

localizado, nem centralizado, ele é imanente, soberania imanente ao capital, é a subsunção<br />

real da socieda<strong>de</strong> ao capital.<br />

Nas socieda<strong>de</strong>s contemporâneas o fluxo <strong>de</strong> informação é intenso, há um apelo<br />

constante à velo<strong>cida<strong>de</strong></strong>, à rapi<strong>de</strong>z, à passagem, ao movimento. As re<strong>de</strong>s sociais contribuem <strong>de</strong><br />

forma intensa para a inovação e seu dinamismo, proporcionando a comunicação cada vez<br />

mais veloz <strong>de</strong> idéias, circulação <strong>de</strong> trabalho e troca <strong>de</strong> experiências (Castells, 2000). É preciso<br />

ganhar tempo, Virilio (1996) <strong>de</strong>staca que o valor estratégico do não-lugar da velo<strong>cida<strong>de</strong></strong><br />

suplantou <strong>de</strong>finitivamente o do lugar, e a questão da p<strong>os</strong>se do tempo renovou a da p<strong>os</strong>se<br />

territorial. “Surfam<strong>os</strong> numa mobilida<strong>de</strong> generalizada, nas músicas, nas modas, n<strong>os</strong> slogans<br />

publicitári<strong>os</strong>, no circuito informático e telecomunicacional”, alerta Pelbart (2000, p. 15). No<br />

entanto, quanto mais cresce a rapi<strong>de</strong>z, mais <strong>de</strong>cresce a liberda<strong>de</strong>. A imediati<strong>cida<strong>de</strong></strong> da<br />

informação leva à crise e à miniaturização da ação resultante da miniaturização do espaço<br />

como campo <strong>de</strong> ação. E a automobilida<strong>de</strong> do aparelho gera, finalmente, a auto-suficiência da<br />

automação (VIRILIO, 1996).<br />

É a lógica do “não per<strong>de</strong>r tempo” que passa a nortear <strong>os</strong> mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> trabalhar d<strong>os</strong><br />

sujeit<strong>os</strong>, afetando, assim, seus mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> viver, fazendo com que sejam cada vez mais<br />

solicitad<strong>os</strong>, como uma “obrigação interiorizada” conforme ressalta Lopez-Ruiz (2007). A<br />

hipersolicitação, termo utilizado por Gaulejac (2007), será abordada no próximo item.<br />

2.1 A Hipersolicitação<br />

Conforme n<strong>os</strong> alerta Pelbart (2000) antigamente a sujeição do trabalhador se dava <strong>de</strong><br />

forma voluntária às condições capitalistas <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong> circulação. Hoje<br />

percebem<strong>os</strong> a passagem da sujeição para a servidão, ou seja, as fronteiras entre as esferas<br />

produtiva e reprodutiva, antes <strong>de</strong>marcadas, tornam-se nebul<strong>os</strong>as. Como <strong>de</strong>staca o autor:<br />

“Vivem<strong>os</strong> tod<strong>os</strong> aprisionad<strong>os</strong>, prisioneir<strong>os</strong> a céu aberto. Isso tem várias razões, e <strong>de</strong>ve-se,<br />

certamente, à maneira como o capitalismo atual invadiu as esferas mais privadas e íntimas da<br />

vida humana, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fé até o corpo biológico” (PELBART, 2000, p.26).<br />

A tendência que se apresenta é cada vez mais trabalhar em casa <strong>de</strong> modo que a<br />

empresa confun<strong>de</strong>-se com a priva<strong>cida<strong>de</strong></strong> do tempo livre. Tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> temp<strong>os</strong> <strong>de</strong>vem ser<br />

produtiv<strong>os</strong>, <strong>de</strong>vem ser aproveitad<strong>os</strong> segundo uma lógica da instrumentalida<strong>de</strong>. Além disso, as<br />

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